Miguel Ylmaz Uma semana antes... A fumaça ainda pairava sobre os escombros da última boate de Kemal quando decidi que só destruir seus negócios não era suficiente. Ele sequestrou Anny. Ele ousou atravessar uma linha que nunca deveria ter sido cruzada. Se o objetivo dele era me quebrar, não sabia o erro que estava cometendo. Após Anny ser levada, enquanto meu ódio queimava como fogo, busquei uma solução definitiva. Kemal precisava cair, e eu precisava de um time que fosse tão letal quanto invisível. Foi então que ouvi falar das "Leoas". Um grupo de assassinas de aluguel lendárias, conhecidas por sua habilidade em se infiltrar e eliminar qualquer alvo sem deixar rastros. Suas histórias eram quase mitológicas, cada missão concluída com precisão cirúrgica. Mas elas não trabalhavam para qualquer um, e o preço por seus serviços era absurdo. O ponto de contato era em um bar discreto, num bairro afastado. Lá, sentei-me em uma mesa reservada, aguardando a líder do grupo. Quando ela
Miguel Ylmaz Meu coração parecia um tambor descontrolado enquanto segurava Anny nos braços. Ela estava desmaiada, frágil, mas viva. Era como se o peso dos últimos meses finalmente tivesse caído sobre mim, ao mesmo tempo em que uma nova responsabilidade nascia em meu peito. Eu a segurei com todo o cuidado, com medo de que qualquer movimento errado pudesse machucá-la. — Verônica, dirija! Agora! — gritei, enquanto entrava no carro com Anny ainda em meus braços. Verônica não hesitou. O motor rugiu, e o carro disparou pela estrada, deixando para trás o caos, as chamas e o grito final de Kemal. Não olhei para trás. Aquele inferno era o passado, e tudo o que importava estava nos meus braços. — Anny, você vai ficar bem — murmurei, baixinho, mesmo sabendo que ela não podia me ouvir. Seus cabelos caíam sobre o rosto, e eu os afastei delicadamente, observando sua respiração suave. Cada vez que ela inspirava, eu agradecia. Cada vez que ela expirava, meu coração se aliviava. A viag
Miguel Ylmaz O caminho de volta para casa era diferente de todas as outras viagens que já fiz. Não havia medo, raiva ou preocupação. Só havia paz. Anny estava ao meu lado, olhando pela janela enquanto os primeiros raios de sol cortavam o céu. Sua mão repousava sobre a minha, e por mais que eu quisesse olhar para ela o tempo todo, mantive meus olhos na estrada. Ela parecia tranquila, mas sabia que a realidade ainda a alcançaria. O peso de tudo o que passamos não desapareceria em uma noite. No entanto, agora tínhamos algo que mudava tudo: esperança. — É estranho voltar para casa depois de tudo isso — ela comentou, quebrando o silêncio. Sua voz ainda estava suave, mas agora havia um leve toque de alívio nela. — Eu sei. Mas é nossa casa, Anny. E agora será diferente. Prometo. Ela me lançou um olhar rápido, e por um momento, um sorriso verdadeiro apareceu em seus lábios. Quando chegamos, as coisas começaram a mudar de verdade. Anny ainda precisava de descanso, mas logo retomou s
Miguel Ylmaz O dia começou como qualquer outro. Anny estava mais animada do que o normal, andando de um lado para o outro pela casa, ajustando os últimos detalhes do quarto de Lorenzo . O berço já estava montado, as roupas dobradas em pilhas perfeitas, e os brinquedos cuidadosamente organizados. — Você sabe que ele nem vai notar tudo isso, não é? — brinquei, encostado no batente da porta enquanto observava ela se movimentar com a energia de quem estava prestes a fazer algo grandioso. Ela me lançou um olhar de advertência, mas um sorriso brincava em seus lábios. — Pode ser, mas quero que tudo esteja perfeito. É o mínimo que ele merece. Mal sabíamos que aquele dia seria muito mais especial do que imaginávamos. No meio da tarde, Anny soltou um suspiro profundo e colocou a mão na barriga. — Miguel... acho que está acontecendo. Meu coração quase parou. — O quê? Como assim? Está sentindo alguma coisa? — Me aproximei dela em um instante, segurando sua mão. — Ach
Miguel Ylmaz Os últimos três meses passaram em um piscar de olhos. Anny e eu estávamos mergulhados em uma rotina caótica e maravilhosa desde o momento em que Lorenzo nasceu. Cada detalhe era um misto de aprendizado e encanto. Ele chorava muito à noite, mas eu não reclamava; cada som, cada gesto dele parecia um lembrete de que nossa família agora estava completa.Anny era incrível. Mesmo com o cansaço evidente, ela mantinha um sorriso que iluminava qualquer sala. Observá-la cuidar do nosso filho era como assistir a uma obra de arte em movimento. Eu tentava ajudar no que podia, mas era impossível não me sentir um pouco inútil às vezes. Ela simplesmente fazia tudo parecer tão natural.Hoje era um dia especial. Três meses haviam se passado desde que nosso pequeno chegou ao mundo, e estávamos prestes a celebrar nossa união em uma cerimônia que Anny planejou nos mínimos detalhes. Eu sabia que ela sempre sonhou com esse momento, e não mediu esforços para torná-lo inesquecível.Afinal dessa v
Anny Ylmaz CelikO tempo tem uma maneira estranha de passar. Parece que foi ontem que Lorenzo era apenas um bebê nos meus braços, mas aqui estou eu, olhando para ele agora, um jovem de quinze anos, prestes a embarcar para um novo capítulo de sua vida. Meu coração está pesado, e as memórias dos anos que se passaram vêm à tona como uma onda incontrolável. Cada ano com Lorenzo foi uma nova descoberta. Desde o dia em que ele chegou ao mundo, mudou completamente nossas vidas. Seus primeiros passos, as palavras engasgadas que logo se transformaram em “mamãe” e “papai,” o brilho em seus olhos quando descobria algo novo... Cada momento foi um presente. Miguel e eu sempre comentávamos como Lorenzo parecia trazer luz até nos dias mais sombrios. Mas nem todos os anos foram fáceis. Quando Lorenzo completou dois anos, Miguel e eu decidimos tentar ter outro filho. Queríamos que ele tivesse irmãos, alguém com quem dividir sua infância, suas alegrias e até mesmo suas birras. Mas a vida tinha ou
Lorenzo Ricci Quatro anos depois... As ruas da Itália estavam molhadas pela chuva que caíra mais cedo, refletindo as luzes douradas dos postes e vitrines. Era fim de outono, e o ar frio carregava um cheiro fresco e úmido. Eu caminhava para casa depois de um longo dia de aulas na universidade, pensando em como aquele seria meu último semestre na Itália. Depois de quatro anos longe da minha família, tudo o que eu queria era voltar para a Rússia, para os braços da minha mãe e a tranquilidade do lar. Estava imerso nesses pensamentos quando um carro esportivo parou ao meu lado, um modelo que parecia ter saído de um catálogo de luxo. O ronco do motor era grave, quase intimidador. A janela desceu, revelando Amber. Seus cabelos dourados estavam impecavelmente arrumados, caindo sobre os ombros. Ela sorriu, mas seus olhos azuis tinham algo diferente, um brilho intenso que me deixou desconfortável. — Entre, amor — ela disse, de forma casual, mas havia algo na sua voz que denunciava urgê
Lorenzo Ricci Depois de deixar o quarto da minha avó, minha cabeça estava um turbilhão. As palavras dela ecoavam dentro de mim, junto com a firmeza de Amber. Tudo parecia tão surreal, tão distante do que eu sempre quis para minha vida. Mas ali, no meio de toda a confusão, havia uma única certeza: Amber. Ela estava comigo desde que comecei a me adaptar à Itália, sempre me apoiando, mesmo sem eu saber de toda essa verdade. E agora, mais do que nunca, eu precisava dela. — Amber — chamei enquanto descíamos as escadas. Ela se virou para mim, seus olhos carregando uma mistura de preocupação e carinho. — Quero que jantemos juntos hoje, só nós dois. — Lorenzo... — Ela começou a falar, mas hesitou. — Por favor. Eu preciso disso. Preciso de você. Ela assentiu, e aquele gesto simples trouxe uma paz momentânea ao meu coração. Mais tarde naquela noite... Escolhi um restaurante discreto, longe do caos da mansão e de qualquer olhar curioso. Quando Amber entrou no local, meu coração qu