Amanda saiu e, pouco tempo depois, voltou discretamente. Aproximou-se de mim e, em voz baixa, disse:— Parece que o gerente ainda não chegou. Ouvi a secretária ligando para ele.Fiquei um pouco irritada. Como assim o horário estava marcado e a pessoa ainda não tinha chegado? Isso é muito pouco profissional!Sophia, também em voz baixa, me informou:— Dizem que o filho do dono acabou de assumir a empresa, porque o pai está doente.Eu então orientei Sophia:— Prepare logo as informações da Tina Portão. Quero um dossiê completo. Precisamos ter um plano B.— Pode deixar! — Respondeu ela, rápida.Terminei de tomar meu café e, finalmente, a porta da sala do gerente foi aberta.Um jovem entrou, vestido de terno, com um ar desleixado. Ele mal levantou o olhar para nos ver, caminhou direto até sua mesa e se jogou na cadeira.Parecia meio sonolento, com olheiras enormes, sendo claramente resultado de uma noite mal dormida. Estava longe de estar totalmente acordado.A secretária entrou em seguida
Eu observei a cena à minha frente como se estivesse assistindo a uma peça de teatro. Aquele jovem empresário realmente encarnava o típico "filhinho de papai".A rapidez com que ele mudou de expressão me deixou boquiaberta. Foi impressionante a transformação! Sua voz, que agora ouvíamos, soava suave, quase como o som grave de um violoncelo, tão aveludada que poderia até causar suspiros.— Como é que você lembrou de mim? — Disse ele com um sorriso tão bajulador que quase atravessava a tela. Eu me perguntava quem seria essa garota do outro lado da linha.A expressão da secretária era de puro desconforto. Ela forçava um sorriso na minha direção, claramente sem saber o que fazer. Dava para ver que estava presa em uma situação sem saída, a secretária que só podia engolir a frustração:— Srta. Luiza, desculpe pela demora! Mil perdões, Sr. Domingos estava finalizando um contrato muito tarde ontem. Então, hoje...A própria secretária parecia ter dificuldade para continuar com a desculpa.Enquan
Amanda, que estava atrás de mim, já havia perdido a paciência há muito tempo. Ela não conseguia mais conter a raiva que crescia dentro dela e, sem pensar duas vezes, pegou o contrato que eu havia lhe entregado e o rasgou em mil pedaços.— Vocês... — Começou a falar Domingos, ao mesmo tempo que sua secretária também tentava intervir.— Srta. Luiza... — Disse a secretária, nervosa, tentando segurar a situação.Ela correu em minha direção, tentando me acalmar:— Srta. Luiza, por favor, mantenha a calma!Mas Domingos bateu o celular com força na mesa, com uma expressão de fúria:— Vocês têm muita coragem de virem no meu escritório e fazerem esse tipo de cena! Não querem mais trabalhar comigo?Olhei diretamente nos olhos de Domingos, que ostentava uma postura arrogante, e sem hesitar, respondi com firmeza:— Sim! A partir de hoje, a Empresa de Construção DX encerra todas as parcerias com a Gamek Portas.— Srta. Luiza... não faça isso! — A secretária, que até então estava se mantendo em silê
Eu não pude deixar de reconhecer mentalmente o quão impressionada estava. Conhecia bem as pessoas que trabalhavam no mercado, e sabia que muitos eram preguiçosos, mas de alguma forma, Sophia havia conseguido motivá-los de uma maneira que eu jamais imaginaria. Isso demonstrava que ela tinha um controle firme e era uma pessoa que realmente fazia as coisas acontecerem.Outro detalhe era que ela havia reformado a loja sem pedir um centavo de adicional. Eu já tinha analisado seus relatórios financeiros mensais, e eram todos claros e bem organizados, sem deixar dúvidas. Estava óbvio que ela tinha anos de experiência no mercado, enfrentando os desafios diários e adquirindo sabedoria prática.Sem sombra de dúvidas, Sophia era uma excelente e madura gestora de mercado. Eu havia, sem querer, encontrado um verdadeiro talento. A Empresa YX definitivamente perdeu uma joia rara!Foi então que me lembrei da questão com a Empresa YX. Antes de eu ir para Cidade A, Sophia me mencionou que o representant
Amanda e Sophia me encaravam atônitas, visivelmente surpresas. Amanda demorou alguns segundos para se recompor, quase deixando o queixo cair, e comentou, com os olhos arregalados:— Chefe, hoje você tá demais! Tá muito poderosa!Pensei comigo: "Isso é o que elas chamam de ser imponente?"Eu ainda nem tinha mencionado o nosso real poder de fogo. Só em Cidade J e Cidade Z, sem contar o projeto de Cidade A, havia o grande projeto de fusão do Verde Vista Residencial. Apenas com esses dois, elas já teriam muito trabalho e lucros garantidos. Quem mais em Cidade J poderia fazer negócios em tamanha escala? Por que eu não teria que ser imponente?— Parece que você voltou diferente de Cidade A. — Sophia brincou, num tom provocativo.Eu sorri de leve:— Só o projeto de Cidade Z já nos dá um peso enorme nas negociações, sem falar que...Olhei para ambas, com um sorriso tranquilo:— O Verde Vista Residencial também está para recontratar, já que as fases dois e três serão unificadas.Amanda franziu
Eu e Amanda saímos sem demora, mas, quando Sophia nos acompanhava até a saída, ainda reclamou:— Eu estava pensando em segurar vocês duas para o almoço aqui! Tem umas lojinhas novas na vizinhança, e a comida é realmente deliciosa!Virei-me e respondi:— Por que não falou isso antes? Se tivesse falado, eu teria mandado o Felipe despachar o Ângelo.Amanda imediatamente sugeriu:— Então liga logo pro Felipe e vê se o Ângelo ainda está no escritório. Se ele não estiver, a gente pode almoçar aqui antes de voltar, chefe!Pensei um pouco e concordei com a cabeça:— Certo, liga para ele e vê como está.Amanda, ao ouvir a ordem, rapidamente ligou para o Felipe. Para minha surpresa, o resultado foi exatamente o que eu imaginava. Amanda fez uma careta, visivelmente desapontada.Eu apenas balancei a cabeça, sem poder fazer muito, e, rindo, disse a ela:— Vamos logo. Temos que voltar para o escritório.Amanda, sem ter outra opção, caminhou rapidamente em direção ao estacionamento. Antes de ir, volt
Quando voltei ao escritório, vi Ângelo sentado na pequena sala de espera, com uma xícara de café à sua frente. Aproximei-me e sorri com um ar de desculpa:— Me desculpe por te deixar esperando tanto tempo. Eu estava preso em uma reunião no mercado.Ângelo sorriu despreocupado:— Não tem problema, hoje estou sem pressa, então pude esperar tranquilo! Quem deve estar preocupada é você!Internamente, eu ri de leve. Nunca o vi realmente ocupado. A imagem que eu tinha de Ângelo era sempre a mesma: acompanhando mulheres em compras ou perambulando sem rumo. Ele olhou para o relógio e, sem hesitar, sugeriu:— Srta. Luiza, que tal almoçarmos juntos? Já está na hora do almoço.Recusei educadamente:— Agradeço, mas já pedi para minha assistente trazer algo, porque tenho uma reunião às 13h e não dá para sair agora.Enquanto falava, Amanda entrou na sala com as marmitas. Virei-me para Ângelo e perguntei:— Se não se importa, Sr. Ângelo, quer almoçar comigo uma refeição rápida?Por dentro, respirei
Ângelo não respondeu diretamente às minhas palavras, mas me observou com um olhar de certa admiração.Continuei a falar, sem me intimidar:— Eu sou uma pessoa de extremos, ou é preto ou é branco. Além disso, Catarina, essa sua aliada, é uma mulher sem escrúpulos.Ele manteve aquele olhar intenso e não interrompeu, como se estivesse genuinamente interessado em ouvir mais.— Desde o primeiro dia que a conheci, ela foi arrogante e insistente, igual a um cachorro louco que ataca sem motivo. Eu sou uma pessoa tolerante, mas até eu me canso de ser atacada sem razão! Então, já que ela não sabe respeitar, não vejo outra opção além de uma guerra onde só pode sobrar um de nós! — Falei com um tom de desprezo.— Agora me diz, você investe em alguém como ela, que só quer me prejudicar, e depois vem me dizer que devo te considerar um amigo? Eu também tenho meus limites! — Esclareci minha posição.Eu continuei sorrindo enquanto falava, mas minhas palavras não eram nem um pouco agradáveis, e eu sabia