Quando voltei ao escritório, vi Ângelo sentado na pequena sala de espera, com uma xícara de café à sua frente. Aproximei-me e sorri com um ar de desculpa:— Me desculpe por te deixar esperando tanto tempo. Eu estava preso em uma reunião no mercado.Ângelo sorriu despreocupado:— Não tem problema, hoje estou sem pressa, então pude esperar tranquilo! Quem deve estar preocupada é você!Internamente, eu ri de leve. Nunca o vi realmente ocupado. A imagem que eu tinha de Ângelo era sempre a mesma: acompanhando mulheres em compras ou perambulando sem rumo. Ele olhou para o relógio e, sem hesitar, sugeriu:— Srta. Luiza, que tal almoçarmos juntos? Já está na hora do almoço.Recusei educadamente:— Agradeço, mas já pedi para minha assistente trazer algo, porque tenho uma reunião às 13h e não dá para sair agora.Enquanto falava, Amanda entrou na sala com as marmitas. Virei-me para Ângelo e perguntei:— Se não se importa, Sr. Ângelo, quer almoçar comigo uma refeição rápida?Por dentro, respirei
Ângelo não respondeu diretamente às minhas palavras, mas me observou com um olhar de certa admiração.Continuei a falar, sem me intimidar:— Eu sou uma pessoa de extremos, ou é preto ou é branco. Além disso, Catarina, essa sua aliada, é uma mulher sem escrúpulos.Ele manteve aquele olhar intenso e não interrompeu, como se estivesse genuinamente interessado em ouvir mais.— Desde o primeiro dia que a conheci, ela foi arrogante e insistente, igual a um cachorro louco que ataca sem motivo. Eu sou uma pessoa tolerante, mas até eu me canso de ser atacada sem razão! Então, já que ela não sabe respeitar, não vejo outra opção além de uma guerra onde só pode sobrar um de nós! — Falei com um tom de desprezo.— Agora me diz, você investe em alguém como ela, que só quer me prejudicar, e depois vem me dizer que devo te considerar um amigo? Eu também tenho meus limites! — Esclareci minha posição.Eu continuei sorrindo enquanto falava, mas minhas palavras não eram nem um pouco agradáveis, e eu sabia
Ângelo comia rapidamente, e parecia apreciar a comida com um sorriso no rosto. Ele olhou para mim e disse:— Esse foi o melhor almoço que comi nos últimos tempos! Muito obrigado, Srta. Luiza!Eu dei um sorriso sem jeito, pensando que esse homem tinha pensamentos demais.Depois do almoço, ele olhou o relógio e se levantou, dizendo:— Parece que está quase na hora da sua reunião, então não vou te atrapalhar mais! Obrigado pelo almoço! Um dia desses, me faça o favor de aceitar um convite meu para jantarmos juntos, o que acha?Eu assenti:— Pode ser, desde que o tempo permita!— Legal! Eu posso esperar! Até você ter tempo! — Ele riu com confiança e continuou. — Bom, então me despeço. Acho que eu e a Srta. Luiza vamos acabar nos tornando amigos!Ele saiu da pequena sala de visitas com passos largos e deixou o escritório.Observando suas costas, não pude evitar sussurrar um xingamento: "De onde você tira tanta confiança?"Assim que ele saiu, Amanda entrou logo em seguida, pegando os pratos e
— Ele investiu na Catarina, com certeza tem um objetivo próprio. Não te disse que ele voltou desta vez para se vingar, e que o alvo dele sou eu? Ele precisa descobrir quem está ao meu redor, não vai deixar passar nenhum detalhe. A situação entre mim e Catarina o obriga a prestar atenção nos adversários dela, e esses adversários têm uma inclinação por se aliar a quem? Ele está com medo de eu ter um aliado, especialmente alguém como você? — Explicou Raul.Eu ouvi as palavras de Raul e achei que faziam todo sentido:— Só tem uma coisa que eu não entendo. Como ele sabe que nós temos alguma ligação?— Isso não é difícil de descobrir, afinal, temos parcerias oficiais. — Raul respondeu sem dar muita importância.Eu dei uma risadinha:— É verdade!— Que tal a gente sair com vocês dois hoje à noite? — Sugeriu Raul.— Não vai dar, tenho umas coisas para resolver. Fica para outro dia! — Recusei o convite de Raul.Também não perguntei como ele sabia que eu e Daniel estávamos juntos. Caso contrário
Eu sorri amargamente, pensando comigo mesma: "Parece que, entre as pessoas, realmente é tudo sobre usar e ser usado."No entanto, olhando para o caso de Catarina e a armadilha que montaram para Raul naquela época, a ajuda que ele me deu foi insignificante. Não era à toa que Daniel sempre observava as ações de Raul à distância. Daniel era, de fato, meu verdadeiro apoio nos bastidores, o homem que controlava tudo. Na verdade, foi Daniel quem esteve no comando o tempo todo.Agora eu sabia que Raul nunca ousaria agir contra mim de forma precipitada. E se Daniel quisesse derrubá-lo, ele poderia fazer Raul perder tudo em um piscar de olhos. Eu acredito plenamente que Daniel tem esse poder.Só o fato de Daniel ter conseguido um projeto tão grande em Cidade A e ter deixado de lado o projeto em Cidade Q sem qualquer esforço já dizia muito. Além disso, naquela época, eu estava presa em uma armadilha, e Daniel, é claro, não permitiria que ninguém se aproveitasse de mim, sempre garantindo minha
Mirian sorriu e disse: — A Natalia falou várias vezes sobre o que você fez pelo nosso pequenino, como é que ele não vai gostar de você? Não vamos deixar ele ser ingrato! — Certo, então um dia desses eu passo para vê-lo! Já faz alguns dias que não o vejo, estou com saudades daquele rostinho! — Respondi com sinceridade. Conversamos mais um pouco sobre assuntos triviais antes de desligar. No entanto, as palavras de Mirian me atingiram profundamente. Ingratidão! O bebê tinha uma mãe ingrata, mas espero que a família Vasquinho o criou bem e que ele não segue os passos da mãe. Eu refletia sobre como abordar o assunto de testemunhar com o Vasco. Realmente, era uma questão delicada. Fazer o pai acusar a própria mãe do filho? Não seria uma tarefa fácil. Se não for bem conduzido, o objetivo de devolver o menino poderia ser mal interpretado. Eu poderia ser vista como alguém com segundas intenções. Além disso, envolver o Vasco no caso também era preocupante. Mesmo que os crimes fos
Levantei-me rapidamente da minha mesa, saí e cumprimentei os dois com muita cordialidade e educação. Eu ainda me lembrava desse Flávio.— Olá, senhores! Sorri e indiquei para que se sentassem, pedindo à Amanda que trouxesse água e café.Eu já tinha ouvido a Sophia mencionar que, por questões de saúde, Flávio havia transferido a gestão da empresa para o filho. Agora, vendo-o de perto, era claro que sua aparência não estava das melhores.— Srta. Luiza, quanto tempo! Desculpe-nos pelo incômodo! — Cumprimentou Flávio que era humilde, mas o Domingos, seu filho, que o acompanhava, estava visivelmente incomodado, quase como se estivesse ali contra sua vontade.— Não há incômodo! Por favor, sente-se! — Disse eu, indicando o assento novamente.Flávio se sentou no sofá, um pouco inquieto, e olhou ao redor do meu escritório:— Muitas mudanças por aqui! Para ser sincero, eu conhecia muito bem essa sala antigamente!Eu entendi que ele estava tentando criar um clima de familiaridade.— Sim, o tempo
Depois que Flávio se acalmou, comecei a explicar com cuidado os motivos pelos quais decidi não continuar a parceria.E então eu disse:— Portanto, Sr. Flávio, o comportamento de Domingos é apenas uma parte do problema. O principal é que nossa empresa está agora focada em um mercado mais sofisticado. Então, não leve para o lado pessoal!Flávio ouviu meus argumentos e concordou com a cabeça:— Não vou esconder de você, minha saúde está péssima. Foi por isso que precisei me afastar para me tratar, caso contrário, jamais teria deixado esse ingrato assumir o controle.Ele realmente tocou no assunto da saúde, o que confirmava os boatos que já tinha ouvido.— A verdade é que ele foi mimado pela mãe. Para beber e se divertir, ele é ótimo, mas quando se trata de algo sério, não consegue resolver nada. É uma tristeza para a família! — Suspirou ele, com um olhar abatido.E então continuou:— A ideia inicial era elevar o nível da nossa produção, começar a focar no mercado de portas de alto padrão.