— Quem te trouxe aqui?— Um amigo. — Vanessa não disse mais nada. — Ah, sim! Você leu os documentos que te enviei essa manhã?— Li sim. Vamos, vamos subir e falar sobre os detalhes do caso.Severino desviou o olhar que tinha lançado à distância e conduziu Vanessa até o andar de cima para discutir os detalhes do processo. — Se eu soubesse, teria te levado para casa ontem à noite. Deixar você passar por uma situação tão perigosa... Você está bem?— Estou bem, só me machuquei um pouco.Ao ver a ponta da gaze aparecendo sob o lenço de Vanessa, o rosto de Severino imediatamente se tornou sombrio.— Igor realmente ousou recorrer a sequestro e ameaças. Ele deve estar querendo ir para a prisão.— Acho difícil ele acabar preso. Ele pode muito bem jogar toda a culpa em Rafaela. No máximo, ficará detido por alguns dias. Também não quero fazer um grande alarde sobre isso.— Entendo. Farei o possível para garantir os seus melhores interesses.Enquanto falavam, o celular de Severino tocou. Ao ve
Fora do escritório, Vanessa foi levada à sala de descanso pela secretária, que disse: — Srta. Vanessa, por favor, descanse um pouco aqui. Vou pegar um chá para você.— Obrigada, ah. Espera aí! — Vanessa a chamou, olhando para o escritório em frente. — Michele costuma vir aqui?A secretária rapidamente balançou a cabeça. — Não, Srta. Michele está vindo pela primeira vez. O advogado Severino geralmente está muito ocupado e raramente recebe amigos no escritório. Eu também não sabia que a Srta. Michele era amiga do advogado Severino.— Entendi, obrigada. — Vanessa ficou pensativa.— De nada, por favor, aguarde um momento.Depois que a secretária saiu, Vanessa pegou seu celular e abriu o álbum de fotos. Ela ficou procurando por um tempo até encontrar uma foto de quatro anos atrás, quando se formou na universidade. Era uma foto de quatro pessoas. Ela e Michele estavam vestindo becas de formatura, cada uma segurando um buquê de flores, com Igor e Severino ao lado. Vanessa só soube que
— Alô? Mãe! — Vanessa nem terminou de falar, Cláudia já tinha desligado o celular. Ao ligar de novo, só deu caixa postal. O carro já tinha chegado à entrada do condomínio. Assim que saiu do carro, Vanessa viu Nanda e Cláudia juntas, com Cláudia como sempre, toda animada, gesticulando enquanto falava. — Mãe! — Vanessa correu em direção a elas. — Vani. — Cláudia a puxou, ainda com um sorriso no rosto. — Vamos, comprei uma melancia, vamos cortar e comer em casa.Vendo a mãe assim, era óbvio que ela ainda não sabia de nada. — Mãe, que melancia o quê, vem comigo primeiro. — Vanessa tentou puxar ela para ir embora, mas Nanda, claro, não perderia a oportunidade de zombar delas.— Vanessa, isso não está certo. Sua mãe, toda preocupada com você, veio trazer uma melancia nesse calor, e você ainda quer mandar ela embora?— Pois é, nossa Vani está sempre ocupada com o trabalho, mal tem tempo para a família. Como mãe, eu preciso me preocupar mais com o que ela não consegue dar conta.—
— Você está mentindo! — Cláudia ficou tão irritada que seu rosto ficou vermelho, e seu sangue ferveu de raiva. Ela avançou diretamente e agarrou Nanda, pronta para agir. — Vou rasgar essa sua boca suja!Nanda nunca tinha visto uma situação dessas e levou vários tapas, gritando desesperadamente.Nesse momento, Esther apareceu do nada e empurrou Cláudia, que caiu no chão. — Como você ousa bater na minha mãe!?— Mãe! — Vanessa correu para ajudar Cláudia, mas viu que ela estava tremendo de raiva, sem conseguir dizer uma palavra. Em poucos segundos, Cláudia revirou os olhos e desmaiou nos braços de Vanessa.Ao ver isso, Esther recuou e gritou alto: — Foi ela quem começou! Eu só estava defendendo minha mãe, não temos nada a ver com isso!Enquanto dizia isso, ela puxou Nanda e saiu.Os olhos de Vanessa estavam vermelhos de tanto chorar, e ela chamou por Cláudia sem parar: — Mãe, acorda!Cada vez mais pessoas se aglomeravam ao redor.— Chamem uma ambulância, parece que ela teve um derrame.
Antes que Vanessa pudesse apresentar, Cláudia já tinha estendido a mão calorosamente para Bryan: — Sr. Bryan Barbosa, certo?— A senhora é muito gentil, pode me chamar só de Bryan.— Bryan, que nome bonito.Cláudia mal tinha terminado o ensino fundamental, então não tinha como entender se o nome era bonito ou não.— Mãe, como você sabe que ele se chama Bryan? — Vanessa, de repente, percebeu algo e arregalou os olhos. — Você não desmaiou?Quando Cláudia desmaiou, Bryan ainda não tinha chegado. Se ela realmente tivesse desmaiado, como poderia saber quem a trouxe para o hospital? Além disso, agora ela parecia tão lúcida, claramente estava fingindo.Vanessa ficou sem palavras: — Mãe, por que você fingiu que desmaiou? Você quase me matou de susto!— Garota malcriada. — Cláudia deu um tapa nas costas dela, com uma expressão irritada. — Você ficou desapontada porque eu não desmaiei, né? Você preferia que eu tivesse alguma coisa grave, não é?— Não foi isso que eu quis dizer.— Então o que v
Cláudia estava tão obcecada com dinheiro que parecia estar enlouquecendo. Para afastar qualquer ideia da cabeça de sua mãe, Vanessa foi direta: — Ele vende carros usados.Cláudia ficou sem palavras.Pouco tempo depois, a refeição que Bryan havia encomendado chegou ao quarto. Não dava para negar que Bryan era generoso, uma canja de frutos do mar recém-preparado foi servido, e o garçom do restaurante levou o tacho inteiro, acompanhado por uma mesa cheia de acompanhamentos.— Tanta coisa, Sr. Bryan, você gastou demais. Vender carros usados não deve estar fácil agora, né?— Carros usados? — Bryan lançou a ela um olhar confuso.Vanessa deu uma tossida brusca. — Mãe, coma logo. Acabei de lembrar que tenho um assunto urgente. — Dizendo isso, ela rapidamente puxou Bryan para fora do quarto. Só quando estavam bem longe do quarto do hospital, Vanessa suspirou aliviada.Ao olhar para trás, viu Bryan a observando fixamente, o que a fez hesitar. Percebeu então que ainda estava segurando a mão de
Vanessa levou um susto consigo mesma. — A sua água. — A voz do caixa da loja de conveniência trouxe Vanessa de volta à realidade, e ela rapidamente se recompôs. — Obrigada.De volta ao seu lugar, Vanessa entregou a água a Bryan. — Sobre o divórcio, como você pretende contar para a sua mãe?As ilusões agradáveis se desfizeram num instante, e Bryan conseguiu puxar Vanessa de volta para a realidade de que ela era uma mulher casada e estava no meio de um processo de divórcio. — Não preciso dizer nada, minha mãe vai perguntar, e falamos sobre isso quando chegar a hora.— Se precisar de ajuda...— Não. — Vanessa recusou de forma decidida. — Você me ajuda mais se não aparecer na frente da minha mãe.Bryan franziu as sobrancelhas.— Eu sou assim tão vergonhoso? — Ele perguntou.Vanessa ficou com um nó na garganta.— Eu só não quero complicar ainda mais as coisas. Podemos deixar esse assunto de lado por enquanto? Vendo a cerveja na mão de Vanessa, Bryan não insistiu no assunto. Já era
— Uma senhora rica teria alguma coisa para se ocupar?— Minha filha se formou em uma faculdade de renome e é gerente geral de uma empresa. Ela é muito capaz.— Sério mesmo?— Acreditem se quiserem!...Ouvir as palavras da mãe fez com que um leve calor surgisse nos cantos dos olhos de Vanessa. Ela endireitou as costas e começou a caminhar em direção à entrada do beco.Assim que chegou à saída, uma silhueta bloqueou seu caminho. Vestido bege, cabelos longos e pretos caindo sobre os ombros, maquiagem natural estrategicamente aplicada para parecer invisível para homens desatentos, dando a ela um ar de pureza e delicadeza, provocando compaixão. A única imperfeição era o dedo mindinho da mão direita, envolto em uma espessa bandagem. — Vanessa. — Ela sorriu para Vanessa, mas à sombra do beco, seu sorriso parecia estranhamente sombrio e sinistro. — Rafaela, o que você está fazendo aqui? — O rosto de Vanessa endureceu.— Ouvi dizer que houve um incidente na frente da casa do Igor na noite p