Mateus
Fico admirando-a entrando, linda como sempre, fixo meu olhar nela e algumas lágrimas rolam, ainda estou sem acreditar que estou me casando com a mulher que amo.
Patrícia
Começo a caminhar pelo pequeno corredor de flores que preparamos, olho para o Ot e não acredito, o babaca está chorando...
Aff... Ninguém merece, agora preciso fingir que também estou emocionada, me esforço e derramo uma lágrima solitária.
Mateus
Vejo que assim como eu, ela está emocionada, o juiz de paz diz algumas palavras antes de assinarmos, confesso que mal presto atenção, estou vidrado em minha linda mulher, desvio meu olhar dela apenas para assinar o livro de casamento, ela está como eu, tão emocionada que o juiz precisa chamá-la duas vezes para assinar, Leonardo e Mirella foram nossas testemunhas e está tudo parecendo um sonho, até que uma frase me traz de volta a realidade.
— Eu os declaro, marido e mulher, pode beijar a noiva! —
Patrícia
Que cerimonia mais xexelenta, mas para me casar com Ot está bom, estou divagando em meus sonhos para o futuro quando sou chamada para assinar o livro, novamente finjo estar emocionada, eu não quis nem votos, foi tudo o mais básico e simples possível, claro que dando a desculpa dos meus traumas e medos, o que fez Ot nem questionar minhas escolhas.
Mateus
Assim que o juiz autoriza, puxo minha linda esposa para nosso primeiro beijo de casados, minha vontade é tomá-la em um beijo profundo e quente, mas apenas selo nossos lábios, num beijo casto, como havíamos combinado quando planejamos esse dia e apesar de estar tudo mais simples do que eu gostaria, estou muito feliz e realizado.
Patrícia
Estava tão distraída que nem me dei conta que a cerimônia já estava encerrando, me assusto quando Ot me pega pela mão para o beijo, mas ele é tão mané que acha que foi a emoção que me causou isso, é um babaca mesmo, coitado, até sinto uma pequena culpa pelo que lhe espera, mas assim que meu olhar cruza com o de Marcos, qualquer resquício de culpa e pena se desfaz.
Mateus
A festa segue tranquila, fomos felicitados por nossos poucos convidados, dançamos uma pequena valsa e seguimos para o jantar. Cerca de uma hora depois, nos despedimos e seguimos para o início da nossa lua de mel.
— Amor, espero que goste das surpresas que preparei. —
Falo sem tirar os olhos da estrada enquanto sigo para o hotel.
— Qualquer coisa com você será maravilhosa bebê e também tenho uma surpresa pra você. —
— A é? —
Ergo as sobrancelhas estranhando, por conta de seus traumas Patrícia não costuma fazer demonstrações de afeto, nem surpresas e presentes ela tem o hábito de me dar.
— Hurum... —
Ela fala enquanto solta meu cinto e leva a mão ao meu pau o apertando por cima da calça, no mesmo instante sinto ele pulsar animado, me fazendo esquecer qualquer estranheza que surgiu por estar surpreso. Ela então abre minha calça e enfia sua mão por dentro da minha cueca e começa a massageá-lo, diminuo a velocidade, respirando fundo e aproveitando o carinho e ousadia da minha esposa, ela retira a mão e antes que eu possa protestar escuto...
— MORRE IDIOTA! —
Me assusto com o grito de Patrícia e vejo ela saltando do carro em movimento, a frase que ela gritou me desnorteou e antes que eu pudesse reagir, ouço um barulho forte e de repente tudo some...
Patrícia
Sigo tudo conforme combinado com Marcos, tivemos que antecipar os acontecimentos já que era para tudo acontecer no caminho para o aeroporto. Mas ainda assim, acredito que foi o melhor, pois com a brilhante ideia de passar a noite de núpcias e o fim de semana no hotel que o Ot teve, eu não precisei simular uma crise quanto ao meu trauma para não consumar o casamento.
O babaca do Mateus realmente achou que ia ganhar um boquete no carro enquanto dirigia. Masturbei Mateus fingindo amor e carinho até chegar no ponto marcado, então saltei do carro o deixando com cara de otário, segundos depois uma caminhonete o acerta, pegando em cheio o lado de Mateus, fazendo o carro girar e só parar metros à frente depois de bater em um poste.
Corro até o carro e vejo que Mateus está apagado, aparentemente ele está preso nas ferragens, acho que ele bateu no para brisa e caiu novamente em seu banco, há um corte em sua testa e o rosto parece machucado, o motorista da picape que o acertou foge como combinado, então percebo que é hora do show.
Leonardo
— Foi um casamento lindo... —
Meu tio diz sentando-se no sofá.
— Sim foi, meus pais teriam adorado. —
— Sei que onde estiverem estão felizes, não fica triste, minha princesa. —
— Não é tristeza, apenas saudades. Grandão está tudo bem? Você parece inquieto? —
— Está sim pequena, só estou cansado. —
Tento disfarçar, Mirella percebeu que não estou bem, estou tão angustiado que não consigo parar de balançar os pés e as mãos. Não sei, mas desde que Mateus saiu estou com um aperto no coração.
— Vai descasar que termino aqui, você vai ver, amanhã nem parecerá que teve uma festa aqui. —
— O que é isso Super Girl! Até parece que vou te deixar sozinha aqui, só sub.... —
O celular dela toca me interrompendo.
— Que estranho.... É a Patrícia. —
Ela fala levando o telefone ao ouvido para atender.
— Vai curtir sua lua de mel Paty, eu estou b.... —
Mesmo fora do viva voz ouço, Patrícia gritar.
— ME AJUDA! —
— Pelo amor de Deus Patrícia, o que aconteceu? Cadê o Mateus? Deixa eu falar com ele... —
Vejo todos apavorados, então puxo o telefone das mãos de Mirella.
— Patrícia é o Leonardo, o que aconteceu? Calma! Respira e me fala. —
— UM CARRO BATEU NO NOSSO. —
Ela grita tão alto que todos escutam, e meu tio se desespera.
— Meu Deus do céu! Cadê o meu filho? —
— Patrícia vocês estão bem? Cadê o Mateus? —
— Ele, ele está preso no carro, e não responde, ac...ho...meu Deus... que... ele... —
Vejo Mirella cair desmaiada e Marcos correr para ajudá-la.
— Onde vocês estão? Você chamou o resgate? —
— Chamei, estamos próximo ao Golden, na rua de trás do hotel, estávamos quase chegando lá quando... —
— Tá estamos indo, manda a localização pelo whats. —
Desligo o telefone respirando fundo, tentando ao máximo manter a calma, penso em ajudar Mirella que já foi colocada no sofá por Marcos e começa a recobrar a consciência, mas quando olho para meu tio...
Mirella— Tio? —— Pai? —Vejo Leonardo e Marcos correr em direção a Miguel que parece estar passando mal.— O que aconteceu? —Marcos me ajuda a sentar e fala segurando minha mão.— Princesa, eu preciso que fique calma e nos ajude, ok? —— Vou tentar. —— Mateus e Paty sofreram um acidente de carro, a Paty está bem, o Mateus ainda não sabemos pois está desacordado, nós temos que ir ao local do acidente, mas meu pai começou a passar mal, então precisamos levá-lo a um hospital. —— Vamos então. —Vejo que Miguel está praticamente perdendo os sentidos e Leonardo rapidamente fala.— Eu vou levar ele para o hospital e vocês vão para o local do acidente, liga para Patrícia e diz que se o socorro perguntar é para levar Mateus para hospital central. —Logo saímos e não demora estamos no local do acidente, os bombeiros e paramédicos ainda trabalham, Mateus está preso nas ferragens, corro então ao encontro de Patrícia que está sentada na porta de uma ambulância, com dois paramédicos ao seu lad
MirellaDepois de não sei quanto tempo, porque para mim pareceram horas, vejo os paramédicos correrem com Mateus para a ambulância, ele está todo preso em uma maca, e mesmo de longe consigo ver que seu rosto está machucado.Patrícia foi examinada na ambulância e liberada em seguida, ela teve apenas algumas escoriações, afinal o lado atingido foi o de Mateus, que para piorar estava sem cinto.Pedi ao paramédico que aplicasse um calmante nela, pois a demora para retirarem Mateus do carro a deixou muito agitada, quando ele finalmente foi removido, ela já estava apagada no banco do carro do Marcos.Eu corro até a ambulância e não consigo segurar minhas lágrimas, Mateus é alto, tem mais de um metro e noventa de altura, o corpo atlético, ele é forte, mas vê-lo ali, imóvel, pálido e todo machucado, parecendo tão frágil corta meu coração. Então pego em sua mão e sussurro.— Fica bem por favor, eu te amo! —— Moça, precisamos ir, alguém vai acompanhá-lo na ambulância? —O paramédico me interro
MateusComeço a ouvir vozes, está tudo embaralhado, tento abrir meus olhos, mas não consigo, não sinto meu corpo, apenas uma forte dor de cabeça. Onde estou?Tento me lembrar do que aconteceu, lembro de Patrícia pegando em meu pau, mas, porque ela me mandou morrer e ainda me xingou?Lembro de um barulho antes de tudo escurecer, por que está tudo embaralhado? Forço minha mente, preciso acordar, mas não consigo, escuto pessoas que não conheço, será que estão falando de mim? Será que sofri um acidente?— Vamos tirá-lo com cuidado, precisamos evitar o máximo possível que o corpo dele se movimente, ele não está respondendo aos estímulos, nem reflexos ele está tendo, possivelmente lesionou a coluna. —As lembranças começam a se encaixar em minha mente, lembro de tudo, desde que saímos da mansão, lembro de ser masturbado até Patrícia se jogar do carro gritando: morre idiota! Então o barulho, sinto o carro girar e apago.Quando acordo está aquela confusão, ou será que não acordei? Meu corpo n
MirellaÀ tardinha levei algumas coisas para o Léo, Patrícia não quis ir, diz que vai só quando puder visitar Mateus, ela não gosta de hospitais, mas mandou um beijo e melhoras para seu sogro, e no outro dia eu e Marcos vamos visitá-lo.— Como está Miguel? —Miguel— B... —Tento falar e não consigo, minha boca se arrasta, então estendo minha mão esquerda já que não consigo mover o lado direito.— Você vai melhorar logo, vamos cuidar de você, Patrícia e Mateus mandaram beijos, eles estão se recuperando e logo vem te ver. —— Pai, que bom que está bem. Logo estaremos em casa. —Ele alisa minha mão, enquanto Mirella acaricia meu rosto.— O médico disse que se continuar assim, no início da semana ele estará em casa, né tio? —— Isso é ótimo. —Mirella diz sorrindo para mim.LeonardoFicamos ali, Mirella acaricia meu tio Miguel até que ele dorme, então os chamo para tomar um café e conversar, saímos em direção a cafeteria do hospital.MateusMinha mente apaga e retorna, como se sem perceb
MarcosChego em casa com Mirella, dou uma olhada em meu pai que dorme tranquilamente sendo velado por Suelen e sigo para meu quarto, preciso de um banho.— MAS QUE MERDA QUE NADA DÁ CERTO NESSA PORRA DA MINHA VIDA! —Soco a parede enquanto a água fria cai em minha cabeça, meus pensamentos voam, analisando minha medíocre existência...Nasci fruto de um abuso, nunca vou saber quem foi o filho da puta que me implantou no útero de minha mãe, mas até que tive sorte, antes mesmo de nascer ganhei um pai, ele mesmo sendo muito novo, me assumiu como seu e se casou com minha mãe, e assim me tornei Marcos Soares.Só que minha família feliz veio com data de validade, quando eu tinha oito anos, próximo de fazer nove, com um pouco de dificuldade, minha mãe me contou sobre minha concepção, meu pai garantiu que pra ele isso não mudava nada, eu era filho dele e pronto, me conformei e fiquei feliz, pois realmente achei que tinha sorte, afinal eu tinha uma família unida e feliz, não éramos ricos, mas me
MateusEstá tudo em silêncio e sinto alguém tocar meu rosto, permanece assim por um momento e então retira sua mão antes de falar.— Ah Ot Melado, você tinha que cometer a deselegância de permanecer vivo né? Só para me atrapalhar, agora estou aqui, sendo babá de um vegetal, você que nem pense em se recuperar, ou vou ter que finalizar o que comecei, daqui um tempo te enfiarei em uma clínica de cuidados paliativos e seguirei com minha linda vida.Claro que não terei a fortuna que tinha planejado, mas ainda sim seus bens devem valer uma grana, aliás seus não, agora são meus...rsrsrs.Sempre detestei esse seu modo grudento de ser, sua preocupação por um trauma que nunca existiu....hahaha...Confesso que você é gostoso, mas não podia trair meu amor, por isso nunca passamos de preliminares e você todo preocupado por conta de um trauma, tudo mentira, eu inventei tudo, você é um otário mesmo, né meu Ot Melado. —Escuto cada palavra sem acreditar, como me enganei tanto com Patrícia, tento me a
MateusO que eu fiz meu Deus para merecer isso? Meu próprio irmão e minha esposa...Meu Deus! O que eu vou fazer? Que maluquice de história é essa? Será que tem mais alguém com eles? O que vou fazer se nem ao menos consigo abrir os olhos?— Viu Ot, que delícia de amorzinho eu e o Marcos fizemos, eu poderia esfregar todo nosso gozo na sua cara agora, para você sentir a delícia que é, mas se eu fizer isso a Mirella pode perceber, sabe vou te contar um segredo, mas não conta para ninguém... Ops, esqueci: vegetais não falam. Olha que coincidência, Mirella, na verdade é minha filha e de Marcos, ele foi meu primeiro e único homem, engravidei no início da minha adolescência, meus pais piraram, me levaram embora da cidade e pegaram minha filha para eles. Quando eles morreram, com a merreca que deixaram, comprei aquele muquifo de casa e voltei, tive a sorte de reencontrar Marcos anos depois, e adivinha, estamos juntos, nos amando mais que nunca... Precisamos de dinheiro, então tivemos que dar
MirellaJá é tarde quando Léo entra pela porta, ele me dá um beijo no rosto e se aproxima de Mateus passando a mão em seu rosto e em seguida acariciando seu cabelo como se o bagunçasse.— Oi Mi, ei irmão? Já não chega de dormir não? —— Oi Léo, pensei que hoje já não viria mais ninguém. Como estão as coisas em casa? —— A Patrícia não veio? Marcos está louco, querendo matar tudo e todos. Eu passei o dia todo resolvendo pendências e atrás de informações, mas supus que Patrícia tivesse vindo. —— Não, ela disse que está um caos lá na mansão, mas eu acreditei que a essa hora o Marcos já teria se acalmado. —— Que nada pequena, ele até tentou ir para cima do tio e quase bateu no homem. —As máquinas que monitoram Mateus, apitam mostrando uma alteração.— Aí Jesus! —Aproximo-me dele segurando seu rosto com as mãos e falo calmamente.— Mateus, calma, está tudo bem, lembra do que eu disse ontem, você precisa relaxar para melhorar, lembra? Estamos aqui com você, vamos resolver tudo, fica tra