Com 5 anos...
Eu não conseguia enxergar direito. Meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas que não paravam de correr, mais não precisava enxergar, sentia seu toque.
Era suave e delicado, sua voz era melodiosa, Porém ainda assim por algum motivo me apavorava.
—Ei! Não, chore criança, você vai gostar! vou cuidar bem de você- declarou, enquanto tocava em minha intimidade, por cima da calcinha. Me fazendo estremecer de medo. A sensação era agoniante.
Não entendia nada. Só queria que ele parasse com aquilo.
Meu irmão se encontrava sentado encostado na geladeira azul. Que era no mesmo tom da mesa. Ele abraçava as pernas deixando somente os olhos a vista, entretanto eu o via travar os olhos de vez enquanto. Como se tentasse apagar aquela cena ou como se quisesse acordar de um pesadelo.
Pietro era cinco anos mais velho, ele era quem cuidava de mim quando mamãe e papai nós deixava em casa para trabalhar.
Vovó costumava tomar conta de nós enquanto os dois saiam para trabalhar, Porém andava doente e ainda não havia se recuperado.
Carlos era nosso vizinho. Tinha por volta de uns 35 anos, era alto, moreno escuro, e olhos negros.
Morávamos em um bairro tranquilo em uma cidadezinha pequena de Delfinópolis em Minas Gerais. Uma casa pequena em um terreno extenso. O que pra nós era maravilhoso. Não precisávamos ser ricos para ser felizes, tínhamos tudo que precisávamos, bem ali.
Carlos era gentil. Sempre que nos visitar levava pequenos mimos, pirulitos, balas, chocolates. Costumava me chamar de estrelinha.
Um dia enquanto mamãe estava ocupada com seus afazeres ele apareceu.
A casa ficava aos fundos do grande terreno. Eu brincava com panelinhas e xícaras em baixo de uma árvore, próximo ou portão. Há uns vinte metros de distância da casa.
—Tomando chá da tarde? — Carlos perguntou.
Havia um sorriso malicioso em seus lábios, que não soube decifrar.
—Sim! quer um xícara? —perguntei
—Adoraria!
Fingi encher uma pequena xícara rosa com uma flor desenhada. Entreguei para ele, que pegando se sentou no chão, enquanto permaneci de pé.
—Mas você vai ficar em pé? —Perguntou, me fitando com um brilho estranho no olhar.
—Sente-se aqui, assim poderá tomar seu chá mais confortável. — Ofereceu indicando seu próprio colo.
Não vi maldade naquele ato. Portanto fiz exatamente o que ele havia indicado. Sentei em uma de suas pernas meio de lado.
Usava um vestidinho, um dos meus preferidos, era de malha fina de alça grossa lilás florido.
Suas mãos entraram entre minhas pernas fingindo me ajeitar um seu colo, Porém ele não tirou a mão. Começando a passar o dedo em minha intimidade, por cima da calcinha.
—Camile! — Escutei Pietro chamar próximo a nós. Ele chamou tão alto que dei um pulo.
—Entre agora mesmo! — Pietro ordenou. Tão ríspido e frio que eu gelei. Até pensei em rebater pois não sabia o que eu tinha feito de errado, Porém não iria desobedecer, não com ele tão irritado.
Nós brigávamos o tempo todo. Afinal éramos irmãos. Não tínhamos nada em comum. Na verdade éramos o oposto um do outro.
Ele era mais parecido com papai, alto, branco, cabelos e olhos claros, meu irmão era lindo. Entretanto era sério, mesmo para uma criança de dez anos, mostrava uma frieza assustadora até para certos adultos, mais não a mim.
Lembrava-me da vez que havia quebrado uma perna, ele sequer chorou. Eu o admirava e amava, confiava nele em tudo. Pietro sempre foi meu protetor. Estava sempre ao meu lado. Era meu protetor.
Porém ali parecia assustado. Não! acho que não! apesar da minha idade, podia enxergar o ódio em seus olhos. Direcionado a Carlos.
Via que a qualquer momento ele pularia em cima do homem, mas o que ele poderia fazer? Se tentasse algo Acreditava que seria ainda pior.
Provavelmente ele se machucaria.
Voltei minha atenção em Carlos. Que agora usava os dedos tentando abrindo espaço em minha intimidade. O que me fez tentar me desvencilhar de seu toque. Entretanto ele usou sua força pra me prender no lugar.
—Relaxa! tudo vai acabar logo. Você não quer que seu irmão se machuque não é mesmo?
Aquilo me apavorou. Prendi a respiração por um instante. Meus olhos foram para meu irmão voltando a chorar copiosamente.
Não posso deixar que ele machuque meu irmão, tenho que suportar— pensava.
Foi um grande alívio quando senti que ele se afastou. Entretanto meu alívio não durou. Ele me puxou para a beirada da mesa, rosando algo quente em minha entrada. Travei apavorada.
Olhei novamente para Pietro, que agora estava de pé. Seus olhos estavam arregalado, punhos serrados e dentes trincados.
—Pare! —Bradou Pietro -desgraçado, vai matá-la se fizer isso- me assustei com suas palavras
Eu iria morrer? Porque? O que ele pretendia fazer comigo? me debati mais, não tinha força nenhuma contra aquele homem. Ele parou e me olhou, parecendo pensar no que Pietro avisa acabado de dizer.
—Bom! talvez você tenha razão —disse por fim —que tal você tomar o lugar dela? —indagou para meu irmão que agora parecia chocado. Parecia não acreditar no que acabara de ouvir.
— Você quem sabe? você ou ela! —disse dando de ombros, como se não tivesse dito nada demais.
— Eu vou...—falou Pietro, em um tom baixo.
Pietro tinha o temperamento forte, nunca via ele aceitar nada do que não queria, foram poucas as vezes que o vi se render a algo, ali não parecia ele, era como se tivesse perdido sua alma ao dizer aquelas palavras.
Carlos me pôs sentada na mesa, ajeitando meu vestido no lugar, com tranquilidade.
—Fique aqui estrelinha, não saia daí e tudo ficará bem.
—O que v- vai f- fazer? —gaguejei, em um fio de voz.
—Eu e Pietro vamos brincar um pouco, Mas seu irmão é egoísta e não quer que você participe — ele disse com um sorriso irônico.
Ele foi em direção ao quarto onde eu e meu irmão dormíamos. Entrou encostando a porta, Porém não fechou totalmente.
Me sentia aflita, agoniada de esperar.
Desci da mesa com cuidado para não fazer barulho ou me machucar no processo. Caminhei até chegar próximo a porta, pela brecha consegui ver Pietro.
O que vi jamais esqueceria. A dor o sofrimento em seus olhos a tristeza cravada em seu rosto. Quando eu vi sabia que aquilo nunca mais sairia.
Quando Carlos saiu, passou por mim.
—Brincaremos outro dia estrelinha. — parecia uma Promessa. Uma que eu não gostaria que cumprisse.
Como Pietro não saiu eu entrei no quarto. Ele estava sentado no chão com uma expressão vazia, não avia sobrado nada dele ali naquele momento.
Ajudei ele a ir até o banheiro e tirar as roupas que notei ter vestígio de sangue. No entanto não comentei nada.
Apenas peguei e coloquei no tanque cheio de água para limpar.
Camile.2 semanas depois...Meu irmão havia me feito prometer jamais tocar no assunto com ninguém, seria o nosso segredo ele disse.Pietro não dormia mais direto, escutava ele sussurrar coisas sem sentido durante a noite, se debatia com pesadelos e acordava assustado e suando.Passei a ir me deitar com ele todas as madrugadas. Passava a velar seu sono até não aguentar mais e também cair no sono.Quando acordava ele não estava mais. Naquela madrugada não tinha sido diferente, assim que ele dormiu e começou seus tormentos me espremi em seu lado. Em sua caminha de solteiro, passando as mãos em seus cabelos, dizendo que estava tudo bem, até ele se acalmar.— Camile! —escutei mamãe chamar. Eu estava tão sonolenta, que escutava longe sua voz.—Camile!—chamou novamente— porque est&a
Camile.25 anos Dias atuais ... Fazia dois anos que papai havia morrido. Mamãe e eu vínhamos tocando a pousada, happiness (felicidade).Quando há treze anos. Pietro desapareceu sem deixar rastros. Papai comprou o sitio e fez a pequena pousada. Onde oferecíamos hospedagem e alimentação. Tudo fresco e do campo.No início, eu os ajudava a distância. Não morávamos juntos. Eu havia caído na besteira de me casar aos dezoito anos. Morava com André em um apartamento não muito longe.Não durou muito, em razão de André meu ex-marido ter me traído com uma das enfermeiras que trabalhava com a gente no hospital.Eu havia feito o curso de enfermagem ainda no ensino médio, então, assim que terminei consegui emprego em um hospital. Tinha pouco mais de dezenove anos quando Andr
Alex.Há três meses, nosso capo havia morrido em uma emboscada. Uma merda de uma emboscada que eu poderia ter evitado, se não tivesse sido burro e estupido.Pietro começou de baixo na organização. Tinha aparecido do nada com seus dezessete anos. Conquistou seu lugar. Participou da iniciação da máfia italiana uma das piores, mesmo sendo velho para isso.Kleber o capo, passou a admirar Pietro e o considerava tanto que passou a liderança para Pietro. O que gerou revolta em muitos dentro da organização. Causando divisão entre os nossos. Agora Pietro estava morto e havia me deixado em seu lugar.Pietro e eu éramos unha e carne ele era um irmão pra mim, assim como meus dois irmãos de sangue, Victor e Sebastian. Não teria nada que eu não fizesse por meus irmãos e sei que fariam o mesmo por mim.
Alex.Bati na porta de Cristian logo cedo, ele demorou a responder, o que já me irritou.Abriu a porta todo bagunçado. Pelo jeito ainda estava meio embriagado.Porra! deveria ter trago alguém mais responsável —pensei.— Chefe! —exclamou, arregalado os olhos ao perceber minha fúriaEstava na companhia de duas mulheres, que sorriam para mim. Na esperança que eu fosse participar da brincadeira.—Mande-as, embora! —ordenei — E vá se arrumar! Isso não é férias, Cazzo! — bradei fazendo as meninas se assustarem.— Sim! Chefe, desculpa.Entrou pedindo para as meninas saírem, as duas por sua vez foram logo pegando suas roupas. Deveriam estar hospedadas na pousada também, porque nem se deram ao trabalho de se vestirem. Saíram enroladas em Lençóis.&md
Camile.Eu havia acabado de chegar dos afazeres do sítio. Jennifer disse que havia um hóspede me aguardando pra uma conversa.Imaginei ser algum hóspede interessado em fazer eventos. Festa de empresa ou até mesmo casamentos ou aniversários.Entrei no banheiro do vestiário e tomei um banho rápido. Troquei de roupa colocando um vestido leve e fresco. Me arrumei da melhor forma possível. Soltei minha juba dando Leves batista com creme pra não estragar os cachos e fui em direção ao escritório onde o suposto cliente aguardava.Entrei constatando, que na verdade era os dois engomadinhos estrangeiros, que tinham me procurado no curral. Pelo sotaque acreditava ser italianos.— Ok! vamos ao que interessa então ... — fui dizendo e se sentando do outro lado da mesa.— Boa tarde! pra você também — ironi
Alex.Camile fez o resto do trajeto totalmente em silêncio; não sei no que tanto pensava, mas eu via a dor em seus olhos.A garota era forte, eu tinha que admitir. Depois de tudo que passou não chorou nenhuma vez, só ameaçou chorar quando falei que seus amigos corria perigo.E que PORRA! O que foi aquilo, quando foi cuidar do meu braço, seu toque suave em minha pele, parecia brasa quente, me queimando de um jeito tão bom, que tive que focar pra não ficar duro e parecer um maldito tarado.Quando fui trocar de camisa. Senti seus olhos me avaliando, porém foi tão rápido que pensei não ter interesse.Depois de algumas horas de viagem, chegamos na pequena pista de pouso, onde um jatinho já nós esperava.Assim que recebi a ligação do meu irmão, dizendo que alguns dos podres havia descoberto a localiza&cce
Camile.Ouvir todas aquela coisa que Alexei me disse, foi de mais para mim, minha cabeça estava a milhão, muitos pensamentos e perguntas que eu não conseguia expressar no momento, então eu apenas precisava de tempo pra digerir.Alexei veio até mim com um notebook e um fone. Na tela a figura de alguém que mesmo muito mais velho eu conhecia bem. Peguei o notebook colocando na mesinha da aeronave, coloquei o fone e apertei o play.— Olá! minha pequena caracol – ele começou a dizer no vídeo, me fazendo dar um sorriso pela forma carinhosa que ele sempre me chamava, sem impedir as lágrimas que agora rompiam todas as barreiras — se você está vendo esse vídeo. Significa que eu não pude cumprir a promessa que me fiz, de acabar com os problemas da organização e ir até você.— Quero que voc&e
Camile.Desci uma escada larga com luminárias nas paredes, iluminando os degraus. Lá embaixo era uma sala enorme com um grande sofá no centro e uma enorme televisão na parede, poltronas dava um charme ao lugar. Do outro lado via-se uma porta balcão de vidro que dava pra um enorme jardim, e do lado da escada também tinha outra porta grande de madeira com janelas combinado.Terminei de descer as escadas, notando que embaixo dela pegando uma parte da sala havia um jardim de inverno, com pedras brancas e uma fonte. Estava admirada com o bom gosto.—Uau está é a fera? —escutei uma voz vindo da porta próximo a mim, chamando minha atenção.Na porta que dava pra cozinha estava Alex, com outros dois que acreditava ser seus irmãos, havia uma boa semelhança, um deles não me pareceu estranho, mas acho que era só impressão.