Depois de horas que pareciam intermináveis, desembarquei no aeroporto de São Francisco, meu coração está enlouquecido com a iminência de encontrar Mark no desembarque. Que saudade desse idiota, como pode me fazer tanta falta assim?
Como levei a bordo somente uma bolsa pequena, quando autorizam a saída corro como se não houvesse amanhã em direção a restituição das bagagens. Assim que me aproximo da esteira, pego o vislumbre de Mark olhando ansiosamente pelo local e quando sente meu olhar cravado nele, gira na minha direção. O sorriso que ele abre é capaz de iluminar meus dias mais escuros.
O que vem a seguir entrou para o Guinness como a cena mais deprimente em aeroporto.
Saio correndo em sua direção e me choco contra seu corpo musculoso, causando um baque para o qual ele não se preparou a tempo e fomos parar no chão, rindo igual duas hienas histéricas.
— Puta que pariu — Ele chia antes de cair igual um dois de paus no chão.
Dou tanta risada que perco o ar e em determinado momento fungo como se fosse um porco fazendo Mark se descontrolar de novo. As pessoas passam e olham a cena em desaprovação. Fodam-se todos. Estou em casa.
— Que saudade Mel... porra, não vou te deixar ir embora tão cedo. — Ele me dá um abraço apertado e pressiona o nariz no meu pescoço, um arrepio circula pelo meu corpo sem a minha autorização. — Agora, que tal levantarmos daqui?
— Sim, por favor... Estamos fazendo uma cena. — Concordo e me arrependo no mesmo segundo, Mark levanta uma sobrancelha e se ajoelhando começa a gritar a plenos pulmões.
— MINHA MELHOR AMIGA DESTRAMBELHADA FINALMENTE VOLTOU PARA CASA!!!! — Me encolho ao seu lado, sem saber onde enfiar a cara. — ME AJUDEM A RECEBÊ-LA EM GRANDE ESTILO... PALMAS POR FAVOR!!
Um coro de aplausos explode pelo aeroporto e mesmo constrangida, nunca me senti tão bem quanto agora.
É bom voltar.
Finalmente nos levantamos do chão e marchamos em direção ao estacionamento, com Mark tagarelando animadamente em como agora o ano melhorou em 100% e que a parceira do bar voltou. Como se ele não tivesse saído nenhum dia com os brutamontes que ele chama de amigos e que aprendi a gostar com os anos, mesmo sendo tão ou mais mulherengos que Mark.
— Então, onde vamos essa noite para comemorar? — Ele me pergunta enquanto dirige pelo centro de São Francisco. A movimentação a essa hora é nostálgica, fico observando tudo pelo vidro do carro e ponderando se vou conseguir deixar tudo isso para trás depois de me casar. — Terra chamando Mel... Onde você estava?
— Só observando tudo, não faz ideia de como senti falta desse lugar.
Ele me lança um olhar questionador, mas ignoro e finjo que não o vi.
— Jonah se casou, nem acredito que tenha perdido isso... Seu irmão tinha tanta aversão a casamento quanto você e os demais. Mas bem que eu disse que no momento que a mulher certa aparecesse, vocês virariam cadelinhas.
Abrindo um sorriso cafajeste, ele diz.
— Com aquele mulherão que ele chama de esposa, até eu que sinto meu estômago contraindo só de cogitar a ideia, teria me casado.
Solto um riso engasgado, esse idiota tinha que soltar uma de suas gracinhas por causa da aparência da cunhada.— Olha só o Jonah te ouvindo falando essas coisas da esposa dele. — Explodo em uma gargalhada quando o vejo com um olhar de olhos esbugalhados, como se estivesse vendo seu irmão se materializando na sua frente.— Porra, ele é capaz de arrancar minhas bolas. — Resmunga, com o corpo trêmulo. — Mas falando sério, minha cunhada é muito linda, tem que ver como meu irmão fica pairando sob ela. Patético demais.— Repito o que disse mais uma vez. Todos viram cadelinhas quando a mulher certa aparece...— Sou vacinado contra isso... Pior ainda se a mulher for bonita, meu irmão está ferrado com todos os gaviões de olho no pardalzinho dele. — Meu Deus, como ele é otário, Mark com suas metáforas é um caminho sem volta, depois que ele começa não para mais. Explodo em uma gargalhada.— Ainda vou ver você se casando Mark.Fazendo som de engasgo, ele faz um sinal de desdém com a mão e foca a
Toda a euforia do retorno da Melanie se esvai do meu corpo quando percebo que ela está me escondendo alguma coisa, seu corpo todo ficou tenso e não conseguiu mais me encarar, virando o rosto para a janela.Que porra está acontecendo aqui?Tinha planejado uma noite para que ela conhecesse a nova boate que abriu nesse período que esteve fora, mas, a julgar pela sua decisão repentina de ficar no seu apartamento — quando ela nunca quis ficar naquela porra — sei que vai recusar o passeio. O que me leva novamente ao questionamento, o que ela está me escondendo?O clima ficou pesado dentro do carro, o ar está intragável.Que grande merda.Encosto na frente do seu prédio e ela rapidamente se movimenta para sair, lhe lanço um olhar questionador.— Preciso descansar Mark, amanhã a gente conversa.Arregalo os olhos, e ela sabendo que conseguiu me deixar em choque, se encolhe.— Ok. — Resmungo. Depois que ela se vai, mil teorias se passam pela minha cabeça e nenhuma delas faz sentido para mim, su
Suas tiradas espertinhas sobre cada casinho meu de uma noite, também foi algo que não quis perder com o tempo e se eu me envolvesse com ela, não poderia voltar atrás, a regra é clara para qualquer um. Como queria Melanie na minha vida, mais do que queria ficar com ela, foi uma escolha óbvia.Isso é, até ela começar a namorar aquele mauricinho no final do seu primeiro ano em São Francisco.Não sei o que foi que senti, não consegui nomear na época e não consigo agora, mas a sensação de sufocamento cada vez que via os dois juntos eram desesperadores. Mas não sei nem porque estou pensando nisso, não é o caso agora. Melanie esta solteira faz mais de dois anos, deve ter tido seus casinhos, mas nada sério a ponto de correr o risco de apelar para a instituição falida do matrimônio.Pelo menos é o que me obrigo a acreditar, enquanto os idiotas que venho a chamar de amigos ficam botando pilha e piorando meu estado de nervos.Imbecis.— Quem cala, consente — Cole diz, rindo.— Claro que pensei,
Aceno com a cabeça e saio da cama.— Pode usar o banheiro do corredor. — Sem dar tempo para que diga mais alguma coisa, encontro meu celular caído no chão perto da porta do meu banheiro, e sem muito rodeio entro trancando a porta atrás de mim.Solto um suspiro.Estou começando a ficar cansado dessa vida, ainda mais quando erro a mão e saio com mulheres que mudam de ideia no meio do caminho. Ela é gostosa, a foda foi uma delícia. Mas é isso, apenas uma foda.Meu celular vibra na minha mão de novo e olho para a tela.Era uma mensagem de Melanie.Mel: Bom dia... Já está acordado?Eu: Acabei de acordar, com uma dor de cabeça daquelas.Mel: Quanto de whisky bebeu dessa vez? Eu: Não faço ideia.Mel: *revirando os olhos* Eu: *rindo mentalmente, porque ao vivo dói*Mel: Você é ridículo... Vamos no café que tem aquele brownie maravilhoso? Estou salivando desde que cheguei ontem no aeroporto, só tem aqui.Eu: Chego em 15. Mel: O de sempre? Eu: Claro 😉Largo o celular em cima da pia, esvazi
Entro no café onde combinei de encontrar a Mel e o cheiro de baunilha me atinge em cheio, respiro fundo sendo dominado pelo delicioso aroma. Vou me esbaldar nos cupcakes e brownies que tem aqui. Dou uma olhada em volta e vejo minha amiga sentada de costas para mim entretida em um telefonema, sigo em sua direção e escuto quando diz ao seu interlocutor.— Eu também estou morrendo de saudades.Fico petrificado atrás dela, completamente sem reação, em determinado momento ela dá uma risada e como se sentisse minha presença, olha para trás.Arregalando os olhos, diz no telefone.— Preciso desligar agora, nos falamos mais tarde. Mark chegou.Ouve atentamente o que é digo do outro lado da linha e logo desliga, voltando-se para mim, abre um sorriso contagiante.— Mark, finalmente, estava quase comendo tudo sozinha.Com um sorriso sacana, dou a volta na mesa e sento-me de frente.— Você está com uma aparência horrível.— Ui, que belo jeito de falar que sou um gato Mel, perdeu a mão. — Digo sorr
O que diz me acerta em cheio, como um golpe de boxe, perco o ar e a visão fica turva, sua voz vai se distanciando conforme minha mente começa a girar, as vozes dos rapazes voltam com tudo, me deixando desnorteado.Porra, então eles tinham razão quando disseram que ela estava com alguém. Mas por que ela não me contou antes? Revoltado, levanto-me da cadeira em um salto causando um estardalhaço e lançando um último olhar para ela, saio de lá a passos largos.Estou enfurecido demais para me controlar e antes que diga algo que possa me arrepender depois, prefiro me afastar. Escuto ela me chamando ao fundo, mas não dou bola e quando vejo, já estou atrás do volante do meu carro arrancando em alta velocidade.Não sei exatamente para onde estou indo, só percebo que cheguei no Sebastian, quando estaciono em frente ao seu apartamento. Dou bom dia para o porteiro que já me conhece e sigo para os elevadores. Durante todo o trajeto meu celular não parou nenhuma vez, Melanie está implacável e não d
Levou cerca de meia hora para que todos chegassem no apartamento de Sebastian e agora, parecemos cinco idiotas, um olhando o outro e ninguém diz absolutamente nada. Meu estado de nervos piora a cada minuto que passa, e a porra do meu celular não para de tocar. Estou por um fio de arremessá-lo da varanda do quinquagésimo andar.— Bom, isso não deve ser nada sério. — Começa Max, tentando apaziguar.— Qual a parte do “ela vai casar” não parece sério para você? — Pergunto emburrado.— Noivados terminam.— A questão aqui não é essa... — Dom diz, sempre sendo o mais inteligente do grupo e tentando ser sensato. — Mark, já parou para pensar que ela não te contou, por que estava na Irlanda e te conhece bem o suficiente para saber que daria esse chilique?— Não é chilique... — Retruco. — Meu problema foi a falta de confiança dela. Melanie pode se casar com quem quiser.— Sério? — Cole pergunta, sem acreditar em mim.— Não é porque não acredito no casamento, que ela tem que desacreditar também.
Quando Mark se levanta enfurecido e vai embora sem me dar chance de explicar, sei que ferrei com tudo. Nunca esqueço uma de nossas infindáveis conversas, quando me contou sobre Apollo — seu ex amigo — que era o adorado capitão do time de basquete. Ele se enerva até hoje cada vez que lembra. Apollo mentiu sobre ter se envolvido com a Hillary. Lógico que quando Mark foi confrontá-lo já tinha conhecimento de tudo, detalhes que gostaria de esquecer inclusive. A única coisa que desejava e que poderia ser dito naquele momento era a verdade.Mark me contou que não julgaria tanto Apollo por ter cedido, até porque, soube desde o início que foi Hillary quem não se preocupou com o relacionamento deles, almejando um sucesso maior em cima do capitão do time, porém Apollo tem seu percentual de erro, já que ao invés de ceder, poderia ter dito tudo ao até então amigo.Honestidade era algo primordial que ele prezava acima de tudo.Sempre me disse que se ele era honesto com as pessoas, sendo verdadeiro