Solto um riso engasgado, esse idiota tinha que soltar uma de suas gracinhas por causa da aparência da cunhada.
— Olha só o Jonah te ouvindo falando essas coisas da esposa dele. — Explodo em uma gargalhada quando o vejo com um olhar de olhos esbugalhados, como se estivesse vendo seu irmão se materializando na sua frente.
— Porra, ele é capaz de arrancar minhas bolas. — Resmunga, com o corpo trêmulo. — Mas falando sério, minha cunhada é muito linda, tem que ver como meu irmão fica pairando sob ela. Patético demais.
— Repito o que disse mais uma vez. Todos viram cadelinhas quando a mulher certa aparece...
— Sou vacinado contra isso... Pior ainda se a mulher for bonita, meu irmão está ferrado com todos os gaviões de olho no pardalzinho dele. — Meu Deus, como ele é otário, Mark com suas metáforas é um caminho sem volta, depois que ele começa não para mais. Explodo em uma gargalhada.
— Ainda vou ver você se casando Mark.
Fazendo som de engasgo, ele faz um sinal de desdém com a mão e foca a atenção na estrada fugindo do assunto. Mark pensa que me engana com esse jeito desprendido de “ame-as e deixe-as” mas tudo isso foi por conta de uma desilusão amorosa que teve no Ensino Médio antes de nos conhecermos. A garota que ele gostava, Hillary, o trocou pelo capitão do time de basquete. De acordo com ela, ele seria um grande jogador profissional no futuro e ela queria ter uma vida plena e feliz. Idiota. Mal sabia ela na época que Mark tem mais dinheiro guardado no banco do que tempo de vida para gastá-lo.
Enquanto não aparecer nenhuma mulher para mudar essa visão deturpada que ele tem de relacionamentos, vamos continuar com a programação de sempre.
Quando noto o caminho que ele tomou, sinto um arrepio subir pela minha espinha, o normal é sempre seguirmos para o seu apartamento. Tenho o meu só para situações extremas, odeio ficar lá e normalmente fico no de Mark a semana toda, mas, preciso ir ao meu e não sei como ele vai lidar com isso.
— Mark, pode me levar ao meu apartamento, por favor? — Pergunto baixinho.
Sinto o carro dar um tranco quando ele freia de forma abrupta e j**a o carro no acostamento.
— O que você não está me contando, Mel?
— O que? Tá doido?
— Você está estranha desde que chegou... O que está acontecendo?
— Nada, só quero ir para o meu apartamento.
— Você nunca quer ir para o seu apartamento.
— Hoje, eu quero. — Digo frustrada.
— Melanie...
— Só me leva para casa Mark.
Ele ainda me encara por alguns minutos, e mesmo sem estar satisfeito com o desfecho da conversa, liga o carro novamente e dá meia volta, retornando para o meu apartamento que ficava algumas quadras atrás. Mark já está percebendo que tem algo diferente comigo e não estou sabendo tomar as decisões certas. Deus, como ele vai reagir quando souber a notícia?
Pelo seu tom de voz quando me pressionou para saber o que estava acontecendo, já ficou claro que ele não vai aceitar bem. Não pelo casamento em si, mas por eu ter ficado noiva a 5 meses atrás e não ter contado a ele até agora.
Que Deus me ajude.
Toda a euforia do retorno da Melanie se esvai do meu corpo quando percebo que ela está me escondendo alguma coisa, seu corpo todo ficou tenso e não conseguiu mais me encarar, virando o rosto para a janela.Que porra está acontecendo aqui?Tinha planejado uma noite para que ela conhecesse a nova boate que abriu nesse período que esteve fora, mas, a julgar pela sua decisão repentina de ficar no seu apartamento — quando ela nunca quis ficar naquela porra — sei que vai recusar o passeio. O que me leva novamente ao questionamento, o que ela está me escondendo?O clima ficou pesado dentro do carro, o ar está intragável.Que grande merda.Encosto na frente do seu prédio e ela rapidamente se movimenta para sair, lhe lanço um olhar questionador.— Preciso descansar Mark, amanhã a gente conversa.Arregalo os olhos, e ela sabendo que conseguiu me deixar em choque, se encolhe.— Ok. — Resmungo. Depois que ela se vai, mil teorias se passam pela minha cabeça e nenhuma delas faz sentido para mim, su
Suas tiradas espertinhas sobre cada casinho meu de uma noite, também foi algo que não quis perder com o tempo e se eu me envolvesse com ela, não poderia voltar atrás, a regra é clara para qualquer um. Como queria Melanie na minha vida, mais do que queria ficar com ela, foi uma escolha óbvia.Isso é, até ela começar a namorar aquele mauricinho no final do seu primeiro ano em São Francisco.Não sei o que foi que senti, não consegui nomear na época e não consigo agora, mas a sensação de sufocamento cada vez que via os dois juntos eram desesperadores. Mas não sei nem porque estou pensando nisso, não é o caso agora. Melanie esta solteira faz mais de dois anos, deve ter tido seus casinhos, mas nada sério a ponto de correr o risco de apelar para a instituição falida do matrimônio.Pelo menos é o que me obrigo a acreditar, enquanto os idiotas que venho a chamar de amigos ficam botando pilha e piorando meu estado de nervos.Imbecis.— Quem cala, consente — Cole diz, rindo.— Claro que pensei,
Aceno com a cabeça e saio da cama.— Pode usar o banheiro do corredor. — Sem dar tempo para que diga mais alguma coisa, encontro meu celular caído no chão perto da porta do meu banheiro, e sem muito rodeio entro trancando a porta atrás de mim.Solto um suspiro.Estou começando a ficar cansado dessa vida, ainda mais quando erro a mão e saio com mulheres que mudam de ideia no meio do caminho. Ela é gostosa, a foda foi uma delícia. Mas é isso, apenas uma foda.Meu celular vibra na minha mão de novo e olho para a tela.Era uma mensagem de Melanie.Mel: Bom dia... Já está acordado?Eu: Acabei de acordar, com uma dor de cabeça daquelas.Mel: Quanto de whisky bebeu dessa vez? Eu: Não faço ideia.Mel: *revirando os olhos* Eu: *rindo mentalmente, porque ao vivo dói*Mel: Você é ridículo... Vamos no café que tem aquele brownie maravilhoso? Estou salivando desde que cheguei ontem no aeroporto, só tem aqui.Eu: Chego em 15. Mel: O de sempre? Eu: Claro 😉Largo o celular em cima da pia, esvazi
Entro no café onde combinei de encontrar a Mel e o cheiro de baunilha me atinge em cheio, respiro fundo sendo dominado pelo delicioso aroma. Vou me esbaldar nos cupcakes e brownies que tem aqui. Dou uma olhada em volta e vejo minha amiga sentada de costas para mim entretida em um telefonema, sigo em sua direção e escuto quando diz ao seu interlocutor.— Eu também estou morrendo de saudades.Fico petrificado atrás dela, completamente sem reação, em determinado momento ela dá uma risada e como se sentisse minha presença, olha para trás.Arregalando os olhos, diz no telefone.— Preciso desligar agora, nos falamos mais tarde. Mark chegou.Ouve atentamente o que é digo do outro lado da linha e logo desliga, voltando-se para mim, abre um sorriso contagiante.— Mark, finalmente, estava quase comendo tudo sozinha.Com um sorriso sacana, dou a volta na mesa e sento-me de frente.— Você está com uma aparência horrível.— Ui, que belo jeito de falar que sou um gato Mel, perdeu a mão. — Digo sorr
O que diz me acerta em cheio, como um golpe de boxe, perco o ar e a visão fica turva, sua voz vai se distanciando conforme minha mente começa a girar, as vozes dos rapazes voltam com tudo, me deixando desnorteado.Porra, então eles tinham razão quando disseram que ela estava com alguém. Mas por que ela não me contou antes? Revoltado, levanto-me da cadeira em um salto causando um estardalhaço e lançando um último olhar para ela, saio de lá a passos largos.Estou enfurecido demais para me controlar e antes que diga algo que possa me arrepender depois, prefiro me afastar. Escuto ela me chamando ao fundo, mas não dou bola e quando vejo, já estou atrás do volante do meu carro arrancando em alta velocidade.Não sei exatamente para onde estou indo, só percebo que cheguei no Sebastian, quando estaciono em frente ao seu apartamento. Dou bom dia para o porteiro que já me conhece e sigo para os elevadores. Durante todo o trajeto meu celular não parou nenhuma vez, Melanie está implacável e não d
Levou cerca de meia hora para que todos chegassem no apartamento de Sebastian e agora, parecemos cinco idiotas, um olhando o outro e ninguém diz absolutamente nada. Meu estado de nervos piora a cada minuto que passa, e a porra do meu celular não para de tocar. Estou por um fio de arremessá-lo da varanda do quinquagésimo andar.— Bom, isso não deve ser nada sério. — Começa Max, tentando apaziguar.— Qual a parte do “ela vai casar” não parece sério para você? — Pergunto emburrado.— Noivados terminam.— A questão aqui não é essa... — Dom diz, sempre sendo o mais inteligente do grupo e tentando ser sensato. — Mark, já parou para pensar que ela não te contou, por que estava na Irlanda e te conhece bem o suficiente para saber que daria esse chilique?— Não é chilique... — Retruco. — Meu problema foi a falta de confiança dela. Melanie pode se casar com quem quiser.— Sério? — Cole pergunta, sem acreditar em mim.— Não é porque não acredito no casamento, que ela tem que desacreditar também.
Quando Mark se levanta enfurecido e vai embora sem me dar chance de explicar, sei que ferrei com tudo. Nunca esqueço uma de nossas infindáveis conversas, quando me contou sobre Apollo — seu ex amigo — que era o adorado capitão do time de basquete. Ele se enerva até hoje cada vez que lembra. Apollo mentiu sobre ter se envolvido com a Hillary. Lógico que quando Mark foi confrontá-lo já tinha conhecimento de tudo, detalhes que gostaria de esquecer inclusive. A única coisa que desejava e que poderia ser dito naquele momento era a verdade.Mark me contou que não julgaria tanto Apollo por ter cedido, até porque, soube desde o início que foi Hillary quem não se preocupou com o relacionamento deles, almejando um sucesso maior em cima do capitão do time, porém Apollo tem seu percentual de erro, já que ao invés de ceder, poderia ter dito tudo ao até então amigo.Honestidade era algo primordial que ele prezava acima de tudo.Sempre me disse que se ele era honesto com as pessoas, sendo verdadeiro
Sinto meu celular vibrar e o pego rapidamente, na ilusão de que Mark finalmente me respondeu, mas sinto um enorme desânimo quando vejo que é Wayne. Ignoro-o e deixo o celular ao meu lado no sofá.Minha cabeça começa a latejar insistentemente e prevejo uma noite infernal com enxaqueca.Decidida a tentar novamente, pego meu celular e ligo para Mark — outra vez. Antes mesmo que o celular dê sinal da chamada, perco o controle e começo a chorar compulsivamente. O que vai ser de mim se ele decidir que não vale mais a pena ser meu amigo? Como vou me preparar para esse casamento, sabendo que perdi uma das pessoas mais importante do mundo para mim. Quando ele atende, contenho um soluço e digo baixinho.— Mark... — As lágrimas rolam pelo meu rosto, embaçando minha visão e sinto meu nariz escorrer. — Precisamos conversar... por favor — Imploro e minha voz sai fanhosa, devido ao choro.Ouço-o respirar fundo do outro lado, leva alguns minutos para me responder e meu coração está a ponto de rachar