Aceno com a cabeça e saio da cama.— Pode usar o banheiro do corredor. — Sem dar tempo para que diga mais alguma coisa, encontro meu celular caído no chão perto da porta do meu banheiro, e sem muito rodeio entro trancando a porta atrás de mim.Solto um suspiro.Estou começando a ficar cansado dessa vida, ainda mais quando erro a mão e saio com mulheres que mudam de ideia no meio do caminho. Ela é gostosa, a foda foi uma delícia. Mas é isso, apenas uma foda.Meu celular vibra na minha mão de novo e olho para a tela.Era uma mensagem de Melanie.Mel: Bom dia... Já está acordado?Eu: Acabei de acordar, com uma dor de cabeça daquelas.Mel: Quanto de whisky bebeu dessa vez? Eu: Não faço ideia.Mel: *revirando os olhos* Eu: *rindo mentalmente, porque ao vivo dói*Mel: Você é ridículo... Vamos no café que tem aquele brownie maravilhoso? Estou salivando desde que cheguei ontem no aeroporto, só tem aqui.Eu: Chego em 15. Mel: O de sempre? Eu: Claro 😉Largo o celular em cima da pia, esvazi
Entro no café onde combinei de encontrar a Mel e o cheiro de baunilha me atinge em cheio, respiro fundo sendo dominado pelo delicioso aroma. Vou me esbaldar nos cupcakes e brownies que tem aqui. Dou uma olhada em volta e vejo minha amiga sentada de costas para mim entretida em um telefonema, sigo em sua direção e escuto quando diz ao seu interlocutor.— Eu também estou morrendo de saudades.Fico petrificado atrás dela, completamente sem reação, em determinado momento ela dá uma risada e como se sentisse minha presença, olha para trás.Arregalando os olhos, diz no telefone.— Preciso desligar agora, nos falamos mais tarde. Mark chegou.Ouve atentamente o que é digo do outro lado da linha e logo desliga, voltando-se para mim, abre um sorriso contagiante.— Mark, finalmente, estava quase comendo tudo sozinha.Com um sorriso sacana, dou a volta na mesa e sento-me de frente.— Você está com uma aparência horrível.— Ui, que belo jeito de falar que sou um gato Mel, perdeu a mão. — Digo sorr
O que diz me acerta em cheio, como um golpe de boxe, perco o ar e a visão fica turva, sua voz vai se distanciando conforme minha mente começa a girar, as vozes dos rapazes voltam com tudo, me deixando desnorteado.Porra, então eles tinham razão quando disseram que ela estava com alguém. Mas por que ela não me contou antes? Revoltado, levanto-me da cadeira em um salto causando um estardalhaço e lançando um último olhar para ela, saio de lá a passos largos.Estou enfurecido demais para me controlar e antes que diga algo que possa me arrepender depois, prefiro me afastar. Escuto ela me chamando ao fundo, mas não dou bola e quando vejo, já estou atrás do volante do meu carro arrancando em alta velocidade.Não sei exatamente para onde estou indo, só percebo que cheguei no Sebastian, quando estaciono em frente ao seu apartamento. Dou bom dia para o porteiro que já me conhece e sigo para os elevadores. Durante todo o trajeto meu celular não parou nenhuma vez, Melanie está implacável e não d
Levou cerca de meia hora para que todos chegassem no apartamento de Sebastian e agora, parecemos cinco idiotas, um olhando o outro e ninguém diz absolutamente nada. Meu estado de nervos piora a cada minuto que passa, e a porra do meu celular não para de tocar. Estou por um fio de arremessá-lo da varanda do quinquagésimo andar.— Bom, isso não deve ser nada sério. — Começa Max, tentando apaziguar.— Qual a parte do “ela vai casar” não parece sério para você? — Pergunto emburrado.— Noivados terminam.— A questão aqui não é essa... — Dom diz, sempre sendo o mais inteligente do grupo e tentando ser sensato. — Mark, já parou para pensar que ela não te contou, por que estava na Irlanda e te conhece bem o suficiente para saber que daria esse chilique?— Não é chilique... — Retruco. — Meu problema foi a falta de confiança dela. Melanie pode se casar com quem quiser.— Sério? — Cole pergunta, sem acreditar em mim.— Não é porque não acredito no casamento, que ela tem que desacreditar também.
Quando Mark se levanta enfurecido e vai embora sem me dar chance de explicar, sei que ferrei com tudo. Nunca esqueço uma de nossas infindáveis conversas, quando me contou sobre Apollo — seu ex amigo — que era o adorado capitão do time de basquete. Ele se enerva até hoje cada vez que lembra. Apollo mentiu sobre ter se envolvido com a Hillary. Lógico que quando Mark foi confrontá-lo já tinha conhecimento de tudo, detalhes que gostaria de esquecer inclusive. A única coisa que desejava e que poderia ser dito naquele momento era a verdade.Mark me contou que não julgaria tanto Apollo por ter cedido, até porque, soube desde o início que foi Hillary quem não se preocupou com o relacionamento deles, almejando um sucesso maior em cima do capitão do time, porém Apollo tem seu percentual de erro, já que ao invés de ceder, poderia ter dito tudo ao até então amigo.Honestidade era algo primordial que ele prezava acima de tudo.Sempre me disse que se ele era honesto com as pessoas, sendo verdadeiro
Sinto meu celular vibrar e o pego rapidamente, na ilusão de que Mark finalmente me respondeu, mas sinto um enorme desânimo quando vejo que é Wayne. Ignoro-o e deixo o celular ao meu lado no sofá.Minha cabeça começa a latejar insistentemente e prevejo uma noite infernal com enxaqueca.Decidida a tentar novamente, pego meu celular e ligo para Mark — outra vez. Antes mesmo que o celular dê sinal da chamada, perco o controle e começo a chorar compulsivamente. O que vai ser de mim se ele decidir que não vale mais a pena ser meu amigo? Como vou me preparar para esse casamento, sabendo que perdi uma das pessoas mais importante do mundo para mim. Quando ele atende, contenho um soluço e digo baixinho.— Mark... — As lágrimas rolam pelo meu rosto, embaçando minha visão e sinto meu nariz escorrer. — Precisamos conversar... por favor — Imploro e minha voz sai fanhosa, devido ao choro.Ouço-o respirar fundo do outro lado, leva alguns minutos para me responder e meu coração está a ponto de rachar
Ele dá um sorriso amarelo sem graça e me lança um olhar cheio de significados, o magoei muito com a minha decisão e vou levar isso comigo para sempre. Não suporto a ideia de tê-lo machucado. Mark tem inúmeros defeitos, ser mulherengo é o principal deles, mas carrega um coração de ouro dentro do peito. Está sempre disposto a ajudar todo mundo, sempre me apoiou em tudo e tenho certeza de que me apoiará agora, mas, preciso me retratar urgente.Meu celular toca com uma mensagem, seguido do interfone, então peço que Mark verifique o que o porteiro quer, enquanto leio a mensagem de Wayne. Meu corpo todo retesa quando minha mente compreende o que está escrito.Não, não, não.Puta merda.Não está na hora.Não pode.Não vai dar certo.Sou arrancada dos meus devaneios quando a voz congelante de Mark ressoa da cozinha, até onde estou na sala.— Ele está avisando que seu noivo chegou.Que reine o caos.***Wayne leva exatos 15 minutos para sair da portaria e chegar até o meu andar, para mim, pare
Observo Melanie correr em direção ao seu quarto e quero socar o embuste que está parado na minha frente, parecendo uma vareta ambulante. É tão magro que com um soco, tenho certeza que o lanço longe.Não acredito que ela decaiu tanto no seu gosto para homens, sério, até o engomadinho do ensino médio era melhor do que esse ser humano em pé na minha frente. O encaro firmemente até vê-lo enrubescer e desviar o olhar. Que porra é essa? Olha o que temos aqui, um maricas.A vontade que tenho é de fechar a porta na cara dele e ir ver como a Mel está, mas, sei bem que ela brigaria comigo por tamanha falta de educação, então saio da frente dando passagem para que ele entre no apartamento. Sigo-o de longe e o vejo sem jeito na sala.— Acha que ela vai demorar a se recompor? — Me pergunta.— Se eu fosse você, ia embora e tentava de novo amanhã.— Não tenho como ir embora, vou me hospedar aqui.Fecho os olhos e pressiono as têmporas, a porra da dor de cabeça voltando com tudo.— Então, sente-se e