- Droga Jaqueline, Los Angeles , o que você tem na cabeça?
- Eu? O que você acha que eu tenho na cabeça? Seu pai me humilhou em uma audiência, sabe o que é isso? Ele deveria ter me apoiado, eu estava defendendo os interesses de uma criança de quatro anos e um bebê de oito meses. Estou indo embora Henrique, se quiser pode ir comigo, caso contrário pode ficar na sua vida linda e maravilhosa. Eu não vivo do dinheiro dele. Cansei.
- Meu amor, não considere o que meu pai fez!
- Não considerar? Como? Ele me expôs, usou um sigilo pessoal usado na entrevista psicológica para derrubar meu caso, nosso caso! Falar da minha infância como se eu me baseasse nela para montar meus casos. Só por ter sofrido abuso. Como ele soube? Isso foi sigiloso, ele não podia ter mexido nos meus arquivos. Eu me senti invadida mais uma vez...
Ele me abraçou forte. – Certo foi horrível mesmo. Ele não tinha esse direito! Mas pense amor...
- Já pensei Henrique. Estou desacredit
- Sinto muito amor. Não lembrei do almoço. - Tudo bem Henri. Aproveitei e almocei com a Nay. - Não sei mais o que fazer, conforme o dia se aproxima, eu fico mais desorientado, eu achei que fosse amanhã. Quando me ligou eu estava em reunião, fiz reserva para amanhã. Vamos almoçar amanhã, por favor. - Que estava em reunião você disse. Mas tudo bem, podemos ir amanhã. Não tenho nada marcado, estou só fazendo volume aqui mesmo. - Sinto de verdade, eu poderia ter adiado. Agora você é minha prioridade. - Eu entendi amor. Vamos antes que comece o filme. - Com quem estava ao telefone quando cheguei? - Estava acertando alguns detalhes sobre minha mudança. Por quê? - Eu, sei lá. Parecia tão à vontade, você é tão polida quando conversa ao telefone. Estava rindo e parecia tão próxima da pessoa que estava conversando. - Eu já disse, irei repetir. Tenho amigos em Los Angeles. Não só lá, tenho amigos em muitos lugares.
- Me liga quando chegar! Se não puder te atender eu retorno depois. Não esquece que eu te amo. - Eu te ligo, mas se eu esquecer pode me ligar também, não espera por mim! - Está bem Líli! Boa viagem amor! Embarquei no avião e parecia que eu estava leve, só de não ter mais contatos com algumas pessoas, não entendo o motivo da Nay não querer ir comigo, ele sofre tanto quanto eu, não tem ninguém que segure ela, pelo menos que eu saiba. Agora serão algumas horas. Algumas poucas horas para minha liberdade emocional... Chegamos, desci, peguei minha mala e vamos lá, vida nova. - Doutora! - Oi Mark, é Jaque! - Gosto de chamá-la assim, percebi que não gosta que a chamem assim... - Doutora é título que estava estampado no catão da minha vida passada. Ele segurou minhas mãos e ficou me olhando. - Você está ainda mais linda. Queria beijá-la... - Não Mark, não terminei com meu namorado. - Ok. Trouxe só isso de
- Mina, o que deu na sua cabeça? - Eu engordei. Achei que se ficasse sem comer uns três dias, não faria diferença. - Fez! Olha eu aqui, tive que cancelar dois compromissos importantes. Mina, vem comigo. Arranjo um trabalho de assistente para você lá! Assim posso te ajudar. - Mas meus pais, sabe? Eles irão sentir minha falta, eu sou tudo que eles têm! - Não terão mais se continuar com essa bobagem de não querer comer. Pelo menos procura um médico e faz exercícios. - Demora demais Jaque! - É, está certa. Morrer é mais rápido! - Que isso Jaqueline? - Yamina, pensa nas pessoas a sua volta, seus pais no caso. Se não quer ir comigo por causa deles, eu entendo. Agora, isso que está fazendo! Você está no hospital, quem está com eles? E outra coisa, pode levá-los junto. Eu consigo isso fácil para vocês! Esse tempo que estou lá já conheci muita gente... - Mas não quero ajuda. Quero crescer por mim. - Faz o concurs
Estava deitada no sofá lendo um arquivo quando tocou a campainha. Levantei, mas Mark se antecipou saindo correndo do quarto. - Eu atendo. Pedi pizza para nós. Deve ser a entrega. - Aham! Que bom, não ia ter tempo de fazer comida mesmo. Obrigada. - Eu sabia, e eu não iria cozinhar. Não daria certo. - Ele vai embora se continuar demorando assim. Mark abriu a porta, e tivemos uma surpresa. Muito grande! Henrique estava parado na porta. Eu não sabia onde me enfiar. - O que você faz aqui? - Eu vim te ver. Tentei falar com você, mas não me atende. Desde aquele dia eu tentei muito falar com você. - Oi, acho que podemos resolver isso, aqui dentro. Entre. - Mark, não! - Jaque, não podemos conversar no corredor. Somos adultos e podemos sentar para conversar civilizadamente. - Pizza! Alguém pediu pizza? Olhei para o entregador, não poderia ter hora pior para ele chegar... Tem como piorar isso? Claro
- Queria tanto que ficasse! - Não posso Mark, tenho que trabalhar... - Pede transferência! Vem morar aqui comigo. - Não, me mudei há pouco tempo, e não quero morar aqui, aprender outra língua. Não... - Mas, vamos demorar para nos vermos agora! - Eu sei, só que eu não posso fazer nada. - Eu amo você Jaque! - Também amo você Mark, mas temos que ter nossos pés no chão! - Tudo bem, sabe que se precisar de alguma coisa pode falar com meus pais. Eles te ajudarão no que necessitar. - Eu sei, sua mãe me liga quase todos os dias. - Eles adoraram você, o seu jeito de ser, sua força e principalmente sua simplicidade. O fato do apartamento, meu pai achou incrível seu plano de pagamento. O quanto você se empenhou em tentar convencê-lo em receber o restante do valor. - Nossa, isso não deveria surpreender uma pessoa, deveria ser o correto. Aliás, é o correto... - Você é tão linda! - Tenho que ir
Esta semana Mark e eu estamos completando aniversário de namoro, e iremos nos ver para comemorar... Antes matamos nossa saudade e acabamos perdendo a hora da reserva no restaurante. - Meu amor, me desculpa. Achei que fosse dar tempo - Não tem problema. Acho que teremos que fazer janta. - Podemos ir para a mãe! E por falar em mãe... Ela está me ligando. - Atende que eu irei arrumar alguma coisa para nós... - Não, espera. - Tá, eu vou no banheiro. Voltei e sentei no sofá. - Ela pediu para irmos lá, eles querem falar conosco. - Nossa, será que aconteceu alguma coisa? - Não sei, mas ela não estava com a voz muito boa. Chegamos e fomos recebidos apenas pelos pais de Mark, achei muito estranho... - Filhos, nós temos que conversar. - Pai está me assustando... - Depois de todos esses meses, ouvindo as histórias de quando você era criança, seu jeito, suas atitudes, acabei tom
Hoje faz dois meses que Mark e eu não nos vemos, falamos ou qualquer coisa parecida, pensar nele dói. Eu procuro saber se ele não está em casa para ir, realmente estamos nos evitando. Sinto que a minha presença na casa é sempre uma alegria, mas não é mais a mesma coisa, não estamos mais completos. Andei tentando sair com um dos advogados que trabalha comigo, mas não deu certo. Eu não consigo. Hoje irei para Miami resolver uma pendência de mais de um ano atrás, vou encontrar o Henrique depois de tanto tempo, acho que estou mais preocupada com o resultado da audiência do que com a presença dele. Posso perder minha licença caso o juiz entenda que agi de má fé. Mas não podia deixar que a criança ficasse com aquela família, eles só estavam com ele por causa do benefício que eles recebiam do governo. Roubei mesmo, e roubarei quantas crianças forem preciso para não vê-las sofrer. Não vejo a hora de poder adotar meu irmão, não aguento pensar naquela criança passando pelo que passei
Desci correndo pelas escadas do prédio, devo admitir que não conheço bem meus vizinhos, dos andares de baixo, fico pouco em casa, mas minha vizinha da frente tenho um bom relacionamento. Já apagou vários focos de incêndio no meu apartamento, e seu marido coitado... Já limpou muito meu teto. Seu filho menor Lucas vive lá em casa quando eu estou, é claro. Mas hoje foi o dia de conhecer meu vizinho do segundo andar. Como estava dizendo, estava com pressa, abri a porta que dava para o saguão do prédio e pasmem, quebrei o nariz do Sr. Porter. Meu Deus, como eu pude fazer isso com um senhorzinho de quase oitenta anos... Olhei o avozinho sangrando muito, não sabia o que fazer e comecei a chorar desesperadamente. Claro que juntou tudo que já estava acontecendo na minha vida, desabei, ele me abraçou e tentou me acalmar. Peguei meu telefone e liguei para meu escritório explicando o que havia acontecido e que iria até o hospital com ele. Chamamos a Sra. Porter para ir junto. - Calma mi