— Acorda, Laius.
Ouvi a inconfundível voz de Wlyn, impaciente, seguida de um chacoalhar.
— Nós vamos para Quatro Pontas e precisas dar conta de uma série de tarefas antes.
— E eu poderia perguntar porque raios um rei leva sua princesa para a guerra? — questionei.
— Ora, é comum as comitivas militares viajarem acompanhadas de grupos não-militares: curandeiros, artistas e até familiares. Todos precisam de apoio, de diversão e descontração nas horas vagas, inclusive e principalmente os soldados — relatou.
E era verdade. Minhas pesquisas apontaram que na maioria das campanhas militares, sobretudo nas antigas, os exércitos era
Sicilianos era o extremo oposto de Nova Ponpéia: rústica e sóbria. A beleza era claramente dispensada para dar lugar ao pragmatismo. Localizava-se na encosta de uma montanha rochosa cercada de uma densa e sombria floresta; o céu, quase sempre nublado, emoldurava o visual macabro do velho castelo incrustado quase no topo da montanha.Não me surpreendi quando ouvi cochichos entre os integrantes da comitiva afirmando que o lugar todo era comandado pelos falecidos necromantes, Kaurus e Taurus. A essa altura, chegávamos ao castelo, eu e os integrantes da comitiva real. E quando o rei desembarcou da carruagem, já no pátio, olhou em volta pensativo e disse:— Depois da guerra preciso decidir o que fazer
A lua ia alta no céu naquela última noite de acampamento antes da guerra de Quatro Pontas. Todos faziam os últimos preparativos para a marcha final que começaria antes do sol nascer. Os combatentes revisavam suas armas e provisões uma vez mais sob o olhar atento do próprio Victorio que mostrava-se um comandante atento e focado. Cada amarra de armadura devia ser checada, cada ponta de seta, cada sela de cavalo e cada líder de centúria era questionado uma última vez sobre a formação de seus comandados.Wlyn permaneceu o tempo todo na tenda real e eu, do lado de fora, observava a todo o acampament
Afastei-me como ela pediu e a observei. Sua respiração tornou-se profunda e rápida e ela aumentava de tamanho tão rápido quanto mudava de forma. Suas roupas rasgaram-se; a pele adquiriu tom prateado; escamas e espinhos começaram a brotar por todo o corpo; um par de imensas asas surgia em suas costas e uma enorme cauda chicoteou o ar a partir da base da coluna. As mãos e pés deram lugar a garras com unhas que pareciam espadas e o rosto angelical se prolongou em um enorme focinho. A feiticeira transformara-se em um dragão do tamanho do dourado que atacou o acampamento. Um majestoso dragão prateado!Estu
Besteiros ûnos camuflados nas encostas das montanhas acima da passagem, se revelaram às centenas e começaram a disparar contra o contingente romano. Porém, até para isso Victorio estava preparado: as tropas pesadas, totalmente armaduradas, inclusive os cavalos, não sofreram tantas baixas, pois os quadrelos ûnos não eram feitos de um aço de qualidade tal que perfurasse as armaduras.No entanto, besteiros e arqueiros que costumam andar com roupas leves, sofreram duras baixas, ainda que equipados com escudos fornecidos para tal eventualidade. Imediatamente, um dos dragões, o dourado, alçou voo e torrou tod
Os combatentes não ouviram as trombetas, mas eu e Wlyn ouvimos e começamos a observá-los. Longe da batalha principal, podia-se ver um enorme contingente de soldados élficos e helênicos no lado deles do território. Separados da ponta romana por um rio e com apenas uma ponte de pedra ligando-os, demorariam bastante para atravessar e prestar auxílio aos seus aliados. Mas uma particularidade chamou a atenção na movimentação daquelas tropas: enormes trabucos sobre rodas ou trebuchets, se preferirem, eram rapidamente posicionados no ponto mais próximo possível da margem do lago e, em seguida, eram virados para mirarem a batalha no território romano.—
Atônito, fiquei sem chão. Mas não desistiria de tentar salvar Urias. Imediatamente iniciei a escalada de decida da montanha. Lá embaixo os últimos resquícios do exército ûno batiam em retirada. A montanha era alta e íngreme, eu demoraria horas para chegar à base e depois precisaria me esgueirar para não ser pego pelos ûnos.Alguns minutos de escalada depois, de costas para o céu, senti uma lufada de vento ricochetear forte. Olhei por sobre os ombros e vi Wlyn batendo as asas flutuando atrás de mim.—
Desci as escadas correndo. O caminho era iluminado apenas por chamas de tochas nas paredes e percebi que lá no fundo, percorrendo os últimos degraus, encontravam-se os últimos homens que lá se refugiaram. Então gritei:— Alto!Desci os últimos degraus correndo e quando cheguei ao chão do corredor, eles viraram-se para mim interrogativamente. Estaquei ao constatar que o local estava repleto deles. Incontáveis bárbaros portando todo tipo de armas, desde tacapes de madeira a martelos de ba
Urias presenciou toda a ação com olhos de pavor. Agora liberto, se encolheu no chão e chorou como a criança que ainda era. Desativei o modo de batalha da armadura, me abaixei e abracei-o.— Pronto, garoto, você está seguro. Não deixarei nada de mal acontecer a você — consolei-o.Ele soluçava e me abraçava apertado. Continuou por alguns minutos, acalmou-se aos poucos até ficar em silêncio com a cabecinha pousada em meu ombro. Finalmente disse: