Afastei-me como ela pediu e a observei. Sua respiração tornou-se profunda e rápida e ela aumentava de tamanho tão rápido quanto mudava de forma. Suas roupas rasgaram-se; a pele adquiriu tom prateado; escamas e espinhos começaram a brotar por todo o corpo; um par de imensas asas surgia em suas costas e uma enorme cauda chicoteou o ar a partir da base da coluna. As mãos e pés deram lugar a garras com unhas que pareciam espadas e o rosto angelical se prolongou em um enorme focinho. A feiticeira transformara-se em um dragão do tamanho do dourado que atacou o acampamento. Um majestoso dragão prateado!
Estu
Besteiros ûnos camuflados nas encostas das montanhas acima da passagem, se revelaram às centenas e começaram a disparar contra o contingente romano. Porém, até para isso Victorio estava preparado: as tropas pesadas, totalmente armaduradas, inclusive os cavalos, não sofreram tantas baixas, pois os quadrelos ûnos não eram feitos de um aço de qualidade tal que perfurasse as armaduras.No entanto, besteiros e arqueiros que costumam andar com roupas leves, sofreram duras baixas, ainda que equipados com escudos fornecidos para tal eventualidade. Imediatamente, um dos dragões, o dourado, alçou voo e torrou tod
Os combatentes não ouviram as trombetas, mas eu e Wlyn ouvimos e começamos a observá-los. Longe da batalha principal, podia-se ver um enorme contingente de soldados élficos e helênicos no lado deles do território. Separados da ponta romana por um rio e com apenas uma ponte de pedra ligando-os, demorariam bastante para atravessar e prestar auxílio aos seus aliados. Mas uma particularidade chamou a atenção na movimentação daquelas tropas: enormes trabucos sobre rodas ou trebuchets, se preferirem, eram rapidamente posicionados no ponto mais próximo possível da margem do lago e, em seguida, eram virados para mirarem a batalha no território romano.—
Atônito, fiquei sem chão. Mas não desistiria de tentar salvar Urias. Imediatamente iniciei a escalada de decida da montanha. Lá embaixo os últimos resquícios do exército ûno batiam em retirada. A montanha era alta e íngreme, eu demoraria horas para chegar à base e depois precisaria me esgueirar para não ser pego pelos ûnos.Alguns minutos de escalada depois, de costas para o céu, senti uma lufada de vento ricochetear forte. Olhei por sobre os ombros e vi Wlyn batendo as asas flutuando atrás de mim.—
Desci as escadas correndo. O caminho era iluminado apenas por chamas de tochas nas paredes e percebi que lá no fundo, percorrendo os últimos degraus, encontravam-se os últimos homens que lá se refugiaram. Então gritei:— Alto!Desci os últimos degraus correndo e quando cheguei ao chão do corredor, eles viraram-se para mim interrogativamente. Estaquei ao constatar que o local estava repleto deles. Incontáveis bárbaros portando todo tipo de armas, desde tacapes de madeira a martelos de ba
Urias presenciou toda a ação com olhos de pavor. Agora liberto, se encolheu no chão e chorou como a criança que ainda era. Desativei o modo de batalha da armadura, me abaixei e abracei-o.— Pronto, garoto, você está seguro. Não deixarei nada de mal acontecer a você — consolei-o.Ele soluçava e me abraçava apertado. Continuou por alguns minutos, acalmou-se aos poucos até ficar em silêncio com a cabecinha pousada em meu ombro. Finalmente disse:
Cheguei ao topo da escadaria e contemplei as ruínas do palácio ao meu redor. Fumaça ganhava os céus em vários pontos ainda ardentes e ao longe era possível ouvir o clangor da batalha que se desenrolava. Eu não via ninguém, nem mesmo Wlyn.Decidi subir em uma das ruínas da muralha do castelo para tentar supor onde ela poderia estar, mas nada vi a não ser a nuvem de fumaça característica da pólvora negra utilizada pelos canhões ûnos ao norte, mesma direção para onde a dragonesa dirigia-se ao separa-se de mim. Ao voltar da Ponta Hellênica, eu soube pela rede élfica que um paladino romano fora encontrado e acolhido pelos metamorfos em algum ponto da nossa floresta. Havia até o rumor de que poderia ser o rei Victorio e, dessa forma, eu precisava fazer uma visita aos meus hóspedes licantropos para me certificar do que estava acontecendo. Se fosse o rei, eu deveria assegurar que tivesse o tratamento adequado.Quando lá cheguei, antes de me apresentar e cumprimentá-los, observei-os da copa de uma árvore. Cassius e Cassiene conversavam e não os interrompi imediatamente.— — Formação em cunha, já! — bradei ao me posicionar na vanguarda. — Precisamos abrir caminho até o dragão prateado, homens!Todos pararam por um instante sem entender, mas não tiveram muito tempo para questionamentos com um exército inimigo a nossa frente avançando em carga.— Marcus! Para onde foi o dragão prateado? Último capítulo66 - GWYDION ACONSELHA
67 - LAIUS PALADINO