Giovanni BianchiA raiva queima dentro de mim como um veneno que se recusa a ser expurgado. Meu corpo grita por alívio, cada músculo tenso, cada célula clamando por um tipo de prazer que não consigo encontrar em lugar nenhum. Porque o que eu quero… o que eu realmente desejo, está fora do meu alcance.Maldito seja o nome de Sophia Romano. Maldita seja a maneira como ela se enfiou na minha cabeça e se recusa a sair.Eu não aguento mais. Preciso encontrar uma forma de silenciar essa obsessão antes que ela me destrua.O clube está lotado esta noite. Homens e mulheres se perdem em seus próprios desejos perversos, buscando controle, submissão, dor, prazer. Tudo o que querem. Tudo o que precisam. E eu não sou diferente.Caminho pelo corredor estreito com passos decididos. Meu olhar é uma ameaça, afastando qualquer um que ouse se colocar no meu caminho. Aqui, eu sou o rei. Aqui, eu sou o deus impiedoso que destrói e reconstrói o que bem entender.Os olhos dos presentes me seguem com uma mistu
O dia da cirurgia de Hanna chegou como uma tempestade implacável, devastando o coração de Sophia com uma brutalidade que ela jamais imaginara suportar. A angústia dilacerava sua alma, deixando-a em pedaços enquanto caminhava de um lado para o outro pelos corredores assépticos e frios do hospital. Cada segundo era uma tortura sem fim, uma eternidade que se arrastava em sua dor silenciosa.Blanca, ao seu lado, não conseguia parar de murmurar preces, o terço apertado com tanta força entre os dedos que seus nós ficaram esbranquiçados. Os olhos inchados e avermelhados denunciavam o desespero que corroía suas entranhas.— Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte… — sussurrava repetidamente, como se aquelas palavras fossem a última esperança de proteger a filha.A visão da mãe tão desolada fazia Sophia se sentir sufocada, presa em um mar de emoções que a afogavam. Queria abraçar Blanca, garantir que tudo ficaria bem, mas como poderia mentir quando seu
Sophia deixou o hospital com os passos pesados, como se cada movimento a afastasse da frágil segurança que encontrava entre as paredes brancas, ao lado da mãe e da irmã. A noite estava gélida. O vento cortava sua pele como lâminas finas, e o céu parecia desabar em nuvens cinzentas que refletiam perfeitamente o estado de sua alma. Encolheu os ombros, abraçando-se numa tentativa desesperada de afastar o frio, o do corpo, e o que se alastrava por dentro, mais cruel e silencioso.As luzes da rua criavam sombras longas e distorcidas, e os sons da cidade pareciam abafados, como se ela estivesse submersa em um mundo onde tudo pulsava lentamente. Seus pés doíam, seu corpo gritava por descanso, mas sua mente estava longe, presa na sala de cirurgia, nas mãos dos médicos, no rosto pálido de Hanna. O medo ainda estava presente em seus ossos.Seu celular vibrou no bolso do casaco, e por um instante hesitou em atender. Mas quando viu o nome na tela, um calor inesperado se acendeu em seu peito. Am
O chá quente fumegava nas canecas enquanto Sophia e Amélia estavam sentadas no pequeno sofá da sala. Sophia tinha tomado um banho quente e usava uma camisola leve. O cobertor macio que Amélia trouxera estava cuidadosamente dobrado ao lado delas, mas o calor da presença da amiga já era mais do que suficiente para aquecer o coração inquieto de Sophia.— Então… — Amélia começou, tomando um gole do chá enquanto observava a amiga com atenção. — O que você vai fazer amanhã?— Vou aos empregos. Preciso levar o atestado de acompanhamento da Hanna. — Respondeu Sophia, com os dedos apertando a caneca com força. — Depois disso… bom, vou me concentrar em garantir que ela se recupere bem.— E depois disso? — Amélia insistiu, com os olhos estreitos. — O que você pretende fazer em relação a Giovanni Bianchi?O nome dele ainda tinha o poder de fazer Sophia estremecer. A simples menção a Giovanni fazia seu corpo se contrair em alerta, enquanto seu coração batia descompassado. Ela encarou a amiga, os o
A conversa entre as duas deslizou para assuntos triviais enquanto devoravam chocolate e agora tomavam vinho. Amélia falava sobre o novo chefe na agência de publicidade, que segundo ela, era “um gato insuportavelmente charmoso, mas com o ego do tamanho de um planeta”. Sophia ria, tentando se distrair com as histórias exageradas da amiga.— E sério, Soph, ele se acha o melhor ser humano que já pisou na Terra só porque inventou uma campanha brilhante para uma marca de perfumes. Mal sabe ele que o verdadeiro gênio sou eu. — Disse Amélia, inflando o peito dramaticamente sentindo já o efeito do vinho lhe atingir.— Sempre modesta, hein? — Sophia zombou, sorrindo. Pela primeira vez, a tensão parecia ter se dissipado um pouco.— Modéstia é para os fracos, meu bem. — Brincou Amélia, estalando a língua. — Agora, você devia seguir o meu exemplo e mostrar para esse Giovanni que ele não é o único que sabe brincar com o poder.Sophia tentou ignorar a sensação de que o nome dele preenchia a sala, en
Na manhã seguinte, Sophia acordou primeiro. Os olhos ainda estavam pesados de cansaço, mas sua mente já despertava para a realidade cruel que a esperava. Precisava resolver as questões práticas antes de se preocupar com Giovanni.Ela se arrumou rapidamente, trocando a roupa amassada por algo mais adequado para sair. Na cozinha, preparou um café fresco e deixou uma caneca pronta para Amélia. Não teve coragem de acordá-la, então deixou um bilhete sobre a mesa:“Amélia, fui entregar os atestados nos empregos. Volto logo. Obrigada por tudo. Você é incrível. Te amo. — Sophia.”O vento gelado da manhã soprou contra seu rosto assim que saiu para enfrentar o mundo. Primeira parada: o restaurante onde trabalhava como garçonete. O gerente, um homem ranzinza e impaciente, torceu o nariz ao ouvir sobre o atestado, mas acabou aceitando sem muita resistência.Depois, foi até a loja onde trabalhava como balconista. A chefe, uma mulher gentil de meia-idade chamada Sra. Ortiz, recebeu Sophia com um ab
A porta pesada do The Black Room se fechou atrás deles, selando Sophia em um mundo que não lhe pertencia, mas que, de alguma forma, parecia ter sido feito para ela.Seu coração batia frenético contra o peito, não por medo, mas pela promessa do desconhecido. O ar era carregado, denso com uma eletricidade que parecia vibrar em sintonia com seu próprio corpo. O perfume amadeirado de Giovanni envolvia seus sentidos, um lembrete constante da presença dominante dele, enquanto sua mão firme a guiava com precisão, pressionando a base de suas costas nuas.Ela sentia o calor dele, a força silenciosa que exalava de cada movimento, de cada toque, de cada palavra não dita.— Confie em mim, Sophia. — A voz dele veio baixa, um sussurro grave que reverberou por sua espinha como uma promessa perigosa.Ela engoliu em seco, seus dedos tremendo levemente, mas não recuou. Porque, apesar do desconhecido, apesar da tensão quase insuportável entre eles, ela queria aquilo.O quarto era um santuário de control
— Sophia… — Amélia chamou baixinho, puxando a cadeira e sentando-se ao seu lado. Seus olhos escuros estavam carregados de preocupação. — Você não pode continuar assim. Se matar de trabalhar em dois empregos não será suficiente, você precisa de uma solução real.Sophia apertou os olhos, sentindo as lágrimas ameaçarem cair.Jogou sobre a mesa, a carta do hospital onde informava o prazo final da cirurgia da sua irmã. Hanna, tinha apenas cinco anos e sofria de uma condição cardíaca grave que necessitava de uma cirurgia de urgência, apenas essa cirurgia salvaria a vida de Hanna e o tempo estava se esgotando. — E qual é a solução, Amélia? Eu já tentei tudo! Bancos, empréstimos, associações de caridade… ninguém quer ajudar. O hospital exige o pagamento antes da cirurgia. Se eu não conseguir esse dinheiro em dois meses, Hanna…Ela não terminou a frase, a dor que sentiu apenas em pensar na possibilidade de perder sua irmã era demais para ela. Amélia respirou fundo, hesitando mas pensou em al