Laura aproximara-se de uma porta dupla branca, com janelas circulares nas duas asas e empurrava de leve. Tom empunhara o rifle erguendo-o na altura da mira e entrara primeiro. O barulho das botas pisando em cacos de vidro fora o primeiro indício da destruição.
O interior do salão revelara uma ala médica destruída. Macas, mesas e cadeiras estavam pelo chão. Armários e gavetas abertos ou arrombados. Havia medicamentos sem nome, outros com nomes desconhecidos e todo tipo de frascos e tubos caídos por toda parte.
Ao virar-se com a lanterna atrás de uma mesa, Amanda colocara uma das mãos sobre a boca, evitando um grito ou talvez o desejo de vomitar, voltando alguns passos. Taylor seguira até ela e apontando com sua lanterna vira um corpo em decomposição. Faltava um braço e uma perna com partes do peito e do rosto dilacerados. O líder e Laura anunciavam ter encontr
As palavras da fuzileira representavam a dúvida principal de todos os presentes. As duas cientistas voltaram o olhar para os militares, como quem não quer responder.—O problema é esse – respondeu Amanda ao perceber que a mãe procurava as palavras, mas não as encontrava – Já está acontecendo. Começou há três semanas. Vem acontecendo a cada meia hora. Os dados foram corrompidos em algum curto, não há como saber qual o próximo setor. Aliás, não dá para saber qual já foi alterado ou qual ainda será.—Há uma sala ao norte desse andar, seguindo pelo corredor à direita, onde uma área de transferência foi projetada para viagens temporais diretas – disse Laura apontando para um mapa em outra tela – Nunca foi testada, mas pode ser projetada para enviar qualquer coisa para qualquer lugar atrav&
Os respingos gelados atingiram a face da mulher como gotas de orvalho em uma floresta numa manhã de primavera. O ambiente parecia quente e acolhedor, sentia o sabor salgado nos lábios molhados e o cheiro de água do mar. A brisa, por fim, movera os fios soltos dos cabelos que flutuavam sobre sua testa e fizera arrepiar os pelos em seus braços.Taylor abrira os olhos e sentara onde estava completamente tomada pelo desespero. Seu coração parecia querer sair pela boca, não conseguia respirar. Ainda ouvia o barulho da terrível tempestade e podia sentir os olhares famintos dos dinossauros a espreitá-la. Aos poucos o ar voltara a entrar em seus pulmões. Os olhos, mesmo arregalados, não enxergavam nada. Havia uma luz ofuscante lhe bloqueando a visão. Lentamente, o clarão começara a ser substituído por cores disformes e então por borrões de imag
Residência do Hank’s. Manhattan. 14:30hs.A linda morena estava sentada à mesinha do escritório que tinha em sua casa. Tinha trinta e oito anos, mas havia quem dissesse não ter mais que trinta. Todos os anos atuando como militar e as centenas de horas na academia lhe davam um ar jovial, poucas mulheres tinham um corpo tão perfeito.As íris azuis moviam-se rapidamente para a esquerda e a direita enquanto lia os memorandos na telinha do notebook. Suspirara fechando os olhos.Era difícil concentrar-se naquela tarefa. Ela nunca levara jeito para trabalhos burocráticos. Desde pequena fora aquela que preferia educação física à clubes de xadrez ou ciências. Trabalhar como consultora da NextGen era praticamente um castigo.O papel de consultora viera depois do incidente na Ilha Luna três anos antes. Os eventos que se seguiram naquele dia tinham si
—Por favor, não fale em loop temporal ou viagens no tempo ou eu também acabarei com mais pesadelos – sorriu o homem lhe tocando a face – Embora o tempo só a deixe mais linda a cada dia… – elogiou.—Confesso que não consigo me acostumar com esse trabalho na NextGen, parece que o tempo não passa. Na minha mente é como se estivesse presa naqueles documentos há um século – sorriu a mulher em resposta – Eu sei que temos de fazer isso, mas é terrível, precisamos de férias. E também não consigo me acostumar com “isso” – disse erguendo a gravata que o sujeito usava enquanto sorria – Você parece um advogado – ironizou.—De fato, mas prometemos que ficaríamos de olho na Corporação, se com isso pudermos evitar uma catástrofe no futuro, temos de nos sacrifi
Quando o utilitário se aproximava da esquina da Rua 59 Oeste com a 5ª, o tumulto já se instalava no lugar. Taylor voltara o olhar para o marido e engatilhara a arma. Dezenas de carros desciam acelerando acima do limite de velocidade pela rua enquanto centenas de pessoas se atropelavam pelas calçadas.—Se segure – disse Tom ao volante – Vamos quebrar algumas leis também.O sujeito pisara fundo e subira metade do veículo no meio fio passando em frente ao Plaza Hotel. As pessoas desviavam correndo enquanto ele tentava se desviar delas também. Taylor vira os funcionários da famosa loja de produtos e acessórios da Apple fechando as portas pouco antes do marido subir em alta velocidade pela 5ª Avenida na contramão.Havia diversos veículos acidentados, muitos invadindo o Central Park. Do lado direito diversas lojas estavam com as vitrines quebradas ou fechadas.&mda
Tom e Taylor se encararam.—Por que diz que Laura está morta? – indagou a morena – Você sabe quem a vinha ameaçando? Se souber onde ela está podemos ir até lá.—Eu consegui alguns nomes. Usei o programa para rastrear contas e perfis de membros da corporação fora dela – respondeu a garota – Mas infelizmente o que tenho ficou no meu tablet e ele está preso dentro da sede, que no momento está lacrada. A única que poderia abri-la seria minha mãe, mas…—O que aconteceu, Amanda? – perguntou Johnny tocando a face da garota.A garota suspirou engolindo o choro que despontava novamente.—Quando minha mãe me procurou ela disse que suspeitava que estavam realizando pesquisas com a Energia Residual e também com dinossauros, aqui mesmo em Manhattan, mas não tinha qualquer ideia de onde eram os labs.
—O que será que tem para nós dessa vez? – perguntava um soldado.—Cara, estamos na sede, ninguém vem aqui a não ser os peixes grandes da corporação. Ouvi dizer que alguns membros da equipe estavam de férias, seja lá o que estiver acontecendo, não é algo simples – comentava outro.—Já estou cansada de esperar – disse uma linda mulher de olhos azuis. A soldada usava um traje negro colante que realçava suas curvas, um belo corpo esculpido em horas de academia e no campo de batalha. Vivia ouvindo cantadas dos companheiros, mas não se incomodava com isso, nem dava atenção – Vou ver com Tom o que precisamos saber para ir logo ao objetivo.Tom Hanks era líder do esquadrão de Operações Especiais designado para aquela missão. Era um soldado alt
—É o quê? – perguntou Taylor diretamente.—Julius é um Tiranossauro Rex – respondeu a jovem.A soldada diminuiu a pressão nos dedos das mãos que seguravam a garota pelos ombros, libertando-a. Todos ficaram em silêncio por alguns segundos.—Deixe-me ver se entendi bem. Tiranossauro seria o que eu estou pensando? Um lagarto gigantesco, carnívoro, extinto há séculos e que só existe em filmes? – indagou a mulher.—Quase tudo que disse está correto. Exceto que só exista em filmes. Julius é um autêntico e real T-Rex – respondeu a jovem encarando a soldada sem desviar o olhar.Todos ficaram em silêncio novamente enquanto a morena se afastava. Taylor fechou os olhos e colocou a mão esquerda fechada em punho diante da face. Tom cruzou os