Catarina
Ver Arthur me pareceu uma benção e uma maldição. Pedi um sinal e olha o que ganhei? Mas estou tão cansada, que agradeci honestamente sua presença inesperada. Ele não soube da gestação por mim, mas estava ali. Não sei o que pretenderá, essa criança será origem de novas intrigas, mas tudo o que eu quero é protegê-lo.
Não sei o que vai me custar, mas faço tudo para manter meus bebês comigo. Arthur segue ao meu lado quando encontro César, Camila e Rebeca na recepção do hospital.
– Sinto muito. – Camila pede antes a presença dos dois.
Sinto os três trocando olhares em uma espécie de segredo que não compartilharam comigo.
– Está tudo bem. Aconteceu alguma coisa? – Pergunto e minha amiga olha para Arthur. Não sei o que eles conversam no olhar, mas começo a sentir medo.
Evito perguntar por causa de Rebeca, mas assim que ela se adianta com César logo a frente apostando corrida, eu estaco.
– Está
Catarina O advogado chega ao meu pequeno apartamento, pouco depois de Camila e César. Para nossa surpresa, Helena também surge disposta a ajudar. – Será que agora vocês podem me dizer o que está acontecendo? Não me estressar, não significa ser incapaz de resolver meus problemas, gente. – Reclamo, pois a sensação de que estou sendo tratada como uma incapaz se tornou uma constante nesse dia. Todos me olham receosos e no olhar de Camila noto certo desespero. Ela preferiu ficar comigo e Helena foi para o quarto entreter Rebeca. – Catarina, Henrique decidiu não esperar que você desse uma resposta. – Arthur inicia e não me passa despercebido que não trata o homem como seu pai. – Como assim decidiu? Ele e Raphael decidiram me acusar de fraude? – Sim, amiga. – Camila confirma. – Mas não é apenas isso. Ele fez isso como um meio de conseguir fazer você perder a guarda da Beca. – Isso não pode ser tão simpl
Arthur Assistir a realidade se abater sobre Catarina não foi fácil. Seu espírito não queria admitir derrota, mas sua mente compreendeu. Compreender que o irresoluto não se desfaria de forma simples. Entendeu que, por mais que quisesse, não poderia lutar sozinha. Vi as mudanças de estações, na medida em que Marcelo falava sobre as medidas que meu pai tomou. Catarina sequer se importou em ser presa, senão perder Rebeca. O que lhe doeu foi ser chamada de incapaz com relação ao sol do seu universo. Quem determinava seu sim e o seu não nos últimos dois anos. Essa ferida, eu vi sangrar enquanto ela seguia determinada em resolver tudo, me envolvendo minimamente. Sabendo o que veria essa noite, optei em confrontar Henrique essa tarde. Não toquei em um fio de cabelo daquele desgraçado. Mas eu queria, ah, como eu queria. Soquei a mesa de vidro de seu escritório, rompendo-a em pedaços. "– Não te resta mais nenhum filho
Catarina Eu não aguento mais dormir. A sensação que eu tenho é que essa prática está sendo exigida pelo meu corpo como um meio eficaz de fugir de tudo. Eu posso ser presa e estou... dormindo. Tive mais um pesadelo e de novo corri atrás de Rebeca quando acordei, a achando com um excelente bom humor matinal, brincando de ser leoa ao lado do tio. Sim, recém comecei a aceitar que ele têm direitos sobre ela e que não posso lhes negar isso. Ter que abrir mão de uma parte dela ainda não me deixa tranquila, pois sempre permanece aquele medo de que posso perdê-la de vez. Vê-la ao lado de Arthur, ambos tão semelhantes me deixou atordoada, de novo, sentido que estou sobrando. Desde quando eu sou assim, meu Deus? Senti-me mal quando ele me perguntou se eu acreditava que ele me envenenaria. Sei que ele estava exagerando, mas aquilo me incomodou. Ele me magoou, mas acredito que nunca quereria meu mal propositadamente. E, por
ArthurO habeas corpus que deveria ser urgente, demorará. O mandado de prisão e busca e apreensão de Rebeca que deveria demorar, já saiu. Estamos correndo contra o tempo e Marcelo conseguiu segurar um pouco a apreensão de Rebeca, mas em breve a polícia aparecerá na casa de Catarina para levá-la.Não será surpresa chegarem aqui, pois conforme orientação de Marcelo, emiti uma nota comunicando meu relacionamento com Catarina. E não importa o quanto demore, não vou permitir que minha mulher saia daqui como se fosse uma criminosa. Essa hipótese não existe. Encontrar outra, contudo, está sendo muito difícil.Quando dei por mim, já mostrava todo meu descontrole e desespero. Tantas hipóteses horríveis me atravessaram, que perdi a cabeça. Penso na sua segurança e na sa&uacu
ArthurMaria Emília e César estão junto a Marcelo e a polícia tentando encontrar Catarina. A hipótese de fuga foi levantada pelos oficiais, mas as câmeras de segurança mostraram quando ela obviamente foi levada.O detetive me mandou informações sobre a boate que meu irmão deu alguma importância em suas anotações e mandou o que achou importante por e-mail.Mas nos primeiros quinze minutos após o caos eu fui ao banheiro e coloquei todo meu café da manhã para fora. A simples hipótese de perder Catarina, pareceu querer me tirar a vida.Mas eu precisava me recompor.Eu tinha que me recompor. Por ela. Mandei Helena para seu apartamento junto a Rebeca e com seguranças. Minha avó foi lhe fazer companhia, enquanto entendia tudo o que estava acontecendo.Meu corpo todo tremia, mas eu lia com
Catarina Deixar todos eles para trás para me entregar por um crime que eu não cometi foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Arthur tentou tanto me impedir, que conseguiu começar a romper as barreiras que eu tenho levantado. Como eu disse, estou com tanta raiva dele e ao mesmo tempo eu o amo tanto, que preciso de tempo. E nós o teremos. Ele acha que não tive acesso às notícias do dia. Ele não quis dizer que lá fora, todos me condenaram por usar sua família para ascender profissionalmente. Por usar minha menina, quando a verdade é justamente o contrário. Mas ele já se culpa o bastante para que eu precisasse jogar mais isso sobre ele. Ele tem que estar bem para fixar com ela e por isso deixei claro que minha mágoa é pelo que passou. Toda essa confusão ele pode cobrar do pai, mas nunca de si mesmo. Ele jamais me atingiria dessa forma. Ele pode ter me omitido coisas, mas me ferir deliberadamente? Eu
Arthur Alguns policiais entram no lugar e confirmam que está vazio. Nem a sombra daqueles que estavam ali horas antes. Não consigo entender que espécie de pessoas são essas com as quais Guilherme e Roberta se envolveram. Hoje, considerando que nos provaram o riscos que representam, sei que salvarem Rebeca foi um ato de sorte. Roberta teve um momento de equilíbrio, pois não consigo pensar o que teria sido feito da minha garotinha. Eu também entro, apesar de um dos policiais tentar me deter. Não há marcas de sangue, nem nada e isso me oferece certo consolo. – Exatamente com o que estamos lidando? – Pergunto quando encontro um quarto, janelas vedadas e um aspecto asqueroso. O cheiro do mofo impede que a respiração seja normal. – Esse lugar é uma casa de prostituição administrada por Carla Estileto. – Aquela das drogas? – Aqui ela distribui. Acredite, a prostituição era apenas para maquiar a
Catarina O cheiro de mato não passou despercebido aos meus sentidos, nem mesmo a queda de temperatura indicando que estamos longe do centro da cidade. Tento reconhecer os sons, mas o som da estrada é mais intenso. Eles estão em silêncio há muito tempo e eu não sei o que esperam. Será que Arthur se negou? Não, ele não faria isso. Mas existe a hipótese dele não ter todo o valor que pedem. Não, mesmo que seja isso, ele vai dar um jeito. Não vai? Eu mesmo já lhe disse que mesmo chegando tarde, ele sempre vem. Ele sempre está, ainda que eu não o queira. Ele retornou a minha vida, mesmo passados dois anos desde que se foi naquela manhã, me deixando um bilhete. Ele me contou toda a verdade, mesmo que minutos antes de seu pai trazê-la à tona. Fez questão que eu soubesse por ele. Ele surgiu no primeiro momento em que ouvi nosso bebê. Quando eu tive o primeiro pesadelo em que perdia Rebeca. Ali