Catarina
Sinto-me pesada, como se um enorme tronco estivesse sobre mim. Definitivamente minha mente está dançando frevo quando eu me dou conta de cada parte do meu corpo que eu, definitivamente, não queria sentir agora.
Será que estou de ressaca?
É possível, mas dessa vez meus órgãos estão confortáveis no lugar e não sinto o gosto de enxofre. Onde está minha alucinação? Sim, quando estou bêbada é essencial que Arthur esteja presente.
Arthur? Não me lembro da última vez que o vi.
Sinto um carinho em minha mão e logo reconheço seu cheiro. Arthur cheira como um rei e eu nunca disse isso. Quem diabos daria um argumento desse para um homem que já age como vossa majestade? Não, deixo o cheiro de rei apenas para mim.
O aroma me tranquiliza, mas ainda não sei por que está tão difícil de acordar. Ele cantarola baixinho e acho curiosa a escolha. Uma canção de ninar como se entoasse para que um bebê ficasse tranqui
Arthur Faz exatas cinco horas que voltamos do hospital e Catarina já reclama de ficar muito tempo deitada. Essa mulher e o conceito de descanso absoluto não sabem coexistir na mesma oração. Rebeca não saiu de seu colo, pois foram muitos dias longe da mãe e ela parece querer garantir que ela não vai fugir. – Ela dormiu. – Ouço sua voz ansiosa me alertar. – Dormiu sim! – Eu estou vendo, mas isso não é motivo para você sair perambulando por aí. – Vou até ao longínquo jardim, meu rei. Caminhar entre girassóis e tomar banho de lua. Dizem que faz bem para o cabelo, quando ela está cheia. – Eu não tenho ideia do que você está falando, mas concordo com o jardim. – Afirmo e a cara de felicidade me faz sentir como um carcereiro. – Mas espere sentadinha como está. Vou colocá-la na cama. Ela me dá um olhar travesso, mas volta a se acomodar. Está animada e como uma leveza que eu não via há muito tempo. Rebeca
Catarina Uma gestação que teve dias de céu e dias de caos, definitivamente. Eu tenho a certeza de que é a gestação mais longa da história e talvez a ciência queira me estudar. Bem, devem aceitar estudos com grávidas de sete meses, certo? Sim, apenas sete meses, mas sou adepta da teoria da eternidade, pois chega o apocalipse, mas não nasce minha estrelinha. Faz alguns meses que descobrimos o sexo e Arthur parece ter ganho na loteria. Mais uma menina na sua vida. Ele ama nos chamar de suas meninas e tem um orgulho de nós que só me faz me apaixonar. A batalha dos nomes foi intensa e envolveu praticamente todo mundo. Para nós era importante que representasse a nossa história. Rebeca nos uniu e seu nome não poderia ser mais apropriado, mesmo sem ser óbvio e eu precisava que a irmã seguisse o mesmo caminho. Noites adentro buscando em todo lugar algo que realmente me tocasse e desse sentido a tudo o qu
Catarina Deixei nosso quarto momentos antes de Arthur acordar e em meu lugar uma nota. Como ele fez há quase três anos. Uma nota simples e a letra mais bonita que eu poderia fazer, desenhada e, até coloquei um coração ao final do meu nome. “Fique lindo como sempre e me encontre no terraço às 11h. Serei aquela de branco que vai entrar logo após uma menina cheia de tutus e fitas. Não se atrase, pois nós três estamos ansiosas para sermos irrevogavelmente suas. Com amor, a bonita Catarina.” Certamente ele pensou que quando pedi que se casasse comigo amanhã eu não estava sendo literal. Deve ter pensado que apenas queria adiantar e não que simplesmente tinha preparado tudo para um sábado de manhã depois de uma semana absolutamente normal. Não mudei nem mesmo um horário. Bem, se isso não o surpreender, talvez precise parir gêmeos. Tenho certeza de que desmaiaria ato contínuo na sala
Cinco anos depois... A areia da praia começa a parecer mais fria, na medida em que o sol alaranjado ameaça a mergulhar no oceano e trazer a noite para nós. Rebeca, agora com nove anos, continua com energia suficiente para reclamar e não querer ir embora. Nossas férias em família se tornaram sagradas, mas encerrá-las é sempre um drama engraçado de assistir. Maia na plenitude de seus cinco anos usou toda sua energia para brincar o máximo que pode e agora dorme exausta e rendida nos braços do pai. Arthur a coloca deitada na saída de praia e dá as mãos à Rebeca para um último mergulho, enquanto ele jura que o oceano aquece quando o sol o beija e faz até um chiado. Agora eles correm para provar sua teoria em encontro à imensidão do mar. Eu sorrio, pensando em tudo o que conquistamos nos últimos anos. Abri meu próprio escritório de arquitetura, conquistei três premiações e tenho uma agenda disputada. Tomamos caminhos
Agradeço a Deus que me mostrou que nenhum sonho é pequeno demais, que não mereça ser realizado. Por ter me abençoado nesse trabalho intenso que começou e terminou em dias, apenas pela força que vem do alto. Ao meu esposo Lufe que, não apenas sonhou comigo, mas me deu fôlego em cada milha dessa jornada. Eu te amo até o céu. À Bruna que me deu o caminho que eu precisava em um momento tão oportuno. Você encanta até quando não quer, moça. À minha coeditora Saanny, cuja paciência infinita raramente encontramos e recebemos do outro nesse mundão de meu Deus. Minha revisora Amanda, que me socorreu contra o tempo e com muito talento. E aos leitores que aceitaram o desafio de se entregarem a essas linhas, sem saberem o que os esperava na imensidão de palavras que aqui encontraram, prontas para os inspirarem como fizeram a mim mesma. Obrigada pela chance, Autora Quelita Roca
Catarina Assis sempre foi uma mulher prática, orgulhosa e racional até o dia em que o seu destino foi surpreendido pelos planos, sonhos e desejos que jamais pensou encontrar em Arthur Ferraço. “Tudo mudou quando nossos destinos se cruzaram, cigana”. Sua vida sempre foi um projeto perfeitamente desenhado, cuja concretização a tornaria uma arquiteta brilhante, condutora das próprias vontades. Mas a determinação que a mantinha seguindo seus planos de independência e solitude se desfaz por inteiro, quando seu destino se cruza com um bebê deixado em sua porta com apenas uma carta e os olhos verdes mais encantadores que já viu. A pequena menina chega como um pequeno sol cheio de vida e luz, disposta a torná-la mãe, enquanto entrelaça seu destino de forma inevitável ao poderoso Arthur Ferraço, um misterioso homem que atravessou o seu caminho no passado. Eles são estradas que jamais se encontrariam, mas se veem unidos pela doce Rebeca, a lind
Gostaria de dar as boas-vindas a você que ousou se arriscar nessa jornada tão linda. Ela foi idealizada com amor e cuidado, especialmente para os amantes daqueles romances de arrebatar o coração, arrancar suspiros e provocar uma boa ressaca no final. Se trata de uma obra adulta, com um romance clichê e sem erotismo explícito. Optei em deixar explícitas apenas as emoções e sentimentos mais crus dos personagens, com uma narrativa que explora a poesia das palavras e dos sentidos para muito além do corpo. Garanto que o resultado valeu a pena e, que Catarina e Arthur serão implacáveis ao envolver cada corajoso em conhecer sua história. Uma jornada que versa sobre um amor arrebatador e o equilíbrio que cada um deve guardar em sua própria vivência. Que você, amiga leitora e amigo leitor, se arrisque como Catarina, a nunca caber em uma caixinha, mesmo aquela que você mesma montou para si. Que sejamos inteiros e nos arrisquemos a experimentar todas as nuances que o po
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