Luca SartoriAo sair do escritório de Matteo Mazza, fiquei aliviado por não encontrar todas aquelas pessoas que estavam espalhadas pela grande sala quando chegamos há pouco. Após as palavras de Matteo, minutos atrás, elas devem ter concluído que não havia muito a ser feito por hora e devem ter se recolhido, afinal era muito tarde. Atravessei a grande sala e alcancei a saída que dava acesso ao terraço. O mesmo pelo qual entrei quando cheguei à propriedade mais cedo. Ele estava completamente escurecido, o que eu aprovei. Combinava com o tom da minha alma, além de me dar certa privacidade. Eu estava inquieto. Havia muita merda acontecendo na minha vida neste exato momento e A Família envolvida no desaparecimento de uma mulher inocente pertencente a uma das famílias mais tradicionais e influentes da Itália era apenas a cereja do bolo. Mas, sendo muito honesto, de tudo que havia em meu prato, minha maior inquietação era a jovem e doce Guilhermina. Porra! Eu estava fodido. Um Simples pensam
MatteoEttore e Martinelli estavam demorando mais do que o esperado. Alícia não morava tão longe e eu me perguntava por que estavam demorando tanto. Quando a porta se abriu e uma Alícia nada dócil adentrou o meu escritório, seguida pelos meus seguranças eu sabia que isso não seria fácil. Mas eu estava pronto pra isso. Eu não era mais aquele Matteo que ela conheceu. Ela não iria me manipular com seu showzinho. Eu estava disposto a ir até as últimas consequências para conseguir arrancar dela toda informação que ela poderia me dar – Que porra é essa, Teo? – ela cuspiu. Seu queixo erguido e suas mãos nos quadris.- Sente-se – ordenei.- Matteo, você sabe que horas...- Senta a porra da sua bunda nessa cadeira agora, sua puta – ela disfarçou o choque tão bem quanto ela pode, mas não pra mim. Ela sabia agora que eu não estava brincando. Quando ela se sentou, eu me aproximei, mas não muito para não matá-la antes que ela pudesse me dizer qualquer coisa útil. – Onde está a minha mulher?- Como
Luca SartoriCaminhei pelo corredor principal no lado leste da mansão. A despeito do horário avançado e da maioria dos ocupantes do imóvel estarem dormindo, o caminho estava totalmente iluminado, com portas fechadas em ambos os lados do longo corredor. Demétrius havia sido informado sobre a localização dos quartos. Tão prático quanto isso era, eu não podia deixar de lamentar por não ser Guilhermina a única a me mostrar o caminho.Quando finalmente paramos diante de uma das portas ao final do corredor, ele me desejou uma boa noite e hesitou em seguir para o seu próprio.- Demétrius, você não vai passar a noite de guarda na porta do meu quarto.Sua resposta já era esperada – Não estamos em casa.- Eu confio nos irmãos.- Esse não é o ponto.- E qual é, homem?Ele trocou o seu peso de uma perna para outra, visivelmente desconfortável – Ele teve a sua própria esposa subtraída de sua propriedade apesar do forte esquema de segurança, então, perdoe-me se eu me recuso a confiar que você está
A casa estava silenciosa. A única evidência de que alguém estaria de pé era o cheiro de café que me fez chegar até a cozinha. De costas, com um coque bagunçado no alto da cabeça, vestindo calça jeans e um casaquinho de linha azul, estava ela, manuseando uma cafeteira. Ela não me ouviu chegar, pois não fez qualquer movimento que indicasse que tinha notado a minha presença. Ao invés disso, cantarolava algo baixinho. Repentinamente, ela se virou segurando uma xícara de café e abafou um grito.- Sinto muito – disse – Não queria assustá-la.- Não, tudo bem. Eu estava... distraída. Não ouvi você chegar. Café? – ofereceu.- Eu adoraria.Ela colocou a sua própria xícara sobre a bancada de mármore e pegou outra xícara no armário – Então você é um madrugador... – Não era uma pergunta. Mesmo assim, respondi.- Sim. – Ela me entregou a xícara com o líquido fumegante e eu agradeci.- Quase não o reconheci com essas roupas – olhei o que estava vestindo. Um par de jeans e um suéter cinza. – O senhor
Matteo- Luca está de volta – anunciou Tony enquanto olhava pela janela. Seu tom grave, preocupado coadunava com o meu... Aliás, estávamos todos preocupados. Porém, ninguém estava mais do que eu. Nervoso nem chegava perto de descrever como eu estava, nem ansioso. Eu contava os minutos para que o desgraçado do Pienezza contatasse a cadela da Alícia. Os homens de Luca haviam providenciado um equipamento capaz de identificar de onde estava vindo a chamada.A porta se abriu e então Luca entrou. Ele parecia cansado. Como se não tivesse dormido. – Bom dia – cumprimentou.- Bom dia – eu e Tony respondemos em uníssono.- Alguma novidade?- Até agora nenhuma – Tony respondeu. Estamos indo ao escritório esperar a chamada. Aliás, obrigado pelo equipamento.- Não tem problema. Fico feliz em ajudar. Não vejo a hora de ficar cara a cara com o desgraçado do Pienezza. Apenas tenham em mente que ele é um cara morto. Vou mata-lo.- Deus sabe o quanto eu sou um homem que segue a lei. Mas, nesse caso, se
GiovannaDor.Muita dor.Depois de abandonar o carro que havia furtado dos mafiosos e fugir andando até encontrar outro veículo para furtar, Pienezza dirigiu em círculos por horas. Sim, ele trocou de carro outras duas vezes e optou por modelos antigos e em péssimas condições para garantir que não estariam protegidos por GPS nem nenhum dispositivo de rastreamento. Era madrugada quando ele encontrou um galpão abandonado e sujo para passarmos a noite.Eu não me alimentei nas últimas doze horas. Não tínhamos comida e ele não queria sair para comprar. Primeiro com medo de que fosse encontrado, segundo com medo de que eu pudesse fugir se fosse deixada sozinha. Tudo que havia era uma torneira que jorrava água de gosto duvidoso. Eu evitei o máximo que pude tomar aquilo, mas era isso ou morrer por falta de água. Ontem, quando Jeremias puxou uma lona velha e suja para que eu me deitasse hesitei. Estava mais do que óbvio que eu não poderia dormir em nada como isso. Mas o fato era que as minhas
Matteo - NÃAAAAAAO – foi tudo que eu consegui exprimir depois de ouvir um disparo no interior do veículo. Eu soquei o meu irmão e corri em direção ao veículo. A porta do passageiro se abriu e meu coração se encheu de esperança. Mas, então, ela não se moveu e eu senti dificuldade em respirar. Quando alcancei o carro pelo lado do passageiro, Giovanna estava em choque. Ela olhava para Jeremias que agonizava, havia sangue por todo lado e os olhos deles em pleno choque. – Eu o matei – ela disse e desabou a chorar.Os homens de Luca e os meus seguranças estavam a nossa volta. Luca abriu a porta de Jeremias e o puxou pela camisa jogando-o sobre o chão. Eu não podia deixar que Giovanna assistisse mais nada. Eu precisava tirá-la dali.- Querida, tá tudo bem. Vou tirar você daqui.- Eu o matei – repetiu – eu o matei.- Calma. Você não teve culpa. Eu vou cuidar de tudo.Eu a peguei em meus braços e me preocupei que ela estivesse tão leve para o seu estágio de gravidez. Deus! Eu não acredito qu
Luca Sartori- Você sabe que ele tem razão – Antony disse assim que Matteo saiu. – Eu não tenho como te agradecer por isso, meu amigo.- Não tem que agradecer. Eu tinha uma dívida com você.- Você ainda teria feito isso se não achasse que tinha uma dívida comigo. – eu apenas encolhi os ombros – você sabe que teria feito. Você não é um cara mal.- Não. Você está enganado. Eu sou um cara muito mal.- Talvez...mas você também é justo.- Até quando? Às vezes eu tenho que fazer coisas que não são justas para o padrão médio da sociedade e em breve isso vai ser mais comum do que você pode imaginar.- Quem tá dando uma merda para o padrão médio da sociedade.- Pessoas de bem? Pessoas como você, como o seu irmão e a sua cunhada.- Todo mundo tem seus ossos escondidos no armário, você sabe. – ele disse e eu tive a impressão de que se referia a ele mesmo – Quanto ao meu irmão e a minha cunhada, eu tenho certeza que eles estão apenas gratos. Você estourou os miolos do desgraçado.Encolhi os ombro