A Irmandade
Lennox jogou o celular em cima da cama. Mais uma morte na conta de Leonardo. Com o passar dos anos, ele perdeu as contas de quantas pessoas o irmão mais novo tinha matado, e de quantas vezes ele foi internado para tratar aquele problema de raiva. Eles eram a máfia, mas até para eles havia um limite que não deveria ser ultrapassado. Por exemplo, matar a prima de um rival de tanto fode-la. Depois daquilo, Lennox teve que lidar com a fúria da Família Lucchese. Seu pai vivia deprimido, e ele teve que assumir os negócios da Família Ferrero. Manhattan, Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island, todos os distritos eram da sua família. Ivan Lucchese detinha o controle de toda Los Angeles de leste a oeste, e de norte a sul. As famílias disputavam o controle pelo tráfico de armas e drogas em San Diego, São Francisco, Boston e Miami. Cansado daquilo, Lennox foi para o sacrifício e se casou com Bianca Lucchese. A frágil trégua entre as famílias, se dissipou feito fumaça ao vento quando Leonardo matou o Subchefe de Ivan durante um jantar, apenas porque o homem tinha dito que ele era um filho da puta desequilibrado. Ivan decretou a internação de Leonardo no Lenox Hill, de onde ele foi expulso por agressão física e era um risco para os outros pacientes. A Clínica Hope era o fim da linha para toda a Família Ferrero. Se Leonardo não tivesse uma melhora no seu quadro mental, Ivan podia por direito, ficar com todo o território de Nova Iorque, e o seu casamento com Bianca seria desfeito. Com o poder absoluto, a Família Lucchese iria acabar com os Ferrero. Embora com a convivência difícil, Lennox amava a bela esposa ruiva de corpo escultural e olhos azuis safira. Eles estavam juntos há dois anos e pretendiam ter filhos. Às vezes, ele pensava em Liam, e como as coisas teriam sido diferentes se o irmão mais velho tivesse assumido os negócios. Provavelmente, Leonardo teria o matado de qualquer forma. O irmão mais novo era indomável. - Você sabe que essa clínica é inútil. Mais cedo ou mais tarde, Leonardo vai nos destruir. Ele ainda não conseguiu porque nós temos mais homens do que o Ivan. Lennox abriu o armário e vestiu um terno preto. Ele foi até o espelho do banheiro e deu um nó na gravata da mesma cor. Ao voltar para o interior do quarto luxuoso da mansão em Upper West Side, ele encarou o pai. - O que você sugere? - Uma maçã podre deve permanecer na fruteira para contaminar as maçãs que estão boas? Lennox escolheu um Rolex da coleção e colocou no pulso esquerdo. Ele curvou os lábios para baixo com desdém. - Três meses. Depois disso, podemos resolver o problema com a consciência limpa sabendo que tentamos tudo que era possível. Levi esboçou um sorriso perverso. Ele mal podia esperar para ver Leonardo morto. - Eu deveria ter matado ele. Foi nisso que eu fui fraco. Lennox olhou para o pai com pesar. Ele nunca suspeitou que ele tinha ajudado a matar Liam porque logo depois, abriu a boca a chorar e não disse nada sobre o que aconteceu. Leonardo também não. Aquele era o segredo deles. Era o elo que os fazia tão iguais. Mas a hora do inevitável se aproximava. Lennox puxou a cadeira e sentou. Ele respirou fundo e encarou Leonardo que devorava a lasanha que ele tinha levado. - Essa é a sua última chance, Leo. O papai quer você morto e o Ivan também. - E você? - Eu não estou esperançoso com esse tratamento. Porém, nesses meses que você vai ficar aqui para manter o Ivan em cima do muro, eu sugiro que você encontre um jeito de controlar os seus instintos. Leonardo revirou os olhos. - Eu não tenho culpa se as pessoas me cansam. - A forma como você reage diante das situações pode ser mudada. Com sorte, o Doutor West pode colocar um pouco de juízo na sua cabeça com toda aquela coisa de cura e libertação. Leonardo desdenhou de boca cheia. - Você não quer abrir mão da ruivinha. Lennox cruzou as pernas com um misto de raiva e frustração. - As suas ações desmedidas, interferem na vida de todos nós. A prima do Ivan e o Subchefe dele, ainda estamos de pé porque eu tive que fazer acordos para reforçar a nossa segurança. Ele não vai dar importância pra isso se você sair daqui como entrou. Eu odeio ter que concordar com ele e o papai. Você não se encaixa na família, Leo. Leonardo assentiu e terminou de comer a lasanha. Ele bebeu coca cola e soltou um arroto alto que fez Lennox virar o rosto. - Ok, irmãozinho. Eu vou dar ouvidos aos ensinamentos do velho West e evitar uma guerra sangrenta. Eu vou evitar também de te matar, quando você tentar me matar para continuar casado e sentado na cadeira da Família. Lennox duvidou, porém, ele levantou e recolheu o lixo. - Eu agradeço. Eu mandei dois homens para o Queens. O que tem no endereço que você passou? Leonardo suspirou satisfeito ao passar a mão na barriga cheia. O polegar estava engessado, e durante a visita na enfermaria, deu tempo de passar pela sala do Doutor West, e pegar o que ele queria. Ele tinha medo dela não voltar para ele. - Lily Rose, minha enfermeira. Lennox entrou em estado de alerta. Desde que se lembrava, Leonardo nunca tinha se interessado por alguém. - E qual a necessidade de deslocar homens para lá? - Para trazê-la para mim. - Meu Deus, Leonardo! Eu nem me livrei do corpo do monitor ainda! O psicopata sorriu torto. - Você não espera que eu fique aqui três meses sem nenhuma diversão, né? Tenha misericórdia, irmão. Lennox ficou sério. - Tudo o que você não precisa agora, é de distração, no seu caso, de uma obsessão. - Foi obsessão à primeira vista. Lembra das nossas tardes de domingo vendo o pôr do sol de cima do celeiro? - Sim. - Lennox sorriu. - É a única coisa boa que eu tenho da nossa infância. Um momento de paz e harmonia. - Lily é muito mais bonita do que aquele céu dourado. Não tem nem comparação. Apreensivo, Lennox deixou a frota de homens na Clínica Hope, e ele mesmo foi até o Queens. O que pudesse ser feito para salvar o irmão, ele faria. E se uma mulher teve o poder de fazer Leonardo lembrar de uma coisa boa, ela seria sua melhor aposta. Lily viu merda puxada a balde. Tinha três homens na sua casa e o mais bem vestido, lembrava Leonardo. Lennox sorriu para ela e ordenou para os homens: - Empacotamento. Toddy se desmanchou com o homem cheiroso que baixou para fazer carinho em seu pelo macio, e bem cuidado. Olhando para os olhos azuis do labrador, Lennox disse sério: - O Honda Civic lá fora ainda está com plástico nos bancos, e você está com muitos eletrodomésticos novos. Lily engoliu em seco. - O que está acontecendo? - O que está acontecendo? - Lennox ergueu a cabeça. - Hoje, a salvação entrou na sua vida. Suas dívidas, todas elas, serão pagas amanhã de manhã. Eu quero que você cuide do meu irmão com total dedicação. E não se preocupe, seu salário de dez mil será pago. Lily teve certeza absoluta. Ela deveria ter escolhido os boletos desde o início. Leonardo Ferrero era cilada, e ela caiu.Queda Livre Lily olhou para a fachada da casa no Queens, onde ela morou nos últimos dois anos. Diga-se de passagem, os dois piores anos da sua vida. Pandemia, plantões emendados, caos, correria, choro, gritaria, mortes e exaustão. Ela deveria estar muito feliz por estar deixando aquela parte caótica da sua vida para trás, mas não estava. Tinha algo terrível acontecendo, e ela não conseguia decifrar ao certo o que era.Homens armados esvaziavam a casa, um caminhão de mudança estava na frente do imóvel pequeno na periferia de Nova Iorque, e o irmão de Leonardo, falava em italiano e gritava ao telefone. Lily ouviu palavras estranhas como carregamento, cocaína, ópio, AK-47 e suborno. Todas as suas coisas estavam sendo colocadas cuidadosamente no caminhão preto LoneStar da Navistar, e uma BMW preta estava parada na porta da casa, na frente do seu Honda Civic que seria quitado.Assustada com tudo aquilo, Lily ficou parada na calçada, segurando Toddy pela coleira. Assim como ela, ele tamb
A mente de um psicopata Lily se aproximou da cama depois de se instalar, e olhou para a mão direita do seu paciente. Ela iria pensar nele daquela maneira para tornar as coisas mais fáceis para ela. Na sua mente, eles eram enfermeira e paciente. Acima de tudo, ela seria uma profissional.- O que aconteceu? Os olhos verdes se fixaram na camiseta branca que ela usava. Pouco à vontade naquela posição desconfortável, ele passou a língua pelos lábios carnudos e avermelhados.- Eu me soltei.Lily não prestou atenção na resposta. Ela se inclinou sobre a grade e pediu:- Abre a boca.Leonardo passou a língua pelos dentes da frente, ainda sentindo o gosto de sangue. Ele não se preocupou em escovar os dentes enquanto estava fora das algemas. O gosto metálico era agradável ao seu paladar. Ele obedeceu sentindo o calor da proximidade de Lily, e o seu cheiro de hidratante caro.A enfermeira franziu a testa negra e levou a mão direita no queixo do seu paciente, para melhor examinar os seus dentes.
O assassino em mim Lily não desviou os olhos arregalados de Leonardo que estava em pé ao lado da cama. Por mais inacreditável que fosse, Romeo e Dominic estavam algemados na grade, um de cada lado, e parcialmente caídos com ferimentos na cabeça. Apesar de estarem desacordados, era possível ver que eles respiravam entre gemidos de dor.Lily não teve tempo para pensar em se virar e correr igual uma louca. Seu corpo pequeno e magro, foi erguido do chão, ela girou no ar, uma dor forte pressionou o seu peito, e o ar foi arrancado dos seus pulmões. Um grito morreu na sua garganta antes que pudesse sair pelos seus lábios trêmulos, quando ela foi virada por braços fortes, e suas costas se chocaram contra o taco de madeira.Leonardo a prensou entre o chão e o seu corpo. Até então, Lily não tinha tido uma ideia clara e precisa do quanto ele era grande e forte. Ele a segurou pelos pulsos acima da cabeça dela, e afastou as suas coxas roliças com o joelho direito. Para o seu completo horror, Leon
O melhor de mimPara Leonardo, desde que ele perdeu a virgindade aos doze anos, o sexo era algo puramente carnal. Desprovido de qualquer sentimento de benevolência, na sua mente sempre esteve muito claro em que consistia o ato sexual: "Eu vou comer ela e pronto." Simples assim, sem se importar com o prazer da mulher escolhida por ele. Em geral, ele via as mulheres como um animal de cópula que deveria satisfazer as suas necessidades; sem preliminares, sem toques, sem beijos. E na maioria das vezes, ele se excitava ainda mais por ver a mulher com dor e sofrendo no seu pau. Quando elas imploravam para ele parar, ele metia mais fundo com violência, e por fim, as matava enquanto gozava. Aquela merda sim era prazerosa. Ele fodendo, sentindo tesão, gozando e vendo a mulher agonizando embaixo dele. Sempre embaixo. Leonardo nunca permitiu que uma ficasse em cima, porque aquilo o rebaixava a posição de inferior. Ele era o dominador, e em hipótese alguma, deixaria uma mulher ficar por cima
GatilhosLentamente, Leonardo saiu de cima de Lily e a ajudou a se sentar ao lado dele.- Você está bem?Ela assentiu cruzando os braços sobre os seios úmidos pela saliva dele. Meio desajeitado, Leonardo passou a mão na cabeça dela, e o braço em volta dos seus ombros estreitos. Ele ainda estava de pau duro, e imaginou a cama rangendo com a violência do ato. Na sua mente, ele destroçava Lily.- É normal doer na primeira vez.Tímida, ela assentiu novamente.- Eu vou tomar outro banho e trazer o seu café da manhã. Eu tenho que cumprir com as minhas obrigações, e a cozinha não fica aberta o tempo todo. Eu também tenho que ver o Toddy. Eu deixei ele com o Christian que perdeu toda a família para a pandemia. Ele está com depressão.Para Leonardo, sempre foi um grande mistério a forma como as mulheres conseguiam emendar um assunto no outro. Exasperado, ele pegou Lily pelo queixo e se inclinou para beija-la. Ela cerrou os lábios. Ele se afastou e estreitou os olhos verdes com raiva.- Não rej
Ele tem caninos?!Lily fechou os olhos quando suas costas se chocaram contra a porta fechada. Em seguida, ela sentiu a respiração pesada de Leonardo em seu rosto. E se não estivesse ficando mais louca do que ela já era, ela poderia jurar que tinha ouvido um rosnado baixo. Porém, não era o mesmo gemido rouco que Leonardo tinha soltado quando gozou, era algo mais animalesco, igual quando Toddy rosnava. Lily não abriu os olhos.Um soco forte foi dado na porta ao lado do seu rosto. Lily estremeceu. Era uma boa hora para gritar por socorro, porém, ela não queria ter a garganta cortada. Alguma coisa tinha mudado desde o momento que ela deu o café da manhã para Leonardo, e saiu para ir até a farmácia. Ele não parecia estar bravo apenas por ela ter ido atrás de uma pílula, parecia ter algo mais. Como ele só ficou parado, respirando em cima dela sem dizer nada, Lily respirou fundo, abriu os olhos negros e olhou para cima. Os olhos verdes a olharam de volta. Ela perguntou com hesitação:- Você
Em FamíliaLily acordou com o rosto em alguma coisa firme e quente. Ela abriu os olhos e viu que já era dia. Os primeiros raios de sol da manhã, entravam pela janela com grades de ferro. Naquela região não era muito comum ter dias ensolarados, e por isso, ela ficou feliz por aquela dádiva. A enfermeira revirou os olhos negros. Em algum momento durante a noite, Leonardo a tirou da cama dela, e a levou para a cama dele. Não satisfeito, colocou a sua cabeça no peito dele, e passou braços e pernas em volta dela.O corpo dele estava quente igual a uma fornalha e Lily respirou fundo. Ela tinha plena consciência do quão errada estava sendo como enfermeira. Ao ir para a Clínica Hope, não estava em seus planos se envolver com o seu paciente. Porém, a culpa não era dela se Leonardo ficou obcecado, e ela também não tinha culpa se ele era um cara lindo e gostoso. Lennox cumpriu a palavra e Lily teve todas as suas dívidas pagas. Assim, em um piscar de olhos, ela não teria que trabalhar igual uma
Dois meses antes...Após uma rápida passagem por outro hospital psiquiátrico na Califórnia, Leonardo voltou para casa sob o efeito de sedativos. Ele preferia ter ido para a fazenda da família, mas Lennox insistiu para ele ficar em casa, e tentar uma reaproximação com o pai. Leonardo não deu o primeiro passo, e Levi tampouco. Eles eram estranhos vivendo debaixo do mesmo teto. Os laços de pai e filho haviam sido quebrados há muito tempo, ou melhor, eles nunca existiram de fato. Para Levi, Leonardo nunca deveria ter nascido. O médico não deveria ter sacrificado a sua esposa, para trazer ao mundo uma criança que ele nunca poderia amar. Para Leonardo, toda a sua vida era um grande e grotesco acidente de percurso. Diagnosticado com vários transtornos mentais aos cinco anos de idade, ele nada mais era do que um erro. Aos 28 anos, ele não tinha controle algum sobre os seus instintos. Era difícil até pensar com clareza com os psiquiatras sempre o dopando, algemando, e o tratando como um ra