Queda Livre
Lily olhou para a fachada da casa no Queens, onde ela morou nos últimos dois anos. Diga-se de passagem, os dois piores anos da sua vida. Pandemia, plantões emendados, caos, correria, choro, gritaria, mortes e exaustão. Ela deveria estar muito feliz por estar deixando aquela parte caótica da sua vida para trás, mas não estava. Tinha algo terrível acontecendo, e ela não conseguia decifrar ao certo o que era. Homens armados esvaziavam a casa, um caminhão de mudança estava na frente do imóvel pequeno na periferia de Nova Iorque, e o irmão de Leonardo, falava em italiano e gritava ao telefone. Lily ouviu palavras estranhas como carregamento, cocaína, ópio, AK-47 e suborno. Todas as suas coisas estavam sendo colocadas cuidadosamente no caminhão preto LoneStar da Navistar, e uma BMW preta estava parada na porta da casa, na frente do seu Honda Civic que seria quitado. Assustada com tudo aquilo, Lily ficou parada na calçada, segurando Toddy pela coleira. Assim como ela, ele também só observava a movimentação. Parecia um fim e um recomeço. Lennox encerrou a ligação e olhou no relógio. Eram quase dez horas da noite, e ele teria que levar pessoalmente, Lily até o irmão. O fato dela ter o mesmo nome da mãe deles, tornava tudo mais bizarro. Mas se tratando de Leonardo, tudo era estranho. Reparando bem na enfermeira, ela parecia um ratinho assustado e acuado. Lennox quase sentiu pena dela, e do destino que a aguardava. Ela era muito pequena em tamanho para o seu irmão. Contudo, aquilo não era problema dele. - Desculpa por todo esse transtorno a essa hora, Lily. Eu estou indo para a Sicília amanhã, e o Leo pediu para mim te levar até ele. Lily abriu e fechou a boca várias vezes antes de dizer nervosa: - Eu disse que voltaria amanhã. Por que as minhas coisas estão sendo levadas? Lennox sorriu. Ela era tão fofa que teria sido difícil Leonardo não ficar de pau duro e obcecado. - A clínica fica em Jackson e você vai ficar lá por três meses. Não faz sentido você ficar pagando o aluguel. Vamos deixar as suas coisas no depósito da minha casa, mas não se preocupe, tudo lhe será devolvido intacto. É, não fazia sentido pagar o aluguel. Lily suspirou profundamente e olhou para a última caixa sendo colocada no caminhão. - Tudo bem. Eu vou dirigindo. Não era uma pergunta, mas Lennox negou com a cabeça. - É noite e você está cansada. O Dallas pode cuidar disso. Você vem comigo. Uma última olhada para a casa, um suspiro e Lily entregou a chave do carro para Dallas que era uma mistura de italiano com mexicano. Ela entrou no banco de trás da BMW junto com Toddy, o outro homem sentou na direção e Lennox no banco do carona. Suas malas foram colocadas no porta malas durante o processo rápido e organizado. Quando Lily ia perguntar quem levaria o caminhão, um negro saiu da esquina e entrou no veículo. Só então, ela percebeu duas Mercedes se aproximando e um comboio foi formado. Uma Mercedes, seu Honda Civic, a BMW e a outra Mercedes na retaguarda. Lennox perguntou mexendo no celular: - Você quer passar em algum lugar? Mercado? Farmácia? Shopping? - Não. - Avisa para o locador que a casa está desocupada. Tinha contrato? - Eu vou avisar. Não tinha contrato. - O aluguel está ok? - Está sim. - Boa garota. Acariciando Toddy que tinha deitado a cabeça nas suas pernas, Lily fechou os olhos. Se um dia alguém lhe dissesse que ela seria sequestrada por mafiosos, ela teria rido pra valer. O Doutor West olhou para a folha em branco na prancheta. Fazia duas horas que ele estava sentado na cadeira ao lado da cama de Leonardo. O paciente se recusava a falar. O médico não teve tempo de pensar sobre Michael. Lennox com seu cabelo impecável, terno engomado e postura fria, chegou e assumiu o B.O. A morte de um funcionário seria um dilema ético e moral. A Clínica Hope tinha se tornado um antro de degenerados. O psiquiatra questionou a sua própria sanidade mental. Doutor West tentou mais uma vez. - Você e o Lennox parecem ter uma boa relação. Leonardo fechou os olhos verdes e respirou fundo. Ele estava algemado de novo. Pulsos e tornozelos. E na porta do quarto, não estava mais o banana do Michael. Seu irmão tinha deixado Romeo e Dominic. Os dois irmãos eram o que eles chamavam de a Elite da equipe de segurança. Lennox foi categórico: Nada de assassinatos na Clínica Hope. - Eu vou matar o meu irmão. Apesar da afirmativa feita em um tom de voz irritado, Davis não sentiu que Leonardo nutria sentimentos de ódio pelo irmão mais velho. Ele fez uma anotação. - Quando alguém faz ou diz alguma coisa que você não gosta, você mata. O que vem depois? O que você sente? Lentamente, Leonardo abriu os olhos e olhou para o médico com descaso. - Eu sinto alívio. - Que tipo de alívio? - Eu nunca mais vou precisar olhar para a cara daquela pessoa. - Algum tipo de arrependimento? - Jamais. O Doutor West ajeitou o óculos no rosto abatido. - Eu entrei em contato com todas as clínicas psiquiátricas que você esteve nos últimos anos, e além dos remédios que você fez uso, e do diagnóstico de psicopatia, não tem muita coisa no seu histórico médico. Falta de empatia e desprezo por tudo e todos, colocaria você na categoria Antissocial. Entretanto, a violência com que você resolve entre aspas as coisas, mostra que você tem uma personalidade explosiva. A falta de remorso, faz de você um psicopata. Entediado, Leonardo suspirou. - Bravo, Doutor. Se me soltar, eu bato palmas. Davis sorriu. - Não vamos chegar tão longe. Dessa vez, temos algemas reforçadas. Assim como um prisioneiro sai da cadeia quando cumpre a pena, um doente sai do hospital quando é curado. O mesmo vai acontecer com você. À medida que fizermos progresso, e você pode ter certeza que nós faremos, as algemas serão retiradas, e os cães de guarda, serão dispensados. O psiquiatra levantou e sorriu para o paciente. - Não seja prisioneiro na sua própria liberdade, Leo. Você quer a admiração ou a pena da Lily? O Doutor West não esperou por uma resposta. Ele sabia que tinha feito uma excelente consulta. Leonardo ficou pensativo. De Lily, ele só queria a boceta, e para tal, ele teria que virar um santo para se livrar das algemas, e do seu temperamento forte. Ao vê-la junto do irmão, ele deu o seu melhor sorriso. - Oi, Lily. Você voltou. A enfermeira entrou no quarto e disse séria: - Eu fui trazida com escolta. - Lennox foi gentil com você? - Sim. O irmão mais velho desdenhou. - Encomenda entregue. Eu te vejo na semana que vem quando voltar da Itália. Leonardo fechou o semblante. - Leve seus cães. Lennox deu o ultimato. - Romeo e Dominic ficam para o seu próprio bem e de toda a família. Lily, foi um prazer conhecê-la. Em breve, eu vou te apresentar a minha esposa. Você não vai querer passar os próximos três meses, rodeada apenas de machos escrotos. Lily forçou um sorriso. Ainda bem que ele reconhecia. E então, ela viu a cama box de solteiro do lado da cômoda. Ela estava forrada com um edredom rosa das Princesas, combinando com a fronha do travesseiro alto. Ao lado, tinha uma caminha de cachorro azul marinho com uma manta da mesma cor, e um ossinho de borracha. Cética, Lily olhou para Leonardo. Ele ainda sorria. - Eu quero que você fique confortável, assim como o Toddy. Tem tapetes para ele fazer as necessidades no banheiro. Eu acredito que você tenha trago as coisinhas dele. Toddy se aproximou da mão que saiu por entre a grade da cama. Ele cheirou, lambeu e abanou o rabo. Leonardo lançou um olhar diabólico para Lily. Ele tinha deixado a mão com cheiro de Cheetos, e voltou a olhar para o lindo cachorro marrom. - Oi, Toddy. É o papai. Lily deu as costas para o seu paciente cínico e o seu cachorro traidor. Ela começou a desfazer as malas, e pegou um espaço no armário. Ela estava em queda livre. Sem dívidas, mas fodida.A mente de um psicopata Lily se aproximou da cama depois de se instalar, e olhou para a mão direita do seu paciente. Ela iria pensar nele daquela maneira para tornar as coisas mais fáceis para ela. Na sua mente, eles eram enfermeira e paciente. Acima de tudo, ela seria uma profissional.- O que aconteceu? Os olhos verdes se fixaram na camiseta branca que ela usava. Pouco à vontade naquela posição desconfortável, ele passou a língua pelos lábios carnudos e avermelhados.- Eu me soltei.Lily não prestou atenção na resposta. Ela se inclinou sobre a grade e pediu:- Abre a boca.Leonardo passou a língua pelos dentes da frente, ainda sentindo o gosto de sangue. Ele não se preocupou em escovar os dentes enquanto estava fora das algemas. O gosto metálico era agradável ao seu paladar. Ele obedeceu sentindo o calor da proximidade de Lily, e o seu cheiro de hidratante caro.A enfermeira franziu a testa negra e levou a mão direita no queixo do seu paciente, para melhor examinar os seus dentes.
O assassino em mim Lily não desviou os olhos arregalados de Leonardo que estava em pé ao lado da cama. Por mais inacreditável que fosse, Romeo e Dominic estavam algemados na grade, um de cada lado, e parcialmente caídos com ferimentos na cabeça. Apesar de estarem desacordados, era possível ver que eles respiravam entre gemidos de dor.Lily não teve tempo para pensar em se virar e correr igual uma louca. Seu corpo pequeno e magro, foi erguido do chão, ela girou no ar, uma dor forte pressionou o seu peito, e o ar foi arrancado dos seus pulmões. Um grito morreu na sua garganta antes que pudesse sair pelos seus lábios trêmulos, quando ela foi virada por braços fortes, e suas costas se chocaram contra o taco de madeira.Leonardo a prensou entre o chão e o seu corpo. Até então, Lily não tinha tido uma ideia clara e precisa do quanto ele era grande e forte. Ele a segurou pelos pulsos acima da cabeça dela, e afastou as suas coxas roliças com o joelho direito. Para o seu completo horror, Leon
O melhor de mimPara Leonardo, desde que ele perdeu a virgindade aos doze anos, o sexo era algo puramente carnal. Desprovido de qualquer sentimento de benevolência, na sua mente sempre esteve muito claro em que consistia o ato sexual: "Eu vou comer ela e pronto." Simples assim, sem se importar com o prazer da mulher escolhida por ele. Em geral, ele via as mulheres como um animal de cópula que deveria satisfazer as suas necessidades; sem preliminares, sem toques, sem beijos. E na maioria das vezes, ele se excitava ainda mais por ver a mulher com dor e sofrendo no seu pau. Quando elas imploravam para ele parar, ele metia mais fundo com violência, e por fim, as matava enquanto gozava. Aquela merda sim era prazerosa. Ele fodendo, sentindo tesão, gozando e vendo a mulher agonizando embaixo dele. Sempre embaixo. Leonardo nunca permitiu que uma ficasse em cima, porque aquilo o rebaixava a posição de inferior. Ele era o dominador, e em hipótese alguma, deixaria uma mulher ficar por cima
GatilhosLentamente, Leonardo saiu de cima de Lily e a ajudou a se sentar ao lado dele.- Você está bem?Ela assentiu cruzando os braços sobre os seios úmidos pela saliva dele. Meio desajeitado, Leonardo passou a mão na cabeça dela, e o braço em volta dos seus ombros estreitos. Ele ainda estava de pau duro, e imaginou a cama rangendo com a violência do ato. Na sua mente, ele destroçava Lily.- É normal doer na primeira vez.Tímida, ela assentiu novamente.- Eu vou tomar outro banho e trazer o seu café da manhã. Eu tenho que cumprir com as minhas obrigações, e a cozinha não fica aberta o tempo todo. Eu também tenho que ver o Toddy. Eu deixei ele com o Christian que perdeu toda a família para a pandemia. Ele está com depressão.Para Leonardo, sempre foi um grande mistério a forma como as mulheres conseguiam emendar um assunto no outro. Exasperado, ele pegou Lily pelo queixo e se inclinou para beija-la. Ela cerrou os lábios. Ele se afastou e estreitou os olhos verdes com raiva.- Não rej
Ele tem caninos?!Lily fechou os olhos quando suas costas se chocaram contra a porta fechada. Em seguida, ela sentiu a respiração pesada de Leonardo em seu rosto. E se não estivesse ficando mais louca do que ela já era, ela poderia jurar que tinha ouvido um rosnado baixo. Porém, não era o mesmo gemido rouco que Leonardo tinha soltado quando gozou, era algo mais animalesco, igual quando Toddy rosnava. Lily não abriu os olhos.Um soco forte foi dado na porta ao lado do seu rosto. Lily estremeceu. Era uma boa hora para gritar por socorro, porém, ela não queria ter a garganta cortada. Alguma coisa tinha mudado desde o momento que ela deu o café da manhã para Leonardo, e saiu para ir até a farmácia. Ele não parecia estar bravo apenas por ela ter ido atrás de uma pílula, parecia ter algo mais. Como ele só ficou parado, respirando em cima dela sem dizer nada, Lily respirou fundo, abriu os olhos negros e olhou para cima. Os olhos verdes a olharam de volta. Ela perguntou com hesitação:- Você
Em FamíliaLily acordou com o rosto em alguma coisa firme e quente. Ela abriu os olhos e viu que já era dia. Os primeiros raios de sol da manhã, entravam pela janela com grades de ferro. Naquela região não era muito comum ter dias ensolarados, e por isso, ela ficou feliz por aquela dádiva. A enfermeira revirou os olhos negros. Em algum momento durante a noite, Leonardo a tirou da cama dela, e a levou para a cama dele. Não satisfeito, colocou a sua cabeça no peito dele, e passou braços e pernas em volta dela.O corpo dele estava quente igual a uma fornalha e Lily respirou fundo. Ela tinha plena consciência do quão errada estava sendo como enfermeira. Ao ir para a Clínica Hope, não estava em seus planos se envolver com o seu paciente. Porém, a culpa não era dela se Leonardo ficou obcecado, e ela também não tinha culpa se ele era um cara lindo e gostoso. Lennox cumpriu a palavra e Lily teve todas as suas dívidas pagas. Assim, em um piscar de olhos, ela não teria que trabalhar igual uma
Dois meses antes...Após uma rápida passagem por outro hospital psiquiátrico na Califórnia, Leonardo voltou para casa sob o efeito de sedativos. Ele preferia ter ido para a fazenda da família, mas Lennox insistiu para ele ficar em casa, e tentar uma reaproximação com o pai. Leonardo não deu o primeiro passo, e Levi tampouco. Eles eram estranhos vivendo debaixo do mesmo teto. Os laços de pai e filho haviam sido quebrados há muito tempo, ou melhor, eles nunca existiram de fato. Para Levi, Leonardo nunca deveria ter nascido. O médico não deveria ter sacrificado a sua esposa, para trazer ao mundo uma criança que ele nunca poderia amar. Para Leonardo, toda a sua vida era um grande e grotesco acidente de percurso. Diagnosticado com vários transtornos mentais aos cinco anos de idade, ele nada mais era do que um erro. Aos 28 anos, ele não tinha controle algum sobre os seus instintos. Era difícil até pensar com clareza com os psiquiatras sempre o dopando, algemando, e o tratando como um ra
Aviso: Para quem não está sabendo, Leonardo tem TOC, distúrbio de personalidade e psicopatia. Ou seja, ele não é bonzinho, docinho e fofinho. Ele faz o que quer, com quem quiser, na hora que ele quiser e sem arrependimentos. O livro é um romance DARK. Com exceção da ortografia decente que eu faço questão de entregar para vocês, não esperem um vilão incompatível com os transtornos mentais dele.Lobo Solitário Lily pegou as malas e saiu jogando tudo dentro. Tanto as roupas do armário, quanto os seus produtos de higiene pessoal que estavam na pia do banheiro. Ele não demorou a aparecer. A porta foi fechada sem um ruído. Com uma expressão sombria, ele enrolou a coleira de Toddy nas mãos, e testou a resistência. A mala caiu no chão com um baque, algo jogado dentro sem o menor cuidado, se quebrou. Um cheiro suave de perfume impregnou o ambiente.Lily ofegou. Ao soltar a respiração, ela gaguejou com o coração batendo forte na garganta:- Cadê... o... Toddy?Ele se aproximou lentamente, e