Já rolei para todos os lados da cama, meu corpo aqueceu cada centímetro desse colchão grande demais para uma pessoa só e nenhuma posição foi confortável o suficiente. Sinto um incomodo, não sei se físico, psicólogo, ou na alma...talvez os três, só sei que está em mim e não consigo me livrar dele desde que vi os dois malditos riscos no palito. Já gritei de desespero, chorei de tristeza, tremi de medo e puxei os cabelos em aflição, me deixei sentir cada uma das inúmeras emoções que se poderia tirar de tudo isso. Agora, quanto a Alexander...sinto raiva, decepção e tristeza como se tivesse sido abandonada. De todas as dores que ele me causou, essa foi a pior de todas, odeio injustiças e isso é sem dúvida injusto comigo. Essa era a idade de eu estar fazendo muitas coisas, não presa a uma criança só que ele não liga, mais que ele seja o pai disso que carrego, ele nunca irá entender a diferença. A diferença entre ser pai e mãe. Seu corpo não vai mudar em nada, ele continuará intacto e toda
Já faz horas que tudo que eu tenho feito durante essa maldita festa é cumprimentar as centenas de convidados e receber os parabéns, não só pelo casamento mas também pela "sorte" e honra de ter sido a escolhida pelo subchefe para ser a segunda dama. Também tirei diversas fotos para o álbum de casamento junto a Alexander e outras convidados, em todas elas é nítida minha infelicidade, e que bela lembrança para ficar para o resto da vida. -Okay...o que houve? Estou sentindo o clima daqui, e não foi pelo vestido, ainda não deu tempo de brigarem por isso. E sua mãe já brigou com a minha...- O que minha mãe foi dizer a Kelly?- pergunto a Kate já sem paciência nenhuma. - Não sei, elas brigaram e já fizeram as pazes, sabe como as duas são. Dou de ombros. - Vamos para a primeira dança. - Alexander torna a se aproximar de mim, seu tom mostra que ele não está muito disposto, mas vai seguir o protocolo. Eu também não estou. Não o respondo, apenas o sigo de forma mórbida e robótica. No meio
Saindo do carro a noite parece ter se tornado mais fria, o que faz com que eu me agarre mais ao sobretudo. Ele envolve minha cintura e eu o acompanho.Andamos por um longo tempo até chegar em uma ponte e não muito ao longe me impressiono quando vejo um enorme castelo. - Carcassone, é aqui que vamos ficar. - Só um pouco extravagante...mas eu gostei... muito. Acima de todas as minhas expectativas, fico feliz com isso porque parece que ele se lembrou do quanto eu amo castelos e toda a história por trás deles. Ele abre as portas do castelo e é ainda mais impressionante por dentro. Nós subimos andares de escadas até chegar em um corredor pelo qual ele me guia, meu coração bate rápido em expectativa. Quando chegamos a uma porta dupla, ele a abre revelando o quarto mais chique que já vi na vida. Tenho quase certeza que esse lugar não se alugava...não até Alexander Petrov aparecer e conseguir esse feito único...com dinheiro e poder se consegue qualquer coisa, inclusive mobiliar um castel
PARIS, 18:15A cidade de Paris já está parcialmente isenta de luz natural, mas ainda há um parte do céu ao longe que não está escura e sim pintada de um roxo intenso que vai se tornando gradativamente azul escuro. O clima está frio, não tanto quanto na Rússia, diria até que um frio agradável. O tempo não está nublado, pelo contrário, o céu está limpo e as estrelas são bem visíveis. Um tanto clichê dizer isso mas Paris é lindo, e muito romântico, e mais clichê ainda escolher um lugar tão óbvio para passar a lua de mel, porém, é inegavelmente perfeito. Minha mão direita está aquecida pela de Alexander enquanto andamos com elas cruzadas, seu toque é firme e como era de se esperar, também possessivo. Seu corpo anda bem próximo ao meu e todo olhar que vem até mim rapidamente se desvia ao encontrar a feição mortal e ameaçadora dele, reparei isso nos últimos minutos de caminha pela cidade. Um sorriso involuntário se coloca em meu rosto. Esses dias tem sido muito felizes ao lado dele, dormi
Acordo novamente mas desta vez já estamos no carro, e só me lembro disso quando olho pela janela. Ao observar, vejo que não estamos indo no caminho da minha casa e nem da dele, não tenho tempo de perguntar antes de ver um enorme portão preto e dourado, tão dourado que suponho que seja banhado de ouro, se abrindo. É aí que eu entendi tudo. - Está pronta para sua nova vida, Senhora Petrov? - Pergunta ansioso com um sorriso no rosto enquanto o portão de fecha atrás de nós no carro que vai adentrando a propriedade. Passamos por um enorme jardim apenas de gramado, extremamente verde e bem cortado. - Espero que sim...Ele sai do carro, dando a volta e abrindo a porta para mim, estendendo sua mão para me ajudar a sair. - Antes de irmos, se livra daquele perfume na sua mala, não deixa ele entrar na minha casa nova ou eu vou vomitar. - Mando parar de fabricar em uma hora. Dou risada para ele até a hora que meu olhar desvia para a faixada da enorme mansão que me deixa boquiaberta. Só d
A porta de madeira pesada e polida em um tom escuro, quase preto, faz um leve ranger quando eu a abro lentamente na curiosidade de ser o que tem por trás dela. Tirei o dia para explorar minha casa nova, já que Alexander voltou ao trabalho e eu não estudo mais, mesmo que eu pretenda fazer faculdade, enquanto carrego o pequeno e indesejado ser dentro de mim. Não tão pequeno...minha barriga já está protuberante. Olho para dentro do cômodo, está completamente vazio, o que faz parecer ainda maior. É o quarto mais próximo do meu com Alexander, a porta seguinte para ser mais específica, acho que é o melhor lugar para colocar a coisinha...eu chegaria em um segundo se chorasse. O que você acha? Pergunto mentalmente mesmo me sentindo uma idiota e quando olho para baixo, vejo que minha mão está sobre a barriga. Saindo se algo tivesse se mexido dentro de mim e meus olhos até se apertam pela pontada de dor. Talvez tenha sido um sim. - Ótimo, então é aqui que você vai dormir. - digo em voz alta
Dias depois...O barulho que ecoa da minha garganta enquanto eu vômito sem parar praticamente todo meu café da manhã, ajoelhada em frente a privada é tenebroso. Lavo a boca e escovo os dentes, levantando o rosto e encarando meu reflexo no espelho. A gravidez sem dúvida está acabando comigo, eu pareço completamente cansada, como se um obsessor estivesse sugando minha alma. Os enjoos perduram o dia todo, mas pela manhã ele é trinta vezes pior, o sono tenta me derrubar o dia todo e meu corpo está sempre exausto. Respiro fundo, encarando meu reflexo e vendo como meu rosto está mais inchado, mal estou usando maquiagem ultimamente, no momento estou sem nenhuma, até porque nem saio de casa. Não quero ver ninguém, vez ou outra minha mãe vem me visitar com meu pai, e Kate também vem aqui. Stefan vem quando é para falar com Alexander, troca algumas palavras breves comigo e nada mais. Yuri nunca mais veio, e do mesmo jeito que eu acho melhor assim, fico triste que nossa amizade tenha tomado e
Abro os olhos lentamente, piscando diversas vezes até abrir os olhos e ter a pílula incomodada pela claridade, a qual tampo parcialmente com a palma da mão acima do rosto. — Como a senhora está se sentindo?- Ouço a voz de Maura antes de ver seu rosto. — O que aconteceu? - falo meio alheia a situação.— A senhora desmaiou na cozinha, Estevan estava tomando café e disse que a senhora abaixou e acabou tendo um desmaio. Deve ser queda de pressão, precisa se alimentar melhor e tomar as vítaminas no horário correto durante a gravidez. Quer que eu chame um médico?— Não precisa, eu já estou melhor. Obrigada, Maura. — Tem certeza, senhora? O senhor Petrov vai se zangar com esse descuido da senhora com a saúde. — Está tudo bem, não se preocupe. Eu me resolvo com Alexander. — Eu tive que ligar para ele para avisar, caso contrário ficaria muito furioso comigo e acredito que com a senhora também. Então acredito que o próprio esteja pensando em chamar um médico.Penso em dizer várias coisas