HELENA BORGESDesde a chegada de Yasmin, minha visão de tudo tem se alterado. Ela era tão vítima de Dominik quanto eu. No entanto, ela tinha mais conhecimento do mundo do qual Victor fazia parte do que eu, e começou a compartilhar conosco seus conhecimentos.Sabíamos que, nesse mundo da máfia, a mulher se tornava secundária, criada apenas para obedecer e servir. No entanto, compartilhávamos a mesma opinião de que não queríamos apenas isso para nossas vidas. Yasmin era a única com mais conhecimento entre nós três.Era impressionante como Yasmin conseguiu transformar sua situação de “prisão domiciliar” com Dominik em uma oportunidade de aprender habilidades essenciais para sua própria proteção. Com o tempo que tinha disponível, ela dedicou-se a aprender a manusear uma arma e a atirar, além de adquirir conhecimento sobre defesa pessoal através das amizades que fez com os soldados.Tanto eu quanto a Chiara nos interessamos muito pelo que ela poderia nos ensinar. Como eu não podia aprender
Finalmente, o que esperávamos aconteceu. Estava no lago quando Dominik apareceu. Quando percebi sua presença, demonstrei surpresa e medo, embora estivesse longe de sentir esses sentimentos. A parte melhor era que ele não havia percebido Yasmin.Ele apontou uma arma para mim, seguindo em minha direção. Quando ele passou pela posição onde Yasmin estava, ela apareceu apontando a arma para ele, o que o surpreendeu. Quando ele deu as costas para mim, para apontar a arma para Yasmin, eu saquei a arma que estava comigo e também apontei para ele.Ele só tinha uma arma e dois alvos em sentido oposto, enquanto éramos duas e tínhamos o mesmo alvo.— Acabou, Dominik. — Yasmin disse.— Isso só acaba quando eu disser que acaba, sua puttana.— Aí é que você se engana, Dominik. Cansamos de nos esconder, e você nos forçou a mudar, a descobrir nossas capacidades, a aprender a nos defender.Ele não sabia para quem apontar a arma, se para mim ou para Yasmin. Claramente, estava em desvantagem. Apontar a a
Eu me aproximei de Matteo, minha voz baixa e calma. Sabia que ele estava sofrendo e que não seria fácil para ele aceitar o que estava por vir.— Matteo, eu sinto muito. Nenhum de nós queria isso. Não imaginávamos que Victor estaria lá. — Disse, tentando aliviar um pouco da tensão. — Se eu pudesse voltar atrás, o faria. Mas agora precisamos estar unidos para ele. Precisamos ser fortes por ele.Matteo abriu os olhos, a fúria em seu olhar, suavizando-se ligeiramente ao me encarar. Ele deu um suspiro profundo, a luta interna visível em seu rosto. Ele ainda estava zangado, mas havia uma faísca de compreensão ali.— Eu entendo... — Ele murmurou, mais para si do que para os outros. — Mas isso não é justo... — Ele completou, sua voz embargada.— Não, não é justo. Mas vamos lutar juntos, certo? — Chiara disse, segurando o braço do marido como se estivesse apoiando-o.Matteo assentiu lentamente. O silêncio se instalou, todos perdidos em seus próprios pensamentos. As coisas ainda não haviam term
Eu estava ao seu lado, segurando sua mão com firmeza. Senti um leve movimento quando ele acordou e, com os olhos marejados, me inclinei mais perto dele. Com a voz suave, mas cheia de emoção, tentei chamar sua atenção para mim.— Victor, você está acordado! Graças a Deus! — Eu disse, lágrimas escorrendo livremente pelo meu rosto.Victor me olhou sem expressão, parecendo não me reconhecer. Não havia aquela conexão que eu esperava. Ele parecia estar olhando para uma estranha. Tentou falar, mas sua garganta estava provavelmente seca, e a voz saiu rouca e quase inaudível.— Quem... quem é você? — Ele conseguiu sussurrar, com dificuldade.Meu sorriso desapareceu, substituído por um olhar de confusão e medo. Eu esperava que ele acordasse desorientado, mas não imaginava que ele não me reconheceria. Apertei sua mão com mais força, tentando entender o que estava acontecendo.— Victor, sou eu, Helena. Sua esposa. — Disse, com a voz vacilante.Mas Victor continuava a me olhar sem qualquer reconhe
VICTOR SALVATOREEstava sentado na cama do hospital, observando o movimento das folhas pela janela. O ambiente era tranquilo, mas dentro de mim tudo parecia muito confuso.Não saber quem era Helena, minha suposta esposa, era perturbador. Ela havia dito que me amava, mas eu não sentia nada além de uma vaga sensação de culpa por não poder corresponder aos seus sentimentos.Matteo se aproximou, sua expressão calma, mas havia um toque de preocupação em seus olhos. Ele estava sempre aqui comigo, ajudando-me a lidar com a situação.Minha provável ‘perda de memória’ parecia ser um golpe pesado para todos, especialmente para Helena, que, segundo Diego, passou cada dia em que estive em coma comigo no hospital.— Oi, fratello. Como você está se sentindo? — Matteo perguntou, sentando-se ao meu lado.Dei de ombros, ainda olhando para a janela. Não havia muita coisa a dizer. Eu estava confuso, frustrado e um pouco assustado com a falta de lembranças.— Eu não sei. Tudo parece... estranho. Como se
Sua fisionomia mostrou choque, mas ela se recuperou rapidamente, e por um momento a admirei por isso. Sabia que ela estava certa em suas afirmações, no entanto, eu não conseguia lidar com tudo isso ao mesmo tempo. Helena ficou em silêncio por um momento, a raiva crescendo em seus olhos.— Porque eu te amo, seu idiota. E, porque você sabia que eu estava grávida quando nos casamos. Se você vai continuar me tratando assim, eu vou embora. Não tenho obrigação de ficar ao lado de alguém que não me respeita. — Ela respondeu, as palavras saindo como uma rajada de fúria.Eu não sabia o que dizer. Parte de mim queria que ela fosse embora, para aliviar a pressão. Mas outra parte, a parte que eu não conseguia entender, não queria permitir isso. Mas, por enquanto, tudo o que eu conseguia sentir era raiva. Raiva do que eu havia perdido e raiva por não saber como recuperar. Era um caos emocional, e Helena estava bem no centro disso tudo.— Você sabia que na máfia não existia divórcio. Acredito que
HELENA BORGESNotei o olhar que o Victor me lançou enquanto estava na piscina com Clara. Percebi a confusão e o desejo em seus olhos, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele virou as costas e foi embora.Decidi confrontá-lo no escritório, pois já não suportava mais toda aquela frieza. Éramos marido e mulher, vivíamos sob o mesmo teto, mas nos comportávamos como estranhos. Certa noite, enquanto colocava a Clara para dormir, ela me questionou por que o papà dela não era mais o mesmo.Lembrei-me de que fiquei sem reação no momento, mas acabei dizendo que o acidente que ele sofreu mexeu um pouco com a cabeça dele e que deveríamos ter paciência, pois tudo voltaria ao normal. No entanto, minha paciência havia se esgotado naquela manhã, e minha esperança se foi junto com ela. Comecei a sentir pequenas cólicas enquanto ainda estava com Clara na piscina. Faltavam apenas duas semanas para completar as 42 de uma gestação normal. No início, eram contrações leves, quase imperceptíveis, mas logo
VICTOR SALVATOREHavia acabado de sair do banheiro quando observei meu celular com o visor acesso em cima da cama, alguém estava me ligando naquele momento. Estranhei, pois já era bastante tarde. Estranhei ainda mais por verificar que era Diego.— Fale, meu amigo…— Victor, seu filho nasceu. Helena está bem, mas acredito que ela vai precisar de sua ajuda. — Diego disse.— Por que não fui avisado no momento em que ela chegou ao hospital? — Perguntei, já vestindo uma roupa para ir até lá.— Ela me pediu sigilo, Victor. Ela me contou sobre a discussão de vocês mais cedo, e você precisa admitir que não foi justo com ela. — Você se tornou advogado agora, Diego? — Perguntei irritado.— Não, meu amigo. Mas você será um idiota se a perder. Jamais a deixaria desamparada se ela fosse minha. — Estou indo para o hospital nesse momento. Mas apenas para lembrá-lo, ela é uma mulher casada e não pretendo ser um idiota.— Se eu tivesse qualquer dúvida quando a isso, meu amigo, não teria ligado para