Eu estava ao seu lado, segurando sua mão com firmeza. Senti um leve movimento quando ele acordou e, com os olhos marejados, me inclinei mais perto dele. Com a voz suave, mas cheia de emoção, tentei chamar sua atenção para mim.— Victor, você está acordado! Graças a Deus! — Eu disse, lágrimas escorrendo livremente pelo meu rosto.Victor me olhou sem expressão, parecendo não me reconhecer. Não havia aquela conexão que eu esperava. Ele parecia estar olhando para uma estranha. Tentou falar, mas sua garganta estava provavelmente seca, e a voz saiu rouca e quase inaudível.— Quem... quem é você? — Ele conseguiu sussurrar, com dificuldade.Meu sorriso desapareceu, substituído por um olhar de confusão e medo. Eu esperava que ele acordasse desorientado, mas não imaginava que ele não me reconheceria. Apertei sua mão com mais força, tentando entender o que estava acontecendo.— Victor, sou eu, Helena. Sua esposa. — Disse, com a voz vacilante.Mas Victor continuava a me olhar sem qualquer reconhe
VICTOR SALVATOREEstava sentado na cama do hospital, observando o movimento das folhas pela janela. O ambiente era tranquilo, mas dentro de mim tudo parecia muito confuso.Não saber quem era Helena, minha suposta esposa, era perturbador. Ela havia dito que me amava, mas eu não sentia nada além de uma vaga sensação de culpa por não poder corresponder aos seus sentimentos.Matteo se aproximou, sua expressão calma, mas havia um toque de preocupação em seus olhos. Ele estava sempre aqui comigo, ajudando-me a lidar com a situação.Minha provável ‘perda de memória’ parecia ser um golpe pesado para todos, especialmente para Helena, que, segundo Diego, passou cada dia em que estive em coma comigo no hospital.— Oi, fratello. Como você está se sentindo? — Matteo perguntou, sentando-se ao meu lado.Dei de ombros, ainda olhando para a janela. Não havia muita coisa a dizer. Eu estava confuso, frustrado e um pouco assustado com a falta de lembranças.— Eu não sei. Tudo parece... estranho. Como se
Sua fisionomia mostrou choque, mas ela se recuperou rapidamente, e por um momento a admirei por isso. Sabia que ela estava certa em suas afirmações, no entanto, eu não conseguia lidar com tudo isso ao mesmo tempo. Helena ficou em silêncio por um momento, a raiva crescendo em seus olhos.— Porque eu te amo, seu idiota. E, porque você sabia que eu estava grávida quando nos casamos. Se você vai continuar me tratando assim, eu vou embora. Não tenho obrigação de ficar ao lado de alguém que não me respeita. — Ela respondeu, as palavras saindo como uma rajada de fúria.Eu não sabia o que dizer. Parte de mim queria que ela fosse embora, para aliviar a pressão. Mas outra parte, a parte que eu não conseguia entender, não queria permitir isso. Mas, por enquanto, tudo o que eu conseguia sentir era raiva. Raiva do que eu havia perdido e raiva por não saber como recuperar. Era um caos emocional, e Helena estava bem no centro disso tudo.— Você sabia que na máfia não existia divórcio. Acredito que
HELENA BORGESNotei o olhar que o Victor me lançou enquanto estava na piscina com Clara. Percebi a confusão e o desejo em seus olhos, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele virou as costas e foi embora.Decidi confrontá-lo no escritório, pois já não suportava mais toda aquela frieza. Éramos marido e mulher, vivíamos sob o mesmo teto, mas nos comportávamos como estranhos. Certa noite, enquanto colocava a Clara para dormir, ela me questionou por que o papà dela não era mais o mesmo.Lembrei-me de que fiquei sem reação no momento, mas acabei dizendo que o acidente que ele sofreu mexeu um pouco com a cabeça dele e que deveríamos ter paciência, pois tudo voltaria ao normal. No entanto, minha paciência havia se esgotado naquela manhã, e minha esperança se foi junto com ela. Comecei a sentir pequenas cólicas enquanto ainda estava com Clara na piscina. Faltavam apenas duas semanas para completar as 42 de uma gestação normal. No início, eram contrações leves, quase imperceptíveis, mas logo
VICTOR SALVATOREHavia acabado de sair do banheiro quando observei meu celular com o visor acesso em cima da cama, alguém estava me ligando naquele momento. Estranhei, pois já era bastante tarde. Estranhei ainda mais por verificar que era Diego.— Fale, meu amigo…— Victor, seu filho nasceu. Helena está bem, mas acredito que ela vai precisar de sua ajuda. — Diego disse.— Por que não fui avisado no momento em que ela chegou ao hospital? — Perguntei, já vestindo uma roupa para ir até lá.— Ela me pediu sigilo, Victor. Ela me contou sobre a discussão de vocês mais cedo, e você precisa admitir que não foi justo com ela. — Você se tornou advogado agora, Diego? — Perguntei irritado.— Não, meu amigo. Mas você será um idiota se a perder. Jamais a deixaria desamparada se ela fosse minha. — Estou indo para o hospital nesse momento. Mas apenas para lembrá-lo, ela é uma mulher casada e não pretendo ser um idiota.— Se eu tivesse qualquer dúvida quando a isso, meu amigo, não teria ligado para
HELENA BORGESFiquei desesperada quando vi Victor desmaiando diante de mim e me senti impotente por não poder fazer nada. Estava com meu bambino nos braços e fiquei tão agitada que só consegui gritar por ajuda.O socorro foi rápido. Diego me disse que ele ficaria bem, mas eu estava ansiosa por notícias. A enfermeira disse que eu precisava focar no meu bambino, que em breve eu receberia notícias. No entanto, era difícil me concentrar em algo quando meu coração estava aflito.Quando Diego voltou até meu quarto, parecia que uma eternidade havia se passado. Olhei para ele, ansiosa, mas ele tinha um sorriso no rosto, afirmando que tudo estava bem e que Victor havia despertado, mas que estava apenas fazendo um exame para comprovar que tudo estava bem.Questionei-o sobre o que havia acontecido, mas ele disse que eu deveria ter paciência e que o próprio Victor me falaria. Tentei pressioná-lo, mas ele explicou que existia um sigilo entre médico e paciente que o proibia de falar.— Quando pedi
Quando retornei para casa com nosso bambino, aproveitamos o momento enquanto ele dormia para ter uma conversa com Victor. Esclareci o que havia acorrido no dia do acidente, e ele demonstrou certo descontentamento por manter segredo sobre tudo durante o tempo em que estivemos lá.— Se eu tivesse revelado o que eu e Yasmin estávamos planejando, você teria concordado?— Claro que não. Jamais teria permitido tal absurdo.— Mas foi esse mesmo absurdo que pôs fim à vida daquele maledetto. Ele aterrorizou nossas vidas por muito tempo, e nada mais junto do que eu e Yasmin, pormos um fim nisso. Não me arrependo do que fiz, Victor. Lamento apenas pelo que aconteceu contigo. Essa foi a única variável que não consideramos.Alguns meses haviam se passado. De fato, Victor voltara a ser o mesmo homem que ele era na ilha, junto a mim e Clara. Nossa bambina estava radiante por ter o pai de volta, e não mais aquele homem frio, sem emoções e irritado o tempo todo.Nosso Lucca, com um aninho, era o bambi
VICTOR SALVATOREExistiam certas coisas na máfia que não podiam ser mudadas, e o casamento era uma delas. Muitos não respeitavam minha esposa, porque ela não foi criada dentro de nossas regras, mas eles não eram loucos de desrespeitá-la na minha presença.O último que fez isso não ficou respirando por muito tempo. No entanto, Helena havia pedido para que eu a deixasse lutar suas próprias lutas e, quando a situação tomasse proporções que ela não pudesse mais resolver, ela me deixaria agir.Mesmo contrariado, acatei o pedido dela. Helena pensava que eu não percebia as pequenas mudanças que tanto ela quanto Chiara e Yasmin estavam fazendo. Sabia que seria um problema deixar Yasmin assumir a cadeira da máfia de seu pai, mas a garota era inteligente demais para que eu não permitisse.Duas vezes na semana, Helena, como minha esposa, oferecia a todas as mulheres da máfia um chá da tarde. Através dessas reuniões, minha mulher sabia muito mais do que eu sobre o que acontecia em nosso meio, pri