Sua fisionomia mostrou choque, mas ela se recuperou rapidamente, e por um momento a admirei por isso. Sabia que ela estava certa em suas afirmações, no entanto, eu não conseguia lidar com tudo isso ao mesmo tempo. Helena ficou em silêncio por um momento, a raiva crescendo em seus olhos.— Porque eu te amo, seu idiota. E, porque você sabia que eu estava grávida quando nos casamos. Se você vai continuar me tratando assim, eu vou embora. Não tenho obrigação de ficar ao lado de alguém que não me respeita. — Ela respondeu, as palavras saindo como uma rajada de fúria.Eu não sabia o que dizer. Parte de mim queria que ela fosse embora, para aliviar a pressão. Mas outra parte, a parte que eu não conseguia entender, não queria permitir isso. Mas, por enquanto, tudo o que eu conseguia sentir era raiva. Raiva do que eu havia perdido e raiva por não saber como recuperar. Era um caos emocional, e Helena estava bem no centro disso tudo.— Você sabia que na máfia não existia divórcio. Acredito que
HELENA BORGESNotei o olhar que o Victor me lançou enquanto estava na piscina com Clara. Percebi a confusão e o desejo em seus olhos, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele virou as costas e foi embora.Decidi confrontá-lo no escritório, pois já não suportava mais toda aquela frieza. Éramos marido e mulher, vivíamos sob o mesmo teto, mas nos comportávamos como estranhos. Certa noite, enquanto colocava a Clara para dormir, ela me questionou por que o papà dela não era mais o mesmo.Lembrei-me de que fiquei sem reação no momento, mas acabei dizendo que o acidente que ele sofreu mexeu um pouco com a cabeça dele e que deveríamos ter paciência, pois tudo voltaria ao normal. No entanto, minha paciência havia se esgotado naquela manhã, e minha esperança se foi junto com ela. Comecei a sentir pequenas cólicas enquanto ainda estava com Clara na piscina. Faltavam apenas duas semanas para completar as 42 de uma gestação normal. No início, eram contrações leves, quase imperceptíveis, mas logo
VICTOR SALVATOREHavia acabado de sair do banheiro quando observei meu celular com o visor acesso em cima da cama, alguém estava me ligando naquele momento. Estranhei, pois já era bastante tarde. Estranhei ainda mais por verificar que era Diego.— Fale, meu amigo…— Victor, seu filho nasceu. Helena está bem, mas acredito que ela vai precisar de sua ajuda. — Diego disse.— Por que não fui avisado no momento em que ela chegou ao hospital? — Perguntei, já vestindo uma roupa para ir até lá.— Ela me pediu sigilo, Victor. Ela me contou sobre a discussão de vocês mais cedo, e você precisa admitir que não foi justo com ela. — Você se tornou advogado agora, Diego? — Perguntei irritado.— Não, meu amigo. Mas você será um idiota se a perder. Jamais a deixaria desamparada se ela fosse minha. — Estou indo para o hospital nesse momento. Mas apenas para lembrá-lo, ela é uma mulher casada e não pretendo ser um idiota.— Se eu tivesse qualquer dúvida quando a isso, meu amigo, não teria ligado para
HELENA BORGESFiquei desesperada quando vi Victor desmaiando diante de mim e me senti impotente por não poder fazer nada. Estava com meu bambino nos braços e fiquei tão agitada que só consegui gritar por ajuda.O socorro foi rápido. Diego me disse que ele ficaria bem, mas eu estava ansiosa por notícias. A enfermeira disse que eu precisava focar no meu bambino, que em breve eu receberia notícias. No entanto, era difícil me concentrar em algo quando meu coração estava aflito.Quando Diego voltou até meu quarto, parecia que uma eternidade havia se passado. Olhei para ele, ansiosa, mas ele tinha um sorriso no rosto, afirmando que tudo estava bem e que Victor havia despertado, mas que estava apenas fazendo um exame para comprovar que tudo estava bem.Questionei-o sobre o que havia acontecido, mas ele disse que eu deveria ter paciência e que o próprio Victor me falaria. Tentei pressioná-lo, mas ele explicou que existia um sigilo entre médico e paciente que o proibia de falar.— Quando pedi
Quando retornei para casa com nosso bambino, aproveitamos o momento enquanto ele dormia para ter uma conversa com Victor. Esclareci o que havia acorrido no dia do acidente, e ele demonstrou certo descontentamento por manter segredo sobre tudo durante o tempo em que estivemos lá.— Se eu tivesse revelado o que eu e Yasmin estávamos planejando, você teria concordado?— Claro que não. Jamais teria permitido tal absurdo.— Mas foi esse mesmo absurdo que pôs fim à vida daquele maledetto. Ele aterrorizou nossas vidas por muito tempo, e nada mais junto do que eu e Yasmin, pormos um fim nisso. Não me arrependo do que fiz, Victor. Lamento apenas pelo que aconteceu contigo. Essa foi a única variável que não consideramos.Alguns meses haviam se passado. De fato, Victor voltara a ser o mesmo homem que ele era na ilha, junto a mim e Clara. Nossa bambina estava radiante por ter o pai de volta, e não mais aquele homem frio, sem emoções e irritado o tempo todo.Nosso Lucca, com um aninho, era o bambi
VICTOR SALVATOREExistiam certas coisas na máfia que não podiam ser mudadas, e o casamento era uma delas. Muitos não respeitavam minha esposa, porque ela não foi criada dentro de nossas regras, mas eles não eram loucos de desrespeitá-la na minha presença.O último que fez isso não ficou respirando por muito tempo. No entanto, Helena havia pedido para que eu a deixasse lutar suas próprias lutas e, quando a situação tomasse proporções que ela não pudesse mais resolver, ela me deixaria agir.Mesmo contrariado, acatei o pedido dela. Helena pensava que eu não percebia as pequenas mudanças que tanto ela quanto Chiara e Yasmin estavam fazendo. Sabia que seria um problema deixar Yasmin assumir a cadeira da máfia de seu pai, mas a garota era inteligente demais para que eu não permitisse.Duas vezes na semana, Helena, como minha esposa, oferecia a todas as mulheres da máfia um chá da tarde. Através dessas reuniões, minha mulher sabia muito mais do que eu sobre o que acontecia em nosso meio, pri
Olhei para Helena e ela tentava segurar o riso diante daquela cena. Mais uma vez, ela estava certa ao afirmar que havia algo errado nisso tudo.— Como você se comunica com Guilia? — Helena perguntou, e o rapaz respondeu que por meio de mensagens. — Ela responde rapidamente?— Na grande maioria das vezes, sim.— Posso verificar essas mensagens? — Perguntei. Apesar de relutar um pouco em me mostrar, ele me entregou o celular, e pelo pouco que observei da troca de mensagens, eles pareciam realmente apaixonados.— Envie uma mensagem para ela agora. Diga que precisa falar com ela. — Helena sugeriu.O rapaz fez o que ela pediu, mas após quase meia hora, não obteve retorno. Até ele parecia preocupado.— Temos um problema… — Acabei dizendo. — O pai da garota me procurou hoje, cancelando o compromisso de casamento com Antonny, porque informou que a filha estava grávida de outro. — Isso é uma tremenda mentira, o filho é meu. Eu vou até lá, não vou permitir que outro toque em minha mulher. — O
HELENA BORGESAquele homem pareceu nervoso no momento em que Victor disse o motivo de nossa visita, e percebi que algo estava errado. Sua esposa o olhava sem saber o que dizer.— Sinto informar que minha Guilia, devido à gravidez, se encontra um pouco indisposta, DON. Poderíamos marcar outro dia para que eu a leve até sua residência? — Ele perguntou e Yasmin sorriu.— Ela está indisposta por conta da gravidez ou por algo que você fez, Gonzalle? — Yasmin foi direta ao ponto.— Não vou admitir que você seja desrespeitosa dentro de minha casa, mesmo você herdando a máfia de seu pai. Meu marido jamais faria isso que você está insinuando. — A mulher dele disse.— Isso apenas comprova que você é conivente com o que ele faz ou fez. — Disse. — Definitivamente, esse não é o papel de uma mãe. Eu daria minha vida pelos meus filhos, você poderia dizer o mesmo pelos seus? — Perguntei diretamente àquela mulher.— Se você está afirmando que sua filha está indisposta, ficarei satisfeito se sua mulher