HELENA BORGESNão era fácil entrar em outra aeronave depois do que passei naquele voou. O pânico parecia que ia me consumir em algum momento, mas eu estava tentando controlá-lo. Pior ainda era saber para onde estávamos indo, em outra circunstância teria ficado feliz em voltar para minha terra, mas não agora.A sensação esquisita que eu tinha me acompanhava desde o momento em que acordei, antes mesmo de saber que viajaríamos para cá, hoje. Não sei explicar o que era, mas não era uma sensação boa. Quase um sexto sentido que algo aconteceria.Respirei fundo enquanto o avião começava a sua descida. A conversa ao redor trazia um pouco de normalidade à cena, mas eu não conseguia afastar o frio que sentia no estômago. A última vez que estive em Portugal, tudo havia desmoronado, e agora voltava a esse país sob o véu de medo e incerteza.Victor estava aqui para acabar com a família Rossi, uma família com um longo histórico de crueldade e violência, que pude sentir na pele, e eu estava presa ne
VICTOR SALVATOREEstava revoltado por não prever o que aconteceu e o que poderia ter acontecido. Como estávamos monitorando toda a família Rossi, não imaginei que Helena estaria correndo risco. Nunca imaginei que Michela tivesse sobrevivido àquela emboscada na ilha, e muito menos que ela estivesse aqui.Pelo visto, ela teve uma ótima serventia para aquele stronzo, mas teria um fim nada agradável em minhas mãos depois do que ela tentou fazer. Não teria pena, mesmo sendo uma mulher. Eu a entregaria aos cães, mas apenas depois que ela passasse pelos meus homens, e eles não eram nem um pouco delicados nesses momentos.Ela desejaria ter morrido naquele barco quando provasse o que eu tinha em mente, mas antes tentaria verificar se ela tinha conhecimento de quem eram os ratos em meu território.— Como está Helena? — Matteo perguntou assim que me encontrou no caminho para a sala onde Michela estava.— Bem, dentro do possível. Algumas escoriações pelo corpo, mas nada grave, não graças àquela p
Reuni meus homens e disse precisarmos adiantar nossos planos. Dominik saberia que algo estava errado quando Michela não voltasse para onde quer que eles se encontrassem.A noite estava escura e silenciosa. A mansão dos Rossi erguia-se imponente. A segurança era rigorosa, com câmeras, guardas armados e cercas eletrificadas. No entanto, sabia que todo sistema, por mais complexo que fosse, tinha falhas. E eu tinha um plano para explorar essas falhas e acabar com aquela família de uma vez por todas.Minha equipe era altamente treinada e bem equipada. Cada membro sabia seu papel e estava determinado a cumprir a missão sem hesitações. Eles haviam estudado a planta da mansão, os padrões de patrulha dos guardas e até as rotinas diárias dos membros da família Rossi. A abordagem seria sutil, mas implacável.O ponto de entrada escolhido foi a rede de esgotos que corria sob a propriedade. Era uma rota perigosa e pouco convencional, mas permitia que a equipe se aproximasse da mansão sem ser detect
Assim que chegamos, fui direto para o local que transformamos em enfermaria, caso algo saísse errado. Já havíamos avisado ao Diego que precisaríamos de seus serviços. Apesar de também ser médico, eu precisava ficar focado em várias coisas ao mesmo tempo, então melhor seria que ele atendesse.Percebi o interesse de Andrea na garota e esperava apenas que o mesmo que aconteceu com Matteo, não se repetisse aqui. Enquanto aguardava as informações de Diego, dei a ordem a Matteo para interrogar Michela sobre para onde Dominik poderia ter ido.Precisava de um banho também. Nossas roupas estavam com odores terríveis por conta da tubulação do esgoto. Não fui direto para meu quarto. Pedi à Sra. Rúbia para providenciar algumas roupas para mim, e a mesma informou que Helena estava adormecida.Fui até um dos banheiros improvisados e, após banho tomado, voltei para a enfermaria para obter notícias de Yasmin Cassi.— O que temos? Como está a garota?— Bastante machucada, além de duas costelas fratura
Imunidade total? Era um pedido bastante ousado. No entanto, eu compreendia que, se Yasmin de fato detivesse as informações prometidas, seria um negócio de alto valor para nós. A grande incógnita era: como podíamos garantir que ela não estava apenas buscando salvar a própria pele?Uma pessoa em sua situação faria de tudo para sobreviver, e eu precisava ter certeza da sua confiabilidade.— Como posso ter a certeza de que você está dizendo a verdade? Como posso confiar em você? — Indaguei, investigando suas verdadeiras intenções.— Dominik me tratou como uma mera propriedade, da mesma forma que meu pai fez. Já não posso mais agir contra meu pai, agora que ele está morto, além de gerenciar o que era dele, o que seria abominável se ele ainda estivesse vivo. Porém, ainda posso buscar vingança contra Dominik, e possuo as provas necessárias para isso. Não tenho mais nada a perder, DON Salvatore. Tudo o que almejo é minha liberdade. — Ela declarou com franqueza, sem hesitar.Andrea e Matteo ma
HELENA BORGESDesde a chegada de Yasmin, minha visão de tudo tem se alterado. Ela era tão vítima de Dominik quanto eu. No entanto, ela tinha mais conhecimento do mundo do qual Victor fazia parte do que eu, e começou a compartilhar conosco seus conhecimentos.Sabíamos que, nesse mundo da máfia, a mulher se tornava secundária, criada apenas para obedecer e servir. No entanto, compartilhávamos a mesma opinião de que não queríamos apenas isso para nossas vidas. Yasmin era a única com mais conhecimento entre nós três.Era impressionante como Yasmin conseguiu transformar sua situação de “prisão domiciliar” com Dominik em uma oportunidade de aprender habilidades essenciais para sua própria proteção. Com o tempo que tinha disponível, ela dedicou-se a aprender a manusear uma arma e a atirar, além de adquirir conhecimento sobre defesa pessoal através das amizades que fez com os soldados.Tanto eu quanto a Chiara nos interessamos muito pelo que ela poderia nos ensinar. Como eu não podia aprender
Finalmente, o que esperávamos aconteceu. Estava no lago quando Dominik apareceu. Quando percebi sua presença, demonstrei surpresa e medo, embora estivesse longe de sentir esses sentimentos. A parte melhor era que ele não havia percebido Yasmin.Ele apontou uma arma para mim, seguindo em minha direção. Quando ele passou pela posição onde Yasmin estava, ela apareceu apontando a arma para ele, o que o surpreendeu. Quando ele deu as costas para mim, para apontar a arma para Yasmin, eu saquei a arma que estava comigo e também apontei para ele.Ele só tinha uma arma e dois alvos em sentido oposto, enquanto éramos duas e tínhamos o mesmo alvo.— Acabou, Dominik. — Yasmin disse.— Isso só acaba quando eu disser que acaba, sua puttana.— Aí é que você se engana, Dominik. Cansamos de nos esconder, e você nos forçou a mudar, a descobrir nossas capacidades, a aprender a nos defender.Ele não sabia para quem apontar a arma, se para mim ou para Yasmin. Claramente, estava em desvantagem. Apontar a a
Eu me aproximei de Matteo, minha voz baixa e calma. Sabia que ele estava sofrendo e que não seria fácil para ele aceitar o que estava por vir.— Matteo, eu sinto muito. Nenhum de nós queria isso. Não imaginávamos que Victor estaria lá. — Disse, tentando aliviar um pouco da tensão. — Se eu pudesse voltar atrás, o faria. Mas agora precisamos estar unidos para ele. Precisamos ser fortes por ele.Matteo abriu os olhos, a fúria em seu olhar, suavizando-se ligeiramente ao me encarar. Ele deu um suspiro profundo, a luta interna visível em seu rosto. Ele ainda estava zangado, mas havia uma faísca de compreensão ali.— Eu entendo... — Ele murmurou, mais para si do que para os outros. — Mas isso não é justo... — Ele completou, sua voz embargada.— Não, não é justo. Mas vamos lutar juntos, certo? — Chiara disse, segurando o braço do marido como se estivesse apoiando-o.Matteo assentiu lentamente. O silêncio se instalou, todos perdidos em seus próprios pensamentos. As coisas ainda não haviam term