Pisquei incontáveis vezes, me perdendo mentalmente na soma do quanto isso aconteceu. Não era nenhuma tontura, apenas o sentimento perverso vindo a tona. O sentimento que por tanto tempo eu vinha reprimindo atrás de uma parede de gelo em algum canto de minha mente, e agora, ela havia se quebrado, me obrigando a viver cada segundo do momento mais horroroso da minha vida. Meus dedos tremeram, e de um segundo para o outro, me transformei em uma estátua de sal.
_Por que você está fazendo isso comigo?
_O que eu estou fazendo por você. _ela corrigiu _Você está com a mente sobrecarregada demais, Perséphone. _ela meneou a cabeça de vagar _ Sei que é extremamente difícil falar de tudo isso, mas eu preciso que você confie em mim. Há apenas um caminho para que você possa entender o que precisa
_E o que aconteceu? _minha voz saiu fraca, e era dessa permissão que Lenúbia precisava para continuar. Isso me disse que ela falava a verdade. Ela se preocupava com a quantidade de informação que eu poderia aguentar. _Tudo bem, eu preciso ouvir._Guhay se desertou da Aliança, conseguindo convencer outros bruxos espalhados na terra de sua ideologia. No Livro da Maldição, há uma antiga profecia sobre um Elo. Um bruxo que nasceria com talentos inigualáveis e seria capaz de controlar magias inexistentes. Guhay precisava desse Bruxo. Ela já tinha pistas de onde o achar, quando ele nasceria. Então ela deixou a você e ao seu pai. _ela baixou os olhos, como se não conseguisse encarar meu olhar _Guhay queria algo para lutar contra a Aliança do Pacto de Segredo. Ela sabia que enquanto os Bruxos Embaixa
O brilho amarelado do sol bateu em cheio em meu rosto afundado no travesseiro macio de plumas, me obrigando a abrir os olhos. A claridade dançava em pequenos fiapos cintilantes de pó em frente de minha visão. Ainda imóvel, observei ao meu redor, não conseguindo me lembrar a princípio de onde eu estva. Aos poucos, a distribuição prática do quarto me inundou com coisas que eu não tinha visto noite passada.Me sentei, prendendo o ar pela falta de fôlego. Minha espinha tinha estado numa posição dolorosamente inclinada a noite toda.Tirando o punhado de cachos do rosto, observei a meu redor. Eu estava numa enorme cama bem no meio do quarto. Um cabide de ferro circulava toda sua extensão, segurando uma cortina escura, me lembrando a um Castelo antigo. Havia uma enorme janela do lado esquerdo, com um criado
De repente, aquele se tornou um lugar em que eu definitivamente preferiria não estar.Pigarreei, voltando minha atenção para a mesa de Lenúbia pela primeira vez. Para meu alívio, ela estava distraida conversando com outro homem que tinha algo de sua aparência. Talvez os olhos, e o jeito suave como conduzia as coisas. Sem querer, meus olhos deslizaram acidentalmente pela leva de alunos.Era inevitável não reparar que talvez o assunto das rodas ainda fosse eu. Talvez Helena tivesse razão. Eu não sabia lidar com aquilo, por que nunca havia sido o centro das atenções antes. Os pentagramas eram tatuados em vários lugares visíveis do corpo, o que me fez pensar sobre algo. Observei Helena. Eu já havia visto mais partes de sua pele do que gostava de lembrar nos últimos dias, porém, nenhu
Eu não sabia exatamente o que esperava ouvir, assim como também não sabia qual seria minha reação se eu tivesse ouvido essa mesma notícia três dias atrás.Talvez eu me exasperasse. Talvez desmaiasse. De surpresa ou felicidade.Ou talvez até mesmo me desmanchasse em lágrimas.Mas meus olhos estavam estranhamente secos, e com certeza, não havia nenhum furor tentando me virar ao avesso em qualquer ataque súbito de euforia. Ao invés disso, minha mente rodopiava em círculos numa mesma esfera constante de paralisia, enquanto aspalavras se repetiam sem cessar em minha cabeça, me deixando apenas tonta. Halle não está morto. Eu não o matei. Eu não sou uma assassina.Eu não sabia dizer por quanto tempo havia estado fora do ar, tomad
Steyce.Ele usava calças justas e escuras de cós baixo, e cuturnos altos enfeitavam suas pernas compridas. Vestia uma regata negra, e o cinto em forma de X com o lobo imitando um broche ao lado. Um cinto cheio de fivelas completava o visual de bad boy. Seus cílios estavam tão negros quanto eu me recordava. Demorei um pouco a perceber algo pontudo e afiado correndo por entre seus dedos envoltos em luvas pretas, imitando movimentos que bateiristas de bandas de rock geralmente fazem com suas baquetas para impressionar o público. Sua expressão era neutra, mas havia algo de ameaçador em seus olhos prateados quando ele se pôs entre mim e Jade, o fazendo recuar.Steyce era alguns centímetros mais alto que Jade, e talvez isso o tenho incentivado a recuar ainda mais alguns passos.No fim, talvez ele apenas tivesse escutado o dircu
Quando o movimento acabou, Steyce estava inclinado sobre mim, com um olhar mortal em minha direção enquanto ainda nos recuperávamos do choque._Eu disse SEM MAGIA _ele lembrou, rosnando _Mas você é distraída demais para prestar atenção em qualquer coisa que eu fale, não é?_Eu não fiz de propósito _choramnguei, minha cabeça doendo pela batida forçada no chão _Eu simplesmente não consigo!Ele arqueou as sobrancelhas, como se considerasse seriamente o que fazia comigo._Eu sou um desastre sobre agressões fisicas, não posso evitar. _acrescentei depois de um tempo._ Eu ainda tenho uma parte humana sabia? Uma parte humana que nunca fez nada de cruel na vida, incluindo segurar no cabo de um espada!Ele suspirou com força, considerando minhas palavras
O sol jé havia se posto quando marchei para a sala de Lenúbia, depois de um banho longo que livrou minha pele de todos os maus dos últimos acontecimentos e células mortas como reação espontânea de meu corpo.Limpa, eu não me sentia mais como um trapo velho e puído, masmuito mais eu novamente. Não o eu-bruxa ou o eu-fada, mas simplesmente a Perséphone de sempre. Me esquivei propositalmente por entre os corredores escuros até ali, tencionando evitar qualquer encontro não programado com qualquer um aluno do Acampamento Puro Sangue. Pelo que eu sabia, todos queriam me conhecer, especialmente depois de terem vazado comentários do que eu podia fazer, vistos naquela mesma tarde. “Oh, que inusitado. Uma bruxa-fada que nem mesmo tem dezessete anos e já tem poder dos Elevados!&rdqu
Cambaleei para os corredores, não tendo certeza exatamente sobre por quanto tempo já fazia que eu movia um pé após outro. O mundo me parecia estranhamente lento. Quando passei pelo Salão Recepcional de mármore do refeitório, visando atravessar os corredores para chegar ao meu quarto, reparei que os grandes janelões estavam abertos, mostrando o céu já escuro agora. As enormes portas marrons do refeitório estavam fechadas, e uma forma indistinta estava recostada no espelho da janela enorme, e de repente percebi que eu não estava só._Jade? _não consegui descobrir por que me surpreendi tanto._A reunião acabou? _ele perguntou bem humorado, jogando os ombros fortes para trás._Então você sabia? _perguntei. E por isso você estava propositalmente me espera