Eu permaneci em silêncio, sem dizer uma palavra. Quando Bruno segurou minha mão, foi como se o mundo começasse a girar ao nosso redor. Eu me protegia, não queria ouvir ou discutir sobre o que ele estava prestes a dizer, mas as palavras saíram dele com uma leveza inesperada, como se fluíssem sem controle. — Ana, eu realmente não sabia que você estava grávida do nosso filho. Eu pensei que o bebê já tivesse... naquele momento no hospital... — Sua adam's apple subiu e desceu em seu pescoço longo, e sua voz se tornou tensa, como se fosse difícil continuar. — Caso contrário, mesmo se eu estivesse à beira da morte, eu teria ido até você, morrido aos seus pés e aos pés do nosso filho. A força com que ele me segurava era assustadora. Senti como se o sangue em minha mão tivesse parado de circular, e sabia que, quando ele me soltasse, eu ficaria completamente entorpecida. Bruno fez a pergunta com uma calma tensa. — Ana, nesses anos, você pensou em mim? Eu senti uma dor no corpo, como
Algumas coisas, na verdade, não fazem diferença se forem ditas claramente ou não. Bruno não entendia, ele já havia explicado, o que mais ele poderia fazer? A expectativa nos seus olhos foi lentamente se apagando. — Você claramente se importa comigo, então por que não tem coragem de deixar eu me aproximar de você? Embora o temperamento de Bruno fosse geralmente calmo, havia limites, e, quando ele franziu a testa e as palavras que saiu de sua boca se tornaram uma cobrança, eu não fiquei surpresa. Tudo o que senti foi um arrepio, o abraço dele, que antes parecia acolhedor, agora me fazia sentir como se estivesse presa em uma caverna de gelo, a pressão do ar tão baixa que até respirar parecia difícil. — Não use os seus próprios pensamentos para adivinhar os dos outros. Você pode, ao menos, me respeitar um pouco? Você sairia por aí e puxaria qualquer mulher para te abraçar? Bruno estreitou os olhos, e com uma voz fria, disse: — Então, para você, eu não sou diferente de qualq
— Mas ela te implorou, eu ouvi. — Toquei a tela com a ponta dos dedos, falando de forma indiferente.Não importava o quanto Bruno tentasse diminuir o assunto com Gisele, eu sempre encontraria uma maneira de trazê-lo à tona. Em vez de deixar tudo nesse limbo, sem ir para frente nem para trás, eu preferia perguntar diretamente a Bruno quando ele ia tomar uma atitude.O olhar de Bruno ficou cada vez mais frio. Ligou a seta, puxou o volante e encostou o carro na beira da estrada, aplicando uma frenagem brusca.— Você sabe quantas pessoas me pedem favores todos os dias? Você acha que sou uma pessoa com muito tempo livre?Ele queria dizer que não tinha nada a ver com Gisele, que até quem pedisse um favor não conseguiria chegar até ele!Desci a janela um pouco, virei o rosto e respirei fundo.— Ela não é uma pessoa qualquer para você.Bruno esfregou os polegares no volante, e por um momento, permaneceu em silêncio, o que foi raro para ele.A Ana ainda o incompreendia, mesmo depois de tantas e
O tempo perdido na estrada foi longo demais. Quando finalmente cheguei em casa, já passava das onze da noite.Agradeci educadamente a Bruno, disse "obrigada" e desci do carro, ficando ao lado dele, esperando que ele fosse embora.Bruno também saiu do carro.— Vou te acompanhar até a porta. Levantei os olhos e, com um olhar rápido, já conseguia ver a entrada da mansão. Não fazia sentido ele me acompanhar, faltavam menos de vinte passos até lá. Quando eu estava prestes a recusar, Bruno já começou a andar, e eu não tive escolha a não ser segui-lo. Ele parecia conhecer o caminho melhor que eu.Ele não andava rápido, mas em menos de um minuto já havíamos percorrido a distância de vinte passos.— Abre a porta, quero ver você entrar. — Bruno parou na minha porta, com a mão enfiada no bolso, e disse isso.— Tá. — Respondi, agachando para abrir a porta, e aproveitei para lhe dar uma última instrução. — Amanhã à noite, pede para a dona Rose trazer a Dayane de volta, ela vai dormir comigo.— Tc
— Bruno... Ao ver Bruno abaixar a cabeça de repente, uma onda de silêncio me tomou. Não duvidava de que, se eu falasse mais uma palavra, seus lábios iriam se encontrar com os meus.A proximidade tão intensa fez com que os sons de nossa respiração se entrelaçassem, oscilando entre a tensão e a atração, e o leve cheiro de cigarro se tornou cada vez mais quente, preenchendo o ar ao nosso redor. Não consegui resistir e o empurrei com força.Nos olhos de Bruno, havia uma leve vermelhidão, e ele sentia seu corpo inteiro queimando. Se não largasse de imediato, temia que, sem querer, rasgasse as roupas que ainda separavam nossos corpos. Fechou os olhos por um instante, e ao abri-los novamente, havia uma sombra de arrependimento no fundo dos seus olhos. Então, me soltou, com um sorriso irônico.— Não vai continuar?Mantive os lábios bem fechados, sem ousar dizer uma palavra sequer, enquanto o observava com um olhar que transbordava uma mistura de desejo e desafio. Aquelas palavras, antes pron
A secretária do Bruno apareceu e, em minhas mãos, ela me entregou uma série de coisas dele. O rosto dela estava carregado de um certo pesar. — Sra. Henriques, já está tarde, e eu preciso voltar para casa, então não vou até o Presidente Bruno entregar isso. Poderia, por favor, entregar a ele mais tarde? Ah, e dentro da bolsa tem também um remédio para torção na lombar, desculpe por te incomodar.Essa secretária eu já a tinha visto algumas vezes quando fui ao escritório do Bruno, ela trabalhava sob a supervisão da Assistente Isabela. Não me dei ao trabalho de corrigir a forma como ela me chamou; não fazia sentido explicar algo para alguém com quem não tinha intimidade.— E a Assistente Isabela, sabe onde ela está?— Não faço ideia... — Ela franziu a testa, parecendo também não entender. — Ela foi transferida de repente, disseram que foi promovida, mas nem fizeram uma festa de confraternização pela promoção. Todo mundo sabe que só quem está realmente bem é quem trabalha diretamente com o
— Não estava indo bem até agora? Agora já diz que não consegue. — Murmurei baixinho. Bruno levantou os olhos para me olhar. — O que você disse? Suspirei. — Nada. De qualquer forma, ele já estava instalado aqui, e não importava o que eu fizesse, essa noite não haveria como mandá-lo embora. Olhei para o chão e peguei a sacola, dando alguns passos em direção à cama. Nem me importei se estava suja ou limpa, quase joguei a sacola na cama. Bruno pareceu esticar o corpo, respirando mais fundo, como se não esperasse que eu agisse assim, e ficou em silêncio, sem dizer nada. Ele mexeu os pés, tentando puxar a sacola com os pés. Cada movimento que ele fazia, os músculos da coxa se contraíam, e as sombras na área das dobras de sua pele ficavam mais profundas. Ele ficou ainda mais atraente. Tentou algumas vezes, mas não teve sucesso. A sacola se rasgou e as roupas se espalharam pela cama. Bruno, com um tom de tristeza, disse: — Se você não quer pegar, então não pegue. Eu não t
No hospital, Bruno Henrique aprumou-se em toda a sua altura, destacando-se na multidão.— Não é da sua conta, pode ir embora.Mal tinha me aproximado quando ouvi ele dizer isso, e o saco que eu segurava foi tirado das minhas mãos. A meia-irmã de Bruno foi levada ao hospital no meio da noite, e minha única função, como cunhada, era apenas trazer algumas roupas, nada além do que uma empregada faria. Estávamos casados há quatro anos, e eu já estava acostumada à frieza dele, então fui falar com o médico para entender a situação. O médico disse que o ânus da paciente estava rompido, causado pelo ato de fazer amor com um parceiro.Naquele instante, senti como se tivesse caído em um poço de gelo, o frio invadindo-me dos pés à cabeça.Que eu soubesse, Gisele Silva não tinha namorado, e quem a levou ao hospital naquela ocasião foi meu marido.O médico ajustou os óculos no nariz e me olhou com certa pena.— Os jovens hoje em dia gostam de buscar novas emoções e procurar por estímulos.— O qu