No momento em que Bruno estendeu a mão para me abraçar, o toque da sua pele parecia ter um poder mágico, como se de repente minha alma fosse arrancada de dentro de mim. Minha alma, puxada pelo corpo, flutuou no ar, e eu olhei para baixo, observando aqueles dois, que antes não teriam mais nenhum ponto de contato, agora abraçando-se com força. Para que eu me sentisse mais confortável, Bruno ajeitou a barra de sua roupa de baixo repetidamente, até que, por fim, tirou o casaco e o colocou sobre meus ombros. Eu me senti como um bebê enrolado em um cobertor, sendo tratada com tanta delicadeza, até mesmo a palma de sua mão acariciando suavemente minha coluna.Naquele momento, até minha alma sentiu um tipo de cuidado. Parecia que fazia anos que eu não me sentia tão tranquila, sem preocupações, podendo abandonar tudo e apenas fazer algo simples, como dormir. Encontrei a posição mais confortável e adormeci profundamente. Não sabia quanto tempo se passou, mas quando minha consciência voltou
Voltei para a cama que um dia dividi com Bruno, começando a observar tudo ao meu redor. Quando estive na Mansão à beira-mar da última vez, não havia me dado ao trabalho de explorar o quarto. Agora, quanto mais olhava, mais sentia o peso da exaustão, e até mesmo dar uma simples olhada exigia todas as minhas forças. Tudo ali parecia tão familiar, até os lençóis eram os mesmos que Gisele havia jogado no lixo. A porta do guarda-roupa estava entreaberta, revelando minhas antigas roupas de dormir, que eu sabia já ter sido destruídas por Gisele no porão. Até mesmo aquele vestido rosa, que Luz me ajudou a escolher, estava lá, pendurado em um cabide, chamando a atenção.Eu realmente não sabia se devia elogiar a organização de Bruno ou...Algumas respostas, naquele momento, já não pareciam mais tão importantes.Quando Bruno entrou no quarto, já passava das onze da noite, e sua expressão estava marcada pelo cansaço. Ele estendeu a mão e tocou minha bochecha, sem esconder mais o sorriso que b
Bruno se ajoelhou diante de mim, levantando um buquê de flores até a minha frente.— Ana, se não fosse por eu te amar, talvez eu já tivesse morrido há três anos. Ver você, te proteger, era a única razão pela qual eu ainda estava vivo. Sei que não deveria culpar os fatores externos por tudo, mas, quando se trata de você, eu precisei agir como um verdadeiro sem-vergonha. Ana, nós perdemos tanto tempo... Uma esposa precisa de um marido, uma criança precisa de um pai! — Ele estendeu a mão, apontando para o drone no céu, que transmitia ao vivo. — Eu me lembro de você ter dito que, se eu me ajoelhasse na frente do mundo todo e dissesse que te amo, você voltaria comigo.Os olhos escuros de Bruno se fixaram em mim, e ele gritou com toda a força:— Ana, eu te amo! Case-me de novo comigo, por favor!Bruno estava visivelmente agitado, respirando pesadamente, com os olhos brilhando de expectativa enquanto me olhava.— O que você disse, ainda vale? Eu pensava que Bruno realmente era um caso perdid
Bruno, como se ainda não fosse suficiente, continuava a me dar mais detalhes.— De manhã, eu estava dormindo, e ela estava muito barulhenta, gritando o tempo todo. A casa estava cheia de gente tentando acalmá-la, mas não conseguia. Eu estava irritado, então a empurrei para fora de casa. Talvez ela tenha sido pega pelo caminhão de lixo.— Isso não é possível! Como assim?!Eu balançava a cabeça, incrédula, quase convencida de que Bruno não faria algo assim, mas, ao mesmo tempo, não sabia bem no que estava me convencendo.A expressão dele era tão sincera, mas eu sabia que quando a Dayane ficava com medo, ela gritava alto.— Eu vi você segurando ela, ainda lhe beijando a bochecha...— E daí? Só de pensar que ela é filha sua com outro homem, eu me sinto completamente enojado!Filha de outro homem? Bruno sabia mesmo o que estava dizendo? Mas, naquele momento, eu não me importava mais com nada.Com ambas as mãos, eu me agarrei com força ao braço de Bruno, sacudindo ele com toda minha força.—
— Está bem, vamos comer primeiro.Bruno, preocupado com o estado de Ana, fez com que o mordomo trouxesse a refeição. Ele sabia, na verdade, que Dayane provavelmente era sua filha. Os olhos de Dayane eram tão parecidos com os dele, e Rui não tinha olhos tão bonitos quanto os dela. No aeroporto, quando ele estava desesperado para voltar e salvar Ana, Rui também lhe havia dito uma frase, com um tom de alerta:— Dayane não tem o sobrenome Sampaio.Ele queria que Ana fosse quem finalmente admitisse que Dayane era filha deles. Quando soube disso, ele ficou tão emocionado que as palavras não conseguiam capturar o que sentia. Descobrir que havia alguém neste mundo com quem ele compartilhava o sangue foi algo extraordinário. Ele tinha uma filha, tinha Ana, e isso significava que finalmente tinha uma família.No entanto, uma ponta de raiva ainda o incomodava. Como Ana pudera esconder isso dele? Ela sabia o quanto ele desejava ter uma família, sabia o quanto suas memórias mais dolorosas se pas
Bruno levantou os olhos, o rosto estampado de uma expressão de total choque.— Dayane é realmente minha filha, minha filha, Dayane, Dayane Henriques...Meu corpo foi de repente envolvido por uma força esmagadora, e pude sentir a vibração no peito do homem enquanto ele falava, seu coração batendo descontroladamente. — Minha filha, eu realmente tenho uma filha...Uma sensação quente no meu pescoço me fez estremecer, e a umidade instantânea foi absorvida pelo frio que tomava conta do meu corpo. A gota quente desceu pelo meu pescoço, deslizando até meu coração, enquanto uma dor suave me lembrava da verdadeira emoção que causava no homem a sua agitação, suas palavras entrecortadas, seu choro contido.Parece que ele perdeu as forças, e seu corpo, pesado, desabou sobre mim. Ambos, na sala, balançavam incontrolavelmente.Meus braços, pendendo ao lado do corpo, se apertaram e relaxaram, relaxaram e se apertaram novamente. Olhei para o homem que, curvado, quase incapaz de se sustentar, não sabi
Bruno precisava de um tempo sozinho. Ao empurrar a porta do quarto, meu coração ainda não se aliviava da dor pesada que o tomava.Estávamos separados por uma simples porta, mas ambos imersos em nossa própria tristeza.Foi então que uma voz infantil interrompeu meus pensamentos. Sorri levemente, praticando o gesto algumas vezes antes de sair e espiar por cima do parapeito.— Dayane.A pequenina, com seus pezinhos, deixava marcas de cada passo que dava sobre o sofá, enquanto dona Rose ficava ao seu lado, ambas imersas numa alegria tranquila.Ela não me ouviu chamar, perdida em seu próprio mundo. Foi dona Rose, ao levantar o olhar, que me lançou uma expressão preocupada.— Eu a carrego para cima, vou chamar você.— Deixe ela brincar, eu desço.Enfrentando o olhar preocupado de dona Rose, abracei ela e nos sentamos juntas à frente do sofá.— Dona Rose, obrigada. Se não fosse por você, Dayane não estaria se adaptando tão bem.As palavras de Bruno pela manhã certamente não eram só uma fantas
— Theo? Eu queria sair discretamente, mas o som dos gritos de Theo era tão alto que imediatamente chamou a atenção de muitas pessoas. Foi então que percebi que, embora a Mansão à beira-mar parecesse a mesma de antes, as diferenças eram enormes. Caso contrário, como explicar a quantidade de pessoas que surgiram de repente? Um segurança de preto deu um forte chute nas costas de Theo, fazendo ele cair no chão. Ele o imobilizou, prendendo seus braços, enquanto outros dois homens se posicionaram na minha frente. Olhei para trás e vi Bruno, acompanhado de várias babás. A cena me fez sentir uma mistura de riso e dor de cabeça. Bruno caminhou rapidamente, me alcançou em poucos passos e me puxou para trás dele. — Você se machucou? Balancei a cabeça negativamente e, por reflexo, empurrei sua mão, me afastando dele. Fingi não notar a decepção que rapidamente passou por seus olhos. Caminhei até Theo e olhei para ele com desprezo. Theo estava no chão, com sangue e sujeira misturad