Bruno, como se ainda não fosse suficiente, continuava a me dar mais detalhes.— De manhã, eu estava dormindo, e ela estava muito barulhenta, gritando o tempo todo. A casa estava cheia de gente tentando acalmá-la, mas não conseguia. Eu estava irritado, então a empurrei para fora de casa. Talvez ela tenha sido pega pelo caminhão de lixo.— Isso não é possível! Como assim?!Eu balançava a cabeça, incrédula, quase convencida de que Bruno não faria algo assim, mas, ao mesmo tempo, não sabia bem no que estava me convencendo.A expressão dele era tão sincera, mas eu sabia que quando a Dayane ficava com medo, ela gritava alto.— Eu vi você segurando ela, ainda lhe beijando a bochecha...— E daí? Só de pensar que ela é filha sua com outro homem, eu me sinto completamente enojado!Filha de outro homem? Bruno sabia mesmo o que estava dizendo? Mas, naquele momento, eu não me importava mais com nada.Com ambas as mãos, eu me agarrei com força ao braço de Bruno, sacudindo ele com toda minha força.—
— Está bem, vamos comer primeiro.Bruno, preocupado com o estado de Ana, fez com que o mordomo trouxesse a refeição. Ele sabia, na verdade, que Dayane provavelmente era sua filha. Os olhos de Dayane eram tão parecidos com os dele, e Rui não tinha olhos tão bonitos quanto os dela. No aeroporto, quando ele estava desesperado para voltar e salvar Ana, Rui também lhe havia dito uma frase, com um tom de alerta:— Dayane não tem o sobrenome Sampaio.Ele queria que Ana fosse quem finalmente admitisse que Dayane era filha deles. Quando soube disso, ele ficou tão emocionado que as palavras não conseguiam capturar o que sentia. Descobrir que havia alguém neste mundo com quem ele compartilhava o sangue foi algo extraordinário. Ele tinha uma filha, tinha Ana, e isso significava que finalmente tinha uma família.No entanto, uma ponta de raiva ainda o incomodava. Como Ana pudera esconder isso dele? Ela sabia o quanto ele desejava ter uma família, sabia o quanto suas memórias mais dolorosas se pas
Bruno levantou os olhos, o rosto estampado de uma expressão de total choque.— Dayane é realmente minha filha, minha filha, Dayane, Dayane Henriques...Meu corpo foi de repente envolvido por uma força esmagadora, e pude sentir a vibração no peito do homem enquanto ele falava, seu coração batendo descontroladamente. — Minha filha, eu realmente tenho uma filha...Uma sensação quente no meu pescoço me fez estremecer, e a umidade instantânea foi absorvida pelo frio que tomava conta do meu corpo. A gota quente desceu pelo meu pescoço, deslizando até meu coração, enquanto uma dor suave me lembrava da verdadeira emoção que causava no homem a sua agitação, suas palavras entrecortadas, seu choro contido.Parece que ele perdeu as forças, e seu corpo, pesado, desabou sobre mim. Ambos, na sala, balançavam incontrolavelmente.Meus braços, pendendo ao lado do corpo, se apertaram e relaxaram, relaxaram e se apertaram novamente. Olhei para o homem que, curvado, quase incapaz de se sustentar, não sabi
Bruno precisava de um tempo sozinho. Ao empurrar a porta do quarto, meu coração ainda não se aliviava da dor pesada que o tomava.Estávamos separados por uma simples porta, mas ambos imersos em nossa própria tristeza.Foi então que uma voz infantil interrompeu meus pensamentos. Sorri levemente, praticando o gesto algumas vezes antes de sair e espiar por cima do parapeito.— Dayane.A pequenina, com seus pezinhos, deixava marcas de cada passo que dava sobre o sofá, enquanto dona Rose ficava ao seu lado, ambas imersas numa alegria tranquila.Ela não me ouviu chamar, perdida em seu próprio mundo. Foi dona Rose, ao levantar o olhar, que me lançou uma expressão preocupada.— Eu a carrego para cima, vou chamar você.— Deixe ela brincar, eu desço.Enfrentando o olhar preocupado de dona Rose, abracei ela e nos sentamos juntas à frente do sofá.— Dona Rose, obrigada. Se não fosse por você, Dayane não estaria se adaptando tão bem.As palavras de Bruno pela manhã certamente não eram só uma fantas
— Theo? Eu queria sair discretamente, mas o som dos gritos de Theo era tão alto que imediatamente chamou a atenção de muitas pessoas. Foi então que percebi que, embora a Mansão à beira-mar parecesse a mesma de antes, as diferenças eram enormes. Caso contrário, como explicar a quantidade de pessoas que surgiram de repente? Um segurança de preto deu um forte chute nas costas de Theo, fazendo ele cair no chão. Ele o imobilizou, prendendo seus braços, enquanto outros dois homens se posicionaram na minha frente. Olhei para trás e vi Bruno, acompanhado de várias babás. A cena me fez sentir uma mistura de riso e dor de cabeça. Bruno caminhou rapidamente, me alcançou em poucos passos e me puxou para trás dele. — Você se machucou? Balancei a cabeça negativamente e, por reflexo, empurrei sua mão, me afastando dele. Fingi não notar a decepção que rapidamente passou por seus olhos. Caminhei até Theo e olhei para ele com desprezo. Theo estava no chão, com sangue e sujeira misturad
Theo tremia, seus olhos fixos em cada passo que Ana dava em sua direção. Mesmo sendo elegante, mesmo sendo devagar, cada movimento dela fazia seu coração gelar.Neste momento, senti como se fosse um demônio. Caso contrário, por que até os seguranças estavam quase incapazes de segurá-lo? Não duvidava nem por um segundo de que, assim que os seguranças soltassem, Theo desapareceria da minha vista e da de Bruno com a maior rapidez possível.Sorri levemente para ele, mas minha voz soou fria como o gelo.— Você ainda se lembra do que eu disse?Theo tentou se justificar:— Ana, eu não fiz nada contra você, foi aquela mulher, tudo foi culpa dela! Foi ela quem me enganou e me seduziu!Meu corpo se tensionou. Como eu imaginava, Bruno não conseguiu se conter e perguntou:— Quem é essa mulher?— É...Theo não teve tempo de terminar a frase, pois a ponta do meu salto entrou direto em sua boca. Não sabia exatamente em que parte da boca ele foi atingido, mas seus olhos se encheram de lágrimas e ele f
Entrei no carro e, através da janela, vi Bruno, cabisbaixo, chutando um pedaço de grama no chão, com uma expressão claramente insatisfeita. Zeca perguntou:— Srta. Ana, você e o Presidente Bruno já se entenderam novamente?Ao ouvir sua pergunta, levantei os olhos e, no retrovisor, percebi a dúvida em seus olhos. Balancei a cabeça.— O relacionamento de vocês teve fissuras, não é tão fácil assim se resolver.Entre nós havia tantas memórias dolorosas que era impossível simplesmente resolver tudo de uma hora para a outra. E, honestamente, eu nem entendia o que havia acontecido com ele. Por que, de repente, alguém que havia jurado se vingar de mim estava sendo tão amável, como se nada tivesse acontecido? Será que era apenas porque eu havia dado a ele um filho? O simples pensamento me deixava arrepiada. E, para ser sincera, eu tinha medo. — Sim, mas ao menos, agora, vejo que você não o repudia tanto quanto antes.Senti um aperto no peito, como se tivesse sido pega em flagrante. Foi uma
Estava prestes a recusar, quando o garçom bateu à porta e trouxe os pratos que eu havia pedido. Franzi a testa. — Vocês devem ter trazido o prato errado, eu não pedi nada disso. Eu estava morrendo de fome, e havia pedido apenas pratos de carne. O que eram esses vegetais...?O ambiente na sala ficou tenso. O rapaz que trouxe a comida estava claramente nervoso, conferindo o menu repetidamente. — Não, não errei o pedido... — Eu troquei os pratos que você pediu. — A voz de Bruno era controlada. — O médico disse que, como você acabou de acordar, não pode comer algo tão gorduroso na primeira refeição. Me vrei e olhei profundamente para Bruno. Será que ele havia vindo até aqui só para ficar de olho na minha comida? — Isso também é um gesto de Presidente Bruno, ele só está pensando no seu bem-estar, Srta. Ana. Então, coma, são alimentos ricos em nutrientes, perfeitos para recuperar sua saúde. — Zeca interveio de maneira apropriada para aliviar a tensão. — O senhor Bruno é um homem