Lara falava com a cabeça levemente inclinada para cima, uma verdadeira princesa mimada. Eu imaginava que ela provavelmente já sabia da relação que tive com Rui, uma história que nem chegou a começar. Diante dela, tentei ser gentil, pois, afinal, qualquer noiva se importaria com isso. Era compreensível que ela não quisesse me ver ao lado de Rui.Peguei o vestido que ela me entregou. — Entre. Servi-lhe uma xícara de café, sabendo que, por trás do seu convite para eu ser sua madrinha, estava uma verdadeira intenção de afirmar domínio.— Em nosso país, mulheres casadas não podem ser madrinhas. Queria dizer a ela que, independentemente da sua presença, não haveria mais nada entre mim e Rui, pois eu já era casada.O sorriso de Lara congelou no rosto. — Ouvi da irmã do Presidente Bruno que você é apenas uma mulher que ajuda o Presidente Bruno a atender suas necessidades físicas. Atender necessidades físicas... Quase não consegui processar. Essa era a primeira vez que alguém expunh
— Mas Bruno não necessariamente gosta de mulheres fortes. Os requisitos de Bruno em relação às mulheres eram simples: uma que fosse gentil, capaz de gerir o lar e que satisfizesse suas necessidades. Nada mais que isso. Mas a mulher diante de mim falhava no primeiro critério.— Você está dizendo que o Presidente Bruno só gosta de você? Sua confiança me faz querer ser sua amiga. Lara apoiou a mão na caixa do vestido, sorrindo de forma suave. Aquele gesto parecia um convite: "O vestido está aqui, pense bem sobre isso."Sua autoconfiança era como um pedaço de queijo delicioso caindo do céu, e ela o empurrava em minha direção. Mantive a calma, decidida a não continuar a discussão. Algumas coisas só são compreendidas através da experiência. Desde que conheci Bruno, ele sempre atraiu mulheres. Se ela realmente tivesse competência, deveria ir atrás dele; eu queria ver se, sem Maia, ele se interessaria por ela. No fim das contas, ainda era o mesmo tipo…— Amanhã eu e Bruno estaremos l
Eu o encarei com surpresa pelo espelho. Estaria tão feliz assim desde que começou a sair com Gisele?Tentei perguntar:— Como você pretende me defender? Vai estragar o casamento dela?Bruno não respondeu, apenas mordeu minha clavícula, fazendo-me soltar um gemido de dor.— Não pense nem por um segundo.Ele falava com os lábios ainda grudados em minha pele, sugando de um jeito que me causava uma mistura de coceira e dor.Eu me afastei, empurrando-o e levantando-me.— Eu estava brincando.A expressão de Bruno estava tão sombria que parecia que poderia pingar água.— Agora que você veio pra cá, nem um toque pode me dar. E agora você, por causa dele, não me deixa tocar em você? Não acha que já é tarde demais?Ele era como um demônio, atingindo precisamente meu ponto mais sensível.Isso era uma humilhação nua e crua!— Não aconteceu nada entre mim e Rui.Eu apertava os punhos, tremendo de raiva.— Sim, isso é porque eu percebi cedo. Se tivesse demorado mais três dias, você conseguiria garan
Bruno arrancou o travesseiro que cobria meu rosto e se inclinou, murmurando ao meu ouvido: — Nunca deixei a família Sampaio na mão. O que ele recebeu é muito mais do que você imagina. Mesmo que você deixe Rui escolher, ele acabaria querendo se casar. — Nunca deixou na mão? Minhas unhas cravaram em seus ombros, desejando arrancar um pedaço de sua carne. — Você fez com que os dois irmãos se enfrentassem, manipulando sua cunhada até a perda do filho, e nem menciono que ele teve que sacrificar seu próprio casamento. Isso é o que você chama de nunca deixar na mão? Mesmo que ele escolhesse se casar, seria por causa de não ter outra opção! Ele segurou meu rosto com força, inclinando-se para selar meus lábios com os dele. — Na minha cama, você fala de outros homens! Ele olhou para mim intensamente, e eu senti como se minha consciência estivesse sendo esmagada. A dor e o prazer se entrelaçavam, competindo para ver qual era mais intenso. Seus lábios se moviam, parecendo dizer alg
Bruno permaneceu em silêncio. Ele virou o corpo para longe de mim, sua coluna, que sempre fora ereta, curvando-se como uma pequena montanha. Retirou um maço de cigarros e, após várias tentativas frustradas com o isqueiro, finalmente conseguiu acender um, pois não fumava há muito tempo. A fumaça se espalhou ao seu redor, formando uma nuvem densa. Fui acometida por uma tosse, sufocada pelo fedor do tabaco; se não fosse pela dor insuportável que sentia, tudo ao meu redor pareceria irreal, como se fosse um sonho.Bruno se virou para me olhar, seus olhos negros ardendo em desprezo. Com um movimento brusco, apagou o cigarro com as mãos e, em um tom sereno que parecia desconectado da situação, disse:— Como isso é possível?Ele desviou o olhar, passando os olhos pelo meu corpo. Não conseguindo suportar a cena, franziu a testa e me ergueu nos braços, levando-me ao banheiro para tomar um banho. A cama estava tão bagunçada que já não era mais possível descansar. Após uma longa luta que qua
Rui retirou o sorriso do rosto e, com a voz grave, disse:— E daí? Desde que você venha comigo, não importa como a mídia vai escrever.Talvez minha expressão estivesse muito séria, pois ele de repente estendeu a mão e deu um leve puxão em meu rosto, rindo.— Nunca tentei fugir de um casamento. Só de pensar, já é emocionante!Eu recuei, segurando a face e gemendo de dor, o que o deixou alarmado. Ele imediatamente levantou as mãos em um gesto de desculpas.— Te machuquei? Pensei que não tinha feito força, desculpe!Eu sabia que ele não havia apertado, mas que a dor vinha de Bruno, que havia me tratado de forma cruel na noite anterior. Rui notou minha reação, e seu olhar se tornou sombrio.— Você se machucou?Ele segurou minha mão que cobria o rosto e puxou a manga da blusa para cima, revelando um braço cheio de marcas roxas e assustadoras.Rui não era um inocente. Ele entendeu imediatamente o que havia acontecido. Se apenas um braço estava assim, como seria o restante do corpo? Ele não
Fiquei um tanto surpresa. — Que segredo? Sobre quem? — Sobre você. — Rui respondeu com uma expressão séria e determinada. — Pode falar. Não acreditava que Rui soubesse algum segredo meu; além disso, desde que ganhei um certo reconhecimento online, seja por coisas boas ou ruins, tudo já havia sido investigado. Não havia mais segredos. Rui respirou fundo. — Ana... Ele mordeu os lábios, hesitando, como se estivesse lutando contra uma dor difícil de expressar, a cabeça baixa. Ver sua expressão despertou toda a minha curiosidade. Eu também estava ansiosa, querendo que ele voltasse logo para o local do casamento. — Fala logo. De repente, ele levantou os olhos, e a dor em seu rosto era palpável. — Eu sempre pensei que, enquanto você não soubesse dessa coisa, teria a chance de ficar com você, sem pressão ou amarras. Mas parece que eu estava errado, eu perdi completamente, Ana, na verdade você e... Um barulho de batida na porta interrompeu Rui, que imediatamente se cal
Lembrei das palavras de Lara na noite anterior, quando ela veio até mim. Talvez ela finalmente não conseguisse mais conter seus sentimentos, fazendo Bruno perceber o que realmente estava acontecendo. Logo, minha suposição se confirmou. A voz de Lara continuou do outro lado da porta. — Presidente Bruno, vou ser franca com você, é muito provável que o casamento de hoje não aconteça. Rui talvez já tenha fugido com Ana. Bruno soltou uma risada sarcástica, sua voz carregando um tom despreocupado e a autoconfiança típica de um homem. — Parece que você enlouqueceu. Os que estavam do lado de fora ficaram paralisados; se Luz não tivesse tampado a boca de Tristão, ele teria soltado uma risada. Rui se virou para me olhar, seus olhos refletindo uma pitada de esperança. Porém, ao encontrar o meu olhar racional, ele imediatamente se acalmou. A proposta de Lara era suficientemente insana. Eu não sabia até que ponto Rui estava ciente desse plano ou se, na verdade, era ele quem havia ar