Enquanto Olivia, Kimberly e Maria Paula desciam as escadas, o pai de Olivia já estava dobrando as folhas, guardando o jornal e ficando de pé na sala aguardando pegar as malas e colocar no carro, pois já tinha ouvido parte da conversa onde se questionavam se ele poderia dar uma carona a elas.
Pegando a chave do carro, bem como os documentos, o pai de Olivia foi até o veículo abrir o porta-malas a fim de colocar as bagagens das meninas. Depois de acomodar tudo, Olivia deu abraço bem apertado em sua mãe, que por sua vez disfarçou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, deixando o pai de Olivia perdido em tais atitudes. E depois que Maria Paula também se despediu da mãe de Olivia, ambas abriram a porta e se entraram naquele espaçoso veículo que as levariam até a rodoviária.
Quanto mais o carro se afastava, mais as lágrimas de Kimberly insistiam em descer, como se aquela viagem fosse um pesadelo que tanto ela quanto Olivia teriam de viver.
Alguns minutos depois, o pai de Olivia estacionou o carro em frente à área de embarque da rodoviária e as deixou, desejando que ambas tivessem uma boa viagem e que elas tivessem juízo como sempre tiveram em todas as outras que fizeram anteriormente.
Pegando as suas bagagens, elas se dirigiram até o guichê da rodoviária, e por sorte não tinha uma grande fila, fazendo com que a sua vez chegasse bem rapidamente. Depois de comprar as passagens, Olivia e Maria Paula foram caminhando até a plataforma onde o ônibus estaria estacionado.
Tanto Olivia quanto a Maria Paula sentiram que estavam com sorte, pois logo quando entraram no ônibus, elas ouviram o ronco do motor e rapidamente perceberam que ele estava engatando a marcha à ré para sair da vaga onde estava estacionado na rodoviária. Sentando-se na poltrona que estava mais próxima à janela, Olivia foi contemplando as paisagens, as quais eram repletas de florestas que devido a altura estavam com um pouco de neblina, ainda que não fosse mais tão cedo. Do vidro embaçado da janela do ônibus, ela conseguia observar a imensa altura onde ela estava passando, o que estava começando a causar efeitos que não eram muito positivos, pelo menos naquele momento.
Felizmente, as duas horas passaram tão rápido como um flash e logo o seu ônibus estava estacionando na rodoviária de Porto Alegre. A partir dali, elas teriam que pedir um carro no aplicativo a fim de que fossem levadas para o aeroporto da mesma cidade.
Quando elas chegaram na área de desembarque, cerca de cinco minutos depois, um carro preto estacionou em frente a elas, com o motorista sinalizando que seria ele o responsável pelo transporte de ambas até o aeroporto. Quando entraram no carro, não enfrentaram muito trânsito, o que era um ótimo sinal, pois o avião não as esperaria. E logo, elas estavam pagando a corrida ao motorista e descendo. Ao se aproximar das portas automáticas, elas deslizaram entre si, mostrando que detectavam a presença de ambas. E liberando a passagem, elas entraram com um largo sorriso no rosto, pois sentiam que iriam se divertir muito em mais uma viagem.
O coração de Olivia disparou ao ouvir uma voz feminina que avisava a respeito de seu vôo, convocando os passageiros para a fila do check-in. Tomadas pela ansiedade, Olivia e Maria Paula foram caminhando em passos rápidos e se posicionaram ao final da fila, aguardando a sua vez para mostrar os documentos ao funcionário responsável pelo embarque. Elas se sentiram amedrontadas, pois o funcionário levou alguns segundos observando os documentos, mas logo se sentiram aliviadas quando ele liberou a passagem e indicando que elas deveriam passar pelo raio X. Percebendo que o rosto de Maria Paula mostrava uma expressão de insegurança ou medo, o funcionário disse que esse procedimento se tratava apenas de questões de segurança e que ela não deveria ter medo.
Olivia também estranhou o comportamento de Maria Paula quando ele informou que elas deveriam se submeter a esse procedimento de segurança, mas resolveu ficar em silêncio para não deixar a amiga ainda mais nervosa.
Chegando ao setor de verificação das bagagens, elas foram convidadas a passar por um portal, cujo objetivo era fazer uma possível detecção de metais, e de possíveis armas. Enquanto Maria Paula passava por esse local, de repente todos ouviram um som que parecia um alarme sendo disparado, fazendo com que tanto Maria Paula quanto Olivia ficassem assustadas, pois isso nunca tinha acontecido.
Diante desse som emitido pelo sensor, os funcionários e seguranças se aproximaram de Maria Paula e disseram que ela teria que aguardar por alguns minutos, pois eles deveriam chamar uma mulher policial para revistá-la. Nesse instante, os olhos de Olivia ficaram marejados, pois ela se lembrou de tantas vezes que a sua mãe disse para que ela não fizesse essa viagem devido aos inúmeros pressentimentos que ela estava tendo, os quais estavam tirando o seu sono de tanta preocupação. Por um instante Olivia pensou em desistir da viagem, mas logo quando a policial chegou, foi feita uma revista em Maria Paula, onde foi encontrada uma pequena lâmina que Maria Paula utilizava para fazer as sobrancelhas, o que deixou Olivia se sentindo aliviada. Mas a policial disse:
– Se a senhorita quiser embarcar, deve colocar esse aparelho dentro de uma bagagem despachada. Ou a senhorita pode jogá-lo fora, mas não poderá entrar com ele no avião.
No mesmo instante, Maria Paula se desfez da lâmina, e caso precisasse fazer a sobrancelha, ela iria até um salão de beleza.
Como elas não portavam mais nenhum instrumento que pudesse oferecer perigo, elas foram rapidamente liberadas, bem como as duas bagagens.
Ao passar pelo caminho que conectava o aeroporto até o avião, elas caminhavam puxando as suas bagagens e percebendo que estavam cada vez mais próximas de conhecer o parque de diversões que tornava a cidade de Merlim tão famosa, no estado do Rio de Janeiro.
Entrando no avião, Olivia estava sentindo confusa sobre os seus sentimentos, pois ainda que estivesse feliz de estar tendo condições de viajar com uma pessoa de quem ela gostava, ela não parava de pensar em sua mãe. E frequentemente sua mente recebia alguns flashs a respeito de lembranças dos pressentimentos que a sua mãe estava tendo, além de visões de seu rosto com expressão facial amedrontada, como se ela tivesse certeza de que algo ruim poderia acontecer a ela. Mas rapidamente Olivia foi tirada de seus devaneios quando Maria Paula perguntou:
– Qual é o nosso acento?
Olivia por um segundo não soube o que responder, pois estava com a cabeça longe, tento que retirar a bolsa de seu ombro e procurar, dentre os muitos compartimentos, onde estavam as passagens. Vendo que Olivia não parava de revistar a bolsa, Maria Paula estranhou esse comportamento e disse:
– Amiga, você está procurando as passagens? Se estiver, você pode olhar no seu celular, através do e-mail do check-in.
E com os olhos marejados, Olivia respondeu, fechando o zíper da bolsa e deslizando a mão pelo bolso de sua calça jeans a fim de pegar o aparelho telefônico: – Boa ideia.
Desbloqueando a tela e clicando no ícone do e-mail, Olivia conseguiu encontrar facilmente o documento que se referia à compra das passagens aéreas. E ao fazer um pequeno movimento de pinça com os dedos, deu um zoom na imagem, onde ela pôde observar com mais clareza que as poltronas ficavam na fileira vinte e sete, nas colunas A e B.
Caminhando para a parte posterior as asas do avião, elas pegaram as duas bagagens e, levantando-as, abriram o compartimento superior do avião e acomodaram-nas no interior.
Acomodando-se em seus assentos e afivelando os seus cintos de segurança, elas ficaram admirando o céu azul do lado de fora do avião, e observando os outros aviões estacionados na pista do aeroporto aguardando os passageiros e o seu horário de partir.
Depois de ouvir atentamente as instruções dos comissários de bordo, que explicavam com palavras e gestos os passos que os passageiros deveriam seguir em caso de turbulência, ou de um pouso de emergência, eles recomendaram que todos deveriam se sentar, pois o avião já iria decolar. Alguns segundos depois, Olivia e Maria Paula sentiram que a aeronave estava se movimentando e posteriormente, ela começou a pegar velocidade, até que elas viram que estavam ficando cada vez mais distantes do solo, o que estava causando um pouco de medo em Olivia, que mesmo já tendo andado de avião outras vezes não conseguia fazer uma viagem que se sentisse completamente tranquila.
Nas duas primeiras horas de viagem, o vôo estava fluindo muito bem, tanto que logo veio uma aeromoça guiando um carrinho que estava cheio de biscoitos, pedacinhos de bolo de diversos sabores, bem como uma garrafa térmica de café, outra de leite, e algumas jarras de suco de alguns sabores, e por fim, algumas latinhas de refrigerante. Conforme a aeromoça passava em cada fileira, o lanche foi sendo servido, e enquanto Olivia não aceitou nada do que estava sendo oferecido sobre o carrinho que passava pelo corredor, Maria Paula aceitou um pequeno pacote de biscoito. Para acompanhar e com o objetivo de refrescar a sua garganta, ela optou por um suco que pudesse lhe trazer mais tranquilidade para as horas restantes da viagem. Com esse objetivo, Maria Paula escolheu beber um copo de suco de maracujá. Enquanto ela se deliciava com o seu lanche, Olivia tentou manter o seu pensamento positivo e, deslizando o zíper a fim de abrir a sua bols
Chegando ao aeroporto do Rio de Janeiro, Olivia e Maria Paula ainda não puderam descansar, pois tinham que se dirigir até a rodoviária a fim de pegar o ônibus até a cidade de Merlim, a qual não ficava tão longe dali. Ao caminhar pelo aeroporto, as meninas viram um homem alto, de pele clara, de olhos castanhos escuros, vestido com uma farda, a qual se assemelhava com o uniforme da polícia. Elas perceberam que ele estava com a sua mão apoiando sobre um revólver, enquanto ficava parado próximo a uma escada rolante do aeroporto. Devido a esse comportamento e a sua vestimenta, elas imaginaram que ele pudesse ser alguém do setor de segurança, por isso, Maria Paula se aproximou dele e explicou a situação da viagem, e esse homem respondeu que elas não precisariam ir até a rodoviária pegar um ônibus, pois esse mesmo veículo estaria passando em frente ao te
Quando novamente elas perceberam que estavam estacionando, ficaram com o dedo médio e indicador cruzados a fim de que o veículo não tivesse enguiçado, e sim tivesse estacionando no terminal rodoviário de Merlim. E finalmente dessa vez elas chegaram à cidade e como o hotel ficava bem próximo, não necessitada pagar um táxi, o que seria bem mais caro do que o carro que elas costumavam pedir no aplicativo, pois naquela cidade não havia muitos recursos, inclusive essas facilidades.Aproximando-se à uma construção que era muito simples, elas pararam em frente à porta principal e olharam para cima, observando cada um dos pavimentos. E por verificarem que eles tinham muitas janelas, elas imaginaram que pudesse ser o hotel para o qual Olivia tinha feito a reserva, pois o hotel era tão simples que não tinha qualquer letreiro na frente informando o nome, nem sobre o que se tra
Olivia percebeu que a amiga não tinha ficado feliz com o seu comentário, então para amenizar o clima pesado que se formou entre as duas, ela a convidou para andarem juntas em um brinquedo que tinha muitas cadeiras, as quais giravam acompanhando as batidas da musica eletrônica que o parque oferecia. E Maria Paula, para não estragar os seus verdadeiros planos com aquela viagem, ela aceitou andar nesse brinquedo ao lado de Olivia.Ao comprarem o ingresso individual, a entrada para o brinquedo foi liberada pelo funcionário responsável. E depois de se sentarem na cadeira que tinha duas vagas, elas afivelaram o cinto. No início da música, a cadeira começou girando lentamente, mas conforme as batidas da canção se aceleravam, os giros da cadeira também se tornavam mais rápidos e mais frequentes, fazendo com que elas gritassem cada vez mais alto.Quando elas desceram da cadeira, ela
Depois de receber o endereço onde a vendedora se encontrava, Maria Paula vestiu uma blusa de manga, uma calça jeans e um casaco que a aquecesse o suficiente para receber o ar frio da madrugada. Olhando para Olivia para se certificar de que ela continuaria dormindo, abriu a porta do quarto lentamente para que ela não fizesse barulho e saiu em silêncio.Quando ela chegou à loja, a vendedora logo a reconheceu devido à foto do aplicativo de mensagens. E por isso, logo trouxe a sua encomenda. No momento em que Maria Paula entregou a quantia prometida, abriu o pacote e viu que a fantasia contava com uma capa que tinha uma gola alta. E não só isso, mas todo o conjunto tinha duas cores, a parte interna da roupa era tingida de vermelho e a parte externa tinha a cor preta, como uma capa tradicional de vampiros que pode ser observada em filmes de terror. Mas ao revirar todo o pacote, Maria Paula não encontrou a peça pr
Algumas horas depois, tanto Maria Paula quanto Olivia foram acordadas pelos intensos raios dourados do sol que atravessavam as finas e claras cortinas do quarto e iluminavam todo o cômodo. Mas além da imensa claridade que entrava no quarto, Olivia e Maria Paula se lembraram que estavam em uma cidade de interior depois de ouvirem o cantar dos pássaros que vinham até as árvores do quintal do hotel. Ao longe, elas ouviam o som dos galos que, provavelmente, cantavam alegremente todos os dias pela manhã.Olivia acordou se sentindo muito melhor e com fome, por isso, chamou Maria Paula para que elas fossem rapidamente escovar os dentes e aproveitar o café da manhã daquele hotel, pois a refeição seria servida somente até as dez horas da manhã, e quando Olivia olhou o relógio se assustou, pois já eram quase nove horas, indicando que elas deveriam se arrumar depressa.Depois de senti
Chegando a hora de ir ao parque, Maria Paula foi tomar o seu banho se sentindo muito animada por finalmente ter chegado o dia de colocar o seu plano em prática. Vendo Maria Paula que devido ao chuveiro estar liberando água quente e que por isso o boxe ficava cada vez mais embaçado, ela começou a escrever com a ponta do dedo indicador o nome de Olivia. E quando ela terminava de escrever a última letra do nome, ela o riscava com o mesmo dedo. Enquanto isso, ela pensava no que poderia fazer para se livrar da amiga. Depois de ter finalmente decidido a forma com que ela executaria o seu plano, ela abriu um sorriso maquiavélico e levantou a cabeça de modo que a água do chuveiro caísse sobre o seu rosto, lavasse os seus cabelos e aquecesse os seus pensamentos.Depois de passar um pouco de shampoo nos fios desde a raiz e o condicionador somente nas pontas, Maria Paula os enxaguou até que todo o seu cabelo
Antes mesmo de se aproximarem do parque, Olivia já sentia a adrenalina invadir o seu corpo e acelerar o seu coração, pois se lembrou da aposta que tinha feito com Maria Paula no dia anterior. E estava torcendo para que ela não se lembrasse, pois ela não queria se sentir mal novamente e acabar com a sua noite.Enquanto elas caminhavam lado a lado pelo parque, Maria Paula observava atentamente a todos os brinquedos até que o seu olhar encontrou, ao longe, os grandes e coloridos desenhos de monstros que enfeitavam a fachada do trem fantasma. E quanto mais elas se aproximavam, mais altos eram os gritos das pessoas que tinham a curiosidade de saber o que acontecia depois que o carrinho entrava na parte que é tomada pela escuridão e onde os visitantes ficam à mercê do poder das trevas.De repente, Maria Paula perguntou a Olivia: – Vamos andar no trem fantasma hoje?– Não sei. Eu qu