Depois do horário daquele lanche, o dia teve o seu horário avançando rapidamente, assim como os dias consecutivos, fazendo com que chegasse logo o dia da viagem de Maria Paula e Olivia.
Na noite entre o dia anterior e o dia da viagem, a mãe de Olivia não conseguiu dormir, pois estava com pressentimentos muito negativos com relação à viagem que a sua filha estava prestes a fazer, então ela se levantou de sua cama, acendeu o abajur que ficava sobre o criado mudo ao lado de sua cama e foi até o quarto de Olivia verificar se a filha ainda estava acordada. Caso ela estivesse, a mãe tentaria mais uma vez fazer com que ela desistisse da viagem, ainda que já estivesse tudo pago. Caminhando lentamente pelos corredores do segundo pavimento da casa, a mãe de Olivia deu duas leves batidas na porta do quarto, mas como ela não ouviu nenhum som sequer, ela girou a maçaneta lentamente e abriu a porta se deparando com a escuridão, que indicava que a filha já tivesse pego no sono.
Com os olhos marejados de preocupação, ela fechou a porta novamente e voltou para o seu quarto caminhando em passos leves para não acordar, nem preocupar, o seu marido ainda que às vezes ela pensasse que deveria ter uma conversa com ele a respeito desses pressentimentos que constantemente a dominavam, como estava acontecendo naquele exato momento.
A mãe de Olivia, a senhora Kimberly, entrou no seu quarto e se deitou novamente em sua cama a fim de que o travesseiro confortável a fizessem esquecer-se de todos os seus medos, mas nada a fazia pensar em outras coisas ou até mesmo tentar anular os seus pensamentos, a fim de dormir um pouco e descansar. Algumas horas depois, seus olhos foram confrontados por uma forte luz dourada que atravessava as cortinas e entrava pela janela, iluminando e aquecendo todo o cômodo, indicando que um novo dia tinha nascido, e que ela teria mais uma oportunidade para fazer com que a sua filha desistisse de viajar com Maria Paula.
Decidida a investir nessa tentativa, mas de forma cuidadosa para que a jovem não se sentisse acuada nem entristecida por uma possível intromissão de sua mãe, a qual é causada e agravada pela imensa preocupação, Kimberly se levantou, lavou o rosto e foi imediatamente para a cozinha preparar o café da manhã de toda a família.
A fim de agradar a sua filha, ela preparou o café e um misto quente, organizou junto com três folhas de guardanapo em uma bandeja e o levou até o quarto de Olivia.
Chegando em frente à porta do quarto, como ela estava fechada, Kimberly bateu três vezes com a parte da frente do sapato, mas depois de aguardar alguns segundos, ela ouviu apenas o silêncio vindo daquele cômodo. Então ela resolveu deixar a bandeja sobre uma pequena mesa de flores, no corredor, que ficava enfeitando a pequena parede entre o seu quarto e o quarto de Olivia, e voltou para girar a maçaneta do quarto da filha. Quando ela abriu a porta, teve uma grande surpresa, pois não a viu deitada na cama. Mas felizmente Kimberly escutou o som da voz de Olivia saindo do banheiro enquanto cantava uma música doce e instrumental como aquelas que possuem tanta profundidade que entram pelos ouvidos e atingem a alma, transformando e dando alegria ao semblante de qualquer pessoa.
Sentindo as batidas do seu coração se tranquilizarem, Kimberly saiu novamente do quarto a fim de pegar a bandeja que tinha ficado sobre a pequena mesa no corredor e voltou para o quarto. Quando Olivia viu a sua mãe com a bandeja na mão, ficou emocionada com o simples, porém atencioso gesto. Ambas se sentaram na cama, e enquanto Olivia se deliciava com o misto quente, a sua mãe desabafava a respeito daquelas premonições que ainda insistiam em lhe atormentar.
Mas quanto mais Olivia a escutava, mais ela dizia:
– Mãe, você não deve se preocupar com isso. Eu já viajei tantas vezes! Você também já viajou com o meu pai e nada de mal aconteceu com nenhum de vocês dois. Eu não sabia que você tinha tanto medo de avião!
– Não é questão de ter medo de avião. É alguma preocupação que eu estou tendo e que não sei te explicar. Mas eu gostaria muito que você não fosse a essa viagem.
– Fica tranquila, mãe, pois vai dar tudo certo. E outra coisa as passagens e o hotel já foram pagos. Não posso desistir agora.
– Você pode desistir, sim. Eu pago todos os gastos. Não se preocupe com relação a isso.
Vendo que não adiantaria nada continuar respondendo a sua mãe, Olivia resolveu parar de discutir e continuar tomando o seu café da manhã, pois ele estava delicioso.
Mais tarde, o pai de Olivia que estava sentado no sofá da sala lendo um jornal, foi surpreendido com uma leve batida na porta. E quando ele levantou para abri-la, viu que era Maria Paula que já estava com a mala pronta esperando Olivia para ambas irem juntas até a rodoviária, pois elas ainda precisariam pegar um ônibus que as levasse para outra cidade a fim de pegar o avião na capital gaúcha no horário certo.
O pai de Olivia sendo sempre muito receptivo, disse a Maria Paula que ela poderia entrar e que Olivia estaria em sue quarto. Maria Paula fez conforme o pai de Olivia havia dito e, deixando a mala no chão da sala próximo ao sofá, subiu correndo as escadas em direção ao quarto de Olivia.
Chegando lá, elas se abraçaram forte e Maria Paula disse:
– Temos que ir à rodoviária, pois ainda temos que chegar a Porto Alegre a fim de pegar o avião. Daqui para lá são duas horas, então temos que ir o quanto antes.
Olivia que não se atentou a distância que ainda deveria ser percorrida entre a serra gaúcha e a cidade de Porto Alegre, apresentou um semblante de surpresa, enquanto Maria Paula mal cabia dentro de si de tanta ansiedade e medo de que elas perdessem o avião.
– Verdade! Eu tinha me esquecido desse pequeno, porém importante, detalhe. Então temos que ir agora mesmo. – Respondeu Olivia. – Mamãe, meu pai poderia me levar na rodoviária? Pois assim chegaremos mais rápido.
– Se ele não estiver ocupado, acho que ele não se importaria. – Respondeu Kimberly, a mãe de Olivia.
– Quando eu cheguei, ele estava lá embaixo lendo jornal.
Enquanto Olivia, Kimberly e Maria Paula desciam as escadas, o pai de Olivia já estava dobrando as folhas, guardando o jornal e ficando de pé na sala aguardando pegar as malas e colocar no carro, pois já tinha ouvido parte da conversa onde se questionavam se ele poderia dar uma carona a elas.Pegando a chave do carro, bem como os documentos, o pai de Olivia foi até o veículo abrir o porta-malas a fim de colocar as bagagens das meninas. Depois de acomodar tudo, Olivia deu abraço bem apertado em sua mãe, que por sua vez disfarçou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto, deixando o pai de Olivia perdido em tais atitudes. E depois que Maria Paula também se despediu da mãe de Olivia, ambas abriram a porta e se entraram naquele espaçoso veículo que as levariam até a rodoviária.Quanto mais o carro se afastava, mais as lágrimas de Kimberly insistiam em descer, como
Nas duas primeiras horas de viagem, o vôo estava fluindo muito bem, tanto que logo veio uma aeromoça guiando um carrinho que estava cheio de biscoitos, pedacinhos de bolo de diversos sabores, bem como uma garrafa térmica de café, outra de leite, e algumas jarras de suco de alguns sabores, e por fim, algumas latinhas de refrigerante. Conforme a aeromoça passava em cada fileira, o lanche foi sendo servido, e enquanto Olivia não aceitou nada do que estava sendo oferecido sobre o carrinho que passava pelo corredor, Maria Paula aceitou um pequeno pacote de biscoito. Para acompanhar e com o objetivo de refrescar a sua garganta, ela optou por um suco que pudesse lhe trazer mais tranquilidade para as horas restantes da viagem. Com esse objetivo, Maria Paula escolheu beber um copo de suco de maracujá. Enquanto ela se deliciava com o seu lanche, Olivia tentou manter o seu pensamento positivo e, deslizando o zíper a fim de abrir a sua bols
Chegando ao aeroporto do Rio de Janeiro, Olivia e Maria Paula ainda não puderam descansar, pois tinham que se dirigir até a rodoviária a fim de pegar o ônibus até a cidade de Merlim, a qual não ficava tão longe dali. Ao caminhar pelo aeroporto, as meninas viram um homem alto, de pele clara, de olhos castanhos escuros, vestido com uma farda, a qual se assemelhava com o uniforme da polícia. Elas perceberam que ele estava com a sua mão apoiando sobre um revólver, enquanto ficava parado próximo a uma escada rolante do aeroporto. Devido a esse comportamento e a sua vestimenta, elas imaginaram que ele pudesse ser alguém do setor de segurança, por isso, Maria Paula se aproximou dele e explicou a situação da viagem, e esse homem respondeu que elas não precisariam ir até a rodoviária pegar um ônibus, pois esse mesmo veículo estaria passando em frente ao te
Quando novamente elas perceberam que estavam estacionando, ficaram com o dedo médio e indicador cruzados a fim de que o veículo não tivesse enguiçado, e sim tivesse estacionando no terminal rodoviário de Merlim. E finalmente dessa vez elas chegaram à cidade e como o hotel ficava bem próximo, não necessitada pagar um táxi, o que seria bem mais caro do que o carro que elas costumavam pedir no aplicativo, pois naquela cidade não havia muitos recursos, inclusive essas facilidades.Aproximando-se à uma construção que era muito simples, elas pararam em frente à porta principal e olharam para cima, observando cada um dos pavimentos. E por verificarem que eles tinham muitas janelas, elas imaginaram que pudesse ser o hotel para o qual Olivia tinha feito a reserva, pois o hotel era tão simples que não tinha qualquer letreiro na frente informando o nome, nem sobre o que se tra
Olivia percebeu que a amiga não tinha ficado feliz com o seu comentário, então para amenizar o clima pesado que se formou entre as duas, ela a convidou para andarem juntas em um brinquedo que tinha muitas cadeiras, as quais giravam acompanhando as batidas da musica eletrônica que o parque oferecia. E Maria Paula, para não estragar os seus verdadeiros planos com aquela viagem, ela aceitou andar nesse brinquedo ao lado de Olivia.Ao comprarem o ingresso individual, a entrada para o brinquedo foi liberada pelo funcionário responsável. E depois de se sentarem na cadeira que tinha duas vagas, elas afivelaram o cinto. No início da música, a cadeira começou girando lentamente, mas conforme as batidas da canção se aceleravam, os giros da cadeira também se tornavam mais rápidos e mais frequentes, fazendo com que elas gritassem cada vez mais alto.Quando elas desceram da cadeira, ela
Depois de receber o endereço onde a vendedora se encontrava, Maria Paula vestiu uma blusa de manga, uma calça jeans e um casaco que a aquecesse o suficiente para receber o ar frio da madrugada. Olhando para Olivia para se certificar de que ela continuaria dormindo, abriu a porta do quarto lentamente para que ela não fizesse barulho e saiu em silêncio.Quando ela chegou à loja, a vendedora logo a reconheceu devido à foto do aplicativo de mensagens. E por isso, logo trouxe a sua encomenda. No momento em que Maria Paula entregou a quantia prometida, abriu o pacote e viu que a fantasia contava com uma capa que tinha uma gola alta. E não só isso, mas todo o conjunto tinha duas cores, a parte interna da roupa era tingida de vermelho e a parte externa tinha a cor preta, como uma capa tradicional de vampiros que pode ser observada em filmes de terror. Mas ao revirar todo o pacote, Maria Paula não encontrou a peça pr
Algumas horas depois, tanto Maria Paula quanto Olivia foram acordadas pelos intensos raios dourados do sol que atravessavam as finas e claras cortinas do quarto e iluminavam todo o cômodo. Mas além da imensa claridade que entrava no quarto, Olivia e Maria Paula se lembraram que estavam em uma cidade de interior depois de ouvirem o cantar dos pássaros que vinham até as árvores do quintal do hotel. Ao longe, elas ouviam o som dos galos que, provavelmente, cantavam alegremente todos os dias pela manhã.Olivia acordou se sentindo muito melhor e com fome, por isso, chamou Maria Paula para que elas fossem rapidamente escovar os dentes e aproveitar o café da manhã daquele hotel, pois a refeição seria servida somente até as dez horas da manhã, e quando Olivia olhou o relógio se assustou, pois já eram quase nove horas, indicando que elas deveriam se arrumar depressa.Depois de senti
Chegando a hora de ir ao parque, Maria Paula foi tomar o seu banho se sentindo muito animada por finalmente ter chegado o dia de colocar o seu plano em prática. Vendo Maria Paula que devido ao chuveiro estar liberando água quente e que por isso o boxe ficava cada vez mais embaçado, ela começou a escrever com a ponta do dedo indicador o nome de Olivia. E quando ela terminava de escrever a última letra do nome, ela o riscava com o mesmo dedo. Enquanto isso, ela pensava no que poderia fazer para se livrar da amiga. Depois de ter finalmente decidido a forma com que ela executaria o seu plano, ela abriu um sorriso maquiavélico e levantou a cabeça de modo que a água do chuveiro caísse sobre o seu rosto, lavasse os seus cabelos e aquecesse os seus pensamentos.Depois de passar um pouco de shampoo nos fios desde a raiz e o condicionador somente nas pontas, Maria Paula os enxaguou até que todo o seu cabelo