Alguns meses antes...
As noites eram piores. Mesmo no mundo deles, ouvir vozes não era algo considerado normal. As antigas práticas... Era Hécate, não era? O sono durante a madrugada havia demorado em chegar. Kassuim se remexia sonolenta na cama sem ter tocado no jantar.
Venha para mim...
Havia um recurso impossível de ser ignorado que tom de comando.
Levantando-se ainda confuso, ela parou de pé próxima aporta. Aqueles sonhos eram tão reais. Saiu para a noite fria, sentindo a pele se arrepiar com a brisa mais forte.
A aldeia em silêncio estava deserta. Todos dormiam.
Você é minha. Venha para mim...feitiços lançados e maldições.
Um lich sempre perseguia sua vítima.
Alguém chamava escuridão e por um momento ela pensou que poderia ter sido Rick. Tudo aceitável era quando se estava sonhando. Não estava mesmo andando pela terra com os pés descalços e se afastando da aldeia em direção à floresta. Era apenas um sonho. Talvez vívido demais.
Avançou de camisola entre a vegetação, percorrendo o caminho de terra batida até parar outra vez próxima a floresta onde as árvores tornavam o caminho difícil. O terreno era acidentado, escuro e os arbustos dificultavam o acesso. Um galho prendeu-se ao tecido da camisola e ela parou.
Tudo era muito real para ser apenas um sonho. O vento frio, a terra molhada, o orvalho das árvores. Podia ouvir com facilidade o riacho ali perto. Parou mais uma vez, olhando ao redor e estremecendo.
Estou me afastando da aldeia. Tenho que voltar. A floresta não é segura. Cassie pensou assombrada.
Não deve ter medo. Posso sentir sua magia. Estou...
Kassuim arregalou os olhos, pálida e sem conseguir se mover. Estava de repente parada diante do Vulto do Capitão, tentando tocá-la. Suas mãos pareciam garras esqueléticas... O coração batia alucinado no peito. O tombadilho ao redor era escuro, sombrio e opressivo. Ao redor dela, ICHICHOS circulavam famintos, ansiosos para drenar energia e magia
Ela começou a gritar mais ainda, se debatendo com as mãos que a seguravam.
Era só uma m*****a alucinação. Nada mais.
Mesmo assim tinha a impressão que podia desmaiar. Outra voz, feminina e aflita ecoou ao seu lado.
Não pode deixá-lo restaurar o amuleto. Como Peças de Quatro: a força de um alfa, o poder de um transformado, a habilidade de uma mestiça e a magia de um feiticeiro. Não se deve mexer com o equilíbrio da natureza.
Kassuim luta para se libertar e olhou para o lado. Era a imagem de uma mulher muito jovem e translúcida que parecia de seus olhos. A moça veste roupas brancas como uma túnica. Em seu pescoço um amuleto reluzia fracamente. Era de fato Hécate...
Deus, Hécate?
- Luz da criação? O que é luz da criação? – ela se debateu.
Nenhum antigo escrito falava sobre a luz da criação no ritual.
Ele não é real, Cassie. É apenas um espírito que ainda vaga por seu mundo e não sabe que já morreu. Sua vida foi interrompida bruscamente e ele busca por vingança. Precisa libertar a alma de James. Isso vai tirar o poder de JackWill.
Não era real?
Ora, ICHICHOS eram bem reais. E ela fundo sentia que eram perigosos. Um deles com força sobre ela lançou presas forçando seu pulsou. Caiu no chão tonta com uma visão nublada. Aquilo ia matá-la?
Basta!
Ela de longe ainda ouvia os berros furiosos daquelas criaturas ecoarem assustados com a ira desenfreada de Jackwill ao afastá-los. Kassuim sabia que seus próprios medos eram reais e ecoavam no silêncio da noite enquanto lutava contra as mãos que a detinham sem conseguir perceber nada mais. Luz da criação? Eles iam reunir as peças.
-Verifiquem se há mais deles. - a voz de Rick trovejou com raiva, lançando olhares assassinos.
Saber que o Gaia não oferecia segurança o enfurecia. E quanto a aldeia...
Michael e outros lobos vieram com archotes de fogos acompanhados por Vladimir. Os moradores tinham sido reunidos no centro da vila enquanto eram levados com urgência para a segurança da aldeia. Ele tinha ouvido os gritos da esposa lívido ao notar que a cama estava vazia, lançando-se na floresta sob os protestos furiosos de Padraic. Estavam para embarcar e levantar âncoras com sobreviventes.
E Cassie....
Os movimentos frenéticos para se libertar o fizeram praguejar mais ainda. A garota estava pálida, terrivelmente fria e suava. Tinha perdido sangue com o ataque completo da fera, mas não o suficiente para matar. Mesmo assim, ele via o movimento desordenado antes dela cair numa semiconsciência preocupante. A habilidade de cura não se manifestava e era um inferno. Rick de forma rápida fez um torniquete no pulso dela estancando o sangramento praguejando.- Vou reunir os homens e.-Nada disso, Michael. Mantenha todos juntos. São transformados desgarrados depois que o líder deles foi morto. Prepare arcos e flechas embebidos com acônito.-Rick. - Michael exibia dúvidas. Preferia reunir os lobos e atacar.-Mas que diabos, Cassie! – Richard reclamava, notando o curativo improvisado encharcado de sangue. O pulso estava cortado.-Ela não vai se curar como nós senão
Meses antes...A viagem até Muir tinha durado quase uma semana.Era a primeira vez que depois de uma semana que ela estava totalmente lúcida. Esse tinha sido o comentário que havia escutado. Aquilo era surpreendente. Ela não se lembrava de estar naquela cama há tanto tempo. Na verdade, as memórias eram bem vagas. Não se lembrava de também com exatidão como havia chegado ali. Sentada na cama, Kassuim não via a cabine ao redor. Não havia o mobiliário, mas apenas o rosto de Zagorra, muito pálido e contraído de dor. Ele estava morrendo. O sangue escorria do ferimento à bala. Naquele dia ela fizera parte de um grupo de abordagem à escuna que rumava para Gazarra. Tomara parte num grupo de setenta homens junto a Zagorra. Cornor comandava o Estrela do Amanhã na ausência de Thalagar.O ataque a aldeia dos ciganos... A prisão de R
Praguejando, puxou a cadeira e se sentou diante dela, ajustando a espada que ficava presa pendurada em sua lateral. Ela podia não se lembrar, mas ele ia mesmo acabar com a farsa de maldito rapaz. Era um inferno. As roupas de Adam. As calças mais justas modelavam com perfeição incrível os quadris dela. Se ela estava imaginando que ia sair daquela cabine vestida daquele jeito ia realmente ser uma briga. Ai do primeiro coitado que fizesse qualquer comentário sobre a m*****a roupa... -Vejo que agora você acordou. Gostaria de me explicar à razão de fugir da aldeia, sabendo que eu estava ferido? Ele era direto nas acusações. Cassie não tinha esperado também por aquilo. Pelo menos não tão rápido. A situação era uma catástrofe. Explicar o quê? A família dele a afastara. -Como? - perguntou, fingindo calma. O Sucessorium cumpria ordens de Muir. As tropas haviam marchado contra a aldeia. A Armada corsária já não pertencia mais aos lobos. Rick liderava alguns navios ainda longe do império q
Richard Morgan ainda a encarava e a distância entre eles pareceu diminuir ainda mais. Sentia-se uma tola ao notar que ele a obrigava a erguer a cabeça vários centímetros para encará-lo. Era um peso esmagador e dificultava a respiração. Havia motivos para estar a bordo do Estrela. Tanto tempo longe e o feitiço de proteção estaria enfraquecendo. Ela não estava mais segura. Talvez em terra firme. Um leve tremor a percorreu. Dizia a si mesmo que queria o impossível. Não ia de modo algum se jogar nos braços dele. Mordeu os lábios lamentosa.Uma parte sua continuava a insistir que era inútil negar e Richard Morgan sabia. E a parte pequena, que a fizera sobreviver àqueles meses horríveis se recusava a ceder. Não
Era uma tensão explicável que carregava o ambiente Adam assobiou. Geralmente Rick era controlado e diplomático, mesmo irritado. Só que podia jurar que o irmão poderia agredir o garoto.-Rick! – Adam tentou acalmar os ânimos.Richard Morgan praguejava. Não tinha esperado levar sua ameaça às últimas consequências. Era um diabo. Qualquer mulher teria recapitulado e talvez decidido apelar para lágrimas.Ia mandar Giles tomar conta dela. Era uma tripulação de cento e vinte homens e a mulher infernal não havia vacilado uma única vez sequer. Cassie o lembrava de mais uma gata brava pronta a atacar.-Sou o capitão desse maldito navio. Apenas cumpra as ordens.-Capitão! - Adam assentiu, balançando a cabeça pasmo.Pegou Cassie pelo braço e a conduziu pelo corredor. Se
A revolta daquela situação atiçava-lhe o temperamento. O Gaia já teria levantado âncoras? Se pelo menos Rick procurasse por ela... Ela lamentava-se outra vez não ter contado a ele quem era. Ela revia com horror os ferimentos que Thalagar causara ao rival. O medo de Philip... Lili cuidava das crianças e.-Isto é inaceitável! Geralmente as mulheres não o desafiavam ou recusavam sua atenção. Ele nunca precisara se preocupar com aquilo. Sua posição de comandantes da Armada e capitão era sempre garantia de companhia feminina. Em geral as mulheres estavam dispostas a agrada-lo. Só que Kassuim... Ele nunca antes havia esperado tanto por uma mulher assim. Pois o tempo de espera havia acabado. Estavam em Chabone. Antes que o dia
-Vá para o inferno, Thalagar! Não vou me entregar a você. Nunca, ouviu bem? Rick vai... Thalagar rosnou furioso, agarrando-lhe as mãos. -Maldição, Cassie. Acha mesmo que Rick vai se importar com você? Ou faria qualquer coisa? Qual acha que vai ser a reação dele quando souber que James de Macgrover, o maior inimigo dele é seu pai? Ela o mirou em choque. -Está blefando. Isto não é verdade! -Acredita mesmo que Rick vai mesmo se importar com você? Garota tola. Você nada foi mais do que outra jovenzinha a esquentar a cama dele. Filha de um feiticeiro. Vamos, Cassie. Não pretendo machuca-la. Não é minha intenção machuca-la. Não me force a isto.
A jovem chorou durante bastante tempo e as pálpebras inchadas estavam quase fechadas quando Thalagar se afastou reclamando. Ele a encarou. -Meu amor. Não chore mais! Eu sinto muito pelo que me obrigou a fazer com você. Não tive a intenção de ser violento. Podemos viver felizes. Agora você não tem razão para me rejeitar. Rick não vai tolerar saber que a mulher pertenceu a outro. Está finalmente livre dele. Vou dar um jeito de livrá-la dessa coisa que carrega.Kassuim se encolheu, enrolando o corpo machucado no lençol com toda a dignidade possível como se fosse uma rainha. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, mas ainda assim revelavam apenas desprezo. Odiava aquele homem. O bebê era tudo que importava.-Acredita mesmo nisso? - perguntou a moça num tom de voz rouco e gelado. -