Natasha voltou com uma bandeja e colocou em minha frente, havia um copo com suco, umas bolachas de água e sal, geleia e uma maça cortada.
— Mikalica, está se sentindo melhor? — perguntou enquanto se sentava ao meu lado.
— Sim, Nat. Obrigada.
— Peguei algumas coisinhas para você comer, não é muito, mas você precisa forrar o estomago com alguma coisa.
— Tudo bem, obrigada — agradeci, pegando uma bolacha e logo comendo.
— Sinto muito se a sobrecarreguei. Devia ter ido com calma, mas eu venho esperando para conhece-la a milhares e milhares de anos, e é uma honra enorme em estar aqui com você, Mikaella.
— Hum... milhares de anos? Quantos anos você tem exatamente? — perguntou Natasha.
— Quase seiscentos, eu acho. O tempo aqui é diferente com o do meu mundo. Em seu mundo, tenho vinte e nove anos, pelo menos &ea
— Mikaella, você tem o universo nas mãos, mas eu tenho a sua alma na minha. Seja minha e eu serei seu, vaguei por entre esses mundos tentando te encontrar, procurei até os confins das estrelas pelo seu brilho ofuscar os meus olhos. Seja minha e nenhum mal acontecerá, mas me dê as costas e um punhal atravessará sua alma — disse a voz com um tom alarmante e rouca.O rádio voltou ao normal quando cheguei a área mais afastada da praia, estacionei de frente para o mar, apertei forte o volante do carro deixando os nós das minhas mãos ficarem brancos, mordi minha boca com força tentando controlar a minha respiração.— Eu nunca mais escuto rádio no seu carro — disse Nat finalmente.Passei a mão no rosto, apertando meus olhos. Claro que não ia ser um dia apenas com coisas boas, tinha que ter uma pitada de loucura e maldade no meio, sen&ati
Tirei meus sapatos e pisei na areia, sentindo-a entre os meus dedos. Já estava completamente escuro, apenas a Lua e as estrelas refletiam na água algum tipo de claridade. Natasha sentou-se um pouco afastada d’agua e ficou me observando.— Ok, como você pretende fazer o que você está pensando? — perguntou depois de ficar me olhando enquanto eu ficava parada de frente para o oceano.— Eu não sei, apenas sinto que preciso puxar alguma coisa — confessei, mexendo os dedos das minhas mãos.— Como o que?— Eu não sei.— Você sabe de alguma coisa, afinal? — perguntou frustrada.— Sei que você está para ser transformada em um sapato senão parar de me apressar — ameacei brincando.— Me transforma em um sapato de grife, por favor. Nada menos do que quinhentos reais, tá? &mdas
— Parece que seu irmão está em casa — comentei.— É, espero que ele tenha feito jantar, estou com fome — respondeu distraída. — Obrigada pela carona, gata.— Sem problemas. Ei, só para saber... conhece a namorada do Gabe? — perguntei, tentando parecer despreocupada.Natasha me olhou e abriu um sorriso de lado.— Namorada? Meu irmão? Melhor colocar no plural, então qual das? — respondeu com ar de divertimento.— Nossa, mais de uma? Com certeza ele é seu irmão — brinquei. — Deixa quieto, perguntei apenas porque lembrei que vi ele com uma garota que disse que era a namorada dele.— Somos os Olivers, com certeza a gente não fica no singular. Ele sempre está com umas amizades coloridas por aí, duram um pouco mais que os meus casos — informou, ignorando o meu deixa quieto.&m
— E o seu irmão? O que ele irá me ensinar?— Ele vai te ensinar a lutar. Você aprenderá a se defender, como usar seus poderes para a batalha.— Uau! Serei uma guerreira também? Eu não consigo nem abrir um pote de geleia — comentei rindo.— Ou matar uma barata, você tem pavor de baratas — brincou Troy, rindo.— Hahaha, seu chato. Pare — pedi, fazendo uma careta em sua direção.— Já pensou se o Thryee tem uma barata gigante como bichinho de estimação? Me remexi no sofá, imaginando a cena e fiz novamente uma careta com a imagem que surgiu em minha mente.— Você sabe mesmo me deixar com calafrios, hein? — me queixei.— Sei te deixar com muitas coisas, querida — respondeu e piscou para mim.— Desculpa professor, pode conti
Comecei a esticar a massa ao lado dele e a dividir em tiras, minha mente começou a divagar, pensando nas coisas que estão acontecendo comigo e percebi que até hoje eu nunca contei sobre o que está havendo comigo para a minha família. Minha família me ama e eu sei disso, porem comecei a ficar com medo de que eles não me amariam mais se eu contasse o que está acontecendo comigo e se iriam me apoiar com tudo isso. Meus pais não nos criaram em uma religião em si, apenas nos ensinou sobre acreditar que tudo o que acontece havia um motivo maior e que coisas boas aconteciam com pessoas que eram boas. Nunca devíamos roubar, desrespeitar os mais velhos, nunca mentir e sempre acreditar no amor e no melhor das pessoas, eles criaram a gente na crença de Deus, entretanto nunca nos forçou a frequentar a igreja ou coisa do tipo. Então fiquei preocupada se contava para eles que existia mesmo um Deus e
Olhei para ela com um olhar confuso e comecei a comer o meu salgado.— Sei que não tem sentido, mas é assim o mundo da moda, Mikaella, e eu gosto — explicou ela e tomando um gole do meu suco. — Oh meu Deus que divino!— Nossa, não existe água lá não, menina? — perguntei assustada.— Água não é suco — retrucou, mostrando a língua.— Tem razão — concordei rindo.— Perfeito! Flor, tenho que ir nessa. Depois a gente poderia se encontrar na praia, os meninos terão um jogo de vôlei e o Gabe nos convidou, que tal? — perguntou, já limpando a boca e se levantando.— Estou sabendo, no fim da tarde, não é?— Isso, nos vemos depois então — anunciou, me dando um beijo na bochecha — Te amo, se cuida — e foi correndo de volta para o trabal
Ficamos treinando no quintal de casa por quase uma hora e meia. Nosso quintal era muito espaçoso, parecendo mais com um jardim do que um quintal familiar. Quando éramos crianças tínhamos um balanço de pneu na grande árvore de ameixa amarela, com aquelas casinhas que tinham escorregadores do lado, havia também duas grades de gol para o meu irmão. Com o passar dos anos que fomos crescendo, meus pais tiraram os brinquedos. Agora a grama estava bem mais cuidada, com uma trilha de azulejos de mármore do chão da casa indo em direção ao quintal, as grades de futebol foram trocadas pela rede de vôlei para o meu irmão.No canteiro da casa, minha mãe plantara diversas flores, principalmente sua flor favorita, tulipa. Um pouco mais afastado da casa, quase perto do muro de pedra coberto por arbustos, meu pai fez para ele uma horta, na qual ela já era ligeiramente grande, o cheir
Balancei a cabeça tentando digerir tudo aquilo. Pareceu que ele estava se despedindo de mim, indo embora. Como isso aconteceu? Não estava certo, eu tinha acabado de ter ele de volta, ele era meu melhor amigo e tinha sido o amor da minha vida, havia a possibilidade de ficarmos juntos de novo e ele estava aqui dizendo essas palavras como se nunca fossemos nos ver novamente.— E o que eu fiz por você? — perguntei confusa, chorando baixinho, sentindo as lágrimas rolando pelo meu rosto.— Você viveu — respondeu por fim.— Eu quero viver com você — sussurrei.— Eu também, Ella — concordou. — Eu te amo Ella, mas... você não é mais minha.— Mas você ainda é meu. Meu melhor amigo, eu não sou mais sua melhor amiga?— Claro que sim, para sempre — respondeu abrindo um sorriso fraco nos lábio