A noite chegou e a lua refletia seu brilho nas ondas, Skyla estava deitada no chão perto do banco, a temperatura caiu um pouco e resolvi voltar para casa, pensando na conversa com o senhor e como ele poderia saber o meu nome. Aquilo foi extremamente sinistro.
— Sky, vamos nessa. Está ficando tarde — chamei estalando o dedo para ela. Skyla se levantou rápido, com as orelhas arqueadas e veio caminhando com preguiça na minha direção e bocejou.
— Quando disse que estava tarde, não quis dizer tão tarde assim — comentei enquanto caminhava. — Não deu nem vinte horas ainda, Sky.
Ela chacoalhou seus pelos como se não ligasse para o que eu disse. O caminho todo para casa passei olhando para trás, a sensação de que estava sendo seguido voltou e ainda mais depois daquele senhor saber o meu nome, minha paranoia ficou mais aflorada. Comecei também a
— Chegamos — anunciei alegre, sem soltar seu braço. — Melhor lugar para se estudar.— Com um bando de crianças gritando e brincando — retrucou rindo, indo em direção as mesas. — Claro, pode servir. Tem uma vista bem bonita.— Wishfells é completamente feita com ótimas vistas — me gabei e me sentei ao seu lado. — Não existe nenhum outro lugar melhor.— Você não sai muito daqui, não é? — perguntou com ar de pena. — Existe um mundo fora daqui, talvez perceba que existe outros lugares melhores sim.— Eu dei a volta ao mundo — contei cruzando os braços na frente do peito. — Três vezes antes dos meus dez anos de idade e Wishfells continua sendo o melhor lugar.— Caramba! Ok, então — cedeu e deu de ombros. — Vamos estudar.Kayla retirou o roteiro d
Fomos para o ginásio no meu carro, encontrei a Skyla parada ao lado dele, mas assim que viu Kaya ela saiu correndo. Chamei ela várias vezes, só que ela já desapareceu virando a esquina, ainda não conseguia entender o motivo que ela não gostava da Kaya.— Posso ligar o rádio? — perguntou Kaya já mexendo nas estações.— Claro, quem iria te impedir? — comentei com sarcasmo.Ela sincronizou em uma estação que tocava músicas no estilo MPB e Bossa nova. Durante o caminho ficamos em silêncio, Kayla cantarolava uma música ou outra que tocava. Eu gostava da sua voz, era meiga e macia, me recordava de sereias que encantavam os marinheiros com suas vozes para a morte.— Você tem uma linda voz para cantar — elogiei.— Obrigada. É de família — informou.— Vou querer um show parti
Após ouvir aquelas três palavras minha mente não prestou atenção em mais nada durante toda a partida de futebol. Apenas trabalhava nas ideias que surgiam, cultivando dúvidas e preocupação.Não via a hora do jogo terminar para poder saber o que o Lucca queria falar sobre a Mia. Talvez ela finalmente estaria voltando para casa, talvez ela já estivesse em casa! Me controlei para não sair no meio do jogo e ir verificar se ela não estava de verdade em casa, eu já conseguia projetar na minha cabeça: ela usando seu short favorito preto, com uma camiseta de seriado já desgastada, os cabelos presos com algumas mechas saindo em forma de protesto. Suas covinhas surgindo ao sorrir por estar me vendo, seus olhos castanhos ou violetas, não me importava, brilhavam e eram cheios de vida que eu sempre me perguntava se estava olhando para eles ou para uma abertura do Paraíso de
O Sol dava contraste alaranjado no horizonte da praia, abrindo espaço para o azul escuro da noite, as estrelas e a Lua não apareciam muito, cobertas pelas nuvens pesada. Provavelmente choveria mais tarde.Pelo carro conseguíamos ver o deque com várias pessoas dançando e o barulho da música eletrônica tocando. Estacionei o carro na esquina, um pouco afastado da multidão, não queria ter prejuízo na qual meus pais me dariam um sermão quando eles voltassem de viagem. Antes de sair do carro, peguei o saquinho com os baseados já prontos. Eu sempre os escondida no estofamento do banco do carona, quase nem dava para ver caso a polícia me parasse.— Você fuma? — perguntei a Kaya, lhe oferecendo um.— Sim — respondeu com naturalidade, pegando um. Os garotos pegaram os deles e foram fumando, me ofereci para acender o da Kayla pelo isqueiro, por&eacu
Eduardo começou a brigar com um dos amigos dele e alguns outros rapazes do nosso colégio vieram e entraram na briga. Nicholas me atingiu no rosto, senti a minha bochecha arder. Foi o gatilho que eu necessitava para explodir de raiva e agressividade. Tudo aconteceu rápido, comecei a socar o seu rosto de forma pesada fazendo nós dois cairmos no chão. Eu em cima dele, meus socos surgiam sem parar, os sussurros acobertavam qualquer barulho ao meu redor, apenas ouvia que eu devia bater mais forte, mais forte e mais forte, que ele estava me matando todas às vezes. O rosto do Nicholas ficou ensanguentado, depois do sexto soco seu nariz quebrou e meus dedos quebraram depois do décimo. Mesmo assim eu não parei, não conseguia. Sua cabeça girava de um lado para o outro a cada soco cruzado que eu dava, minhas mãos estavam espessas e escorregadias por causa do sangue. O meu por sua vez fervia, eu queria quebrar cada oss
O que era verdade. Erik e Eduardo sempre que ficavam juntos possuíam um brilho nos olhos, um sorriso bobo nos lábios. Você conseguia notar de longe a felicidade um do outro, um pelo outro. Eu conhecia muito bem meus melhores amigos.Edu apenas sacudiu a cabeça aos risos, provando que eu estava certo.— Eu não vim até aqui para discutir meu lance com o Erik — contou com um tom sério. — Vim aqui pra falar sobre você.— Ok — respondi com o cenho franzido. — O que foi?— Sei que tem sido difícil para você esses últimos meses. Sua namora ir embora, sua irmã também e seus pais sempre viajando, tem sido difícil para você e para o Lucca. Quero que saiba que você sempre poderá contar comigo. Valeu por ter me defendido ontem.— Você é o meu melhor amigo quase a minha vida toda, cara. Eu
Observei o Matt trabalhar na cozinha, mesmo com a aparência abatida, ele na cozinha ganha vida, animo. Ver ele ativo de novo me deixou orgulhoso de ter passado para vê-lo, talvez eu viesse mais vezes para visita-lo, eu conseguiria ajuda-lo a voltar a trabalhar no bistrô. A Mikaella pode não ter morrido, mas se foi para sempre e eu entendia a sua dor, a minha não seria tão grande como a dele era, mas conseguia sentir empatia com o ocorrido. Matteo e Lena estavam juntos desde da faculdade, quase vinte e cinco anos. Ninguém conseguiria superar o que eles tiveram.— Pronto, sanduiche feito no capricho — anunciou animado, colocando o prato na minha frente. —Bon appétit.Quando senti o cheiro do sanduiche e meu estomago roncou, foi quando percebi que fazia quase dois dias que eu não comia nada, nem sabia como ainda estava de pé e com energia. Comi o sanduiche como se fosse a ú
— Achei que você não iria vir para o colégio hoje. Você não ia para o médico? — perguntou Edu na sala de aula.— Estou bem — respondi, chacoalhando o meu braço na frente dele.— Você parecia um lixo ontem à tarde — observou preocupado.— Nada que um boa noite de sono não resolvesse — contei abrindo um sorriso, lembrando da Mikaella em meus sonhos. — E claro, o sanduiche clássico do Matteo.— Você passou na minha casa ontem? — perguntou Lucca, ouvindo a conversa.— Sim. Teu pai não te contou? — arquei as sobrancelhas.— Não, porém ele estava diferente. Ele fez o jantar ontem — comentou admirado, dando um leve sorriso. — Você abduziu meu pai e trocou por E.T?— Ah, claro. Porque é isso que eu faço na verdade — r