Seis anos atrás...
Os fins de semana sempre seguiam o mesmo ritual: todos reunidos na casa dos meus avós, com a expectativa de encontrar Noan e passar o dia com ele. Enquanto aguardávamos a chegada da tia Louise e do tio Allan, eu mal conseguia conter minha ansiedade. Planejávamos assistir a um filme juntos, como de costume, algo que virou uma tradição só nossa. Às vezes, outros primos se juntavam, mas, na maioria das vezes, éramos apenas eu e Noan.
Eu gostava da companhia dele, mas Noan podia ser irritantemente mandão, quase como um segundo pai. Ele não deixava nenhum garoto chegar perto de mim sem causar alguma confusão. Aos poucos, os meninos da escola começaram a se afastar, e eu fiquei conhecida como a "louca das plantas" por gostar de conversar com elas. Apesar disso, nunca liguei muito — preferia meu pequeno mundo de folhas e flores.
Aquele dia prometia ser diferente. Tinha planos de visitar o sítio que minha bisavó deixou para a minha mãe. Era meu refúgio, um lugar cheio de árvores frutíferas onde eu me sentia em casa, cuidando das plantas que minha mãe não tinha mais tempo para manter.
— Sunny, você vai ao sítio hoje? — perguntou Noan, casualmente.
— Sim. Você vem comigo? — retruquei.
— Vou. Só preciso deixar umas coisas em casa e passar na vovó para te buscar. Combinado?
Assenti, observando Noan se afastar. As meninas no caminho olhavam para ele com olhos brilhantes, o que era compreensível. Noan era lindo, mas para mim, ele era apenas meu primo/irmão. Nada mudaria isso... certo?
***
Cheguei à casa da minha avó e encontrei meu pai, o que foi uma surpresa. Corri para abraçá-lo, sentindo saudades, já que ele e minha mãe viviam ocupados com o trabalho.
— Minha princesa! Estava morrendo de saudades. — Ele me apertou forte.
— Também, papai! E a mamãe?
— Está no seu quarto. Trouxe alguns presentes para você.
Disparei pelas escadas, ansiosa para vê-la. No quarto, encontrei minha mãe e a tia Louise conversando, aparentemente discutindo algo sério.
— Alicia, eles ainda são crianças. O Victor está exagerando com essa ideia — dizia tia Louise, mas sua fala foi interrompida quando entrei e me joguei no meio delas.
— Benção, mãe! Benção, tia! — falei, animada. — Mãe, que saudades!
— Também senti, meu amor. Onde está o Noan? Não veio com você?
— Combinamos de ir juntos ao sítio. Tenho plantas para cuidar lá.
— Trouxe uns brotinhos para você plantar — disse a tia Louise, entregando-me um pacote pequeno.
— Obrigada, tia! Vou esperar o Noan para irmos juntos.
— Cuidado e voltem cedo — advertiu minha mãe, antes de sair do quarto.
***
Quando Noan chegou, foi direto abraçar meu pai, com quem sempre teve uma relação próxima.
— Tio Victor, estava com saudades! — disse ele, sorrindo.
— E eu não conto? — brincou o tio Allan, bagunçando o cabelo do filho.
— Vamos logo, Noan! Ou vai ficar tarde! — apressei, puxando-o.
No sítio, o dia passou como uma brisa leve. Cuidamos das mudas, plantamos os brotinhos da tia Louise e exploramos o pomar. Noan insistiu em pegar algumas frutas antes de irmos embora. Foi então que a confusão começou.
Vi uma maçã vermelha, perfeita, pendurada em um galho alto. Decidi pegá-la, subindo na árvore. Assim que alcancei a fruta, o galho cedeu, e eu caí diretamente sobre Noan, que estava logo abaixo.
No momento em que rimos da situação embaraçosa, meu pai apareceu, furioso. Ele me afastou de Noan como se tivéssemos cometido algum crime.
***
**Victor Soutto**
Voltei para casa com a cabeça fervendo. Enviei Sunny para o quarto e mandei Noan para casa. Precisava conversar com Allan, Louise e Alicia. Aquela situação tinha ido longe demais.— Vocês têm que concordar comigo — comecei, irritado. — Essa história de primos/irmãos já não cola mais, não depois do que vi hoje.
— Calma, Victor. O que exatamente você viu? — perguntou Allan.
— O descarado do seu filho quase beijando minha filha! Se eu não tivesse chegado na hora, sabe Deus o que teria acontecido.
— Victor, Sunny caiu da árvore! Noan só estava ajudando — respondeu Louise, claramente indignada.
— Dispenso ajuda desse tipo! Foi por "ajudar" que Sunny nasceu! Quero seu filho longe da minha filha!
— E como você propõe fazer isso? — Alicia entrou na conversa. — Eles são muito próximos, Victor. Não podemos simplesmente separá-los.
— Mande Noan para a casa do Ricardo Linhares. Eu não quero ele perto da Sunny novamente.
— Eles são crianças, Victor! — protestou Alicia. — Não estavam com maldade.
— Começa assim, Alicia, e termina sabe-se lá como!
***
**Allan Andrade**
Sabendo como Victor é teimoso, tomei a decisão mais difícil: liguei para o Senhor Ricardo, pedindo para matricular Noan em uma escola perto dele. Era melhor meu filho enfrentar a distância agora do que sofrer com o afastamento forçado aqui.Depois que as esposas saíram, não pude deixar de provocar Victor:
— Você realmente acha que separar Noan e Sunny vai apagar os sentimentos que eles têm um pelo outro? Eles foram criados juntos, Victor. Não vai ser fácil desfazer isso.Victor permaneceu calado, mas suas ações já haviam decidido o destino de nossos filhos. E, no fundo, eu sabia: o que ele mais temia era ver em Sunny e Noan o mesmo amor intenso e incontrolável que ele viveu com Alicia.
Noan Linhares Andrade.Desde os meus 13 anos fui morar com meu avô e meu tio Ricardo, porém tinha saudades de todos, meus pais, meus padrinhos, minhas avós paternos, avó Agatha e avô Álvaro, e principalmente da Sunny, prometi para meu padrinho que cuidaria dela, entretanto, ele mesmo me separou dela e nestes 6 anos que passei longe só me fez querer está ainda mais perto, tê-la para mim, observado-la.Não sei bem o que sinto pela Sunny só sei que quero ter ela sempre por perto, para poder vigiá-la, meu pai e meu padrinho sempre me visitarão assim como minha mãe e minha madrinha. Mas a Sunny não, nenhuma vez me veio ver, por esse motivo comecei um relacionamento com a Larissa, uma amiga que temos em comum, a Mel não gosta dela, chama ela de oferecida, porém não a vejo assim, me sinto bem ao seu lado.Enfim, hoje vou voltar e para minha alegria em um final de semana, desde que eramos criança é assim, todo final de semana nos reunimos na casa do vovô para o encontro em família.Na verdade
Sunny Andrade SouttoEu e Noan éramos inseparáveis, até o dia em que o tio Allan decidiu mandá-lo para morar com o vô Ricardo e estudar na cidade. Foram seis anos de distância que tudo mudou. Ele voltou sem me avisar, e eu só fiquei sabendo pela Melissa. Ela também me contou que ele estava ficando com Larissa, uma garota que conheceu e que passou férias na casa de parentes perto do vô Ricardo. Eles, aparentemente, engataram um namoro.Depois que saí do quarto do Noan, minha mente ficou presa na imagem de Larissa divertida ligeiramente. Uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto. Minha avó entrou no quarto e, ao me ver chorando, mudou-se preocupada.— Sunny, querida, o que aconteceu? Por que você está aqui sozinho enquanto suas amigas estão na piscina?— Vó… eu sou feia? — querendo, tentando segurar mais lágrimas.— Claro que não, filha. Você é linda, nossa princesa. Por que você está me perguntando isso? — respondeu ela, com ternura.— Sei lá, vó. Todo mundo namora, menos eu. Nenhum
Noan Linhares AndradeMinha mente estava uma bagunça, e Larissa não ajudava. Desde que voltei, ela insistiu em dizer a todos que estávamos namorando. Sim, ficamos algumas vezes durante as férias que ela passou perto da casa do Vô Ricardo, mas nunca houve nada sério. Ela grudou em mim, mas a verdade é que voltei por Sunny. É ela que eu quero, sempre foi.Depois de mais uma discussão com Larissa, subi para o quarto da Sunny. Queria falar com ela, explicar tudo. Mas quando cheguei, ela estava saindo do banho, só de toalha. Minha cabeça deu um nó. Sem pensar, avancei até ela e a beijei. No início, ela ficou paralisada, talvez assustada. Mas logo começou a responder, e a intensidade entre nós foi como um choque. Então, verifique a realidade: ela me empurrou para fora do quarto assim que ouvimos nossos primos chegando. Fiquei do lado de fora, tentando recuperar o fôlego e superar o que acabara de acontecer.Gael apareceu, intrigado claramente.— Cara, você tá louco? — começou ele. — Como en
Sunny Andrade SouttoO Noan está me deixando cada vez mais confuso. Confesso que senti sua falta durante os seis anos que ficou longe, mas agora que voltou, tudo em mim parece girar em torno dele. É como se meu corpo e minha mente fossem irmãs, sendo irresistivelmente puxados para mais perto dele. Quando ele está por perto, mas o controle. Não sei o que é isso, mas temo que logo as pessoas ao nosso redor percebam.Já era noite, e eu estava no meu quarto, tentando me preparar para dormir. Meus pensamentos, no entanto, não colaboravam. Lembrava de nós dois na sala, do beijo inesperado. Acabei rindo, balançando a cabeça. "O Noan vai me deixar louca."Deitei na cama, mas as lembranças daquela tarde me inundaram novamente. Fechei os olhos, e a imagem dele veio com uma nitidez que me fez estremecer.No sonho, ele entrou no meu quarto e me beijou. Sua boca explorava a minha com urgência, sua língua dançando com a minha em uma intensidade que me fazia esquecer o mundo. Seus lábios desceram at
Sunny Andrade SouttoTia Louise praticamente revirou meu armário inteiro, procurando algo que atendesse ao seu padrão, mas nada parecia satisfatório-la. Após bufar algumas vezes e lançar olhares críticos para cada peça de roupa, ela anunciou dramaticamente: — Isso é uma emergência fashion. Vamos sair agora mesmo, Sunny! Não aceita discussão.Antes que eu pudesse protestar, ela já me puxava pelo braço, me arrastando para fora de casa. No caminho para o shopping, ela recebeu uma ligação que a deixou visivelmente nervosa. — Senhor Jonas..., sim, claro, estou a caminho. — Sua voz tremia de leve, mas sua postura estava firme. Quando desligou, murmurou algo sobre como as roupas da grife de Jonas eram ousadas demais e sobre a possibilidade de ele contar tudo ao meu pai.O desconforto dela só aumentou minha curiosidade. Quem foi Jonas e por que tanta orientação? Não demorou muito para que chegássemos ao shopping, onde ele já nos esperava com uma equipe completa. Pelo jeito, o plano da minha
**Noan Linhares Andrade** Eu estava na piscina com meus primos, esperando a Sunny aparecer. Tentei perguntar para minha tia onde ela estava, e a resposta veio simples: "Ela saiu com sua mãe." Antes que eu pudesse pensar em outra coisa, a Larissa chegou, já se grudando como sempre. Ela era insuportavelmente pegajosa, e eu tentava me afastar disfarçadamente. Acabei indo me juntar ao Gael. — Cara, na boa, não suporto sua namorada — comentei, revirando os olhos. Gael riu da minha cara. — Não é minha namorada, e te entendo. Ela está cada vez mais insuportável — respondeu, dando de ombros. Eu suspirei. — Logo isso vai ser coisa do passado. Só preciso de um pouco de paciência até tudo se resolver. — Ou até o tio Victor surtar quando outro cara der em cima da Sunny — completou Gael, me provocando. Meu celular vibrou com uma notificação de mensagem. Era do meu primo Lucas Linhares. Ele dizia que estava vindo morar no mesmo condomínio que a gente. Um sorriso se abriu no meu ro
**Sunny Andrade Soutto**Cheguei à festa acompanhada da tia Louise, e a reação foi imediata: todos pareciam impressionados com minha transformação. Confesso que estou adorando esse novo estilo. Meu cabelo agora está mais curto e levemente mais claro, nada muito chamativo, mas o suficiente para me sentir diferente. Por muito tempo, me escondi atrás de roupas largas e das minhas plantas, mas hoje... hoje me sinto linda.Os olhos do Noan me observando o tempo todo são a maior recompensa. Pela primeira vez, me sinto a mulher mais linda de todas. Lucas, por sua vez, é gentil e divertido, e já me confessou que gosta da Gabriela, mas tem medo de ser descartado. Achei curioso quando ele comentou que, nas saídas com Noan, sempre ficava com todas enquanto Noan se mantinha mais reservado. Até Larissa aparecer. Segundo Lucas, ela mexeu realmente com o coração do meu primo.Essas palavras me atingiram mais do que eu gostaria. Será que os beijos entre mim e Noan signifi
**Noan Andrade Soutto**A noite chegou, e toda a família se reuniu ao redor da grande mesa das minhas avós. O ambiente era acolhedor, com risadas e histórias sendo compartilhadas, e eu não conseguia tirar os olhos de Sunny. Ela parecia mais leve, completamente diferente de quando está rodeada por aquelas pessoas que se dizem amigas. Aqui, entre familiares, ela era genuína, com um sorriso que parecia iluminar todo o ambiente.Depois de um bom tempo de conversa, cada um foi se acomodar em seu respectivo quarto. Mas eu não conseguia dormir. Já fazia quase uma hora que rolava na cama, incapaz de aquietar meus pensamentos. Resolvi ir até a cozinha buscar algo para beber, mas, no caminho, percebi uma luz acesa vindo do quarto de Sunny. Meu coração acelerou. Ela ainda estava acordada.Bati levemente na porta, e sua voz doce me permitiu entrar. Assim que abri, me arrependi e me perdi ao mesmo t