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Coração em Jogo
Coração em Jogo
Por: Paulamonteiro_autora
Verão na casa da Avó

 Seis anos atrás...

Os fins de semana sempre seguiam o mesmo ritual: todos reunidos na casa dos meus avós, com a expectativa de encontrar Noan e passar o dia com ele. Enquanto aguardávamos a chegada da tia Louise e do tio Allan, eu mal conseguia conter minha ansiedade. Planejávamos assistir a um filme juntos, como de costume, algo que virou uma tradição só nossa. Às vezes, outros primos se juntavam, mas, na maioria das vezes, éramos apenas eu e Noan.

Eu gostava da companhia dele, mas Noan podia ser irritantemente mandão, quase como um segundo pai. Ele não deixava nenhum garoto chegar perto de mim sem causar alguma confusão. Aos poucos, os meninos da escola começaram a se afastar, e eu fiquei conhecida como a "louca das plantas" por gostar de conversar com elas. Apesar disso, nunca liguei muito — preferia meu pequeno mundo de folhas e flores.

Aquele dia prometia ser diferente. Tinha planos de visitar o sítio que minha bisavó deixou para a minha mãe. Era meu refúgio, um lugar cheio de árvores frutíferas onde eu me sentia em casa, cuidando das plantas que minha mãe não tinha mais tempo para manter.

— Sunny, você vai ao sítio hoje? — perguntou Noan, casualmente. 

— Sim. Você vem comigo? — retruquei.

— Vou. Só preciso deixar umas coisas em casa e passar na vovó para te buscar. Combinado?

Assenti, observando Noan se afastar. As meninas no caminho olhavam para ele com olhos brilhantes, o que era compreensível. Noan era lindo, mas para mim, ele era apenas meu primo/irmão. Nada mudaria isso... certo?

***

Cheguei à casa da minha avó e encontrei meu pai, o que foi uma surpresa. Corri para abraçá-lo, sentindo saudades, já que ele e minha mãe viviam ocupados com o trabalho.

— Minha princesa! Estava morrendo de saudades. — Ele me apertou forte.

— Também, papai! E a mamãe?

— Está no seu quarto. Trouxe alguns presentes para você.

Disparei pelas escadas, ansiosa para vê-la. No quarto, encontrei minha mãe e a tia Louise conversando, aparentemente discutindo algo sério.

— Alicia, eles ainda são crianças. O Victor está exagerando com essa ideia — dizia tia Louise, mas sua fala foi interrompida quando entrei e me joguei no meio delas.

— Benção, mãe! Benção, tia! — falei, animada. — Mãe, que saudades!

— Também senti, meu amor. Onde está o Noan? Não veio com você? 

— Combinamos de ir juntos ao sítio. Tenho plantas para cuidar lá. 

— Trouxe uns brotinhos para você plantar — disse a tia Louise, entregando-me um pacote pequeno.

— Obrigada, tia! Vou esperar o Noan para irmos juntos. 

— Cuidado e voltem cedo — advertiu minha mãe, antes de sair do quarto.

***

Quando Noan chegou, foi direto abraçar meu pai, com quem sempre teve uma relação próxima. 

— Tio Victor, estava com saudades! — disse ele, sorrindo.

— E eu não conto? — brincou o tio Allan, bagunçando o cabelo do filho.

— Vamos logo, Noan! Ou vai ficar tarde! — apressei, puxando-o.

No sítio, o dia passou como uma brisa leve. Cuidamos das mudas, plantamos os brotinhos da tia Louise e exploramos o pomar. Noan insistiu em pegar algumas frutas antes de irmos embora. Foi então que a confusão começou. 

Vi uma maçã vermelha, perfeita, pendurada em um galho alto. Decidi pegá-la, subindo na árvore. Assim que alcancei a fruta, o galho cedeu, e eu caí diretamente sobre Noan, que estava logo abaixo. 

No momento em que rimos da situação embaraçosa, meu pai apareceu, furioso. Ele me afastou de Noan como se tivéssemos cometido algum crime.

***

**Victor Soutto**  

Voltei para casa com a cabeça fervendo. Enviei Sunny para o quarto e mandei Noan para casa. Precisava conversar com Allan, Louise e Alicia. Aquela situação tinha ido longe demais.

— Vocês têm que concordar comigo — comecei, irritado. — Essa história de primos/irmãos já não cola mais, não depois do que vi hoje.

— Calma, Victor. O que exatamente você viu? — perguntou Allan.

— O descarado do seu filho quase beijando minha filha! Se eu não tivesse chegado na hora, sabe Deus o que teria acontecido.

— Victor, Sunny caiu da árvore! Noan só estava ajudando — respondeu Louise, claramente indignada.

— Dispenso ajuda desse tipo! Foi por "ajudar" que Sunny nasceu! Quero seu filho longe da minha filha!

— E como você propõe fazer isso? — Alicia entrou na conversa. — Eles são muito próximos, Victor. Não podemos simplesmente separá-los.

— Mande Noan para a casa do Ricardo Linhares. Eu não quero ele perto da Sunny novamente.

— Eles são crianças, Victor! — protestou Alicia. — Não estavam com maldade.

— Começa assim, Alicia, e termina sabe-se lá como!

***

**Allan Andrade**  

Sabendo como Victor é teimoso, tomei a decisão mais difícil: liguei para o Senhor Ricardo, pedindo para matricular Noan em uma escola perto dele. Era melhor meu filho enfrentar a distância agora do que sofrer com o afastamento forçado aqui.

Depois que as esposas saíram, não pude deixar de provocar Victor:  

— Você realmente acha que separar Noan e Sunny vai apagar os sentimentos que eles têm um pelo outro? Eles foram criados juntos, Victor. Não vai ser fácil desfazer isso.

Victor permaneceu calado, mas suas ações já haviam decidido o destino de nossos filhos. E, no fundo, eu sabia: o que ele mais temia era ver em Sunny e Noan o mesmo amor intenso e incontrolável que ele viveu com Alicia. 

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