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Beijos roubados e confusões

 

Noan Linhares Andrade

Minha mente estava uma bagunça, e Larissa não ajudava. Desde que voltei, ela insistiu em dizer a todos que estávamos namorando. Sim, ficamos algumas vezes durante as férias que ela passou perto da casa do Vô Ricardo, mas nunca houve nada sério. Ela grudou em mim, mas a verdade é que voltei por Sunny. É ela que eu quero, sempre foi.

Depois de mais uma discussão com Larissa, subi para o quarto da Sunny. Queria falar com ela, explicar tudo. Mas quando cheguei, ela estava saindo do banho, só de toalha. Minha cabeça deu um nó. Sem pensar, avancei até ela e a beijei. No início, ela ficou paralisada, talvez assustada. Mas logo começou a responder, e a intensidade entre nós foi como um choque. Então, verifique a realidade: ela me empurrou para fora do quarto assim que ouvimos nossos primos chegando. Fiquei do lado de fora, tentando recuperar o fôlego e superar o que acabara de acontecer.

Gael apareceu, intrigado claramente.

— Cara, você tá louco? — começou ele. — Como entra no quarto da Sunny com ela no banho? A gente não é mais criança, e se o tio Victor visse isso, já era para você.

— Nem brinca com isso — murmurei, esfregando a nuca. — Mas eu não consigo ficar longe dela.

— É Larissa? O que você vai fazer? Vocês estão juntos, não estão?

— Não estou com a Larissa de verdade. Nunca estive. Só fiquei algumas vezes. Agora que voltei, ela está se espalhando por todo mundo que estamos namorando.

— Então se resolva, cara. Porque isso vai dar problema, e ficar com o Sunny não vai ser nada fácil, especialmente com o tio Victor no meio.

— Sei muito bem o problema que isso vai causar. Mas Sunny é tudo para mim. — Suspirei, frustrado.

— Escuta aqui… e se a gente fez o tio Victor pirar um pouco? — sugeriu Gael, com um sorriso travesso.

— Não sei se mexer com o tio Victor é a melhor ideia.

— Olha, o tio já implica com qualquer cara que chega perto da Sunny, né? Acho que até hoje ela nunca beijou ninguém por causa disso. Mas e se aparecerem outros assuntos específicos nela?

Minha expressão fechou imediatamente.

— Isso tá soando como a pior ideia do mundo. Ninguém vai chegar perto da minha princesa.

— Relaxa, cara. É só ciúme. Olha, eu também estou numa enrascada com a Melissa. Ela me chama de criança, mas da última vez que a fiz sentir ciúmes, a gente ficou. Talvez funcione com você e o Sunny também.

— Espera aí… você e a Mel já ficaram? — perguntou, surpreso.

— Sim, mas não se espalha. Da próxima vez, vou provar que não sou nenhuma criança. — Ele riu, claramente satisfeito com sua pequena confissão.

Eu ri também, mas minha mente voltou para Sunny.

— Cara, será que o tio Victor realmente desencanaria se achasse que você tá com a Sunny?

— Talvez, mas antes de qualquer plano maluco, você precisa ser honesto com ela. Fala com a Sunny, deixa ela saber o que você sente.

— É, talvez você tenha razão. — Respirai fundo. Era o único jeito.


De volta à casa, não consegui falar com Sunny como planejava. A família inteira decidiu aparecer ao mesmo tempo, e ela acabou saindo para o jardim com Melissa e Gabriela. Quando decidi segui-las, meu tio Victor chamou por mim.

— Noan, posso falar com você um instante?

Inglês: segundo.

— Claro, tio. — Minha voz tentou soar neutra, mas o incômodo era evidente.

Fomos até o escritório do vovô. O caminho parecia interminável, e cada passo só aumentava minha ansiedade. Quando chegamos, ele abriu a porta e eu fiz entrar primeiro.

— Noan — começou ele, com um tom mais calmo do que eu esperava. — Quero que saiba que nunca quis o seu mal. Sempre te amei como um filho, e é por isso que preciso ter essa conversa com você.

Assenti, esperando pelo pior.

— No passado, tomei uma decisão impensada, motivada por ciúmes. Afastar você da Sunny talvez tenha sido um erro. Hoje vejo que isso só é isolado ainda mais. Ela se fechou para o mundo. Passe mais tempo com as plantas no sítio do que com pessoas.

— Tio, hoje ela estava na piscina rodeada de amigas.

— Amigas da Melissa, não da Sunny. Ela quase não tem amigos, Noan. Não sei mais o que fazer. Quero que você me ajude.

As palavras dele me pegaram de surpresa. Ele estava me pedindo ajuda?

— O senhor acha que eu posso ajudar? — curioso, sinceramente confuso.

— Eu acredito que sim. Só… tome cuidado com Larissa. Não quero problemas.

Quando saímos do escritório, as palavras do tio Victor ecoavam na minha mente. Passei anos culpando o mundo por ter me afastado de Sunny, mas nunca pensei no quanto isso também a machucou.


Na sala, vi Sunny deitada no sofá, com um livro em mãos. Me aproximei em silêncio, curioso.

— Espera até o tio Victor ver o conteúdo desse livro! — brinquei, fazendo-a pular de susto.

— Para ser bobo, Noan. Não tem nada de mais. Só gosto de ler romances de vez em quando.

— Romances? — provoquei, pegando o livro. — Com essa segurança aqui, você está mesmo lendo ou imaginando coisas?

Ela mordeu os lábios, me encarando.

— E você? Tá imaginando coisas, Noan? — devolveu, você pediu.

Perdi o controle. Antes que eu pudesse pensar, avancei e a beijei novamente. Ela correspondeu, e sentiu sua boca se abrir, permitindo que minha língua explorasse cada canto. Era tudo o que eu queria… até que ouvimos passos.

Nos separamos às pressas, ofegantes, tentando recuperar a compostura. Eu olhei para ela, ainda mais decidido. Sunny era minha, e eu faria de tudo para observá-la — até mesmo de mim mesmo.

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