Uma nova Pessoa

 

Sunny Andrade Soutto

O Noan está me deixando cada vez mais confuso. Confesso que senti sua falta durante os seis anos que ficou longe, mas agora que voltou, tudo em mim parece girar em torno dele. É como se meu corpo e minha mente fossem irmãs, sendo irresistivelmente puxados para mais perto dele. Quando ele está por perto, mas o controle. Não sei o que é isso, mas temo que logo as pessoas ao nosso redor percebam.

Já era noite, e eu estava no meu quarto, tentando me preparar para dormir. Meus pensamentos, no entanto, não colaboravam. Lembrava de nós dois na sala, do beijo inesperado. Acabei rindo, balançando a cabeça. "O Noan vai me deixar louca."

Deitei na cama, mas as lembranças daquela tarde me inundaram novamente. Fechei os olhos, e a imagem dele veio com uma nitidez que me fez estremecer.


No sonho, ele entrou no meu quarto e me beijou. Sua boca explorava a minha com urgência, sua língua dançando com a minha em uma intensidade que me fazia esquecer o mundo. Seus lábios desceram até meu pescoço, onde ele distribuiu mordidas leves que me deixaram louca. Eu fui entregue, sem resistência, enquanto ele traçava um caminho até meus seios, alternando entre mordidas, chupadas e sopros que faziam minha pele arrepiar a cada segundo. Ele murmurou um "gostoso" entre gemidos, e eu mal consegui respirar. Quando ele começou a descer ainda mais, indo exatamente para onde eu mais o queria, um som alto me tirou do transe.

Acordei de repente, meu coração disparado e meu corpo traído pela intensidade do sonho. Olhei para mim mesma e senti a vergonha de me consumir. Foi só um sonho, repetia para mim mesma, tentando enganar a mente.


Era domingo, a família inteira estava reunida. Eu sabia que primeiro levantar e encarar o dia, mesmo com o peso do sonho ainda pareando sobre mim. Após cuidar da minha higiene, comecei a me vestir, quando Noan entrou de repente no quarto.

— Sunny, preciso falar com você — ele começou, mas parecia hesitante.

— Tudo bem, Noan. Posso falar.

Ele respirou fundo antes de continuar:

— Amanhã você vai passar o dia no site, certo? Quero te encontrar lá. Precisamos conversar, longe de todo o mundo.

Assenti, tentando esconder o nervosismo. Ele confirmou com a cabeça e saiu tão rápido quanto entrou. Meu coração batia acelerado. O que ele queria conversar comigo? Só sabia que estar perto dele me deixava louca.

Desci para tomar café, onde todos já estavam reunidos. Cumprimentei-os rapidamente e fui para a cozinha, onde Naná, minha antiga babá e agora cozinheira da casa, já me esperava.

— Bom dia, minha menina linda! — ela disse com seu sorriso habitual.

— Bom dia, Naná. Vamos fazer as panquecas? — querido, animado.

– Claro, querido. A massa já está pronta.

Era nosso ritual de domingo. Desde criança, eu e Naná sempre fazíamos as panquecas juntas. Era o nosso momento especial.

Após terminarmos, levei as panquecas para a mesa, mas meu apetite desapareceu ao ver Larissa praticamente grudada em Noan. Perdi a vontade de ficar ali.

— Bom dia a todos — murmurei por educação, já me afastando.

— Sunny, sua amiga está aqui, não vai conversar com ela? — Disse meu pai.

— Ela não está aqui por mim — respondi, deixando-o sem resposta. Nunca falei assim com ele antes, mas não consegui evitar.

Subi para o meu quarto, lágrimas queimando meus olhos. Como pude ser tão idiota a ponto de imaginar que Noan poderia me olhar de outra forma? Eu, a "louca das plantas", feia, antissocial... Por que ele me desejaria?

Bateram na porta. Respirei fundo, limpando as lágrimas antes de pedir para entrar. Era tia Louise, que se sentou ao meu lado na cama.

— Filha, posso conversar com você? — Disse ela, gentilmente.

— Sempre, tia — respondi, forçando um sorriso.

Ela me encarou por um momento antes de perguntar:

— Sunny, você sente algo pelo Noan?

As palavras dela me atingiram como um golpe. Tentei negar, mas não consegui falar. Lágrimas escaparam, treinando meus sentimentos. Tia Louise me abraçou, me envolveu com o carinho que eu preciso.

— Tia, eu… eu não sei o que fazer. Ele voltou tão diferente, tão lindo. Mas ele nunca vai me ver como mulher. Larissa é perfeita para ele. Ela é linda, sabe se vestir, é social... enquanto eu sou só a garota das plantas.

— Ei, desde quando você tem vergonha do que faz? — ela interrompeu. — Você é uma paisagista incrível! Transformou aquele sítio em um paraíso. Tenho tanto orgulho de você! Mas me diga, o que exatamente você sente por Noan?

Suspirei, olhando para o chão.

— Eu não sei, tia. Nunca senti isso por ninguém. Sempre foi ele. Mas não é recíproco, então é melhor eu aceitar que sou só a prima/irmã dele.

Ela sugeriu e pegou minha mão.

— Posso te contar uma história?

— Claro.

— Eu sempre fui apaixonado pelo seu tio Allan, mas ele me via apenas como a melhor amiga da irmã dele. Um dia, vi ele com outra mulher e, em vez de sentir raiva, aquilo só me deu mais vontade de conquistá-lo. Anos depois, consegui. Entreguei meu coração a ele sem medo das consequências. Se para você e Noan ficarem juntos, isso vai acontecer. Você só precisa ser paciente.

Eu sorrio, absorvendo suas palavras.

— Não sei, tia. Acho que não nasceu para ser amada. Até dois dias atrás… — Parei, percebendo que estava falando demais.

Ela arqueou as sobrancelhas, curiosa.

— Sunny Andrade Soutto, o que aconteceu há dois dias?

Corando, olhei para o chão antes de responder.

— Dei meu primeiro beijo.

Tia Louise vibrou de felicidade.

— Finalmente! E agora? Quem é o garoto? Vai contar?

— Não posso. Ele… ele tem namorada.

Ela segurou meu rosto e me olhou nos olhos.

— Escuta aqui. Você é incrível, e qualquer garoto seria sortudo de ter você. Agora, deixe-me ajudar. Vamos transformar esse visual e mostrar para todo mundo a mulher incrível que você se tornou. Topa?

Sorri, pela primeira vez com sinceridade.

— Tia, me ajude a ser diferente. Quero mudar, mas não sei como.

— Deixa comigo. Hoje começamos com o que não temos armário. Amanhã, vamos renovar tudo. Garanto que no final você será uma "Sunny" que sempre nasceu para ser.

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