Dezoito meses depois
A vista da janela da minha sala, no edifício comercial que sediava a filial da Mendes de Albuquerque em Nova York, era espetacular. Da altura onde me encontrava, no trigésimo andar do prédio, eu podia ver grande parte da magnifica cidade, mundialmente conhecida e destino desejado de muitos.
Eu havia conseguido alcançar todos os objetivos as quais me propus no decorrer desses últimos meses e estava muito satisfeito comigo mesmo e com tudo o que eu havia realizado. Mas era só isso.
Não me sentia feliz e o trabalho não estava mais me motivando como antes. A prova disso era que já fazia mais de meia hora que eu tinha um relatório importantíssimo em cima de minha mesa e disposição zero para analisa-lo. Preocupante.
Eu precisava emitir alguns pareceres sobre diversas
Viviane- Vocês poderiam aproveitar que a Sarinha está dormindo e ir fazer algum programa de casal. Desde que a minha neta nasceu que não os vejo saírem sozinhos. Estão sempre cercados de outras pessoas. – Dona Marta jogou, sem mais nem menos, essa colocação.O João Pedro me olhou de maneira conspiratória e eu apenas sorri. Estávamos na mansão, reunidos a mesa da grande sala de jantar dos Mendes de Albuquerque. Além de nós dois e a Marta, estavam também o senhor Rodolfo e os nossos amigos, a Júlia, o César e a Cecília.- Marta, você só está procurando um motivo para ficar com a Sarinha só para você. Todos nós sabemos que você faz de tudo para que a Vivi fique fora de casa. – O pai do JP falou brincalhão, fazendo com que todos caíssem na gargal
VivianeDepois de um domingo cheio de animação e risadas, a segunda feira começou radiante. Estava um lindo dia e depois de tomarmos café da manhã toda a família reunida, o JP e o seu pai foram para a empresa, enquanto eu e dona Marta fomos encontrar com a organizadora do buffet da festa da Sarah.- Eu preferia ficar em casa com a minha neta. - Reclamou Marta, quando já estávamos dentro do carro, a caminho da empresa de buffet contratada para o evento.Sorri e balancei a cabeça de um lado para o outro, em sinal de incredulidade.- E por que a senhora não ficou?- Preciso ter certeza que vai ser tudo perfeito para a nossa princesinha.- Não confia em mim para escolher o menu sozinha? - Brinquei, pois tinha certeza que não era esse o motivo.- Não, querida! Confio plenamente em você. Mas eu quero participar de tudo que diz re
João FelipeEntrei em meu apartamento e fui logo me jogando no confortável sofá. Estava exausto e ainda era terça feira. Mas não poderia ser diferente, uma vez que trabalhei durante todo o fim de semana passado.Estava negociando um contrato multimilionário com uma empresa europeia, sediada no Reino Unido e havia sido necessário dedicar o que seria meu tempo livre, em prol de encontros de negócios com alguns investidores, para fecharmos algumas questões mais complexas. Como eles tinham compromissos na Holanda durante a semana, marcamos então essas reuniões para o sábado e a tarde de domingo.Agora eu me sentia cansado e sem paciência alguma, uma vez que dormi muito pouco, preparando os contratos e me reunindo por vídeo conferência com o setor jurídico de nossa empresa, que ficava em nossa matriz em São Paulo.O Miguel havia
VivianeNo dia seguinte, depois de tomar café todos juntos, o João Pedro foi para empresa e o Fabiano foi deixar os seus pais no Aeroporto, depois de uma longa despedida deles e a Sarinha. Minha filha ainda não conseguia entender muita coisa, mas o tom choroso de Marta e Rodolfo fazia com que ela ficasse triste, mesmo sem ter compreensão de que os avós passariam vários dias distantes. Meus pais estavam na propriedade, na casa na qual morou por tantos anos, pois tinham vindo para o aniversário da neta e logo a Sarah estava as gargalhadas, brincando com minha mãe no gramado do jardim.Aproveitei a tarde para desembrulhar os presentes que haviam chegado durante a semana anterior e eu não tinha aberto ainda. Junto com minha mãe e a Sarinha, passamos uma tarde muito agradável, entre risadas e muitas brincadeiras. O meu pai era um pouco mais reservado, mas a neta conseguia fazer com
João FelipeMeus pais haviam me ligado no período da tarde, informando que já se encontravam em meu apartamento e que a viagem havia sido tranquila. Apesar de estar com saudades deles, eu precisei concluir alguns negócios antes de poder ir para casa vê-los.Assim que entrei, apenas pelo clima do lugar, eu podia sentir que não estava sozinho e essa sensação de chegar em casa e encontrar com a minha família era muito boa e eu nem tinha ideia do quanto senti falta disso.- Boa noite, filho! - Logo meu pai levantou-se do sofá onde estava quando cheguei e me abraçou. - Estava com muita saudade do meu filho.Soltou-me do seu abraço e me olhou, como se avaliasse a minha aparência. Diante de seu olhar de desagrado e antes que ele pudesse falar qualquer coisa, eu me adiantei e perguntei pela mamãe.- Está descansando no quarto. A viagem a d
João FelipeFiquei olhando, através da câmera da grande tela do computador no escritório do apartamento, a Viviane sair do quarto do João Pedro, carregando uma criança linda em seus braços, a qual, pelo que pude entender de toda aquela loucura, era filha dela com o meu irmão.Eu estava completamente atordoado. Não conseguia acreditar em meus próprios olhos. Nesse momento eu pude entender o motivo que me levou a manter distância de qualquer informação sobre o Brasil e, consequentemente, sobre a minha própria família. Eu estava fazendo o possível para fugir da realidade que estava se expondo de maneira esmagadora diante de mim agora, que era o casamento do meu irmão e a Viviane.- Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Exigi de maneira brusca.Fazia mais de uma semana que meus pais estavam e
João FelipeDepois de mais uma insone e na qual eu estive igual a um stalker, a espera de qualquer postagem que fosse da Viviane ou do meu irmão, onde eu pudesse ter mais uma migalha de informação sobre eles, cheguei no trabalho bastante mal-humorado e ranzinza, algo que a minha secretaria, a Natalie, fez questão de ressaltar quando teve uma oportunidade.- Você está precisando urgentemente de algum tipo de diversão, João Felipe. Ninguém aguenta mais esse seu mal humor. – Ela falou enquanto fazia algumas anotações em seu laptop.- Você é bem corajosa em dizer isso para o seu chefe. – Falei de maneira arrogante.- Ouça o que disse e você vai me dá razão. Está sendo desagradável, mais uma vez. – Dessa vez ela falou e começou a se retirar da minha sala.Tive q
VivianeEu só poderia estar em um dos meus pesadelos recentes. Era isso, eu tinha certeza. Mas o copo de vidro que caiu de minha mão em cima dos meus pés foi bem real, além de todos os olhares que se voltaram em minha direção.- Vivi, você se machucou? – O senhor Rodolfo já estava do meu lado, quando consegui sair do estado de completo torpor em que havia entrado ao me deparar com a minha filha nos braços do seu verdadeiro pai.- O que aconteceu, minha filha? Está branca igual a um fantasma! – Minha mãe falou, pegando em minha mão, preocupada.Logo eu estava sentada em uma das cadeiras que ficava no jardim, enquanto tomava um copo de água e a minha filha continuava nos braços do João Felipe, algo que até agora eu não conseguia entender, pois ela não costumava ir para os braços de p