Viviane
Os últimos meses não haviam sido fáceis. Tanta coisa havia acontecido, que eu me sentia atordoada só em pensar nas mudanças que aconteceram na minha vida.
Depois da conversa entre eu e meus pais, eu havia decidido que tinha uma pequena parcela de culpa pela relação tensa com a Marta. Eu nunca tentei nem mesmo cumprimenta-la, durante todos esses anos de convivência. Eu apenas entendi que ela não gostava da situação e eu mesma passei a trata-la com frieza também.
Diante disso, resolvi tentar uma aproximação, em nome do meu filho e do lar que eu gostaria de oferecer a ele, em que houvesse amor e carinho, além de muito respeito.
Não falei para o João Pedro nada do que meus pais me contaram, uma vez que ele estava conciliando o último semestre da faculdade com o trabalho na Mendes e caso se
Viviane - Primeiro, a senhora vai me explicar melhor sobre esse resultado que recebeu, que acredito ter sido de um exame, para entendermos um pouco, de cabeça fria, qual o seu quadro. E segundo, caso a senhora não queira contar a todos, por enquanto, sobre o que está se passando, eu vou entender. Eu posso acompanhá-la a consulta, vamos ouvir o que o médico tem a dizer, qual o tratamento, se vai precisar de cirurgia... – A menção da palavra "cirurgia", dona Marta se encolheu toda, o que era bastante compreensível, tendo em vista a sua busca constante por manter-se sempre impecável. - Eu não quero que minha família saiba, Viviane. Por favor, estou confiando em você. – Ela falou de forma desolada. - Não precisa contar ainda. Acho que será melhor quando já soubermos com exatidão todas as informações. Do jeito que o senhor Rodolfo é, ele vai acabar deixando-a mais ansiosa ainda. Não é momento para especulações. A senhora gostaria que eu a
Viviane - Filho, chegou cedo. Seu pai não veio com você? – Dona Marta foi logo perguntando. - Calma, dona Marta. O seu marido ficou em uma reunião com alguns investidores europeus e pediu que eu viesse para casa, pois somente um de nós já seria o suficiente, segundo ele afirmou. – Explicou o JP. – Mas que bom que estou aqui. Estava com saudades de vê-la aqui à beira da piscina, mamãe. Fico extremamente feliz que a senhora decidiu sair daquele quarto. - A Viviane me convenceu. Sua futura esposa tem sido uma boa companhia. Mas eu estou começando a me preocupar com seus estudos. – Me olhou de forma recriminadora, mas com um sorriso no rosto. A chegada de seu filho mais novo parecia ter sido mais um estimulo para ela. - Estou estudando como sempre, dona Marta. Não precisa se preocupar. Mas na verdade, essa fase final do curso, mal temos aulas presenciais com os professores. Estou na fase do trabalho de conc
João FelipeDezoito meses depoisA vista da janela da minha sala, no edifício comercial que sediava a filial da Mendes de Albuquerque em Nova York, era espetacular. Da altura onde me encontrava, no trigésimo andar do prédio, eu podia ver grande parte da magnifica cidade, mundialmente conhecida e destino desejado de muitos.Eu havia conseguido alcançar todos os objetivos as quais me propus no decorrer desses últimos meses e estava muito satisfeito comigo mesmo e com tudo o que eu havia realizado. Mas era só isso.Não me sentia feliz e o trabalho não estava mais me motivando como antes. A prova disso era que já fazia mais de meia hora que eu tinha um relatório importantíssimo em cima de minha mesa e disposição zero para analisa-lo. Preocupante.Eu precisava emitir alguns pareceres sobre diversas
Viviane- Vocês poderiam aproveitar que a Sarinha está dormindo e ir fazer algum programa de casal. Desde que a minha neta nasceu que não os vejo saírem sozinhos. Estão sempre cercados de outras pessoas. – Dona Marta jogou, sem mais nem menos, essa colocação.O João Pedro me olhou de maneira conspiratória e eu apenas sorri. Estávamos na mansão, reunidos a mesa da grande sala de jantar dos Mendes de Albuquerque. Além de nós dois e a Marta, estavam também o senhor Rodolfo e os nossos amigos, a Júlia, o César e a Cecília.- Marta, você só está procurando um motivo para ficar com a Sarinha só para você. Todos nós sabemos que você faz de tudo para que a Vivi fique fora de casa. – O pai do JP falou brincalhão, fazendo com que todos caíssem na gargal
VivianeDepois de um domingo cheio de animação e risadas, a segunda feira começou radiante. Estava um lindo dia e depois de tomarmos café da manhã toda a família reunida, o JP e o seu pai foram para a empresa, enquanto eu e dona Marta fomos encontrar com a organizadora do buffet da festa da Sarah.- Eu preferia ficar em casa com a minha neta. - Reclamou Marta, quando já estávamos dentro do carro, a caminho da empresa de buffet contratada para o evento.Sorri e balancei a cabeça de um lado para o outro, em sinal de incredulidade.- E por que a senhora não ficou?- Preciso ter certeza que vai ser tudo perfeito para a nossa princesinha.- Não confia em mim para escolher o menu sozinha? - Brinquei, pois tinha certeza que não era esse o motivo.- Não, querida! Confio plenamente em você. Mas eu quero participar de tudo que diz re
João FelipeEntrei em meu apartamento e fui logo me jogando no confortável sofá. Estava exausto e ainda era terça feira. Mas não poderia ser diferente, uma vez que trabalhei durante todo o fim de semana passado.Estava negociando um contrato multimilionário com uma empresa europeia, sediada no Reino Unido e havia sido necessário dedicar o que seria meu tempo livre, em prol de encontros de negócios com alguns investidores, para fecharmos algumas questões mais complexas. Como eles tinham compromissos na Holanda durante a semana, marcamos então essas reuniões para o sábado e a tarde de domingo.Agora eu me sentia cansado e sem paciência alguma, uma vez que dormi muito pouco, preparando os contratos e me reunindo por vídeo conferência com o setor jurídico de nossa empresa, que ficava em nossa matriz em São Paulo.O Miguel havia
VivianeNo dia seguinte, depois de tomar café todos juntos, o João Pedro foi para empresa e o Fabiano foi deixar os seus pais no Aeroporto, depois de uma longa despedida deles e a Sarinha. Minha filha ainda não conseguia entender muita coisa, mas o tom choroso de Marta e Rodolfo fazia com que ela ficasse triste, mesmo sem ter compreensão de que os avós passariam vários dias distantes. Meus pais estavam na propriedade, na casa na qual morou por tantos anos, pois tinham vindo para o aniversário da neta e logo a Sarah estava as gargalhadas, brincando com minha mãe no gramado do jardim.Aproveitei a tarde para desembrulhar os presentes que haviam chegado durante a semana anterior e eu não tinha aberto ainda. Junto com minha mãe e a Sarinha, passamos uma tarde muito agradável, entre risadas e muitas brincadeiras. O meu pai era um pouco mais reservado, mas a neta conseguia fazer com
João FelipeMeus pais haviam me ligado no período da tarde, informando que já se encontravam em meu apartamento e que a viagem havia sido tranquila. Apesar de estar com saudades deles, eu precisei concluir alguns negócios antes de poder ir para casa vê-los.Assim que entrei, apenas pelo clima do lugar, eu podia sentir que não estava sozinho e essa sensação de chegar em casa e encontrar com a minha família era muito boa e eu nem tinha ideia do quanto senti falta disso.- Boa noite, filho! - Logo meu pai levantou-se do sofá onde estava quando cheguei e me abraçou. - Estava com muita saudade do meu filho.Soltou-me do seu abraço e me olhou, como se avaliasse a minha aparência. Diante de seu olhar de desagrado e antes que ele pudesse falar qualquer coisa, eu me adiantei e perguntei pela mamãe.- Está descansando no quarto. A viagem a d