6: Ordens de uma força maior
Aggrive, no castelo, resolveu dar ordens iniciais de cobrança de impostos atrasados que o rei perdoou devido a problemas financeiros que lojistas e todo tipo de comerciantes teve em momentos passados. Aggrive, como boa rukiana que era, tinha em uma enorme lista todos os nomes de devedores, agiotas, lojistas que iam bem no comércio e famílias que faziam negócios externos e podiam ter boas somas em seus lares. E quando conseguiu prender os guardas de Madrolan, junto com os funcionários que lhe eram leais, tratou de fazer seu plano andar, para desaprovação de Makrin e Nazariv, é claro. Ela os ignorou, sabendo que secretamente a aprovavam e iriam, de qualquer forma, usufruir de sua “imprudência”, como chamavam sua atitude. Seria uma surpresa e tanto para a pestinha da princesa, com certeza, ver seus funcionários adorados substituídos por criminosos e prostitutas que antes estavam presos nas celas do castelo aguardando julgamento. Havia muitos deles, o reino mantinha guardas vigiando todas as regiões de Yongard, e Aggrive recolheu os guardas leais a Madrolan, os hipnotizou com um de seus pequenos feitiços, e os deixou presos nas celas para serem linchados pelos criminosos, e, assim, os mesmos criminosos agora vestiam os uniformes dos guardas, e carregavam o brasão de Rukinfillir. Isso foi realmente conveniente, e ao menos aquilo Makrin pôde elogiar no plano de Aggrive, que se sentiu finalmente reconhecida. Era tarde da noite, e as novas cozinheiras seguiam as receitas nativas de Rukinfillir para o banquete, que seria o início do fim do reinado de Madrolan e Liriel, e o início do levante rukiano. Assim ela sonhava, enquanto andava sorridente ao quarto de Liriel para ordenar que viesse ao jantar. Ela acertou as portas com fortes batidas de seu punho fechado.– Abra esta porta, garota. Hora de se levantar e sair daí, o jantar será servido e eu tenho anúncios a fazer – Ela parou para escutar alguns momentos, e não ouviu nada. Bateu com mais força e gritou – Saia daí, sua pestinha miserável! As coisas vão mudar no castelo, então é melhor cooperar! – Nada, ainda. Silêncio, e isso estava tirando a paciência de Aggrive ao ponto de seu rosto ficar vermelho. Chamou alguns de seus guardas para botar a porta abaixo, que estranhamente estava trancada. “Ela não estava assim antes”, Aggrive pensou enquanto os guardas plantavam chutes nas portas até abri-las com violência. Quando as portas foram abertas, a cama estava completamente desfeita, sem nenhum lençol nem nada. Mas os lençóis ainda estavam no quarto: uma longa corda de tecido amarrado e amarrotado ia em direção da decoração do parapeito para o pátio externo, e Aggrive percebeu que as roupas da criada que levara a refeição de Liriel estavam espalhadas pelo quarto, o guarda-roupa da princesa estava mexido, e um vestido faltava, junto com outras coisas. O urro da esposa do rei foi a coisa mais selvagem e hedionda que os guardas já ouviram em toda a sua vida. A raiva que ela sentiu não se igualava a nada antes sentido em sua vida, pois a vitória estava tão próxima de suas mãos... E agora a princesa estava fugida. Aquilo poria tudo a perder se a nova auto proclamada rainha não fizesse algo rápido. “Já que os guardas estão cobrando impostos nas ruas, vou ordenar que cacem a maldita princesa...”, ela resmungava, mas sabia que precisava achar uma forma de ocultar seus planos para, pelo menos, manter um pouco mais de discrição e não perder o controle da situação. A ordem que deu, então, foi de achar a criada desaparecida que seqüestrara a princesa Liriel. “Isso, genial! Ao menos assim vão ignorar a cobrança dos impostos, a população idiota de Yongard!”, Aggrive sorria consigo mesma ao chegar a essa conclusão de seus planos. Mas, para minar seu bom humor, lá vinha seu irmão de cara amarrada, como se soubesse das coisas antes dela.– A princesa fugiu? – Makrin perguntou, a expressão de pura irritação em seu rosto.– Sim, fugiu sim, mas é claro que eu já dei um jeito nisso para evitar qualquer outro problema – Aggrive assegurou – Haverá vários guardas nos próximos dias vigiando cada canto da cidade em busca da menina.– E como faremos quando a caravana chegar? A sua imprudência poderá botar tudo a perder se alguém começar a soltar boatos a reinos aliados!– Não será problema – Aggrive continuava segura de si – Eu já pensei nisso também e vou resolver sem falta. Agora mande chamar o meu menino, ele terá um novo papel a desempenhar – E saiu, arrogante. Makrin a observou, enquanto pensava em como aquela situação teria sido evitada se uma série de fatores tivessem sido atendidos com mais cuidado. Numa carranca de nojo, Makrin virou-se e foi em direção ao seu quarto.– Você que pensa, irmã – Ele sussurrou para si mesmo enquanto sumia pelos corredores. ---- Os próximos dias que se seguiram foram um pesadelo em Yongard. A nova guarda dos “cães” da rainha cobraram todos os impostos possíveis nas ruas dos seis distritos da cidade, deixando muita gente ferida, negócios em pedaços, e pessoas irritadas com razão. Mas os guardas diziam que a cobrança de impostos era apenas parte do que o próprio rei não fez quando não pôde, e havia uma questão mais séria e complicada do que ouvir reclamações sobre impostos: a princesa Liriel fora seqüestrada por uma ex-funcionária do castelo, uma garota de nome Grunhyl, que desaparecera das ruas e agora todas as buscas eram focadas nela. Nessa confusão toda, a caravana viajante finalmente havia chegado a Yongard, e todas as atividades de Aggrive foram ocultadas por questões de discrição, mas quando estavam para sair em viagem novamente, foram impedidos.– Por quê? O que significa isso? – Perguntou o líder da caravana.– Ordens da rainha Aggrive, senhor – Um dos guardas, dos antigos criminosos que foram alistados nas forças da rainha, vestia seu uniforme de cores negras, com o emblema azul e branco do cão com grande pompa – A princesa fora raptada por uma empregada ressentida, e há rumores de que ela tenha planejado sua fuga para coincidir com a chegada da caravana, e que pudesse escapar dos olhos vigilantes dos guardas. Pedimos que aguardem até ela ser encontrada. Aquilo, é claro, irritou muito os viajantes e os deixou com grande apreensão por causa da situação toda, não esperavam serem recebidos por um bando de guardas extremamente zelosos e agressivos, até mesmo fazendo acusações e instigando suspeitas silenciosas contra eles, sem dizer em voz alta. Eles começaram a suspeitar uns dos outros também, o que era ruim, pois o clima de festa que costumava existir entre eles já não era mandatório devido à tensão do decreto real e do estado de emergência do castelo. Eles dividiram-se em pequenos assentamentos entre os distritos de Yongard, alguns ficando no Distrito Cinzento, à vista de Perryk, Liriel e Agrur, escondidos na torre abandonada. A princesa sentia-se profundamente deprimida com tudo aquilo, pois se queriam investigar Aggrive e revelar seus esquemas ao rei, agora não podiam pôr os pés na rua sem serem interrogados de seus paradeiros, o que faziam, o que pretendiam, e a paranóia na população já o bastante para gerar pânico quando alguém agia com mínima suspeita indesejada. Os três não podiam sair para buscar mantimentos, e Perryk se preocupava com o estado em que Altruz e Grivian estariam nesse exato momento. E ele pensava em como escapariam daquilo, pois tinham de fugir e buscar ajuda de fora, se quisessem salvar Yongard e o reino de Mekkingard. Pois, pelo que ouviam nas ruas, a cidade estava sitiada e a ninguém era permitido sair, e caso entrasse, ficaria ali. Mensagens não eram enviadas de fora por ninguém que não fosse autorizado pela rainha, pois a situação de sítio se dava por, supostamente, o rapto da princesa. Agrur deu os detalhes a eles conforme ia e vinha, da forma mais discreta que podia, pelas ruas e becos, vendo que tipo de informações ele conseguia juntar quando tinha sorte de ouvir os guardas falando demais. Pelo que ficara aparente, a rainha Aggrive acusava uma criada de rapto, e a caravana estava presa na cidade, e Perryk sentia que isso era nada além de uma bomba relógio que, cedo ou tarde, explodiria com força total. Os resultados seriam caóticos para todo o reino de Mekkingard e os outros feudos, então, ele tinha de pensar em como escapar dali com Liriel e buscar ajuda com quem fosse aliado do rei nas terras vizinhas. Liriel, é claro, ficava sentada na cama velha, vestida de forma mais comportada do que com o camisolão. Dificilmente conversou com Perryk, que a evitava de forma categórica e ela sabia o motivo: ele acreditava ter tido relações com ela, por causa da bebida com ervas tranquilizantes, e quando ela tentou explicar, ao ver o rosto furioso e assustado dele, ele ficou em um silêncio cadáverico. Ela só não esperava que ela fosse beber também, e agora, no fundo de sua mente, uma dúvida esquisita a incomodava. Será que nada tinha acontecido mesmo? Será que deveria se sentir mal? Já não queria mais saber de reino, àquela altura, uma vez que tudo ao seu redor estava desmoronando. Tinha pelo menos de tentar salvar o reino de seu pai, mas e depois? Seria a mesma coisa? Talvez fosse, talvez não, por hora, só podia pensar em como Perryk lidaria com aquela confusão toda. Se ele tinha alguma idéia, não dizia, mas parecia muito mais concentrado em seus cadernos do que antes. Foi no terceiro dia de sítio de Yongard que Liriel ouviu Perryk conversando com seu animal de estimação, planejando alguma coisa maluca. Estavam ambos no último andar da velha torre, e ela no terceiro, como antes. Decidiu que seria uma boa idéia ir ver que planos estavam fazendo, para fugir ou lutar, ou o que quer que fossem fazer. Ela andou devagar pelos degraus até alcançar o último andar, e viu Perryk mostrando um esquema desenhado numa folha a Agrur e o animal concordando e dando dicas. Não notaram a presença dela, ou a ignoraram, pois ela pôde se aproximar e ver o esquema por si própria por cima dos ombros do rapaz. Ela ficou assim por vários minutos, tentando entender os riscos, as palavras, as imagens, respirando em cima do pescoço do rapaz até ele se virar irritado para ela.– Precisa de alguma coisa, princesa? – Ele perguntou com a voz grave, a testa enrugada numa carranca de chateação.– Ah, desculpa... – Liriel se desculpou, abaixando o rosto e olhando para o colo – Eu acordei e ouvi vocês conversando, e decidi dar uma olhada. Que plano é esse que estão fazendo?– O Agrur pode passar despercebido por vários lugares, ele sabe se esconder – Perryk começou a explicar – Então ele vai incitar pro pessoal da caravana fazer outra pequena festa, como se fosse uma feira, pra acalmar os ânimos deles. Nesse meio tempo ele vai roubar quaisquer objetos que possam ser usados na produção de explosivos.– Você sabe fazer bombas?– Um pouco, são bombas de fumaça que vão nos ajudar a escapar e vão causar sérias crises de tosse nos guardas se vierem pra cima da gente.– E o que vamos fazer exatamente? Escapar?– Sim... Pra algum lugar bem longe daqui, buscar ajuda, e sumir no mundo.– Sumir... ? Como assim? – A cor do rosto da princesa sumiu.– Bom, em primeiro lugar tem aquele “probleminha” no qual nos envolvemos, alguns dias atrás – Perryk disse sem olhar para ela, enquanto Agrur fazia correções no mapa do plano – Depois, tem o fato de que vamos escapar do reino atacando forças inimigas dentro das nossas próprias terras, há uma chance enorme de alguém vir atrás de nós e nunca deixar nosso encalço. E por último tem o fato de que desonrei você na sua posição, e o protocolo diz que eu precisaria de um grandioso ato de heroísmo se quiser voltar, e não vou deixar você circulando indefesa por aí.– Não me lembre desse protocolo, papai vive me contando histórias sobre isso de quando aconteceu com ele... – Liriel bufou de raiva. Havia uma antiga lei entre os reinos, estranha e talvez um pouco suicida, que deixava como mandatório para qualquer rapaz que tivesse qualquer ato para com uma garota de classe superior, da nobreza, que ele deveria merecer o perdão ou a mão da garota em questão. Fosse um cortejo indevido, fosse um ato deliberado de desrespeito, o culpado deveria ir em busca de uma missão, dada pelo pai da moça, que diria se ele tinha o direito de cortejá-la, se ele era digno de agir como agia, se merecia o perdão e o título de herói, ou morreria tentando. Assim nasciam vários heróis e vilões das histórias pós-dragões, onde jovens imprudentes e corajosos, ou bem intencionados, iam atrás de aventuras para conquistar o coração de uma donzela que estaria fora de seu alcance devido às diferenças de ambos. E Liriel tinha de ouvir quase todos os dias a história de como seu pai conhecera sua mãe. Ela adorava aquela história, mas lembrava pouco dos detalhes, ou o pai ocultava alguma informação. Nunca se perguntou muito sobre, mas era uma bela história. Pretendia contar a Perryk, mas ele já voltara sua atenção a Agrur, e sentiu como se ele não quisesse discutir o assunto. “Melhor voltar a dormir”, ela pensou, se levantando e voltando ao terceiro andar, onde se jogou na cama e adormeceu devagar. ---- Horas mais tarde, Liriel acordou com os sons de risos, música alta e fogos de artifício estourando. As luzes atingiam seu rosto pela janela, e ela esfregou os olhos conforme se levantava na cama e olhava na direção da janela do terceiro andar. Perryk estava apoiado à parede, olhando para fora com uma expressão entristecida, os braços cruzados e resmungando de vez em quando. Espreguiçou-se, levantou-se e andou até a janela para observar com cuidado. De fato, havia uma festa acontecendo pelo Distrito Cinzento. Risadas, danças, música e alegria corriam pelas ruas e becos de forma organizada e caótica, como se aquilo tivesse sido planejado há semanas. Liriel se encantou, pois sempre vira a caravana e suas atrações de longe, das janelas do castelo, e agora, vendo de tão perto, parecia quase um sonho depois de uma garrafa de vinho de qualidade. Ela via as expressões nos rostos das pessoas, e era tudo tão... Alegre, puro, nem parecia que estavam com medo de uma rainha maligna com soldados cruéis no castelo, e nem mesmo pensar em Aggrive retirou de Liriel o encanto daquela coisa toda. A princesa resolveu comentar com Perryk que seria bom se pudessem ir até lá e participar daquela festança toda, mas quando virou para falar com ele, viu que ele olhava em sua direção com grande intensidade. Ela corou, não sabendo o que aquele olhar queria dizer, quando Perryk enfim falou.– Você quer ir lá, não é?– Bom... Sim – A princesa respondeu sem graça – Mas com você também, é claro. Se pudéssemos, seria divertido...– Então vista-se, oculte bem o rosto.– Espera, como é?– O Agrur me trouxe uma capa e capuz, e as bombas já estão prontas. Podemos dançar um pouco, antes de fugir – Ele olhou mais uma vez para a janela, e Liriel acompanhou seu olhar. Notou que no meio da festança, havia a nítida imagem de um homem bem alto e musculoso, de barba grisalha e cabelo preto com manchas brancas, carregando nos ombros uma menina de cabelos de fogo tão alegre quanto ele. Aquela era a família de Perryk, e talvez aquele fosse o último momento que teria para passar junto com eles.7: Fuga inevitável– E como vamos usar os explosivos? – Liriel perguntou enquanto vestia sua roupa preta.– Nós vamos nos misturar e chegar aos Portões Cinzentos do distrito – Perryk ia explicando enquanto colocava as bombas, grandes bolas redondas e presas por cordas, de cores negras e cinzentas com um estranho pavio – Quando chegarmos aos portões, eu vou jogar elas pra distrair e nocautear os guardas.– Isso eu entendi – Liriel bufou de impaciência – Me refiro a acender elas.– O Agrur vai trazer uma tocha. A princesa balançou a cabeça, conformada
Parte 2: O crescimento 8: Viagem por terras hostis– Corre! – Perryk disse, a ansiedade e o medo queimando sua pele conforme corria pela floresta.– Espera! Perryk! – Liriel, atrás dele, ofegava e tentava acompanhar o passo do rapaz – Vai devagar!– Ali! – Vozes atrás deles gritavam conforme o estampido de passos se aproximava.– Continua correndo, Liriel! Continua correndo! Ela continuou correndo, pois, obviamente, sua vida d
9: Cidades estranhas, gente estranha A viagem de Liriel, Perryk e Agrur levou bons três dias através das terras ao leste de Yongard, cruzando rios e charcos, lagoas e nascentes. O ar era frio, mas agradável debaixo do sol quente das manhãs e das tardes. Havia poucos viajantes ao redor daquelas terras, com vilarejos espalhados e pontilhados pelas planícies feito pontinhos distantes, ou assim pareciam, quando os três subiam algumas das grandes colinas que apareciam no caminho. Em dado momento, Agrur sumiu, deixando Liriel e Perryk sozinhos no acampamento, certa noite. Quando ele voltou, em sua forma na
10: Seguindo um mapa e um sonho Ficou decidido que fariam compras para a viagem ao local destinado no mapa e para a volta, pois pretendiam viajar o caminho todo de volta a Sazzadrav, atravessando as terras de lagoas de Labrengard onde se encontravam e a Zimbrar sem muito atraso. Talvez tivessem de caçar, acampar, mas não faria mal: desde que estivessem em movimento, estaria bom. Os dois compraram muito pão, sal, temperos em pó para ensopados, alguns utensílios para cozinhar, pederneiras, cobertores novos, além de comida seca como carnes e cereais que podiam cozinhar com água, cantis grandes que guarda
11: Pequenos altares nos trouxeram até aqui Perryk não sabia o que esperar do fim da estrada. Em seu sonho, ele vira a imagem de uma grande árvore, como uma enorme sequoia ou um carvalho excepcionalmente grande e velho, tão alto quanto uma torre média do castelo de Yongard. Ele meditava em silêncio enquanto guiava Granner pela estrada que Agrur lhes mostrava em meio ao mato e à lama, achando a menor quantidade de buracos possíveis, e Liriel ficava apenas olhando à frente em silêncio, as mãos pequenas apoiando o rosto delicado numa expressão de tédio. Pudera, a paisagem dificilmente mudava do panorama comum: algumas colinas, algum
12: A descoberta, a fuga prossegue Noite, três dias depois da fuga da depressão do “Templo de Brakhan”, como Agrur decidiu chamar o lugar depois que Perryk lhe explicou os acontecimentos no local. Parecia estranho, realmente inusitado, e o ratagarto teimava em acreditar que acontecera, e pedia constantemente para ver a esfera. Sempre que Perryk a pegava, ela parecia mais brilhante e quente do que antes de passar para as mãos de Agrur, esfriando e ficando menos brilhante. Mas, em qualquer mãos que estivesse, a esfera brilhava suas linhas e desenhos vermelhos de um jeito pulsante, parecendo um c
13: Finalmente, o calor de uma cidade no deserto Makrin não sabia como compensar a idiotice daqueles soldados. Por três dias os soldados não enviavam notícias nem relatórios sobre a caçada e captura. O cristal de comunicação não funcionava, pois sempre que o feiticeiro utilizava o objeto, o outro lado mostrava apenas escuridão, silêncio, e nada mais. E àquela altura, ele não podia dispor de mais um grupo de caça e perserguição para enviar ao local do templo de pedra, uma vez que, na ausência da rainha, ele era como um regente local para Yongard. E isso não poderia deixá-lo mais estr
14: Primeiro os livros e um mapa. Depois, o castelo cor de areia Perryk estava ocupado no quarto da estalagem quando Liriel saiu. Não se importou muito em saber onde ela iria, parecia óbvio que ela faria as compras de que precisavam. E Agrur lhe disse que ficaria de olho nela antes de sumir por uma das janelas. Dando de ombros e resmungando, o rapaz mal respondeu antes de ser deixado sozinho no quarto, entretido que estava com suas anotações. No entanto, sua concentração estava longe de ser por pura diversão ou apenas um planejamento modesto. Não, suas anotações estavam focadas no pesadelo mais rec