Minha mente estava vazia. Não conseguia pensar em nada, ou melhor, eu só conseguia pensar na Sula.O que foi que deu errado?Como a polcia tinha descoberto aquele plano?Leonardo achava que a Alina tinha nos entregado, mas eu não acreditava naquilo. Tinha algo mais por trás daquela denuncia.Desde o início daquela ideia maluca do Leonardo, eu ja estava desconfiando que o avô dele estava maquinando alguma coisa. Ele não deu a menor importancia para os detalhes da operação, apenas insistiu em saber locais e horários da viagem de embarque.Hilal Ramazan, por algum motivo, tinha nos entregado para a polícia. Qual o obejetivo dele? Por que nos queria fora do jogo?Uma ideia passou pela minha cabeça. Ele pretendia fazer alguma coisa com a Alina ou a Sula enquanto estavamos presos ali?Meu corpo gelou e meu coração disparou dentro do peito. Me senti um inútil ali preso, sem saber o que estava contecendo e sem poder fazer nada.Esperava que a ideia insana que o Leonardo teve de pressionar a
Estacionei o carro em frente ao Inter Continental Istanbul, an IHG Hotel, e olhei para o ponto piscando na tela do meu celular.— Ela está aqui.Descemos e avançamos pelo hall de entrada no hotel em direção à recepção.Quando solicitamos um quarto, a moça nem se dignou a levantar os olhos e apenas falou que o hotel estava lotado.Leonardo olhou pra mim e fez sinal para que eu ficasse calado. Enfiou a mão no bolso e se aproximou do balcão.— Eu repito moça. Precisamos de um quarto. Tem certeza que não tem um vazio?A moça olhou disfarçadamente as notas colocadas em baixo do teclado do computador e nos encarou surpresa.— Perdão senhores, vou verificar. Aguarde um momento.Ela voltou com o cartão do hotel nas mãos.— Conseguimos um quarto vago.Sorri cinicamente pra ela.— Obrigada pelo empenho, senhorita.Ela estava obviamente constrangida. Com certeza com medo que alguém descobrisse que tinha aceitado o suborno. Naquela hora, não tínhamos tempo para pensar no caráter da recepcionista.
— Ele morreu Rafa? Por favor, fala que ele morreu!O Rafael me abraçou com força.— Respire fundo e tente ficar calma.Estávamos no apartamento do Léo e eu apenas notei que tinha uma mulher ali conosco. O Léo tinha nos deixado ali e disse que foi buscar a Alina.Ela se aproximou de mim e falou baixo.— Sim. Ele está morto. Eu o matei.Olhei para o Rafael, procurando respostas sobre quem era aquela mulher.Ele apertou os lábios e respirou fundo.— Olhe bem pra ela, meu amor.Confusa fitei o rosto da mulher em minha frente. Ela me encarava meio nervosa e meu coração começou a bater acelerado.O cabelo era bem curtinho, diferente da foto que eu tinha, mas os olhos não tinham como esconder. Eram iguais aos meus.Será que... era minha mãe?Analisei bem a mulher magra e abatida, vestida com uma calça larga e a jaqueta do Leo por cima de uma blusa branca fina.Me soltei do Rafael e fiquei frente a frente com ela.— Você é... minha mãe?Ela começou a chorar e as mãos tremiam, mas não deu um
Leonardo conseguiu esconder a participação da mãe no assassinato de Hilal e a polícia classificou o crime como sem suspeitos.Providenciamos as passagens de volta para o Brasil e dentro de uma semana, arrumamos apenas nossos pertences pessoais e deixamos aquele país que tanto tinha nos causado tristeza.A Zaila veio conosco e ela não deu muitas informações sobre onde ia se estabelecer no Rio de Janeiro. Disse apenas que tinha parentes e que já tinha um lugar para morar.A Alina estava visivelmente aliviada de poder voltar para casa, mas eu percebi que Leonardo estava calado e pensativo. Com certeza estava apreensivo com o rumo que o casamente deles poderiam tomar, agora que não havia mais nenhum perigo para ela.De certa forma, eu ainda estava um pouco preocupado, pois o miserável do Zaruk tinha sumido após a morte de Hilal e eu sabia que ele poderia querer cobrar uma vingança. Era melhor ficar alerta.Chegando ao Rio fomos para o apartamento que Leonardo tinha comprado para estabele
Me aproximei devagar da porta do banheiro e girei o trinco. Estava fechada. Tentei ouvi algum som lá dentro. Nada.Fazia mais de meia hora que ela estava trancada lá dentro e eu não sabia o que fazer.Será que ela passou mal e desmaiou?Comecei a ficar nervosa.Bati na porta devagar.— Mãe...Silêncio.— Mãe, por favor, responde.Ouvi um gemido e o som de soluços.— Vá embora daqui, eu não mereço viver! Meu Deus! O que ela estava fazendo?— Mãe! Por favor abre a porta, eu estou ficando com medo.— Não vou mais atrapalhar você e seu irmão, eu não sirvo pra ser mãe de vocês.Ela não ia abrir a porta. Eu não podia perder tempo.Peguei o telefone e liguei para a Alina.Ela demorou para atender. Com certeza devia estar tão abalada quanto eu, devido à prisão do Léo e do Rafael.— Alina! Por favor me ajuda!— O que aconteceu criança?— Minha mãe. Ela se trancou no banheiro e disse que vai se matar.— Calma Sula, estou indo.Não sei como aguentei esperar a Alina chegar. Meu coração batia fei
Corri os olhos pela sala da audiência.Em minha frente estava o promotor sentado em uma cadeira alta. Mais parecia a cadeira de um juiz esperando para bater o martelo e me condenar.Ao lado dele estava a Alina e o Lucas e à minha direita Leonardo esperava a vez dele falar.O Lucas me encarou por um longo tempo e eu sustentei o olhar dele. Eu já tinha parado de procurar entender porque aquele cara me deixava tão desconfortável. Parecia que algo nos ligava de alguma forma. Ele fez um leve movimento de cabeça, como se estivesse me incentivando. Meu estômago se contraiu de nervosismo e eu tossi me ajeitando na cadeira. Era uma situação muito ruim.O promotor levantou a cabeça e me encarou.— Vamos lá, Rafael, me conte tudo.Respirei fundo. Era tudo ou nada.— Então... eu conheci Leonardo em uma ação policial.Não contei que a tal ação policial foi para impedir que ele entregasse uma mala cheia de cocaína para algum traficante.— Quando descobri que ele era turco eu pedi a ajude dele para
Pensei que tudo estava resolvido, mas não. O desgraçado do Hilal se foi, mas seu cumplice ainda estava disposto a tirar nossa paz.Depois que a Alina deu a notícia que Angélica tinha sido sequestrada por Zaruk Madal, fomos todos para a delegacia e agora estávamos na escuta da ligação entre ele e Leonardo tentando descobrir o paradeiro da mãe dele.A notícia foi como uma bomba sobre nossas cabeças. Nem bem tínhamos descansado dos dias naquela prisão, agora teríamos que salvar a mãe do Léo das mãos daquele miserável.O Lucas estava ali conosco e me olhava agora de forma estranha. Que porra aquele cara tinha a ver comigo?Voltei minha atenção para Leonardo que conversava com Zaruk estendendo a conversa para dar tempo de rastrear a ligação.— Fala, seu merda! Diz onde minha mãe está.— Você vai aliviar minha barra nessa porcaria de delação que sua mulherzinha arrumou ou não?Trinquei os dentes de raiva.— Não vou falar nada, agora solte minha mãe.O promotor escutava do aparelho, que est
Passei metade da noite acordado, vigiando o sono da Sulamita. Sono era apenas maneira de dizer, porque a cada instante ela acordava, se debatendo e chorando.Meu coração estava apertado. Achamos por bem, contar logo a ela o que tinha acontecido a respeito do sequestro da mãe dela, e do fim do Zaruk. A Sula precisava encarar os problemas da vida e aprender a se fortalecer com eles, mas para ela, que era uma menina tão cheia de traumas, aquilo não era fácil.De tudo aquilo que vivemos nos últimos meses, a única coisa boa foi a presença da Alina em nossas vidas. Ela chegou e revirou tudo ao nosso redor. A mulher era uma fortaleza e meu amigo estava louco por ela.Eu estava feliz por ele. Leonardo passou por maus bocados na vida e desde que estávamos juntos há mais de dez anos, tudo que ele fez foi pensando na mãe e na irmã e agora ele merecia um pouco de felicidade.Olhei o relógio da mesinha de cabeceira: 05:00 e o dia ameaçava clarear pela cortina da janela. Fui até lá e fechei, escure