Leonardo me olhava surpreso.— Você fez o que?Sustentei o olhar dele.— Comprei um telefone para ela. Aquele traste do seu avô tomou o celular da menina.Estávamos sentados em uma mesa no fundo do bar que costumávamos frequentar. Pela primeira vez eu não estava me sentindo bem ali, principalmente por que a garota que trabalhava ali como garçonete e que ficava comigo de vez em quando não parava de me olhar. Eu não estava com cabeça para mulheres naquela hora. — Como ela passou esses dias?Encolhi os ombros.— Do mesmo jeito. Acho que estava sentindo sua falta.Ele parecia preocupado.— Não consigo entender por que ela parou de falar. Meu Deus! Isso não faz sentido.— Porra cara! Não estava nos nossos planos que eu fosse escoltar sua irmã, meu objetivo naquela casa é outro e você sabe qual é.Ele me olhou sério.— Vai me deixar sozinho agora? Eu não sei como cuidar dela.Eu estava agoniado, por que agora eu também estava preocupado com ela.— Vou segurar a onda um pouco, mas não pense
Pensei mil vezes se passaria a noite de natal ali, ou se deveria ir ao Brasil, mas de repente uma ideia me passou pela cabeça.Leonardo me avisou que haveria uma festa na mansão e talvez aquela fosse a minha chance de matar Hilal Ramazan sem levantar suspeitas. Aos poucos abandonei a ideia de enfrentá-lo cara a cara e atirar nele. Aquela casa vivia cheia de seguranças e eu seria morto no primeiro suspiro se atirasse no homem a queima roupa. Com a casa cheia de gente, talvez fosse mais fácil executar meu plano. Minha arma tinha silenciador, então bastava achar o melhor ângulo e disparar. Todos ali seriam suspeitos e se eu fizesse tudo bem planejado, ninguém nunca descobriria.Por mim, eu já teria acabado com a raça daquele infeliz e ido para a cadeia, mas no fundo eu acabei me segurando para não fazer aquilo na presença da Sulamita. A menina parecia confiar em mim a cada dia que passava e eu não queria destruir a imagem que ela tinha de mim.Me recusei a pensar que já se passara seis m
A mansão estava cheia de gente. A maioria eram pessoas do círculo de Hilal Ramazan e eu reconheci alguns empresários de fachada que ele fazia negócios escusos, escondidos sob o nome da fábrica de tecidos. Mulheres fúteis, amantes dos criminosos. A esposa deveria estar em casa chorando a ausência daqueles merdas na noite de natal.Virei a garrafa de cerveja e procurei a Sula com o olhar. Onde ela estava? Leonardo conversava com a Zaila na cozinha.Olhei fixamente a figura austera de Hilal Ramazan. Quem o visse de longe acharia que era um exímio pai de família. Era um assassino e eu pretendia matá-lo naquela noite. Toquei o cabo da pistola por baixo da jaqueta de couro preta que eu usava e respirei fundo. Tinha que ser hoje.Novamente olhei ao redor. Onde estava aquela garota?Coloquei a garrafa de cerveja vazia sobre a mesa e estava indo falar com o Léo, quando meu celular vibrou no meu bolso.Olhei o visor e meu coração acelerou.“ Rafael, me ajuda!”Olhei em volta. O Leo saia da cozi
Aquele era um dia feliz pra mim.Era meu aniversário de dezesseis anos e eu estava no apartamento do Léo. Nós vamos jantar juntos. Apenas eu, ele e o Rafael. Não tinha coisa melhor do que passar meu aniversario longe daquela casa.Leonardo comprou um bolo e pediu uma pizza.Eles tinham saído para comprar um presente pra mim e eu aproveitei para tomar um banho e me arrumar um pouco. Hoje eu tiraria aquele moletom caindo aos pedaços e vestiria algo bonito. Ali eu estava protegida. Pelo menos naquela noite eu não corria perigo. O dia seguinte era algo que eu não queria pensar naquela hora.Tomei banho e lavei os cabelos, demorando um longo tempo embaixo da agua quente. Eu gostava de ficar ali e naqueles últimos meses o Léo tinha me levado várias vezes par ficar com eles. Aqueles eram os melhores dias da minha vida. Lógico que o bandido do meu avô tentou impedir, mas o Léo foi firme e o enfrentou.Pelo menos eu podia respirar um pouco longe da maldade de Hilal Ramazan. Minha mente também
Onde ele tinha ido? Por que estava demorando tanto?Tentei fechar os olhos e conciliar o sono, mas meu ouvido estava atento para ouvir quando a porta se abrisse.Leonardo tinha perguntado se eu me importava de ficar sozinha um pouco pois ele tinha um compromisso. Era mentira, eu sabia que ele queria encontrar alguma mulher, mas eu não queria atrapalhar a vida do meu irmão. Ele tinha direito de namorar. Mas e o Rafael? Ele também tinha saído para procurar alguém? Eu não queria pensar naquela possibilidade. Mesmo eu sabendo que não poderia ter nada com ele, imaginar ele com outra mulher, fazia meu peito se apertar de um jeito muito doloroso.Por que ele tinha me beijado? E por que eu tinha gostado?Nunca pensei que eu fosse deixar um homem me beijar, mas não era qualquer homem, era o meu Rafael e eu confiava nele.Virei na cama e olhei o relógio. Fazia duas horas que ele tinha saído.Volta Rafa, por favor.A chave girou lentamente na fechadura e eu pulei da cama.Cheguei na sala antes m
Olhei para Leonardo pensando como eu abordaria aquele assunto.— Eu... preciso ir ao Brasil. Tenho um assunto para resolver lá.Ele me olhou meio sem entender por que eu estava dando explicações.— Então vá, você está me pedindo permissão é?Troquei de um pé para outro desconfortável.-Não... mas é que eu tenho que acompanhar a Sula e... eu não sei se você vai poder estar sempre com ela.Ele franziu a testa.— Calma ai cara, você é só o segurança dela. Tem sua vida particular pra viver também.Como dizer a ele que eu não confiava em ninguém pra cuidar dela e que minha vida particular era a vida dela também?— Eu sei, mas ela está triste de novo esses dias, você não acha?Já tinha se passado cerca de um mês desde o aniversário de dezesseis anos dela e de repente, ela mergulhou de novo em uma depressão profunda e quase não saia do quarto.Leonardo respirou fundo.— Eu já não sei mais o que fazer Rafa, ela parece cada dia mais reclusa e os médicos não descobrem nada.— Não acho que aquil
De longe avistei o Damon me esperando na fila do desembarque.Que saudades daquele safado!Empurrei o portão e joguei a mochila no chão, abraçando meu amigo que eu não via fazia um ano.— Porra cara, por que demorou tanto?Olhei bem para ele. Estava mais velho, mas era o mesmo Damon de sempre.— Estou aqui meu amigo e quero saber de tudo.Ele estava sem farda.— Tá de folga?Ele sorriu pegando minha mochila.— Pedi dispensa, pra vim buscar um amigo ingrato no aeroporto.Passei o braço pelo ombro dele e fomos andando em direção ao estacionamento.— Não diga isso, eu estou em uma missão muito especial.— Não matou aquele homem ainda?A pergunta dele me pegou de surpresa, por que a missão que eu tinha me referido agora era outra.— Vamos, depois eu te conto em detalhes.Ele se aproximou de uma moto preta, bem a cara dele.— Uau! Que máquina!Ele passou a mão pelo guidão da moto.— Não é linda?— Perfeita!— Então sobe ai, vai ficar onde?— Tem mulher na sua casa?Ele torceu os lábios.—
Apesar de sempre morar no Rio de Janeiro, eu nunca tinha ido a Niterói.Damon insistiu em me acompanhar e agora dirigia o carro do pai: um jipe antigo e bem conservado. Ele estava quieto desde a noite anterior e eu sabia que era por causa da notícia que ele tinha recebido.O comandante tinha ligado avisando que ele seria transferido justamente para Niterói. Era uma boa promoção. Ele seria chefe, ganharia mais, porém aquele era o último lugar que ele queria ir. A Juliete estava morando lá com o marido.Ele dirigia calado e eu aproveite para observar a vista de cima da ponte Rio-Niterói.Era um lugar bonito, mas minha mente estava dividida e só pensava em duas coisas: Na Sulamita sozinha em casa e em como encontrar meu irmão.Respirei fundo e perscrutei o rosto do meu amigo.— E agora? Se você a encontrar o que vai fazer?Ele riu nervoso.— Se eu a encontrar não. Eu vou encontrá-la.Não gostei do tom dele.— Como assim? O que vai fazer?Ele me olhou sério.— Vou atrás da minha mulher, R