Não havia mais tempo a esperar, Otávio sumiu e Olga também, se não sumiram era proposital o seu desaparecimento, como filho reconhecido evitava muito trabalho, como coletar amostra e provar que era pai e filho, mas na falta de Otávio, pedi a minha tia que levasse Atos, os encontrei no hospital.E sem esperar mais, foi preciso fazer o teste, ali estava a verdade que tanto neguei, Lucas em coma, grande e o meu filho já o salvava, era apenas algumas amostras de plaquetas, tão novinho não poderia doar muito, seu pai já havia doado, se Otávio aparecesse seria melhor.Após a doação, os cuidados foram reforçados, entre Atos, senhor Aloisio e Lucas a minha casa virou uma bagunça, até mesmo a senhora Ivone parecia morar por lá, Edna ficou novamente na direção da empresa, eu tive que engolir o meu orgulho, e cuidar dele, Lucas estava ali tão indefeso que eu me perguntei se foi certo que fiz, deixar ele pra Olga foi covardia minha. Dois dias após o acidente, ele acordou, ficou me olhando por
Não sei quanto tempo se passou, ainda de olhos fechados senti o cheiro, era familiar, eu gosto deste cheiro ao fundo parecia tocar um soneto de Choppin, a sala estava tão silenciosa que por um instante pensei não haver nada e nem ninguém ali. Abri os olhos lentamente quando o dedo deslizou entre os meus lábios, não era sonho, era real eu senti o calor daquele dedo em mim, passou entre as linhas da testa, as sobrancelhas, passou sobre cada olho e em seguida escorregou sobre o meu nariz, quando desenhou o meu lábio superior, senti o perfume, e logo gostei disso.Era quente e talvez a melhor maneira de ser desperto, ao tocar o inferior abri os olhos, pensei ser uma ilusão da minha cabeça, mas ao ver o par de olhos negros me olhando, ela retirou a sua mão sem ao menos me deixar apreciar nada em seu rosto, a mulher mudou por completo e sumiu, vieram médicos e enfermeiras, me fizeram perguntas que respondi com sim e não. Quando saiu não retornou mais, ela não me disse nada, era Liz a meu
Para mim, Lucas estava apenas delirando, mas o que fazer? Ficar em casa esperando e esperando? Era a única opção ou seguir um louco. — Senhor não tenh... —E de uma maneira estranha ele reagiu, foi pra cima do segurança que trabalhava no prédio, tomou a sua arma, apontou pra ele. — Abre abre agora, se fosse os seus filhos... — Mais mesmo com uma arma apontada pra o homem, ele negou, negava. — Senhor Tyler eu entendo, Senhorita Liz por favor não veja como algo pessoal eu não tenho as... — Já estava assentindo, afirmei mas logo os disparos me assustaram, Lucas com a cabeça enfaixada, atirou três vezes contra o portão de zinco, atirou mais uma. — Quem esta aí? — Ouvimos voz de uma mulher, estava trancado do outro lado. Com golpes ele começou a chutar, tentando abrir. — Por favor nos ajude senhor. Peço por tudo que for sagrado. — Se não disse quem é eu... — Era ela, a voz de Olga veio, desta vez. Me arrepiei por inteiro quando ouvir, não restava mais dúvidas, Lucas tinha razão o tempo in
Desamarei a senhora Cassandra com pressa, quando ela levantou tentou me levar consigo. — Olha o que você fez seu idiota! — A empurrei quando Olga disse isso em voz alta, a senhora Cassandra queria me levar, mas alguém tinha que ficar. — Filho da puta! Os tiros foram dados, Olga atirou no homem e não foi só uma vez. — Olga o que vo... — Ela me olhou inreconhecivel. — Imagina o que vai acontecer com você, Lucas, você deixou a sua vagabunda escapar? Sério? Sabe tudo que eu fiz pra salvar o nosso amor? E você se envolve com a vagabunda da filha do Fernando? E agora prefere liberta-la do que escapar? — Eu amo Lizandra, Olga e não vai ser a morte que vai tirar o meu amor, pode me matar, já que esse prazer eu não vou te dá de fazer isso com ela. — Começou a ri, limpou a manga do moletom que escorria sangue na boca. —Acha mesmo que a sua puta e a sua tropa vai escapar? Acha que eu não pensei em tudo Lucas? Fechei os olhos, o que ela fez? — Mandei colocar fogo em tudo, esse idiota faz tudo
Da Luxus não restou nada, além do nome, a fama e as paredes daquele lugar, ainda amanhecia o dia quando os funcionários começou a chegar, desta vez não era para trabalhar, eu vi o sonho do senhor Aloisio, da senhora Angêla Tyler que eu nem conheci, virar chamas, depois fumaças e por fim cinzas. O senhor Aloisio não estava preocupado com o prédio, na verdade ele já tomava o soro indo de um lado pra o outro, atento, eufórico, seu amor não era a empresa, era ele, seu filho, meu amor também, pai das duas crianças que dormiam em meio a tudo aquilo, nas macas do samu, a minha tia estava deitada por causa das pancadas que levou na perna.Meus olhos fritavam olhando para a equipe de resgate, quando desceram com Olga, ela estava intacta, baleada, sangrando muito, e morta, sem vida alguma em seu corpo, Lucas tornou-se um assassino, o povo da reportagem e das fofocas cairam sobre ele de vez. Lucas morreria como um assassino, mas pra mim como um herói, fiquei parada vendo que abri mão de tanto p
Após a tarde que acordei, as visitas de Liz se tornaram limitadas. A situação da luxus não era boa, em todos os jornais sempre passava o edício em cinzas, o local ficou inreconhecível, deitado numa cama recebendo visitas por hora, flores e outros presentes, tudo aquilo me incomodava. Meu pai demorou em torno de três dias para aparecer, e logo concluir que ele havia virado as costas pra mim. Mas na Terça-feira pela manhã, o homem que me sempre chamei de pai atravessou a porta sério, de calça jeans, blusa gola polo me surpreendendo muito. — E ai campeão? — Estas foram suas primeiras palavras ao entrar. Aproximou-se tocando em minha barriga, a enfermeira saiu com pressa. — Pai. — O vi sorri me olhando de pé, sério, e com muitas rugas na testa. — Filho, não sabe como me sinto feliz em te ver me chamar assim, esta vivo meu filho. — Continuei deitado, em festa estava era o meu peito, por ele esta ali daquele jeito, mas o peso na consciência era maior. — Pai me perdoa, o senhor sempre ten
A semana passou com pressa, o tempo corria diante dos meus olhos, ia ver Lucas no hospital duas vezes na semana, com pressa, foi numa quarta-feira pela manhã que se acopla com o engenheiro da obra, me ligaram. — Senhorita Albuquerque ou senhor Lucas estará chapado esta tarde, a senhorita que busca virá? — Fiquei parada de forma estática com o celular na orelha, ele de fato se tornou a minha responsabilidade.— Senhorit...— A voz da mulher veio mais uma vez, da última vez que Lucas recebeu alta, eu não dei resposta e de fato não fui, agora em meio a uma correria enorme, só cabia dizer sim.- Sim, eu irei busca-lo, obrigado por me avisar. — A mulher era gentil, presume que já teve que ter visto algumas vezes na recepção. Voltei a reunião, mas a minha cabeça estava nele, de certa forma acabei assumindo o papel de sua mulher sem ser de fato.Depois ver como o engenheiro organizou tudo, eu não entendi nada sobre construção, e principalmente sobre edificios, mas estava ali, fingindo entend,
Com a ajuda de Liz, matriculei Otávio na creche, para estudar junto com Atos, fiquei em sua casa por dois dias, quando o meu pai chegou, mudamos para a cobertura, ver que o meu velho abriu mão da sua casa, por minha causa, e das minhas péssimas escolhas era tormento sem fim. Convivendo os três na cobertura, eu, ele e Otávio, me recuperei com pressa, era preciso arregaçar as mangas para recomeçar, Liz não parava, vê-la tomar a frente de tudo como uma mulher de nível supremo, apenas me fazia sentir as nossas diferenças, mas apesar de tantos homens mostrasse interessado, ela parecia não querer ninguém entre aqueles empresários, sendo amigos ou não do seu pai.Ainda trabalhando na sua casa, era tarde, sentei pra fazer os calculos dos custos total de toda a montagem de equipamentos da empresa, pois apesar de todos me insentarem da culpa, ela ainda estava em meus ombros, por tudo que houve, não fiz escolhas, o certo era arregaçar as mangas e enfiar a mão no trabalho como os demais, entre c