Era mais que meia noite, o celular tocou sobre a mesa, desviei meus olhos da tela do computador para ele, franzi o cenho com um curto sorriso na boca. — Senhor Aloi...— Liz, preciso de um favor seu, urgente. — Ele nem mesmo me deixou falar, um cumprimento de leve. — O que houve? — Questionei temendo que estivesse ruim. — Liz, estou com Otávio aqui em casa, liguei pra o inresponsável do pai dele, que até agora não veio, não sei o que houve... mas...— Pra que o senhor precisa de mim? — Perguntei franzindo o cenho, ao escuta-la, nem mesmo deixei terminar a frase. — Liz o Otávio é totalmente diferente do Atos, ele nã come frutas, verduras, só come industrializados, acho que ele comeu algo e...— Ok, o senhor traz ele ou eu irei? — Na verdade eu já estou com ele aqui no carro, não sei o que houve com Lucas, e com a mãe desta criança, mas desde que a policia me contatou ninguém veio atrás dele, não sei o que devo fazer, abandona-lo não posso, é meu neto, além disso é uma criança.— Evide
Não havia mais tempo a esperar, Otávio sumiu e Olga também, se não sumiram era proposital o seu desaparecimento, como filho reconhecido evitava muito trabalho, como coletar amostra e provar que era pai e filho, mas na falta de Otávio, pedi a minha tia que levasse Atos, os encontrei no hospital.E sem esperar mais, foi preciso fazer o teste, ali estava a verdade que tanto neguei, Lucas em coma, grande e o meu filho já o salvava, era apenas algumas amostras de plaquetas, tão novinho não poderia doar muito, seu pai já havia doado, se Otávio aparecesse seria melhor.Após a doação, os cuidados foram reforçados, entre Atos, senhor Aloisio e Lucas a minha casa virou uma bagunça, até mesmo a senhora Ivone parecia morar por lá, Edna ficou novamente na direção da empresa, eu tive que engolir o meu orgulho, e cuidar dele, Lucas estava ali tão indefeso que eu me perguntei se foi certo que fiz, deixar ele pra Olga foi covardia minha. Dois dias após o acidente, ele acordou, ficou me olhando por
Não sei quanto tempo se passou, ainda de olhos fechados senti o cheiro, era familiar, eu gosto deste cheiro ao fundo parecia tocar um soneto de Choppin, a sala estava tão silenciosa que por um instante pensei não haver nada e nem ninguém ali. Abri os olhos lentamente quando o dedo deslizou entre os meus lábios, não era sonho, era real eu senti o calor daquele dedo em mim, passou entre as linhas da testa, as sobrancelhas, passou sobre cada olho e em seguida escorregou sobre o meu nariz, quando desenhou o meu lábio superior, senti o perfume, e logo gostei disso.Era quente e talvez a melhor maneira de ser desperto, ao tocar o inferior abri os olhos, pensei ser uma ilusão da minha cabeça, mas ao ver o par de olhos negros me olhando, ela retirou a sua mão sem ao menos me deixar apreciar nada em seu rosto, a mulher mudou por completo e sumiu, vieram médicos e enfermeiras, me fizeram perguntas que respondi com sim e não. Quando saiu não retornou mais, ela não me disse nada, era Liz a meu
Para mim, Lucas estava apenas delirando, mas o que fazer? Ficar em casa esperando e esperando? Era a única opção ou seguir um louco. — Senhor não tenh... —E de uma maneira estranha ele reagiu, foi pra cima do segurança que trabalhava no prédio, tomou a sua arma, apontou pra ele. — Abre abre agora, se fosse os seus filhos... — Mais mesmo com uma arma apontada pra o homem, ele negou, negava. — Senhor Tyler eu entendo, Senhorita Liz por favor não veja como algo pessoal eu não tenho as... — Já estava assentindo, afirmei mas logo os disparos me assustaram, Lucas com a cabeça enfaixada, atirou três vezes contra o portão de zinco, atirou mais uma. — Quem esta aí? — Ouvimos voz de uma mulher, estava trancado do outro lado. Com golpes ele começou a chutar, tentando abrir. — Por favor nos ajude senhor. Peço por tudo que for sagrado. — Se não disse quem é eu... — Era ela, a voz de Olga veio, desta vez. Me arrepiei por inteiro quando ouvir, não restava mais dúvidas, Lucas tinha razão o tempo in
Desamarei a senhora Cassandra com pressa, quando ela levantou tentou me levar consigo. — Olha o que você fez seu idiota! — A empurrei quando Olga disse isso em voz alta, a senhora Cassandra queria me levar, mas alguém tinha que ficar. — Filho da puta! Os tiros foram dados, Olga atirou no homem e não foi só uma vez. — Olga o que vo... — Ela me olhou inreconhecivel. — Imagina o que vai acontecer com você, Lucas, você deixou a sua vagabunda escapar? Sério? Sabe tudo que eu fiz pra salvar o nosso amor? E você se envolve com a vagabunda da filha do Fernando? E agora prefere liberta-la do que escapar? — Eu amo Lizandra, Olga e não vai ser a morte que vai tirar o meu amor, pode me matar, já que esse prazer eu não vou te dá de fazer isso com ela. — Começou a ri, limpou a manga do moletom que escorria sangue na boca. —Acha mesmo que a sua puta e a sua tropa vai escapar? Acha que eu não pensei em tudo Lucas? Fechei os olhos, o que ela fez? — Mandei colocar fogo em tudo, esse idiota faz tudo
Da Luxus não restou nada, além do nome, a fama e as paredes daquele lugar, ainda amanhecia o dia quando os funcionários começou a chegar, desta vez não era para trabalhar, eu vi o sonho do senhor Aloisio, da senhora Angêla Tyler que eu nem conheci, virar chamas, depois fumaças e por fim cinzas. O senhor Aloisio não estava preocupado com o prédio, na verdade ele já tomava o soro indo de um lado pra o outro, atento, eufórico, seu amor não era a empresa, era ele, seu filho, meu amor também, pai das duas crianças que dormiam em meio a tudo aquilo, nas macas do samu, a minha tia estava deitada por causa das pancadas que levou na perna.Meus olhos fritavam olhando para a equipe de resgate, quando desceram com Olga, ela estava intacta, baleada, sangrando muito, e morta, sem vida alguma em seu corpo, Lucas tornou-se um assassino, o povo da reportagem e das fofocas cairam sobre ele de vez. Lucas morreria como um assassino, mas pra mim como um herói, fiquei parada vendo que abri mão de tanto p
Após a tarde que acordei, as visitas de Liz se tornaram limitadas. A situação da luxus não era boa, em todos os jornais sempre passava o edício em cinzas, o local ficou inreconhecível, deitado numa cama recebendo visitas por hora, flores e outros presentes, tudo aquilo me incomodava. Meu pai demorou em torno de três dias para aparecer, e logo concluir que ele havia virado as costas pra mim. Mas na Terça-feira pela manhã, o homem que me sempre chamei de pai atravessou a porta sério, de calça jeans, blusa gola polo me surpreendendo muito. — E ai campeão? — Estas foram suas primeiras palavras ao entrar. Aproximou-se tocando em minha barriga, a enfermeira saiu com pressa. — Pai. — O vi sorri me olhando de pé, sério, e com muitas rugas na testa. — Filho, não sabe como me sinto feliz em te ver me chamar assim, esta vivo meu filho. — Continuei deitado, em festa estava era o meu peito, por ele esta ali daquele jeito, mas o peso na consciência era maior. — Pai me perdoa, o senhor sempre ten
A semana passou com pressa, o tempo corria diante dos meus olhos, ia ver Lucas no hospital duas vezes na semana, com pressa, foi numa quarta-feira pela manhã que se acopla com o engenheiro da obra, me ligaram. — Senhorita Albuquerque ou senhor Lucas estará chapado esta tarde, a senhorita que busca virá? — Fiquei parada de forma estática com o celular na orelha, ele de fato se tornou a minha responsabilidade.— Senhorit...— A voz da mulher veio mais uma vez, da última vez que Lucas recebeu alta, eu não dei resposta e de fato não fui, agora em meio a uma correria enorme, só cabia dizer sim.- Sim, eu irei busca-lo, obrigado por me avisar. — A mulher era gentil, presume que já teve que ter visto algumas vezes na recepção. Voltei a reunião, mas a minha cabeça estava nele, de certa forma acabei assumindo o papel de sua mulher sem ser de fato.Depois ver como o engenheiro organizou tudo, eu não entendi nada sobre construção, e principalmente sobre edificios, mas estava ali, fingindo entend,