Aleksandra
— Como você descobriu sobre a minha filha? — pergunta, com a raiva estampada em sua face, se pudesse se livrar das suas amarras certamente viria para cima de mim para me matar com cada gota de energia que ainda existe em seu corpo. — Como você poderia, eu...
— A escondeu com tudo o que tinha, pois tinha medo de que um dia eles decidissem agir por suas costas caso não fosse mais de serventia para eles, até pensou que estavam trabalhando por uma boa causa, não foi? — indago, mas não responde.
Se deixou levar por pensamentos que nasceram da “boa vontade” que lhe mostraram ao pagar os tratamentos de sua filha, quando na verdade somente queriam mais motivos para o ter preso a eles.
É disso que se trata na maioria dos casos, não há gentilezas ou vontades a serem atendidas, apenas o que precisa ser feito e eles sabem como usar disso
AleksandraApanho meu celular o coloco sobre a mesa onde os instrumentos que foram usados para a tortura foram deixados a dias atrás, ativo a programação feita por Elina para avisá-la de que preciso da sua ajuda para que os aparelhos eletrônicos sejam todos desconectados e apagados pelo tempo que durar o relógio disparado dentro do celular.— Vai ser uma merda quando ele explodir — comento.Nunca usamos aparelhos sem esse tipo de poder... são todos modificados por ela e nossa equipe de eletrônicos que estão constantemente criando novas coisas que podem ser funcionais dentro do nosso trabalho. Não temos apenas força, mas também muito cérebro movendo a Sumbra.— O que está fazendo? Não vão pensar que está agindo pelas costas deles ao falar comigo sozinha?— Acha que eu me importo? Você man
Nikolai— O que está fazendo parado aqui fora? — pergunto a Christian que demonstra estar escolhendo as palavras a dizer antes de me responder. O que pode estar acontecendo? Me avisaram que Aleksandra tinha vindo falar com o prisioneiro e pedi que alguém a acompanhasse somente para caso algo saísse errado, mas o seu segurança está aqui?— Senhor, Alek pediu para que eu me mantivesse fora da sala — Conta-me.Pediu? Pela sua cara é como se tivesse feito mais que isso, porém, aqui está ele cumprindo com o que foi ordenado. Ela seria capaz de o ameaçar? É claro que o faria. Devia ter vindo com ela desde o início, mas se aproveitou que disse que daria o café da manhã aos bebês e correu de mim, ainda que a noite passada não pareça ser um problema em sua cabeça.Contudo, não consigo deixar de pensar
AleksandraQuando abro a porta vejo não só as costas de Christian ao proteger a porta mais a expressão surpresa de Nikolai me encarando. Verifica a minhas costas o sujeito que está de cabeça baixa desde que as últimas palavras saíram de sua boca.Pode sentir que o seu orgulho foi fodido, mas não tem nada que pais amorosos não façam por seus filhos. Do que serve orgulho se não pode proteger quem ama?— Você terminou? — pergunta, contudo, não parece que insistirá no assunto. É estranho o ver agindo dessa forma quando pensei que faria uma centena de questionamentos para que tudo que foi dito esteja límpido em sua mente.— Sim, terminei — digo ao olhar para Christian. — Pode providenciar um banho e algum material para gravação para ele? — O homem me olha sem entender. — Nã
Aleksandra— Uau, ela conseguiu uma motocicleta nova em uma única noite fora de casa — brinca Tasya ao rodear o veículo algumas vezes com um sorriso brilhante no rosto. — Mas a vaca não manda mais de uma mensagem para me dizer que está viva — rezinga e eu deveria saber que não tinha como ela apenas manter uma boa expressão no rosto. — Um dia vai me pagar por isso — avisa me apontando um dedo.— Certo, posso pagar hoje?— Hum, como você pagaria? — pergunta curiosa. Se tem uma coisa que pode mexer com ela é seu interesse por novidades. — Seja rápida.— Não seja afoita — peço ao ver que um carro para na vaga do nosso lado e que Valentina acena sem parar para exibir que já está ali para atender ao meu convite. — Viu, tem que esperar apenas mais um pouco.— Tem muit
Aleksandra— Nós ficamos muito felizes com a sua decisão de nos apoiar — fala a mulher usando as roupas em tons de branco e cinza com o grande crucifixo pendurado batendo contra sua caixa torácica enquanto anda.A pele enrugada anima-se com a possibilidade de um novo doador se apresentar.Afinal, se há uma coisa que se esgota com facilidades são recursos para se cuidar de uma criança, imagine quando há tantas delas, é claro que precisam continuamente de indivíduos que doem para mantê-las em condições aceitáveis.— Fico feliz em saber que o meu dinheiro pode ser bem empregado ao ajudar crianças como elas — profiro ao manter minhas mãos cruzadas atrás das costas notando cada barulho que possa soar estranho, mas o grito dos pequenos ao se divertirem poderiam fazer com que a maioria das coisas passassem desper
AleksandraDias bons devem correr de mim assim como dizem que o diabo foge ao ver uma cruz.Misturada em meio às pessoas notei que passou a existir um acúmulo delas ao redor da piscina de bolinhas que foi posta no espaço pequeno na parte de trás do orfanato, que apesar do barulho costumeiro feito por muitas crianças estarem juntas há algo mais ali.Pelo canto do olho vi Valentina ao sorrir amarrando a fita de um balão no pulso de uma criança que saltitou animada para longe dela para mostrar para os seus amigos que agora não tinha mais como perdê-lo. Me olhou discretamente para tentar compreender a minha situação, assim como a avaliei, pelo modo como se porta não encontrou a menina também.É difícil perguntar se sabe o que está acontecendo perto do brinquedo de tão longe, desse modo, despretensiosamente caminhei em d
AleksandraNão é fácil impedir a curiosidade, mas uma cena como essa continuamente atrairia a minha atenção, não importa onde esteja. Sinto o meu coração apertar somente ao pensar que alguém tem a coragem de pôr um filho no mundo somente para o fazer sofrer como se ele pudesse ter culpa de ser jogado em um lugar podre.Não teve escolha.Não decidiu que nasceria nas mãos de um monstro.Ainda assim, precisa enfrentar as consequências disso, como se a escolha fosse sua.Estranho que apesar de não haver uma porta não consigo ver os dois.Encaro a estrutura melhor imaginando como esconderiam uma porta se fosse preciso, notando que seria mais fácil se desse a volta pelo espaço pequeno onde somente uma pessoa de corpo esguio poderia passar sem ficar presa. São poucos centímetros que distanciam a
Aleksandra— Como alguém tem coragem de bater em alguém com um rostinho tão fofo? — pergunta-me Tasya ao limpar o rosto do menino com um lenço umedecido que consegui encontrar no porta luvas do carro.Do seu lado a menina se mantém agarrada a um bichinho feito com um dos balões com muita força, se ele não estoura é por ser muito forte.— Você vai acabar o assustando — fala Valentina vendo que o menino a olha, a observa continuamente, talvez por ter ficado impressionado por ver como ela mantinha uma arma em punhos sem nem mesmo olhar para os lados ao se preocupar.— Você que vai, não fui eu que saquei uma arma na frente dele — diz terminando o serviço que não fica perfeito considerando que o que tem em mãos deveria ser usado apenas para limpar o traseiro dos meus bebês. — Por que não