Aleksandra
Não é fácil impedir a curiosidade, mas uma cena como essa continuamente atrairia a minha atenção, não importa onde esteja. Sinto o meu coração apertar somente ao pensar que alguém tem a coragem de pôr um filho no mundo somente para o fazer sofrer como se ele pudesse ter culpa de ser jogado em um lugar podre.
Não teve escolha.
Não decidiu que nasceria nas mãos de um monstro.
Ainda assim, precisa enfrentar as consequências disso, como se a escolha fosse sua.
Estranho que apesar de não haver uma porta não consigo ver os dois.
Encaro a estrutura melhor imaginando como esconderiam uma porta se fosse preciso, notando que seria mais fácil se desse a volta pelo espaço pequeno onde somente uma pessoa de corpo esguio poderia passar sem ficar presa. São poucos centímetros que distanciam a
Aleksandra— Como alguém tem coragem de bater em alguém com um rostinho tão fofo? — pergunta-me Tasya ao limpar o rosto do menino com um lenço umedecido que consegui encontrar no porta luvas do carro.Do seu lado a menina se mantém agarrada a um bichinho feito com um dos balões com muita força, se ele não estoura é por ser muito forte.— Você vai acabar o assustando — fala Valentina vendo que o menino a olha, a observa continuamente, talvez por ter ficado impressionado por ver como ela mantinha uma arma em punhos sem nem mesmo olhar para os lados ao se preocupar.— Você que vai, não fui eu que saquei uma arma na frente dele — diz terminando o serviço que não fica perfeito considerando que o que tem em mãos deveria ser usado apenas para limpar o traseiro dos meus bebês. — Por que não
AleksandraSe eu me tornei muito mais maleável é por terem fodido meu coração com seu afeto até que ele não pudesse suportar mais. Sem elas ainda estaria no mesmo ponto ao ficar feliz com o que está sendo dado, sem me preocupar com o que receberei, já que quando não se espera nada tudo que recebe se torna lucro.— Ela queria achar o meu pai — diz, não parece saber muito mais sobre o assunto, não pode explicar com certeza os motivos para sua mãe ter sido morta, o porquê de achar o seu pai ser importante quando estavam a caçando. — Disse que ele poderia nos ajudar, que nos protegeria.— Sabe do que poderia estar protegendo você? Já tinha visto aqueles homens antes? — qualquer informação, me diga uma coisa que possa ser útil e que me dê alguma lógica em meio a esse caos. &mdash
NikolaiOlho para o menino que não parece nenhum pouco disposto a sair de perto de Aleksandra. Para onde ela vai a segue de perto esperando que esteja sempre pronta para passar uma mão em sua cabeça dando-lhe a indicação de que continua atenta a onde está.É como se temesse que a distância o levasse direto a boca de um dragão que vai o devorar inteiro. Considerando o que Aleksandra me disse entendo o seu medo. Não deve ter sido fácil ficar trancado em um lugar esperando por uma mãe que sabia que não viria. Ser perseguido na rua por pessoas que nunca viu e acabar sendo salvo por uma estranha.Ela deve ser a única coisa boa em que ele pode se apegar agora sem ter medo.— Como nós acabamos nessa situação ursinhos? — pergunto aos bebês que agora podem apreciar a mistura que fiz para sua alimentaç&atild
Aleksandra— Bom dia — fala Sofiya ao se aproximar agarrando a alça da jarra cheia de suco colocando-o em um copo para beber enquanto mantém um sorriso no rosto, ainda que eu ache difícil fazer o mesmo pela manhã.Deve ser do tipo de pessoa que acorda facilmente, ainda que ninguém peça por sua colaboração nas tarefas matinais. Talvez possa colocar a culpa na minha profissão pelos meus hábitos noturnos, já que é muito mais fácil não ser notada quando faz uma caçada a noite.Gatos fazem a festa atrás dos ratos nas vielas escuras.E é o que basicamente tenho feito para viver nos últimos anos.— Bom dia — respondo imaginando que será estranho para ela se não falar nada quando sou a pessoa invadindo a sua casa, ainda que a contragosto. Se Nikolai não tivesse uma lista
Aleksandra— Bom ver que você parece um pouco melhor — digo ao me sentar na cadeira que puxo para sua frente. — Está é minha amiga, ela me ajudou a fazer com que a sua filha seja mantida em um local seguro — explico e Jackson a observa de cima abaixo.Demora em sua avaliação ao ponderar sobre o que Valentina poderia fazer com o seu corpo pequeno e franzino antes de me encarar mais uma vez e tudo que posso lhe mostrar é certo conforto através de um sorriso.— Disse que me traria provas — murmura com a voz rouca. Sua saúde não é das melhores, mas considerando a situação a qual foi submetido podia já estar bem morto a essa altura do campeonato.Valentina se adianta sacando o seu telefone colocando um vídeo para ser reproduzido com a menina cantando uma música infantil um pouco mais animada do que antes,
NikolaiTem muitas pessoas que agem de acordo com o que desejam sem se preocupar pelo quanto de risco isso traz a sua vida, mas Valéria deve ter ficado louca ao acreditar que seria uma boa ideia vir a nossa casa.Tenho uma vontade imensa de fechar a porta na sua cara no mesmo segundo, mas o modo choroso em seu rosto me faz questionar que tipo de mentira contará agora, então na intenção de entender até onde vai com o seu show continuei a encará-la.De canto verifiquei as duas crianças se embolando dentro do cercadinho enquanto Andrei as observa. Mostra um sorriso pela primeira vez desde que foi trazido e fico feliz, pois considero que o ambiente o faz sentir seguro ao ponto de aproveitar o que está pronto para ser usado.Uma criança que teve uma experiência como a dele tem que ter cada vez mais motivos para sorrir e somos nós, os adultos que devem proporcion
Aleksandra— Está dizendo que nunca viu a pessoa por trás da voz metálica? — inquire Valentina mais uma vez ao bufar ao perceber que tudo que ele pode fazer é afirmar o que não deixa para nós boas opções. — Isso não serve de nada — Reclama.— Estive em contato com pessoas que eram de grande confiança dele, mas nunca aparecia na nossa frente, não sei se por temer que alguém o matasse ou se somente para manter a sua identidade — diz e eu me pergunto como podia acreditar tanto no que era dito quando nem podia saber a quem estava entregando a sua lealdade, porém, ao considerar o quanto estava desesperado para cuidar dos gastos da sua filha o entendo um pouco, por que o que importava no final é que tinha o dinheiro para pagar o seu tratamento.— Se ele tem tanto medo de mostrar a sua identidade pode ser por ser a
Nikolai— O que está dizendo? — pergunto com a fúria subindo por minha garganta e preciso fechar meu punho com força para não deixar que minha mão voe em sua cara. Se controle Nikolai, não é esse tipo de sujeito. Todas as merdas que ela diz tem um propósito, e este pode ser o que mais quer, o ver perdendo o controle.— Alguém encontrou o lugar onde estava me escondendo com ele e acabou o levando. Eu não tinha o que fazer, não adiantou implorar, eles sabiam quem eu era, quem nosso filho era, queriam apenas ter como chantagear você — discorre deixando novas lágrimas caírem. — Eu o traria para você hoje, estou falando a verdade, estava até mesmo tentando explicar quem é o seu pai antes disso, mas ele é tão pequeno e não pensava que as coisas poderiam acabar assim.— Primeiro vo