AldousMe sentei à mesa, meio chocado com as informações que recebi há pouco. Elas ainda rondam minha mente antes de se assentarem completamente.— Você é mesmo uma espiã da Inteligência? - Pergunto ainda incrédulo.— É tão difícil de acreditar assim? - Ela levanta o olhar que estava focado no livro que acabara de abrir - Acha que não sou capaz de fazer um papel como este? Que só sirvo pra lavar, limpar e cozinhar?— Não! Eu não disse nada disso. - Respondo com urgência, pois a mulher estava interpretando muito mal minha incredulidade - Só não imaginava e agora estou tendo dificuldades para imaginar.— Não precisa imaginar, Aldous, olhe para frente e veja! - Ela exige e é bem isso que faço. Vejo que na minha frente há uma linda mulher de longos cabelos escuros, com uma face determinada. Ao mesmo tempo que é simpática, educada e prestativa, agora posso dizer que ela pode sim ser uma espiã perfeita.— Tem razão, me desculpe, você é uma excelente espiã. Esta incredulidade vem do seu pode
MaeveA sensação de estar flutuando parou quando abri os olhos e vi que estava em um lindo jardim. A luz era diferente, como se o dia fosse mais desbotado ou como se fosse um quadro pintado em cores pastéis, mas era unicamente bonito.Caminhei entre a grama alta e meus pés afundavam com tanta maciez, o cheiro de várias flores faziam o ar ser característico da primavera. Na minha frente havia um campo de tulipas, eu ainda não sabia que lugar era aquele e nem como fui parar ali, na verdade eu estava tendo dificuldades de me lembrar do que havia acontecido antes de me encontrar neste lindo lugar.Entrei no campo de tulipas e a explosão de cores me deixou encantada. Passei a mão pelas folhas lisas e então toquei as pétalas de textura aveludada. Abaixei-me e cheirei aquele perfume delicioso.Continuei meu caminho sem ter ideia de onde estava e para onde iria. Depois de caminhar por alguns minutos, avisto uma árvore e uma mulher sentada em baixo dela.Corro até lá. Aquela mulher deve saber
SeanComo não havia chances de adormecer, Aldous e eu partimos para o Forte onde havíamos mandado prender Roric. Ao chegarmos no local, causamos surpresas nos guardas que estavam de plantão, ninguém nos esperava e isto é bom. É mais fácil pegar um traidor quando ele não espera por sua visita.Somos informados pelos guardas que Roric está preso na cela mais afastada de todas, uma muito pouco usada justamente por ser afastada demais. Realmente, o local perfeito para colocar aquele verme.— Acha que ele ainda está lá? - Aldous me pergunta enquanto descemos as escadas de pedra que nos leva para a câmara dos prisioneiros.— Assim espero, não será nada agradável se ele não estiver.Chego na área onde ele está e vejo dois soldados em pé na entrada, isto é um bom sinal.— Majestade! - O primeiro me vê e cumprimenta retesando mais o corpo, batendo as botas e a lança no chão. O outro repete o gesto segundos depois.— Como está Roric?Pergunto, me aproximando de sua cela. Vejo um casulo escuro n
SeanAida piscou os olhos e sua feição se modificou, tornando-se meio irritada.— Está apaixonado por Maeve, Sean?— Que pergunta é essa, Aida!Afastei-me dela, me levantando de onde estava sentado.— Eu disse para fazer com que ela se apaixonasse por você, não que você se apaixonasse por ela.— Ela é minha esposa, Aida, um marido não deve amar e proteger sua esposa?Não sei o motivo, mas falar de meus sentimentos me incomodava e eu não queria ficar falando sobre isso. Mas também não teria coragem de dizer que não amava a minha esposa, pois eu tinha por ela um forte sentimento, só não sabia nomear ainda.— Está desperdiçando uma arma poderosa, Sean. - Ela também se levantou, mas estava mais irritada do que antes e sua voz se alterou um pouco. - Com o poder de Maeve, podemos conter o rei Leon. Nenhum de nós é capaz disso, sua esposa é.— Ela não vai à guerra! - Elevo minha voz na tentativa de fazer com que Aida pare com essas ideias loucas.— Não seja imprudente, majestade - Ela disse
SeanNo dia seguinte, Maeve já estava totalmente recuperada. Pudemos passear com Niko pelo jardim e pelo lago. Resolvi manter os motivos de preocupação, afastados de minha esposa. Não falei sobre o comportamento estranho de Aida, somente suspendi as aulas de magia com a maga, e isso até fazia sentido, já que não havia como Manipular a magia.Como a magia da Luz pertencia a sua mãe e não a ela, Maeve não tinha muito controle. O poder tinha vida própria e agia de forma voluntária. Desta forma não fazia o menor sentido que minha mulher continuasse com as aulas de magia, além de mantê-la afastada de Aida e seu comportamento estranho.Sobre a fuga de Roric, Aldous e eu julgamos ser mais prudente deixar isso em segredo, somente nós dois e os soldados do Forte estavam cientes do acontecido e diante de uma breve ameaça de serem lançados no calabouço por tempo indeterminado, nenhum dos soldados abriria a boca.A guerra não havia acabado, longe disso, sabíamos que essa trégua guardava algo mui
MaeveAs coisas entre mim e Sean estavam cada vez melhores e eu me sentia muito feliz por isso. Ao chegar no meu quarto, muito radiante por ter conseguido acertar o alvo mesmo que na beirada dele, Niko vem na minha direção. Ele triplicou de tamanho nos últimos meses e quando fica de pé, quase atinge minha altura.Sua língua áspera passa por meu rosto como uma lixa e eu rio de sua festa por eu ter chegado em meu quarto. Bato na lateral de seu corpo e ele desce, prometo que depois daremos uma volta no lago e ele parece compreender e se enrosca aos pés da cama.Pego uma das pequenas peças de renda que Sean tanto gosta e um vestido fino para vestir e me dirijo para o quarto de banhos. A tarde está quente com o céu limpo. Entro na banheira e me deito contemplando a vista que tenho daqui.O céu está limpo, a copa das árvores balançam suavemente sob a brisa fresca que vem das montanhas e os pássaros voam livres e pousam temporariamente nos galhos que balançam. A visão é tão relaxante que sin
AldousDentro de mim havia uma batalha de sentimentos. Estava feliz por meu amigo, mas estava abalado. Maeve foi uma pessoa que me apaixonei sem nem perceber, porém ela é a esposa de meu amigo e agora também é minha amiga. Os dois estão apaixonados e eu estou feliz por eles, mas ouvir de Sean que ele também a ama deixou dentro de mim uma pontada de ciúmes. Sei que não tenho direito de sentir ciúme nem de ficar de mau-humor, mas hoje preciso sair e encontrar algum lugar para beber.Saio do castelo andando mesmo, nada de cavalo, eu quero que o tempo passe e preciso pensar, nada melhor que uma caminhada solitária para isso.Ao chegar perto da biblioteca, vejo alguém usando uma capa sobre todo o corpo. A pessoa era pequena e pela silhueta feminina, eu tinha o meu palpite de quem era.— Quem é você? E para onde está indo? - Questiono para ter certeza de quem está ali na minha frente.Ela se vira e puxa o capuz.— Será que o melhor amigo do rei irá me levar para a masmorra? - Ela vem na min
AldousQuando abri os olhos, precisei de alguns segundos para lembrar onde estava, como havia ido parar ali e com quem eu estava. Ao tentar me levantar, minha cabeça girou e doeu. Levei a mão direita para a cabeça, no impulso de buscar algum alívio em vão.Senti sobre meu braço esquerdo um peso e já sabia quem era. Olhei para o lado para confirmar que Lena dormia com a cabeça sobre meu ombro e sua mão descansava sobre minha barriga. Admirei a beleza dela, a mulher tinha os cabelos escuros, lisos e longos que combinavam muito bem com ela, os olhos muito escuros lhe davam o toque final que pertencia a sua personalidade forte, algo que não havia notado quando ela simplesmente interpretava a empregada ingênua do castelo.Como se sentisse que estava sendo observada, ela se moveu e logo abriu os olhos. O sorriso que surgiu em seu rosto a iluminou completamente. Lena se ajeitou na cama, virando-se de bruços e me encarando.— Achei que quando acordasse não estaria mais aqui.Não sei o motivo,