MaeveEu não era nada, não valia nada, não servia para nada.Na verdade, agora valeria de alguma coisa: seria esposa do rei do reino vizinho e rival, na esperança de gerar uma paz temporária. Uma mentira, na verdade meu pai quer que eu me torne uma arma, essa é a utilidade que ele viu em mim. Uma chance de matar o rei, um homem que ascendeu ao trono recentemente devido a morte de seu pai, que foi causada pelo meu pai.No passado o rei Leon, meu pai, era um pai amoroso e bom rei. Amava a minha mãe, amava ao seu povo e ao seu reino. Mas ele decidiu que seu reino seria o maior do mundo, por isso invadiu países vizinhos com seu exército que se tornava cada vez maior e mais poderoso, e seu reino cresceu como nunca antes pudemos imaginar, mas em uma dessas batalhas algo nele mudou.O homem que antes era pacífico e amoroso, se tornou violento e frio. Não era mais o pai que eu amava, não era mais o marido perfeito que minha mãe amava. Agressões se tornaram comuns, palavras frias também, mas m
Maeve Não podia nem mesmo imaginar o motivo pelo qual estava sendo atacada. Depois de quatro anos vivendo minha vida tranquilamente nos arredores do castelo, por que ser atacada?Nunca fui treinada para lutar, não sou uma guerreira, não sou forte, não tenho magia. No primeiro ataque da mulher, caí sentada sobre o chão cheio de folhas caídas do bosque. A empregada veio na minha direção me acertando com a adaga algumas vezes antes que eu conseguisse segurar seus braços e contê-la.Eu não queria morrer ali abandonada e sozinha, onde ninguém encontraria meu corpo e apodreceria entre as folhas mortas. Reuni todas as minhas forças para segurar os braços da mulher, mas aos poucos a força em meus braços finos começaram a desvanecer e aos poucos eles cediam. A adaga apontada para o meu coração seria o meu fim.Somente a vontade de viver estava me mantendo firme em meu propósito, mas em breve isso não significaria muito, pois a perda de sangue devido aos outros golpes que havia recebido antes
Maeve A cabeça doía, meus olhos estavam pesados, mas imagens confusas se formavam em minha frente. Não reconheci o lugar. O teto não era simples como o da minha casa, era alto e decorado. Cortinas pesadas de um azul intenso pendiam das janelas cobrindo parte da claridade que vinha fora. O dia estava claro, podia ver através da fenda entre as cortinas. O cheiro do quarto também era diferente, tinha um cheiro que minha mente lutava para reconhecer, mas não conseguia me lembrar onde e quando senti aquele aroma. Era como madeira molhada e flores silvestres. De alguma forma ele me trazia conforto e uma sensação boa. A cama onde eu estava era muito confortável, não que a minha não fosse, mas aquela era quase como estar flutuando. Arrastei minhas mãos sobre o tecido macio sem me lembrar bem do que havia acontecido e como tinha ido parar naquele lugar. Meus dedos esbarram em algo e viro meu rosto lentamente para ver o que era, na verdade, quem era. Fiquei admirada quando percebi que havia
Sean Eu encarava a empregada que me observava com seus olhos acinzentados. A mulher não parecia nervosa, mas sim determinada e nada arrependida do que fizera. Isso só despertava mais raiva em mim.— Quero saber quem foi o mandante do crime. - Exigi.A empregada deixou de me encarar e voltou a contorcer as mãos no tecido de suas saias.— Não houve mandante, majestade - respondeu a jovem, deixando-me incrédulo, pois com essa resposta ela praticamente confessara o crime.— O que quer dizer com isso? - questionei.— Majestade, meu pai e meu marido foram mortos pelo pai dela. - Pude ver ódio brilhar nos olhos da garota enquanto desviava o olhar para as paredes de pedra úmida. - Seu sogro atacou nosso reino naquela guerra idiota, sem nenhum motivo que não fosse a ganância, a vontade de ampliar um reino que já era grande e poderoso.A maga suspirou, chamando minha atenção. É claro que havia muitas pessoas no reino que alimentavam seu ódio pelo rei Leon, mas tentar descontar esse ódio sobre
SeanEstava me xingando de todos os nomes internamente, minhas atitudes durante todo esse tempo custaram a Maeve um desprezo por parte dos empregados do castelo e de outros súditos do reino. Desejava me vingar do rei Leon, matando sua filha, mas as palavras de Aida faziam sentido não só para a empregada que mandei executar como para mim. O pai da moça não se importaria com sua morte, tudo o que ele quer é poder.Caminhei pensativo desde as escadas até meus aposentos, onde Maeve repousava. Estava sendo cruel com a jovem, e no entanto, a pessoa na qual deveria punir e me vingar era o pai de minha esposa.Decidido a tratar melhor minha mulher daquele momento em diante, abro as portas de meus aposentos e vejo uma cena que, não sei dizer o motivo, mas faz meu coração doer: meu amigo, o homem mais fiel a mim, e minha esposa que se diz doente, abraçados em uma cama bagunçada, cheia de coisas espalhadas sobre ela.— O que está acontecendo aqui?Os dois se espantam e me encaram assustados.— S
MaeveEram tantos livros, tantas coisas que eu nem sabia o que fazer primeiro. Nem mesmo em meu reino de origem tinha tantas coisas para me distrair nos últimos anos.Como eu estava muito pálida, decidi começar pela maquiagem. Consegui sentar em uma posição um pouco melhor para me maquiar com um pouco de dificuldade, posicionei o espelho escorado em minhas pernas que estavam cobertas pelos lençóis macios e abri a caixa com maquiagem. Tinha tanta coisa que muitas delas eu precisaria de ajuda para usar, pois nem sabia do que se tratava. Talvez Aida posso me ajudar.Uso o que sei usar. Peguei uma esponja com um pó claro e passei em meu rosto, depois uma esponja menor com um pó rosa claro. Este último somente nas maçãs do rosto. Sorri diante a minha imagem no espelho, já estava com um aspecto mais saudável. Por último, peguei um bastão com uma cor rosa mais viva e passei nos lábios. Agora sim, parecia uma mulher saudável e não um defunto.A posição não estava muito confortável, então com
Sean Ao chegar no quarto e encontrar Maeve maquiada, me senti instantaneamente atraído por ela. Ela era uma mulher bonita, mas ainda não havia observado seus traços delicados. A maquiagem com certeza contribuiu para que eu prestasse atenção nos detalhes. Mas essa atração acabou me deixando um pouco mais irritado, pois aquela era a filha do homem que matou meu pai. Eu deveria fazê-la sofrer; queria que o pai dela sofresse. Não era o plano admirar a beleza da moça. É claro que me recompus, mas a conversa acabou tomando caminhos que eu não desejava e ver a maneira como ela falava comigo, sem temor ou respeito, fez um instinto primitivo brotar. Como rei, preciso manter todos com um certo temor do que represento. Porém tudo saiu do controle quando a pressionei contra a cama com meu corpo. Ver seus olhos arregalados e a boca entreaberta de Maeve que parecia sugar toda minha sanidade, me fez ser duro com ela, ainda mais do que eu pretendia, mas as lágrimas que brotaram em seguida e todas as
SeanAo chegar na sala de reuniões do castelo, percebo que fiz bem em me aprontar com toda pompa de rei. Estes nobres se acham mais do que deveriam se achar apenas por serem mais velhos do que eu. Me chamam de incompetente pelas costas que eu sei. Então, nada melhor que lembrá-los quem eu sou de verdade.Os homens me observam com a coroa de meu pai na cabeça e se curvam imediatamente, o manto vermelho pende de meu ombro e o cinto grosso com uma fivela portando o símbolo de nosso reino se destaca em minha cintura.Caminho até meu lugar na cabeceira da mesa e ordeno que todos se sentem, somente depois de todos acomodados que eu me sento. Retiro a coroa e a coloco sobre a mesa. Inicio a reunião que sei muito bem qual será o tema dela. A maga se senta ao meu lado, me dando o apoio que preciso.— Vocês exigiram uma reunião e aqui estou. O que queriam tanto falar com o rei de vocês?— Majestade, peço licença para falar por todos que estão comigo nesta mesa. - O duque pede a palavra, ele é o