SeanComo não havia chances de adormecer, Aldous e eu partimos para o Forte onde havíamos mandado prender Roric. Ao chegarmos no local, causamos surpresas nos guardas que estavam de plantão, ninguém nos esperava e isto é bom. É mais fácil pegar um traidor quando ele não espera por sua visita.Somos informados pelos guardas que Roric está preso na cela mais afastada de todas, uma muito pouco usada justamente por ser afastada demais. Realmente, o local perfeito para colocar aquele verme.— Acha que ele ainda está lá? - Aldous me pergunta enquanto descemos as escadas de pedra que nos leva para a câmara dos prisioneiros.— Assim espero, não será nada agradável se ele não estiver.Chego na área onde ele está e vejo dois soldados em pé na entrada, isto é um bom sinal.— Majestade! - O primeiro me vê e cumprimenta retesando mais o corpo, batendo as botas e a lança no chão. O outro repete o gesto segundos depois.— Como está Roric?Pergunto, me aproximando de sua cela. Vejo um casulo escuro n
SeanAida piscou os olhos e sua feição se modificou, tornando-se meio irritada.— Está apaixonado por Maeve, Sean?— Que pergunta é essa, Aida!Afastei-me dela, me levantando de onde estava sentado.— Eu disse para fazer com que ela se apaixonasse por você, não que você se apaixonasse por ela.— Ela é minha esposa, Aida, um marido não deve amar e proteger sua esposa?Não sei o motivo, mas falar de meus sentimentos me incomodava e eu não queria ficar falando sobre isso. Mas também não teria coragem de dizer que não amava a minha esposa, pois eu tinha por ela um forte sentimento, só não sabia nomear ainda.— Está desperdiçando uma arma poderosa, Sean. - Ela também se levantou, mas estava mais irritada do que antes e sua voz se alterou um pouco. - Com o poder de Maeve, podemos conter o rei Leon. Nenhum de nós é capaz disso, sua esposa é.— Ela não vai à guerra! - Elevo minha voz na tentativa de fazer com que Aida pare com essas ideias loucas.— Não seja imprudente, majestade - Ela disse
SeanNo dia seguinte, Maeve já estava totalmente recuperada. Pudemos passear com Niko pelo jardim e pelo lago. Resolvi manter os motivos de preocupação, afastados de minha esposa. Não falei sobre o comportamento estranho de Aida, somente suspendi as aulas de magia com a maga, e isso até fazia sentido, já que não havia como Manipular a magia.Como a magia da Luz pertencia a sua mãe e não a ela, Maeve não tinha muito controle. O poder tinha vida própria e agia de forma voluntária. Desta forma não fazia o menor sentido que minha mulher continuasse com as aulas de magia, além de mantê-la afastada de Aida e seu comportamento estranho.Sobre a fuga de Roric, Aldous e eu julgamos ser mais prudente deixar isso em segredo, somente nós dois e os soldados do Forte estavam cientes do acontecido e diante de uma breve ameaça de serem lançados no calabouço por tempo indeterminado, nenhum dos soldados abriria a boca.A guerra não havia acabado, longe disso, sabíamos que essa trégua guardava algo mui
MaeveAs coisas entre mim e Sean estavam cada vez melhores e eu me sentia muito feliz por isso. Ao chegar no meu quarto, muito radiante por ter conseguido acertar o alvo mesmo que na beirada dele, Niko vem na minha direção. Ele triplicou de tamanho nos últimos meses e quando fica de pé, quase atinge minha altura.Sua língua áspera passa por meu rosto como uma lixa e eu rio de sua festa por eu ter chegado em meu quarto. Bato na lateral de seu corpo e ele desce, prometo que depois daremos uma volta no lago e ele parece compreender e se enrosca aos pés da cama.Pego uma das pequenas peças de renda que Sean tanto gosta e um vestido fino para vestir e me dirijo para o quarto de banhos. A tarde está quente com o céu limpo. Entro na banheira e me deito contemplando a vista que tenho daqui.O céu está limpo, a copa das árvores balançam suavemente sob a brisa fresca que vem das montanhas e os pássaros voam livres e pousam temporariamente nos galhos que balançam. A visão é tão relaxante que sin
AldousDentro de mim havia uma batalha de sentimentos. Estava feliz por meu amigo, mas estava abalado. Maeve foi uma pessoa que me apaixonei sem nem perceber, porém ela é a esposa de meu amigo e agora também é minha amiga. Os dois estão apaixonados e eu estou feliz por eles, mas ouvir de Sean que ele também a ama deixou dentro de mim uma pontada de ciúmes. Sei que não tenho direito de sentir ciúme nem de ficar de mau-humor, mas hoje preciso sair e encontrar algum lugar para beber.Saio do castelo andando mesmo, nada de cavalo, eu quero que o tempo passe e preciso pensar, nada melhor que uma caminhada solitária para isso.Ao chegar perto da biblioteca, vejo alguém usando uma capa sobre todo o corpo. A pessoa era pequena e pela silhueta feminina, eu tinha o meu palpite de quem era.— Quem é você? E para onde está indo? - Questiono para ter certeza de quem está ali na minha frente.Ela se vira e puxa o capuz.— Será que o melhor amigo do rei irá me levar para a masmorra? - Ela vem na min
AldousQuando abri os olhos, precisei de alguns segundos para lembrar onde estava, como havia ido parar ali e com quem eu estava. Ao tentar me levantar, minha cabeça girou e doeu. Levei a mão direita para a cabeça, no impulso de buscar algum alívio em vão.Senti sobre meu braço esquerdo um peso e já sabia quem era. Olhei para o lado para confirmar que Lena dormia com a cabeça sobre meu ombro e sua mão descansava sobre minha barriga. Admirei a beleza dela, a mulher tinha os cabelos escuros, lisos e longos que combinavam muito bem com ela, os olhos muito escuros lhe davam o toque final que pertencia a sua personalidade forte, algo que não havia notado quando ela simplesmente interpretava a empregada ingênua do castelo.Como se sentisse que estava sendo observada, ela se moveu e logo abriu os olhos. O sorriso que surgiu em seu rosto a iluminou completamente. Lena se ajeitou na cama, virando-se de bruços e me encarando.— Achei que quando acordasse não estaria mais aqui.Não sei o motivo,
SeanMaeve adormeceu após o pesadelo e estava em sono profundo quando despertei. Seu corpo estava bem próximo ao meu. Levei meu nariz até a curva de seu pescoço e senti seu aroma gostoso, ela cheirava a flores do campo, doce e suave.Deixei um beijo ali e me levantei. O dia estava um pouco nublado esta manhã, sem muita luz do Sol e com muitas nuvens pesadas pelo céu.Vesti-me e fui a procura de meu amigo. Aida seria uma opção, mas ela estava sumida e eu também não estava muito disposto a procurar por ela ainda.Saí em busca de meu amigo e o encontrei dando treinamento aos jovens soldados.— Aldous! - Chamei. Meu amigo olhou na minha direção e atendeu meu chamado, colocando outro guarda a disposição para continuar o treinamento.— Sean, como está Maeve? - Ele se aproxima a passos largos, sorridente e animado. Acho que ele anda escondendo algo de mim, mas se ele tiver algo a dizer, em algum momento ele dirá.— Sobre ela mesmo que quero conversar.Uma pontada de preocupação surge no rost
MaeveUltimamente eu vinha sonhando com minha mãe todas as noites, ela sempre me ensinava coisas sobre a magia da luz. No último sonho, quando me aproximei dela debaixo da grande árvore, ela falou sobre um segredo da magia da Luz.“— A magia da Luz é ligada a alma de seu portador, por isso, meu amor, eu ainda vivo. - Minha mãe disse e eu quase chorei com sua revelação - É verdade que fiquei adormecida por muitos anos depois daquele trauma, mas quando senti que minha filha precisava de mim, despertei.— Se ainda vive, mamãe, onde posso encontrá-la? - Pergunto.— Não vivo fisicamente, minha alma vive junto com nossa magia.— Não há como voltar?Observo o rosto triste da minha mãe quando ela responde.— Gastaria muita magia para que eu conseguisse conjurar meu corpo físico, mas sim, eu poderia voltar fisicamente, porém, seria uma única vez. Quando o feitiço terminasse eu desapareceria para sempre, até mesmo de seus sonhos.— Então nunca mais poderei tê-la ao meu lado. - Afirmo.Minha mãe