— Então me prove. Assim que desligou a ligação, Wendy soltou o celular e colocou as duas mãos sobre sua boca. — Ele não vai vir. — diz, se levantando da cama e andando pelo quarto. — Seria muita loucura... Wendy passou as mãos pelo rosto, tentando afastar a avalanche de pensamentos que a assombrava desde que desligou a ligação. Ethan não viria. Não fazia sentido. Ele nunca largaria tudo para atravessar o oceano por ela. Tentando afastar aquela inquietação, pegou sua bolsa e saiu do quarto, decidida a se concentrar no trabalho. No escritório da nova fábrica, Wendy manteve a postura firme e profissional. Respondeu e-mails, analisou contratos e lidou com os sócios italianos como se não houvesse um furacão de dúvidas dentro dela. No meio da manhã Giancarlo surgiu. Um sorriso de orelha a orelha, pronto para conquistar o mundo. Ou a Wendy. — Bella, você trabalha demais. — Ele parou na porta, os olhos castanhos avaliando-a com aquela confiança irritante que parecia ser sua marca regi
— Senhor Blackwell, desculpe, mas precisamos do seu depoimento novamente. Irritado, Ethan levanta o olhar para o policial que acabava de entrar na sala e fala: — Caralho, de novo? Eu já estou sentado nessa merda, há sete horas! Vocês tiraram meu celular, aparece um pastel igual você a cada duas horas e me pede pra repetir tudo de novo. O policial, um homem a beira dos trinta anos com olhos assustados, suspirou, cruzando os braços. — Eu entendo sua frustração, senhor Blackwell, mas essa é uma investigação séria. Precisamos esclarecer alguns pontos. Ethan soltou uma risada irônica, passando as mãos pelo rosto. — Esclarecer? Eu já disse tudo o que aconteceu. Mas vocês continuam me segurando aqui como se eu fosse um maldito criminoso. O policial puxou a cadeira e sentou-se à frente dele, abrindo um bloco de notas. — Quem é Eda Martin? Ethan bufa. — É a mãe da minha esposa. Com toda calma do mundo, o policial escreve em seu bloco. — E onde está a senhora... — ele olha novament
Ethan fechou os olhos por um segundo, tentando reunir paciência. — O que faz na minha casa? — Eu a chamei, pai. — Emily diz. — Você não voltava, eu estava ficando preocupada e... não tinha como ligar para Wendy. Ethan suspirou, passando a mão pelo rosto. — Não precisava chamar sua mãe por isso. Claire cruzou os braços, encarando-o com um olhar afiado. — Claro que precisava. Meu neto esteve em perigo. Minha filha estava em pânico e você em uma delegacia. Ethan riu sem humor. — Ah, me poupe, Claire. Você acha que eu escolhi estar naquela delegacia? — Não, Ethan. Mas você escolheu aquela garota. E agora Emily e Jasper estão pagando por isso. O maxilar de Ethan travou, e ele deu um passo à frente. — Eu fiz o que precisava ser feito para proteger nosso neto. Claire bufou. — Você quer um prêmio por isso? — Não. Mas eu também não vou ficar aqui ouvindo sermão como se eu fosse o vilão dessa história. Emily, que assistia ao embate entre os pais, finalmente interveio. — Chega!
Quando a ligação termina, Wendy engoliu em seco, sentindo o estômago embrulhar. A torrada no prato agora parecia intragável. Ela apoiou os cotovelos na mesa e massageou as têmporas, tentando processar tudo. Sua mãe estava morta. Isso significava que, finalmente, a ameaça tinha acabado. Mas o preço… Seu peito apertou ao pensar em Ethan e Jasper naquela situação. O terror que Emily deve ter sentido. O pânico de Ethan ao ver o neto em perigo. Tudo por culpa dela. Ela inspirou fundo, forçando-se a manter o controle. Não adiantava se afogar na culpa agora. Ethan estava certo: não havia nada que ela pudesse fazer. Mas então, por que ela sentia que tudo dentro dela estava desmoronando? Após o café, Wendy se arrastou até a fábrica. Ela se sentou atrás da mesa no escritório e olhou para o documento que estava sobre o notebook. “FESTA DE LANÇAMENTO SICILIA” O celular de Wendy vibrou sobre a mesa, e ao ver o nome de Theo na tela, ela respirou fundo antes de atender a chamada de vídeo. A
A noite finalmente havia chegado. A festa de lançamento da nova fábrica de Vinhos Montenegro na Sicília estava prestes a começar, e tudo estava impecável. O grande salão da fábrica fora transformado em um espaço luxuoso e sofisticado. Lustres de cristal pendiam do teto alto, refletindo luz dourada sobre as mesas elegantemente postas. Arranjos de flores brancas e folhagens verdes decoravam os centros, contrastando com as toalhas em tons de vinho profundo. Prateleiras de vidro exibiam as garrafas da nova safra, estrategicamente iluminadas para destacar o brilho do líquido rubro dentro delas. O aroma suave de madeira envelhecida e uvas frescas pairava no ar, misturado à melodia suave de um quarteto de cordas ao fundo. Wendy, apesar de todo o turbilhão interno, estava deslumbrante. Seu vestido longo de seda preta abraçava seu corpo com elegância, destacando suas curvas e sua postura altiva. O decote discreto e as alças finas traziam um toque de sofisticação, enquanto a fenda lateral rev
Chloe sorriu de canto, jogando os cabelos para trás. — Seria uma boa jogada, não? Mas, infelizmente, você nem deu chance para ele. — Ela lançou um olhar acusador a Giancarlo. — O que foi uma grande decepção, devo dizer. — Eu fiz a minha parte. — Giancarlo rebateu, erguendo as mãos em um gesto defensivo. — Um amigo tirou uma foto nossa no almoço e enviou para o seu maridinho. Mas, pelo visto, nada aconteceu, porque Wendy me deu um fora, ao invés de cair nas minhas investidas. Wendy sentiu um nó se formar em seu estômago. — E você achou que uma foto minha almoçando com alguém causaria algum impacto? — Wendy estreitou os olhos. — Meu casamento pode não ter começado da maneira mais convencional, mas se tem algo que eu sei, é que Ethan confia em mim. — Veremos até quando. — Chloe sussurrou, um brilho perigoso nos olhos. Wendy deu um passo à frente, aproximando-se da irmã até que ficassem a poucos centímetros de distância. Sua voz saiu fria e controlada. — Se essa festa não fosse tã
Ethan estava sentado na sua sala de estar, assistindo a um jogo de futebol qualquer, mas sua mente estava longe dali. Na Itália. Na festa onde deveria estar, ao lado de Wendy. Ele apertou a mandíbula ao lembrar-se de como sentia sua falta, de como deveria ter insistido mais para acompanhá-la. O som dos passos de Claire ecoou pelo ambiente, trazendo-o de volta à realidade. Ela se aproximou com um sorriso suave, sentando-se ao lado dele no sofá, os olhos cheios de uma falsa serenidade. — Você anda tão tenso ultimamente. — Ela comentou, pegando o controle remoto e abaixando um pouco o volume da TV. — Sabe, Ethan, acho que nós dois poderíamos levar essa situação de um jeito mais leve. Pela Emily, pelo Jasper… Ethan arqueou uma sobrancelha, desconfiado. — Do que você está falando? Claire suspirou, como se estivesse exausta de uma guerra interminável. — De nós dois. De tudo isso. — Ela gesticulou com as mãos, como se apontasse para algo invisível. — Estamos sempre em lados opostos, se
O estômago de Ethan se revirou. Ele fechou os olhos por um breve momento, tentando conter a avalanche de emoções que o atingia. — Você destruiu tudo… — Ele murmurou, os punhos tão cerrados que as articulações estavam brancas. — Não, meu bem. — Claire se aproximou lentamente, tocando seu rosto com a ponta dos dedos, mas ele se afastou com nojo. — Foi você. Você quem traiu a sua mulher. — Sai daqui. — Ethan diz, segurando seu celular com força. — SAI DAQUI. Com um sorriso triunfante, Claire jogou o cabelo para trás e saiu do quarto de Ethan. Assim que a porta se fechou atrás dela, Ethan sentiu o peso esmagador da realidade cair sobre ele. Seu peito subia e descia em um ritmo frenético, o suor frio escorrendo por sua nuca. Com dedos trêmulos, desbloqueou o celular e deslizou pelos registros de chamadas. A última ligação de Wendy ainda estava lá. Um nó se formou em sua garganta ao imaginar o que ela deve ter sentido ao vê-lo daquela forma, ao ouvir aquelas palavras de Claire. Ele